terça-feira, 16 de março de 2010

GRUPO OTIMISMO


GRUPO OTIMISMO DE APOIO AO PORTADOR DE HEPATITE
ONG - Registro n°.: 176.655 - RCPJ-RJ - CNPJ: 06.294.240/0001-22
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Telefones: Rio de Janeiro (xx21) 4063.4567 - São Paulo (xx11) 3522.3154 (das 11.00 às 15.00 horas)
e-mail: hepato@hepato.com Internet: www.hepato.com

15/03/2010

Triste futuro para os infectados com as hepatites B e C


As hepatites B e C possuem duas importantes características pelas quais deveriam ser consideradas doenças comuns e aceitas socialmente pela população, tal quais são aceitas sem maior temor de convívio social uma simples gripe, um resfriado, pressão alta ou o diabetes, mas lamentavelmente estamos caminhando aceleradamente para o difícil caminho do estigma em relação às hepatites e, como conseqüência a discriminação, sendo esse, tal vez, o maior efeito adverso que um infectado pode suportar.

Para falar nas características pelas quais as hepatites deveriam ser abertamente aceitas pela população no seu convívio social será necessário separar as hepatites. No caso da hepatite B existe uma vacina altamente efetiva, assim, na atualidade somente se contamina com a hepatite B quem bem quiser, o que deveria colocar a hepatite B como uma doença que não causasse temor em relação a poder ser infectado. Não podemos falar em cura para quem já está infectado com hepatite B, mas os medicamentos atuais oferecem um perfeito controle da doença evitando na grande maioria dos casos desenvolverem cirrose ou câncer no fígado.

Na hepatite C não existe uma vacina para prevenir o contagio, mas por ser uma doença que se transmite pelo sangue ou por instrumentos infectados com sangue, os casos de novos infectados e estatisticamente de significância reduzida quando comparado com o total de infectados existentes, haja visto que todo o sangue utilizado em transfusões passa por testes e que os instrumentos são descartáveis ou corretamente esterilizados. A transmissão ainda acontece, mas em grupos limitados e percentualmente de poucos indivíduos em relação ao total da população infectada. Aproximadamente 60% dos infectados com hepatite C que recebem tratamento curam definitivamente e, em curto espaço de tempo a cura superará os 80%, um panorama alentador.

Mas um dos principais efeitos arrasadores das hepatites B e C que afetam os infectados, tal vez um problema maior que desenvolver cirrose ou câncer no fígado, pode ser o estigma, a discriminação e a segregação no seu circulo familiar, social ou de trabalho causado pela falta de informação ou pela divulgação de informações erradas ou incompletas em relação a quem pode estar infectado e os motivos pelos quais um indivíduo ode ter sido infectado.

Faz já 12 anos que estou empenhado não somente na divulgação das hepatites, mas também para tentar evitar que informações distorcidas ou erradas cheguem à população, aos médios de comunicação, aos nossos governantes, pois devemos evitar que seja criada uma idéia totalmente errada do que realmente são as hepatites, como elas são transmitidas, quem pode ser infectado e quem pode estar infectado. Em saúde não existe pior medicamento que a informação incorreta ou incompleta, principalmente quando a informação afeta a qualidade de vida do infectado.

Tristemente devo reconhecer que a cada dia estamos caminhando no sentido inverso à boa e correta informação. Estimo que até estejamos correndo o risco de chegar ao extremo de considerar os infectados pelas hepatites B e C como parias humanos, culpando-os por um passado libertino, sem regras sociais e, por isso, hoje são os únicos culpados por estarem doentes com uma enfermidade de submundo. Se essa interpretação prevalecer, acabarão os infectados com as hepatites B e C excluídos do convívio social, das oportunidades de trabalho digno ou, até poderão ser segredados em guetos.

Para tentar explicar de maneira mais fácil e compreensível, pois o assunto e complexo, vou colocar alguns exemplos de situações que são vivenciadas atualmente, fazendo ao final o julgamento para tentar encontrar quem e o culpado em cada uma das situações. Uma leitura com calma pode explicar qual poderá ser o resultado desse tipo de ações e atitudes.

1 - Todo infectado com hepatite C é usuário de drogas!
Estamos caminhando para que a população acredite que todos os infectados com hepatite C utilizaram drogas ilícitas e, que durante sua vida se infectaram com múltiplas doenças sexualmente transmissíveis ou realizaram tatuagens despreocupadamente.

O resultado dessa interpretação e fruto de diversas situações. Por um lado pessoas famosas que somente tem hepatite C raramente querem dar um testemunho, em geral não querem falar publicamente que são portadores ou já curaram a hepatite C por achar que isso as pode prejudicar na sua vida social ou de trabalho.

Mas existem pessoas famosas que sim aparecem e dão testemunhos informando que eles estão com hepatite C, contando como aconteceu o contagio. O problema é que a grande maioria desses famosos se contaminou pelo uso de drogas ilícitas. Qualquer jornalista gosta de dar cobertura com amplo destaque quando alguém famoso decide contar sua historia e isso envolve sexo e drogas, como aconteceu com muitas estrelas internacionais como Keith Moon, Jimi Hendrix, Steven Tyler, o baterista Topper Headon do grupo Aerosmith's, Pamela Anderson, Jack Davenport, ator em Piratas do Caribe, Naomi Judd, David Crosby, etc..

Um anuncio publicitário alertando sobre a hepatite C que está sendo veiculado na TV da Inglaterra e pode ser visto em: http://www.healthcarerepublic.com/news/987634/Rock-stars-highlight-hepatitis-C-risks/ mostra claramente que se você foi ou continua sendo usuário de drogas ou fez tatuagens, pode estar infectado com hepatite C, mostrando todo tipo de instrumento para utilização de drogas.

Ao mesmo tempo, também na Inglaterra, a BBC NEWS dá destaque esta semana a uma matéria que leva o nome de "Meu estilo de vida me colocou em risco" onde a entrevistada e uma mulher que admite que foi por culpa de seu estilo de vida de alto risco, utilizando drogas injetáveis e praticando sexo não seguro que resultaram na contaminação com a hepatite C. "Eu gostava de ser muito rebelde, o uso de drogas foi escolha pessoal e sexo foi uma vontade de mulher". "Eu assumi um monte de riscos, de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, colocando-me em situações perigosas".

Matérias desse tipo não faltam nos jornais e nas TVs e isso está acontecendo não somente na Inglaterra e sim em muitos países, praticamente no mundo tudo. O resultado é que está se formando uma opinião errada sobre quem pode ter hepatite C devido a que somente a informação dos infectados pelo uso de drogas estarem sendo divulgadas.

Esse tipo de informação começou a ser divulgada nos últimos quatro ou cinco anos e, curiosamente nos países onde mais se divulga que o contagio aconteceu pelo uso de drogas se observa que o número de diagnósticos e de tratamentos está diminuindo. A causa dessa diminuição ainda não foi estabelecida, mas não podemos descartar que se uma pessoa se guia pelas informações mais divulgadas ela vai se questionar sobre a necessidade de realizar o teste, pois se nunca utilizou drogas ilícitas ou se teve uma vida sexual considerada normal, será praticamente certo que não apresenta possibilidades de ter contraído a hepatite C. Então, para que fazer o teste?

Podemos então culpar os famosos que pelo uso de drogas ilícitas contraíram hepatite C por divulgar informações que aumentam o estigma da população em relação a todos os infectados com hepatite C? A minha resposta é um categórico NÃO. Os culpados são os anônimos e famosos infectados somente com a hepatite C que preferem ficar calados e que por medo não assumem a sua condição.

2 - Somente pessoas com HIV/AIDS têm hepatite C!
No mundo todo o movimento social da AIDS e mais antigo e muito mais bem estruturado e capacitado que o movimento social das hepatites. Diversos motivos resultam nessa constatação por ter sido a descoberta da AIDS anterior a hepatite C e, ainda, porque a AIDS vinte anos atrás matava, o que levou os infectados a dar a cara e lutar por atenção por parte dos governos. Aconteceu uma mobilização geral, os governos estabeleceram programas, os infectados formaram ONGs e então passa a acontecer uma parceria onde os lideres do movimento passam a coordenar os programas de HIV/AIDS dos governos.

A contratação dos antigos lideres do movimento social para coordenar os programas governamentais tem seus prós e contras. Na ocasião se divulgava que a AIDS era uma epidemia que atingia somente homens, assim os programas objetivavam evitar a transmissão homossexual, pouco se alertando às mulheres sobre a possibilidade do contagio. As mulheres foram praticamente ignoradas e o resultado e que atualmente em alguns países o número de mulheres com AIDS e superior ao de homens.

Não somente aconteceu o erro estratégico de não discutir o assunto fora dos grupos homossexuais, como também os programas se concentraram na AIDS dando menor atenção a outras doenças sexualmente transmissíveis ou de contaminação pelo sangue, resultando em um efetivo controle da transmissão da AIDS, mas não conseguindo resultados nas outras doenças, até algumas delas tiveram aumento no número de casos.

A falta de dialogo com outros envolvidos fez que a transmissão de doenças entre usuários de drogas injetáveis fosse um sucesso em relação a AIDS. Estudos mostram que nos grupos de usuários de drogas injetáveis a contaminação pelo HIV/AIDS e de somente 3,4%, já nos mesmos grupos a infecção com a hepatite C chega aos 41,8%. (British Medical Journal, doi:10.1136/bmj.38286.841227.7C -published 12 November 2004).

Ao não consultar especialistas em outras doenças foi ignorado que o vírus da hepatite C permanece ativo por até 72 horas numa amostra de sangue com alta carga viral. O vírus da AIDS morre em minutos. Ao não discutir de forma ampla o assunto, o resultado foi o controle da transmissão do HIV/AIDS entre os usuários de drogas, mas a maioria acabou infectada com hepatite C.

Esses erros são coisa do passado e não adianta procurar os culpados, o importante e que não se repitam e devemos pensar no que fazer daqui para frente. Lamentavelmente não é o que podemos observar.

ONGs americanas denunciam que nos Estados Unidos a verba federal para cuidar da hepatite C representa somente 2% da verba destinada aos programas de HIV/AIDS é que a culpa disso e que os programas de hepatites são coordenados por pessoas com HIV/AIDS co-infectadas com hepatite C, assim, todos os esforços estão direcionados para os co-infectados e muito pouco e realizado para os que estão infectados somente com hepatite C.

No Brasil a situação não é muito diferente. As diretrizes de tratamento e os números demonstram isso de maneira fiel e contundente, de forma inquestionável. Por exemplo, um co-infectado HIV/HCV tem direito a tudo dentro da Portaria 34/2007 que regulamentou o tratamento pelo SUS, sem importar o genótipo nem o grau de fibrose. Já quem tem somente hepatite C deverá aguardar piorar seu estado de saúde até chegar a uma fibrose F2 para receber tratamento e, se estiverem infectados com os genótipos 2 e 3 estarão condenados a serem tratados com o ultrapassado interferon convencional.

Em relação aos números e só citar que dos 600.000 infectados com HIV/AIDS, 200.000 recebem tratamento pelo SUS, assim, 1 de cada 3 infectados está recebendo tratamento. Já na hepatite C existem entre 3 e 4 milhões de infectados dos quais aproximadamente 10.000 recebem tratamento a cada ano, a relação resulta em que aproximadamente 1 de cada 350 infectados recebe tratamento pelo SUS.

É necessário se repensar e discutir como os governos estão realizando as estratégias em relação à hepatite C antes que o problema chegue a um ponto irreversível.

Podemos então culpar os co-infectados com HIV/AIDS e hepatite C por terem tomado conta dos programas de hepatites? A minha resposta é um categórico NÃO, inclusive devemos bater palmas para eles, pois primeiro deram a cara assumindo a luta social sem medo de aparecer, depois estudaram como funciona o sistema público de saúde e como fazer o controle social dos governantes, passando então a reivindicar recursos e políticas públicas. Isso resultou em serem convidados para assumir programas de AIDS e agora de hepatites. Se o convite foi realizado para aproveitar o conhecimento ou para os "cooptar" já que eram responsáveis por denuncias, ações judiciais e exposição do problema na mídia não vêm ao caso de ser discutido neste momento. Fica obvio que se eles estão cuidando mais da co-infecção HIV/HCV em detrimento dos mono infectados com hepatite C isso e resultado de que cada um deve cuidar de seu jardim, dos problemas que atingem seu grupo em primeiro lugar, pois e ali que aperta o sapato.

Se os programas de hepatites não estão sendo conduzidos por infectados somente com hepatite a culpa e a falta de interes e de capacitação dos grupos de pacientes, os quais são tímidos nas reivindicações, poucos capacitados e preferem ser "amigos" do governante de plantão que ficar denunciando a falta de resultados.

3 - Pessoas com hepatite B ou C são altamente perigosas!
É só fazer uma leitura de qualquer edital de concurso público para admissão em qualquer repartição, inclusive no próprio ministério da saúde. Entre os exames solicitados se encontram os das hepatites B e C, mas não são exigidos exames para saber se o candidato tem HIV/AIDS, sífilis, clamídia, gonorréia, HTLV, etc..

Qualquer individuo que tomar conhecimento do exigido no edital vai interpretar que as hepatites B e C são as duas doenças mais perigosas do planeta, muito mais que o HIV/AIDS, sífilis, clamídia, gonorréia, HTLV, pois somente os testes das hepatites B e C são solicitados.

Se o próprio ministério da saúde faz essa exigência, podemos então avaliar o tamanho do descaso que os gestores estão tendo com as hepatites.

Podemos então culpar o governo e em especial o ministério da saúde por isso? A minha resposta, sem medo de estar fazendo novos inimigos é um rotundo e sonoro SIM.

4 - A hepatite B não é um problema!
Pelo menos, pelos critérios de vacinação estabelecidos pelo ministério da saúde do Brasil não parece ser um problema que possa atingir toda a população. Critérios esses incompressíveis já que a vacina custa muito pouco e, ainda, é fabricada pelos laboratórios oficiais, motivos pelos quais ampliar a vacinação não seria uma despesa muito alta.

Não deveriam existir doenças que possuem vacinas efetivas, pois vacinando a população a doença desaparece ou se transforma em um assunto de muitos poucos casos, fáceis de controlar, tal qual acontece com as bem sucedidas campanhas de vacinação na paralisia, febre amarela, rubéola, coqueluche, difteria, sarampo e caxumba.

Países vizinhos como o Peru e a Venezuela, bem mais pobres e com menor estrutura sanitária, já em 2009 e 2010 estão vacinando 80% da população para prevenir a hepatite B. Com certeza a hepatite B será controlada e em alguns anos estará eliminada. Cuba vacinou toda a população e acabou com novos casos de hepatite B. Porque não seguir esses exemplos de nossos vizinhos?

Não devemos esquecer que existem dois milhões de infectados cronicamente com hepatite B no Brasil, sendo por isso a hepatite B a maior DST e a que infecta um maior número de brasileiros. Pior ainda, a transmissão sexual da hepatite B acontece com uma facilidade até 100 vezes maior que a AIDS. Toda pessoa em idade sexual ativa está sujeita a ser infectada com hepatite B, por tanto, o problema de atingir toda a população existe e assim deveria ser interpretado.

A vacina para hepatite B é aplicada gratuitamente em postos de saúde em crianças e adolescentes de até 19 anos de idade e para alguns grupos especiais, como vítimas de abuso sexual, vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente suspeito de infecção por hepatite B (VHB), comunicadores sexuais de portadores do VHB, profissionais de saúde, hepatopatias crônicas e portadores de hepatite C, doadores de sangue, transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea, doadores de órgãos sólidos ou de medula óssea, potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundidos, nefropatias crônicas/dialisados/síndrome nefrótica, convívio domiciliar contínuo com pessoas portadoras de VHB, asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas, fibrose cística (mucoviscidose), doença autoimune, imunodeprimidos, populações indígenas, usuários de drogas injetáveis, inaláveis ou pipadas, pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas etc.), carcereiros de delegacias e penitenciárias, homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, coletadores de lixo hospitalar e domiciliar, bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários, profissionais envolvidos em atividade de resgate.

Neste momento a vacinação gratuita está sendo ampliada, passando a incluir gestantes, após o primeiro trimestre de gestação, lésbicas, bissexuais e transgêneros, manicures, pedicures e podólogos, populações de assentamentos e acampamentos, portadores de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), caminhoneiros, doenças do sangue e hemofílicos

Aplaudo a atitude da ampliação dos grupos de risco, evidentemente um resultado da incorporação da hepatite B no programa DST/AIDS, mas estão esquecendo que se adultos estão se infectando por via sexual com AIDS, também adultos com vida sexual ativa estão se infectando com hepatite B. Chegou a hora de avaliar a ampliação da faixa etária, fabricar mais vacinas e fazer uma campanha abrangente, pois insisto que a hepatite B é sim um grave problema, já que uma vez infectado não existe ainda a cura.

Em relação a programas do governo continuo a insistir para visitar a página com informações sobre doenças sexualmente transmissíveis do Programa DST/AIDS/Hepatites que se encontra em www.aids.gov.br/data/Pages/LUMIS8B526207PTBRIE.htm onde poderão verificar que absurdamente a hepatite B não está sequer relacionada como uma doença sexualmente transmissível e nenhuma informação e colocada sobre cuidados ou formas de prevenção.

Em palestras, pessoas acima dos 19 anos sem dinheiro para aplicar a vacina em clinicas particulares me perguntam se é possível receber a vacina gratuitamente, pois estão com medo de um possível contagio. Respondo perguntando se sabem se seu parceiro(a) está infectado com hepatite B, o que evidentemente desconhecem, então lembro a eles que a vacina e aplicada gratuitamente a pessoas de qualquer idade que sejam "comunicadores sexuais de portadores de hepatite B". Em resumo, se você suspeitar que esteja saindo com alguém suspeito de estar infectado com hepatite B, o melhor e informar isso no posto e assim receber a vacina gratuitamente.

Uma situação muito mais ética e benéfica para toda a sociedade e a pessoa tornar-se um doador de sangue, para o qual antes de doar é necessário que a pessoa tome a vacina. Nesta condição também a vacina e aplicada gratuitamente nos postos de saúde já que os doadores de sangue de qualquer idade estão incluídos nos grupos beneficiados.

Podemos então culpar o ministério da saúde por isso? A minha resposta é SIM.

FINALIZANDO:

Sei que a visão de um gestor público e muito diferente da que vê ou sente um individuo ou a família de um infectado com hepatite B ou C, com tempos, ansiedades e panoramas diferentes, mas os pontos acima colocados relatam situações reais, nada disso e ficção ou crônica de um romance.

A minha interpretação não é uma teoria conspiratória nem fruto de uma mente paranóica. Podem existir interpretações diferentes, as quais democraticamente respeito e me coloco a disposição para escutar e discutir. A minha interpretação não é uma verdade absoluta.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo


A Organização Mundial da Saúde estima que 1,5 milhão de pessoas morrem a cada ano por culpa das hepatites B ou C. Uma morte a cada 20 segundos!

domingo, 14 de março de 2010

Escolher e Viver

Escolher e Viver
André François


Escolher e viver – Tratamento e qualidade de vida dos pacientes renais crônicos



Em quatro anos de pesquisas e registros na área da saúde, André François encontrou diversos pacientes renais crônicos, acompanhou seu tratamento e seus desafios para fazê-lo. Ao descobrir a diálise peritoneal, uma alternativa à hemodiálise, André decidiu registrar a história de pacientes de diferentes cidades brasileiras que utilizam esse método. A missão desse livro é divulgar essas histórias para contribuir com a divulgação desse tratamento pouco conhecido e incentivar a doação de órgãos.
www.imagemagica.com.br/viver

Para realizar seus dois livros anteriores, Cuidar – Um documentário sobre a medicina humanizada no Brasil, lançado em 2006, e A curva e o caminho – Acesso à saúde no Brasil, 2008, percorreu o país durante dois anos registrando a humanização da medicina e o acesso à saúde.
Ao longo desses projetos, sua atenção se voltou para os pacientes renais crônicos. Enquanto aguardam o transplante – tratamento adequado, mas ainda de difícil acesso –, eles dependem de meios artificiais para sobreviver. Ao observar que a diálise peritoneal é um tratamento acessível e que oferece uma boa qualidade de vida, André decidiu documentar as experiências dos pacientes a ela submetidos.
Essas vivências, narradas por meio de imagens e palavras dos próprios pacientes, de seus cuidadores e de familiares, encontram-se em Escolher e viverTratamento e qualidade de vida dos pacientes renais crônicos, que se insere no trabalho incansável de André de informar, divulgar, ampliar e criar conhecimentos que modifiquem olhares, pensamentos e atitudes com relação à saúde.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Diário Oficial do Legislativo - CMS

Notícias
11/3/2010 13:46:30

Doença Renal Crônica
Sessão especial discute a importância da prevenção

Em comemoração ao Dia Mundial de Prevenção da Doença Renal Crônica, o presidente da Câmara Municipal, o vereador e médico Alan Sanches (PMDB), presidiu na manhã desta quinta-feira (11), uma sessão especial no Plenário Cosme de Farias. Na Praça Municipal, uma feira de saúde ofereceu à população exames gratuitos.

O presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Emanuel Burdmann, elogiou a iniciativa de trazer a discussão para a Câmara, por se tratar de uma doença que atinge entre 10 a 12% da população mundial e é considerada problema de saúde pública no Brasil e no mundo.

Burdmann disse que a perda progressiva da função dos rins pode ser detectada inicialmente através de simples exames de rotina, como análises de sangue e urina. Ele desmistificou a ideia de que não há cura e alertou que, se for feito a tempo, o tratamento pode retardar e até paralisar a ação da doença.
O representante da Associação Baiana de Medicina, Paulo Novis, destacou que a maioria das pessoas descobre a doença em fase avançada.

O presidente regional da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Marco Antônio Silveira, falou sobre as poucas unidades de saúde no estado para a realização de diálise. Segundo ele, cerca de 207 pacientes de outras cidades vêm à capital para fazer o tratamento.

Diante da carência, o vereador Alan Sanches sugeriu a criação de um fundo do governo estadual, independente do Ministério da Saúde.

Transplantada há dez anos, Márcia Chaves, presidente da Associação dos Pacientes Transplantados da Bahia, lembrou das 2.600 pessoas que estão na fila única à espera de transplante. Ela cobrou a ampliação dos serviços da diálise peritonial (PPDA), na qual o paciente faz o tratamento sem precisar sair de casa.

A sessão contou com a exposição fotográfica “Escolher e Viver”, de André François, que retrata o tratamento e a busca por maior qualidade de vida por parte dos pacientes renais crônicos.

Exames gratuitos

Uma feira de saúde aberta ao público movimentou a Praça Municipal nesta quinta (11) para fortalecer a importância da prevenção da Doença Renal Crônica (DRC). Foram realizados gratuitamente exames que podem prevenir ou detectar precocemente a doença (testes de glicemia, exame de urina, controle da pressão arterial e peso). Hipertensão e diabetes estão entre as principais causas das complicações renais.

A nefrologista do Hospital das Clínicas, Katherine Brito, destacou a importância da prevenção. “Estamos fazendo um check-up, com entrevista clínica, avaliação nutricional e exames de sangue e urina”, diz a médica, lembrando que o objetivo é fazer com que o Dia Mundial de Prevenção da Doença Renal Crônica seja implantado no calendário das atividades da Secretaria Municipal de Saúde.

O coordenador do Laboratório de Análises Clínicas da Apae, Gildásio Carvalho, explicou que o exame de urina identifica a presença de proteína, um indício de deficiência renal. A feira contou com a participação de uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, nutricionistas, enfermeiros, psicólogos e demais profissionais ligados à saúde.

Nesta sexta-feira (12) e sábado (13), Salvador sedia o 5º Congresso Nacional de Nefrologia, no Bahia Othon Palace Hotel, como parte das comemorações pelo dia mundial de prevenção da doença.




quarta-feira, 10 de março de 2010

IG Último Segundo

Número de casos de insuficiência renal dobrou em dez anos
Fila de transplante supera 30 mil pessoas e vagas na hemodiálise são insuficientes

Chris Bertelli, iG São Paulo 10/03/2010 06:00

Transplante: mais de 30 mil aguardam um rim
Aproximadamente 13 milhões de brasileiros apresentam algum grau de problema renal, segundo o mais recente levantamento da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).

O número é duas vezes maior do que há dez anos. Desse total, 95 mil estão em estágio grave, dependendo de hemodiálise ou na fila do transplante, e os casos vêm crescendo a um ritmo de 10% ao ano.

O panorama da doença pode ser ainda mais delicado. “O número de pacientes é inferior ao que deveria ser identificado”, afirma Emmanuel Burdmann, presidente da SBN.

O aumento dos casos de diabetes e hipertensão, além de uma preocupação maior com o diagnóstico da doença, são os principais fatores que levaram a um incremento desses dados. “A doença já mata mais do que o câncer de mama”, afirma a nefrologista Carmen Tzanno Branco Martins, coordenadora do Comitê de Nutrição da SBN e diretora da clínica Renal Class.

Segundo dados da Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo (Sonesp), 58 milhões de pessoas correm o risco de desenvolver algum tipo de problema no rim por pertencerem ao grupo de risco: têm histórico da doença na família, são idosos, obesos, diabéticos ou hipertensos. Essas duas últimas doenças, muito conhecidas dos brasileiros, respondem por 60% dos casos.

A insuficiência renal é uma doença silenciosa: quando o corpo dá sinais claros e visíveis de que algo está errado em geral o órgão já perdeu 50% de sua capacidade. Por este motivo, 70% das mortes por insuficiência renal acontecem antes mesmo do diagnóstico, conforme estudo da Fundação Pró-Renal, entidade filantrópica que dá assistência a pacientes crônicos.

O rim funciona como um filtro do corpo, removendo sais e outras substâncias que estejam em quantidade excessiva, como a água. Esse órgão, que tem o tamanho de um punho fechado, também é responsável pelo controle da pressão arterial e pela produção e liberação de glóbulos vermelhos pela medula óssea.

Faltam vagas e doadores

Outro fator que contribui para o alto índice de mortalidade da doença é a falta de vagas para a realização de hemodiálises. Seis mil pacientes por ano não têm acesso ao tratamento ambulatorial que seria fundamental para mantê-los vivos. “Noventa por cento da população com a doença fazem tratamento pelo Sistema Único de Saúde. E a quantidade de clínicas disponíveis é a mesma há muitos anos. Deveríamos estar fazendo hemodiálise em trezentas mil pessoas”, alerta Burdmann. “Com a hemodiálise, o paciente ganha tempo de vida. Ele pode esperar pelo transplante de forma mais tranqüila e mesmo se não der certo, pode voltar ao tratamento”, avalia a Carmen.

A máquina realiza o trabalho que deveria ser feito pelo órgão doente, enquanto o paciente aguarda por um novo rim. A fila de espera, no entanto, aumenta a cada ano. De acordo com o levantamento realizado no primeiro semestre de 2009 pelo Ministério da Saúde, 31.270 pessoas faziam parte dela. No mesmo período, foram realizados 1.237 transplantes.

É possível prevenir

Nem todo caso de doença renal leva o paciente à insuficiência. Por isso, a grande frente de batalha dos especialistas está na prevenção e no diagnóstico precoce. Diabéticos e hipertensos devem manter suas taxas controladas, a fim de evitar que um agravamento dessa doença possa levar à perda da função renal. Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fundação Oswaldo Cruz e do Centro de Controle do Diabetes da Bahia conduziram uma pesquisa que revelou que 76% dos diabéticos não conseguem manter as taxas glicêmicas adequadas.

A recomendação dos médicos é a mesma para todos, inclusive para os que não têm essas doenças: a partir dos 55 anos, toda pessoa deve fazer exames de urina para detectar a presença ou não de albumina e também a dosagem da creatinina no sangue. Duas medidas simples que podem evitar a insuficiência e até a um quadro crônico.Quem faz parte do grupo de risco deve fazer esses exames já a partir dos 30 anos”, recomenda a nefrologista Carmen Tzanno.

Dia mundial do rim

Toda segunda quinta-feira do mês de março comemora-se o dia mundial do rim. Neste ano, a data será celebrada neste dia 11. A campanha de 2010 tem como tema “Proteja seus rins, controle o diabetes”, na tentativa de evitar que novos casos apareçam por conta desse problema, que é causador número 1 de doenças renais nos Estados Unidos. No Brasil, a diabetes é a segunda causa da insuficiência do rim, atrás apenas da hipertensão.


terça-feira, 9 de março de 2010

Estadão

segunda-feira, 8 de março de 2010, 17:21 Online

Seis britânicos se submetem a transplante cruzado de rins
Três pessoas precisavam de um rim e três parentes seus queriam doar, mas eram incompatíveis; transplante cruzado resolveu impasse.

Seis britânicos se submeteram simultaneamente a um procedimento cirúrgico incomum que realizou o transplante cruzado de três rins.

Teemir Thakrar, de 32 anos, Chris Brent, de 42, e Andrea Mullen, de 54, precisavam de rins novos.

Lynsey, mulher de Thakrar, Lisa Burton, irmã de Brent, e Andrew, marido de Mullen, estavam dispostos a ceder um de seus rins para salvar seus entes queridos. Porém, seus órgãos eram incompatíveis com os de seus parentes.

Para solucionar o impasse, os seis aceitaram fazer um transplante cruzado de rins, em que uma pessoa saudável doa seu órgão para um estranho em troca de seu ente receber um novo rim de um outro desconhecido.

Assim, Lynsey doou seu rim para Mullen, cujo marido doou para Brent. Já a irmã de Brent, Lisa, doou para Thakrar. Tudo ao mesmo tempo, às 9h da manhã do último dia 4 de dezembro.

Foi a segunda vez que uma doação cruzada tripla ocorreu na Grã-Bretanha, mas foi a primeira em que os envolvidos se dispuseram a aparecer em público para contar suas histórias.

"Eu não podia doar diretamente para Chris porque nós somos incompatíveis, mas desta forma eu pude ajudá-lo. Eu estava assustada no começo e um pouco incerta sobre esse banco de doadores, mas eu estou encantada porque todos estão se saindo bem e porque eu pude ajudar o meu irmão a melhorar", disse Lisa.

"No dia do meu casamento com Lynsey, eu tive de ir para casa à noite fazer diálise (...) Eu estou excitado com a possibilidade de fazer exercícios novamente e voltar à academia. Estou feliz em saber que outras duas pessoas também se livraram da diálise", comentou Teemir Thakrar.

Três transplantes simultâneos

Às 9h da manhã do dia 4 de dezembro de 2009, os três transplantes tiveram início. Depois de extraídos dos doadores, os três rins foram colocados no gelo e transportados para os receptores. Dois deles estavam em Londres, mas um deles estava em Edimburgo, na Escócia. Por isso, os órgãos tiveram de ser transportados de avião.

Segundo os médicos envolvidos, esse tipo de procedimento é complicado, primeiramente, por causa dessa questão logística. Além disso, todos os pacientes precisam estar em boas condições ao mesmo tempo para iniciar os transplantes. Se qualquer um deles não se sentir bem, as cirurgias precisam ser adiadas.

"A cirurgia foi um grande sucesso graças ao excelente trabalho em equipe dos três hospitais", disse Vassilios Papalois, cirurgião renal do Imperial College Healthcare, um dos três centros que realizaram os procedimentos.

"Andrea teve de passar por muita preparação antes desse transplante, então, sem essa operação tripla, que foi planejada com antecedência, seria pouco provável que ela conseguisse um órgão a partir da lista de pessoas falecidas", explicou Lorna Marson, cirurgiã responsável pelo transplante na Royal Infirmary de Edimburgo.

"É imperativo que olhemos para todas as opções e uma lista de doadores como essa proporciona aos pacientes uma chance muito melhor e os ajuda a se libertarem de uma vida presa à diálise", disse o cirurgião Geoff Koffman, do hospital Guy's and St Thomas, em Londres.

Segundo Papalois, nos Estados Unidos já são realizados transplantes cruzados envolvendo até doze pessoas.

Prática incomum

Esse tipo de transplante cruzado foi legalizado na Grã-Bretanha em 2006. Desde então, cerca de 20 procedimentos duplos foram realizados. Os dois primeiros triplos, incluindo o citado nesta reportagem, ocorreram no final do ano passado.

O governo britânico informa que, atualmente, cerca de 7 mil pessoas estão na lista de espera por um rim. O prazo de espera dura em média três anos.

"Nós esperamos que esse seja apenas o começo de coisas que estão por vir e que essa prática singular se torne possível em hospitais por todo o país", declarou um porta-voz do NHS, o sistema público de saúde da Grã-Bretanha. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

sexta-feira, 5 de março de 2010

FAXAJU


Saúde

Publicado em: 04/03/2010 06:46:18
Transplantes de córnea registram crescimento de quase 80% em um ano

“Senti uma sensação de alívio, porque a deficiência visual é uma prisão, onde se vive num mundo adverso. Poder enxergar e ter a visão total é uma sensação de liberdade muito grande”.
A declaração é do fisioterapeuta Breno Santiago Almeida, 27 anos, ao descrever o sentimento que teve após se submeter, em março do ano passado, ao segundo transplante de córnea e poder se livrar definitivamente de um problema que começou a se agravar aos 13 anos de idade.



O fisioterapeuta, que fez a primeira cirurgia em 2004, quando se submeteu ao transplante da córnea do olho esquerdo, foi um dos beneficiados com a agilização do processo de captação, decorrente da implantação do Banco de Olhos de Sergipe, em janeiro de 2009. A unidade funciona no ambulatório de retorno do Centro de Acolhimento e Diagnóstico por Imagem (Cadi), localizado no Centro Administrativo Augusto Franco, bairro Capucho, zona oeste da capital.


Em 2008, quando o Banco de Olhos ainda não existia, foram realizados 59 transplantes de córnea no Estado. No ano passado, foram 102, o que representa um aumento de quase 80%. “Tivemos 66 doadores com a captação de 132 córneas, que nos permitiu realizar esses 102 transplantes”, explica Benito Fernandez, coordenador da Central de Transplantes de Órgãos e Tecidos de Sergipe (CNCDO/SE), unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Diretoria de Gestão de Sistemas.


Segundo ele, das 132 córneas captadas, cerca de 70% a 80% foram de pacientes que morreram por parada cardiorrespiratória no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), onde há a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). O não aproveitamento das outras 30 córneas se deu por diversos fatores. “Algumas foram de pacientes que apresentaram sorologia reagente a doenças infectocontagiosas, como hepatites B e C, enquanto em outras havia deficiências no tecido, com poucas células”, diz Fernandez.


Êxito

Os dados apresentados por Sergipe vão na contramão das estatísticas nacionais. No final de fevereiro, o Ministério da Saúde divulgou que, apesar dos investimentos em transplantes aumentarem 343% em oito anos, no último balanço as cirurgias de córnea (tecidos) apresentaram leve queda de 1,76%. Em 2008, foram realizados no país 12.951 transplantes desse tipo contra 12.723 em 2009.


Para a secretária de Estado da Saúde, Mônica Sampaio, maior que o impacto numérico causado pelos dados apresentados por Sergipe é a importância desses transplantes na vida das pessoas. “Ampliar a captação de doadores e fazer a Central de Transplantes aumentar a sua produção é garantir uma nova possibilidade de vida àqueles que sofrem devido às limitações físicas congênitas ou provocadas”, destacou.


Banco de Olhos

Antes da unidade começar a funcionar em Sergipe, o tempo médio entre a captação da córnea, avaliação, processamento e o transplante era de 12 dias. “Com o Banco de Olhos, esse tempo foi reduzido à metade”, informa o coordenador da CNCDO/SE, acrescentando que a equipe que atua 24 horas na unidade é formada por seis enfermeiros, dois médicos e um atendente


Até o final de 2008, as córneas captadas em Sergipe eram avaliadas e processadas no Banco de Olhos do Distrito Federal. “Isso demandava muito tempo e contribuía para a redução da qualidade do tecido a ser transplantado”, explica Benito Fernandez. Depois do óbito, as equipes da CNCDO ou da CIHDOTT têm até seis horas para a retirada da córnea e mais 12 horas para preservá-la, podendo utilizá-la até 14 dias depois.


Doação
Além dos investimentos do governo na área, o aumento do número de doações depende do envolvimento dos profissionais que atuam nos hospitais e dos familiares. “Graças à solidariedade de 66 famílias, ampliamos em quase 80% o número de cirurgias no ano passado, em comparação a 2008”, ressalta o coordenador da CNCDO.


Vinculada à Diretoria de Gestão de Sistemas da SES, a Central de Transplantes é responsável pelo cadastro de pacientes na fila de espera e pela distribuição dos órgãos captados. “A participação dos profissionais de saúde é vital para o processo de detecção do potencial doador, assim como da família, que é quem autoriza a doação”, destaca Benito Fernandez.
O fisioterapeuta Breno Santiago, desde que se submeteu ao primeiro transplante, passou cinco anos na fila de espera por um novo doador. “Em abril de 2004, houve uma inflamação na córnea esquerda, que chegou ao ponto de romper, e tive que fazer às pressas uma cirurgia de urgência”, recorda. Desde a infância, em consequência de um problema genético, ele sofria com a perda progressiva da visão, problema que se agravou aos 13 anos.
“Depois dessa cirurgia, a primeira vez que enxerguei algo nítido com o olho esquerdo foi um ano e quatro meses depois, mas entre três e quatro meses após o transplante já pude voltar a fazer simples atividades diárias, como até mesmo transitar de carro”, lembra. Segundo ele, a segunda cirurgia, realizada no olho direito no ano passado e que lhe permitiu abandonar de vez o tratamento com lentes de contato, foi menos traumática.

terça-feira, 2 de março de 2010

Notícias ATX-BA

Ao ler o livro “C sua vida mudasse”, o recomendo como pessoa e presidente da ATX-BA para todos portadores ou não de Hepatite C, pois, de acordo com Dr. Raymundo Paraná que fez o prefácio do livro no Brasil “Trata-se de um instrumento educativo para médicos e pacientes de qualquer especialidade, mas, sobretudo, oferece uma história apaixonante, cujo desfecho é recompensador” e vai além “A amplitude do que é descrito neste livro e as conseqüências em cada um que surgiram de um paciente portador de hepatite C reforçam em cada um de nós a redescoberta de valores como cidadania, a compaixão e o compromisso humanitário”.

Kennedy lança livro sobre hepatite C para pacientes em São Paulo

“C sua vida mudasse” é o resultado da convicção de que a defesa de uma causa pode resultar em boas políticas na área de saúde. Neste livro, Christopher Kennedy Lawford, sobrinho do ex-presidente americano J.F. Kennedy e portador de hepatite C, e a médica Diana Sylvestre, presidente da Califórnia Hepatitis Alliance, dialogam com o leitor e contam as próprias experiências, discutindo os medos e as frustrações, o estigma social e outras dúvidas que surgem após o diagnóstico dessa doença crônica, trazendo informações médicas sobre os riscos, os exames médicos necessários, os tratamentos, etc. Ambos mostram como encarar as dificuldades e divulgar esses esclarecimentos, oferecendo esperança aos pacientes, amigos e familiares.

O lançamento do livro foi no dia 04 de dezembro 2009, onde Christopher Kennedy Lawford, sobrinho do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy, lançou o livro “C sua vida mudasse” para pacientes e representantes de ONGs relacionadas, às 8h, no Hotel Renaissance, em São Paulo.

Promovido pelo Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, o evento discutiu a recente incorporação do Programa epatites Virais pelo Ministério da Saúde, além de atualizar os pacientes sobre os tratamentos disponíveis em apresentação do Dr. Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, e mostrar como a saga contra a doença motivou Christopher Kennedy a combater a falta de informação sobre a hepatite C. No Brasil, a doença atinge mais de 3 milhões de pessoas.

Assim como os pacientes brasileiros, Christopher Kennedy encarou seu próprio medo, o preconceito das pessoas, as escolhas e conquistou o sucesso com o tratamento. O livro, cuja versão original é registrada sob o título “Healing Hepatitis C”, intercala capítulos com relatos da história pessoal com detalhes sobre a luta contra a hepatite C ao lado de capítulos pontuados pela médica Diana Sylvestre, que traz o lado do especialista no trato com o vírus – ainda desconhecido à época do diagnóstico.

Na ocasião, pacientes e representantes de ONGs discutiram como a hepatite C deve ser encarada pelos próprios pacientes e sociedade. Para Christopher, ter hepatite C não é motivo de vergonha, e o diagnóstico pode salvar uma vida. “Você não precisa morrer de hepatite C se não quiser”, afirma Christopher no livro.

O evento contou ainda com o apoio da Aliança Independente de Grupos de Apoio, AIGA (da qual a ATX-BA faz parte), Sociedade Brasileira de Hepatologia, Fórum de Patologias do Estado de São Paulo (FOPESP), Hotel Renaissance e Roche Brasil.

Sobre Christopher Kennedy Lawford: Christopher é filho da irmã do ex-presidente americano John F. Kennedy, Patrícia, com o ator Peter Lawford. Nascido na Califórnia cresceu em meio à vida de Hollywood e ao mundo da política. Bacharel em Artes pela Tufts University e em Direito pela Boston College Law School, Christopher possui mestrado em Psicologia Clínica pela Harvard Medical School e trabalhou mais de 15 anos em Hollywood como ator, advogado, executivo e produtor. Também atuou como executivo do The Democratic National Committee, no The Community Action for Legal Services Agency, e no escritório do senador Edward M. Kennedy, além de trabalhar em campanhas políticas. Atualmente, Chris trabalha com ações sem fins lucrativos na Fundação Joseph P. Kennedy Jr., The Special Olympics e The Center on Addiction and Substance Abuse na Universidade de Columbia. Ele também atua como consultor público do Caron Treatment Centers e é disseminador internacional em campanhas sobre Hepatite C.

Márcia Chaves
ATX-BA

segunda-feira, 1 de março de 2010

Vida e Saúde

segunda-feira, 1 de março de 2010, 12:32 Online

Brasil avança na área de transplantes de órgão, diz associação
Segundo a ABTO, há Estados brasileiros com números comparáveis ao dos melhores países do mundo
Agência Brasil

Arquivo AE
Questão da morte encefálica ainda é uma das principais barreiras para os transplantes

BRASÍLIA - O Brasil está progredindo na área de transplante de órgãos e hoje é reconhecido internacionalmente pelo trabalho que desenvolve, segundo o presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Ben-Hur Ferraz Neto.

Doação de órgãos no Brasil cresce 26% em 2009

"Hoje, o país é reconhecido internacionalmente pela sua participação nessa área. Há estados com números comparáveis ao dos melhores países do mundo", disse, em entrevista à Rádio Nacional. "Uma das coisas boas desse programa é que ele é subsidiado, na sua totalidade, pelo Sistema Único de Saúde (SUS)."

Apesar do progresso, ressaltou o presidente da ABTO, há um longo caminho a percorrer, já que algumas regiões ainda encontram dificuldades para realizar os transplantes. "A gente está no caminho certo. No entanto, ainda tem muita coisa a ser feita. A gente tem diferenças regionais muito grandes. Há regiões onde é muito difícil o serviço de transplante de órgãos."

De acordo com Ferraz, muitas pessoas ainda têm resistência em autorizar a doação de órgãos por achar que a morte encefálica é algo reversível ou por pensar que o parente pode estar em de coma ou em estado vegetativo.

"É importante que as pessoas entendam que a morte encefálica é uma morte como outra qualquer. O diagnóstico da morte encefálica é extremamente rigoroso. A legislação brasileira é uma das mais rigorosas do mundo. Não há nenhuma possibilidade de haver erro nesse diagnóstico."

Segundo o médico, um doador em morte encefálica pode salvar mais de dez pessoas. Ele lembrou que somente a família pode autorizar a doação de órgãos.
estadao.com.br

Correio Brazilienze

Brasil avança na área de transplantes de órgão, diz presidente de associação
Agência Brasil
Publicação: 28/02/2010 15:33

O Brasil está progredindo na área de transplante de órgãos e hoje é reconhecido internacionalmente pelo trabalho que desenvolve, segundo o presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Ben-Hur Ferraz Neto.
“Hoje, o país é reconhecido internacionalmente pela sua participação nessa área. Há estados com números comparáveis ao dos melhores países do mundo”, disse, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. “Uma das coisas boas desse programa é que ele é subsidiado, na sua totalidade, pelo Sistema Único de Saúde [SUS].”

Apesar do progresso, ressaltou o presidente da ABTO, há um longo caminho a percorrer, já que algumas regiões ainda encontram dificuldades para realizar os transplantes. “A gente está no caminho certo. No entanto, ainda tem muita coisa a ser feita. A gente tem diferenças regionais muito grandes. Há regiões onde é muito difícil o serviço de transplante de órgãos.”

De acordo com Ferraz, muitas pessoas ainda têm resistência em autorizar a doação de órgãos por achar que a morte encefálica é algo reversível ou por pensar que o parente pode estar em de coma ou em estado vegetativo.

“É importante que as pessoas entendam que a morte encefálica é uma morte como outra qualquer. O diagnóstico da morte encefálica é extremamente rigoroso. A legislação brasileira é uma das mais rigorosas do mundo. Não há nenhuma possibilidade de haver erro nesse diagnóstico.”

Segundo o médico, um doador em morte encefálica pode salvar mais de dez pessoas. Ele lembrou que somente a família pode autorizar a doação de órgãos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Tarde On Line

BRASIL
24/02/2010 às 09:33

SUS oferece mais similar que genérico, diz pesquisa
Agência Estado

Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública alerta para o fato de que em um grupo de unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) havia mais oferta de medicamentos similares do que de genéricos. O estudo, que avaliou a disponibilidade de genéricos também em uma amostra de farmácias privadas, estimou ainda que os genéricos à venda competiam, em preço, entre si e com os medicamentos similares - e não com as drogas que copiam os medicamentos de referência, o que contraria política do setor.

O trabalho, inédito, foi realizado em maio de 2007 e verificou a disponibilidade de 28 genéricos em 182 farmácias públicas e privadas de 25 municípios de todas as regiões brasileiras. É considerado um retrato da realidade nacional, mas não é representativo para o País, segundo destacaram pesquisadores da escola, entidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que por sua vez é vinculada ao Ministério da Saúde.

De acordo com o estudo, publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, os genéricos estão presentes em 21% dos estabelecimentos públicos pesquisados. Já os similares foram achados em 30% dessas farmácias. Para a maioria das drogas buscadas, a oferta disponível em estabelecimentos públicos foi menor do que 10%. Das 28 drogas, 10 não foram achadas na forma genérica em nenhuma das regiões. O genérico do medicamento albendazol, contra parasitas intestinais, foi o mais encontrado.

"É digno de nota comentar que o setor público (...) deveria observar a lei 9.787 (dos genéricos), que reafirma, junto às demais resoluções relacionadas, estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, as diferenças adotadas pelo País entre genéricos e similares. Sendo assim, medicamentos diferentes não poderiam competir para abastecimento (...)", anotou o grupo de profissionais da escola, liderado pela farmacêutica Elaine Silva Miranda, pesquisadora visitante da Fiocruz.

A pesquisadora, procurada ontem por meio da assessoria de imprensa, não quis comentar os resultados. Também a Anvisa informou que não falaria sobre o trabalho, do qual participou também um funcionário da agência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://www.atarde.com.br/brasil/noticia.jsf?id=1394925

Yahoo Notícias

THE NEW YORK TIMES


Nova modalidade de cirurgia: órgãos transplantados fazem sua parte e desaparecem
Sex, 26 Fev, 03h35


Jonathan Nunez tinha 8 meses de idade quando um transplante de fígado salvou sua vida.
Três anos depois, seu corpo rejeitou o transplante, atacando-o de forma tão violenta que o órgão foi desgastado e desapareceu, mal deixando rastro.

Esse resultado, aparentemente um desastre, era exatamente o que os médicos esperavam. Eles tinham, propositadamente, interrompido o remédio anti-rejeição de Jonathan porque ele já não precisava mais do órgão transplantado.

Seu próprio fígado tinha se regenerado - exatamente como esperado.

Jonathan, um garotinho de 4 anos com um sorriso tímido e apaixonado por dinossauros, faz parte de um pequeno grupos de crianças nos Estados Unidos que passaram por um tipo bastante incomum de cirurgia de transplante, uma operação que - para as poucas pessoas elegíveis - oferece uma vantagem tremenda: uma vida normal, livre de remédios anti-rejeição, que suprimem o sistema imunológico e aumentam o risco de infecções, câncer e outros problemas.

Normalmente, pacientes de transplante devem tomar essas drogas poderosas por toda a vida.

Em transplantes dentro do padrão, o órgão doente é completamente removido e um novo é colocado em seu lugar.

A diferença na operação de Jonathan e outras crianças é que apenas uma parte do fígado do paciente é removida, e é substituída por uma parte do fígado do doador.
Primeiro, para evitar a rejeição, o paciente toma as drogas usuais.
Depois, os médicos observam e esperam.

O fígado tem uma capacidade extraordinária de se regenerar, especialmente em crianças, e a esperança é que, enquanto o transplante faz sua parte, o que resta do próprio fígado do paciente se regenera e começa a funcionar novamente.

O processo pode levar um ano ou mais; no caso de Jonathan, levou três anos.

Se o fígado se regenera e cresce o suficiente, os médicos começam a interromper os remédios anti-rejeição.

O sistema imunológico do paciente se reativa e, na maioria dos casos, destrói gradualmente o órgão transplantado, que já não é mais necessário.

A vida volta ao normal, livre do compromisso diário de tomar pílulas e arcar com seus riscos e custos.

"Acho que precisamos promover essa ideia", disse Dr. Tomoaki Kato, cirurgião de Jonathan.
Ele trabalha no NewYork-Presbyterian Hospital/Columbia University Medical Center, mas realizou o transplante de Jonathan em 2006 no Hospital Memorial Jackson/Universidade de Miami. "Grande parte da comunidade que trabalha com transplante está focada em libertar os pacientes da imunossupressão, e essa é uma forma de fazê-lo", acrescentou.

Porém, apenas uma fração mínima dos pacientes de transplante são candidatos à operação: certas crianças com insuficiência hepática aguda - provavelmente menos de 100 por ano nos Estados Unidos, onde 525 pessoas com menos de 18 anos se submeteram a transplantes no ano passado.

A operação é difícil. Ela é mais longa e mais arriscada do que o transplante padrão, e os cirurgiões alertam que os pacientes devem ser cuidadosamente selecionados, pois nem todos podem resistir à cirurgia.

A operação foi realizada pela primeira vez na Europa no início da década de 1990 e mais tarde nos Estados Unidos. No entanto, os resultados foram confusos - o fígado nem sempre se regenerou - e a cirurgia nunca foi realmente aceita (em jornais médicos, o procedimento é chamado de transplante auxiliar parcial ortotópico de fígado).

Kato afirmou que os resultados podem ter sido insatisfatórios porque as primeiras tentativas foram feitas com adultos. "Acho que o segredo são as crianças", disse ele.

Os melhores candidatos são crianças com insuficiência hepática aguda, uma condição mortal na qual o fígado para de funcionar de repente, muitas vezes por motivos desconhecidos.

Embora o fígado possa ser capaz de se recuperar, ele não o faz de forma rápida o suficiente para evitar danos cerebrais e morte pelas toxinas acumuladas.

A única forma de salvar a vida de alguém com essa condição é realizando um transplante de fígado - ou metade dele.

Esses transplantes parciais não funcionam nos casos de doenças hepáticas crônicas que causam cicatrizes, pois isso impede que o fígado se regenere.

Kato realizou a cirurgia em sete crianças, entre 8 meses (Jonathan) e 8 anos de idade, no Jackson Memorial.

Até o momento, o próprio fígado do paciente se recuperou em seis das sete crianças, e elas não precisam mais tomar drogas anti-rejeição, disse Kato. Ele espera que a necessidade dos remédios logo seja extinta para a sétima criança.

Em quatro delas, ele contou que o órgão transplantado "se derreteu" completamente sozinho, mas em dois outros casos, incluindo o de Jonathan, foi necessário remover um remanescente ou limpar uma infecção. O primeiro caso desse tipo de transplante realizado por Kato foi em 1997.

A criança passou três meses na UTI. "Não achamos que foi um sucesso", disse ele. Porém, depois de dois anos o fígado se recuperou completamente. "Isso nos fez acreditar que valia a pena", afirmou Kato.

Outros cirurgiões também já tentaram o processo. Dr. Alan Langnas, diretor de transplante de fígado do Nebraska Medical Center, afirmou ter realizado a cirurgia em cerca de dez pacientes, a maioria crianças, nos últimos 15 anos.

Em alguns casos, ele contou, o fígado do paciente não se regenerou. Pelo menos um caso exigiu um segundo transplante. "Acho que o sucesso sempre foi um pouco confuso", disse Langnas.
"Depende da seleção do paciente e do quão bem seu fígado natural se recupera. Mas é uma opção importante para alguns pacientes".

Dr. Simon Horslen, diretor medico de transplante de fígado e intestino do Hospital Infantil de Seattle, que estava no centro de Nebraska quando as operações foram realizadas ali, disse: "Nas mãos certas, é uma técnica maravilhosa." Cirurgiões do Kings College, em Londres, também realizaram a cirurgia nos últimos 20 anos, em 20 crianças, de 1 a 16 anos de idade.

Dezessete delas sobreviveram. Uma precisou de um segundo transplante, mas em 14 crianças seu próprio fígado se regenerou. Até o momento, 11 puderam interromper a medicação anti-rejeição.

Num artigo recente publicado num jornal médico, a equipe do Kings College afirmou que a operação deve ser considerada para crianças que precisam de transplante devido a uma insuficiência hepática aguda.

Entretanto, Dr. J. Michael Millis, chefe de transplantes do Centro Médico da Universidade de Chicago, disse: "Esse procedimento não tem tido muito sucesso na maioria dos casos que tentamos". Ele acrescentou: "Até mesmo na série de Kato, o tempo de operação é quase duas vezes maior, então os pacientes devem passar o dobro de tempo na sala de cirurgia, e acho que esse é o verdadeiro tendão de Aquiles" (um transplante de fígado geralmente leva cerca de seis horas).

Operações longas exigem que os pacientes recebam uma quantidade maior de líquido intravenoso, algo que as crianças com insuficiência hepática geralmente não toleram, disse Millis, explicando que o líquido causa um inchaço no cérebro que pode matá-las. "Há uma década espero que as crianças possam fazer isso", disse.

"Quando consigo um fígado adequado, elas já estão doentes demais. Elas têm que entrar e sair da sala de cirurgia e voltar para a UTI o mais rápido possível, com o mínimo de líquido".

Langnas tem preocupações similares. "Às vezes, essas crianças estão tão doentes que, literalmente, elas têm horas ou um dia de vida", disse ele. "Nessas circunstâncias, não queremos correr riscos".

Jonathan Nunez, cuja família vive em Miami, tinha um caso clássico de insuficiência hepática aguda. Aos 8 meses, ele era perfeitamente feliz e saudável, mas de repente passou a ficar ranzinza e sonolento. Ele chorava demais, comia pouco e começou a vomitar. O menino ficou amarelo, seu estômago e suas pernas incharam. O diagnóstico era insuficiência hepática aguda, causa desconhecida.

A única esperança era um transplante. No Jackson Memorial, Kato sugeriu um transplante parcial. A mãe de Jonathan, Yailin Nunez, afirmou que ela e o marido imediatamente concordaram, porque a cirurgia oferecia pelo menos uma chance de que Jonathan pudesse levar uma vida normal, sem imunossupressores.

Crianças com insuficiência hepática aguda estão no topo da lista, e Jonathan recebeu um transplante um dia depois de entrar na fila de espera. Ele teve uma recuperação bastante difícil, mais do que a maioria dos pacientes de Kato.

Episódios severos de rejeição exigiram altas doses de esteróides. Outras complicações o fizeram entrar e sair do hospital durante três meses. O menino ficou estável, mas seu próprio fígado não parecia estar se regenerando; certo momento, ele até encolheu.

Yailin Nunez jamais desistiu de ter esperanças, mas depois de dois anos Kato começou a duvidar que o fígado de Jonathan algum dia se recuperaria. O médico cogitou removê-lo para evitar problemas. Aí o fígado começou a crescer.

No último mês de setembro, o fígado de Jonathan já era grande o suficiente para funcionar sozinho. Ele já não precisava mais de transplante.

Os médicos começaram a diminuir as doses das drogas anti-rejeição e o sistema imunológico de Jonathan se encarregou do resto. Em setembro, o órgão transplantado estava visível em exames de tomografia computadorizada.

Em novembro, tinha desaparecido. Entretanto, o órgão transplantado tinha se atrofiado tão rapidamente que um local onde tinha se conectado ao intestino delgado não teve a chance de se fechar adequadamente. Um abscesso se formou, causando febres e deixando Jonathan bastante doente.

Ele precisou tomar antibiótico e passar por um procedimento para drenar a infecção. Dois meses depois, no dia 28 de janeiro, no NewYork-Presbyterian Morgan Stanley Children's Hospital, Kato operou o menino para remover completamente o abscesso.

Poucos dias depois, Jonathan e sua família voltaram para casa, em Miami. "No final de tudo, estou tão feliz", disse Yailin Nunez. "Sinto que tenho tanta sorte porque o fígado do meu filho se regenerou.

As complicações foram uma luta, e não saber o que causou a insuficiência hepática do meu filho me assombra até hoje. Mas ele pode levar uma vida normal, sem imunossupressores. Isso é o que importa. Há esperança mesmo quando se recebe notícias devastadoras".

"Quando funciona, é ótimo", disse Langnas. "Em Seattle, estão considerando o procedimento", afirmou Horslen.

© 2010 New York Times News Service Tradução: Gabriela d'Ávila


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Correio Braziliense

Cientistas descobrem o local exato do nascimento das células-tronco adultas hematopoéticas

O achado pode viabilizar uma espécie de autotransplante, diminuindo as chances de complicações Paloma Oliveto

Publicação: 23/02/2010 07:00 Atualização: 23/02/2010 12:54

Uma descoberta de cientistas norte-americanos pode significar, no futuro, a cura para doenças que atacam o plasma, como leucemia, diabetes tipo 2, mielomas múltiplos (tumores que atingem a medula óssea), linfomas e anemia falciforme. Pela primeira vez, eles conseguiram localizar a região onde os vertebrados produzem células-tronco adultas hematopoéticas (CTH), que têm apresentado os melhores resultados, até agora, nas terapias contra doenças autoimunes. Essas estruturas são aquelas com capacidade de se autorrenovar e se diferenciar em diversos tipos de células sanguíneas e do sistema imunológico Hoje, o grande problema para os pacientes é a dificuldade de encontrar doadores compatíveis, o que, muitas vezes, inviabiliza o transplante.

Com o experimento realizado no câmpus de San Diego da Universidade da Califórnia, a rejeição estaria descartada, já que as células-tronco poderiam ser retiradas do próprio indivíduo. Publicada na edição online da revista Nature, a pesquisa é apontada como o primeiro passo para o desenvolvimento de terapias mais seguras e efetivas.

Embora alguns cientistas já desconfiassem que as CTH seriam formadas na aorta dorsal, o processo do nascimento e desenvolvimento das células jamais havia sido observado. Para constatar que realmente é nessa região que elas surgem, os pesquisadores utilizaram o embrião de um peixe-zebra. Por ser bastante transparente, a estrutura permite uma boa visualização — a equipe conseguiu, inclusive, filmar o momento em que as CTH se desenvolvem. “Um grande número de estudos conflituosos já havia proposto diferentes locais de origem, o que deixava a questão controversa. Usando luz fosforescente sobre o tecido dos embriões do peixe-zebra, porém, conseguimos identificar o local exato do crescimento das células-tronco hematopoéticas , que ocorre diretamente na aorta dorsal”, disse ao Correio David Traver, professor de biologia e principal autor do estudo.

De acordo com ele, se for possível gerar CTHs saudáveis dos pacientes doentes e então transplantá-las para suas próprias medulas ósseas, muitas complicações poderiam ser evitadas. “Nossa descoberta é um passo importante para atingir esse objetivo, porque fornece um melhor entendimento sobre como as células-tronco hematopoéticas se tornam o que são. Com isso, será possível induzir as células-tronco pluripotentes, aquelas capazes em se transformar em qualquer tecido, a se transformarem em CTHs, algo que, atualmente, não acontece”, explica. “Em outras palavras, estamos um passo mais próximos de entender como gerar clinicamente as CTHs para uso terapêutico, a partir das células pluripotentes.”

Uma das grandes vantagens de uma terapia à base das próprias células do indivíduo é evitar a rejeição. Os transplantes atuais dependem da infusão das células-tronco de um doador na medula óssea do paciente, para gerar novas células saudáveis. Porém, o procedimento é frequentemente arriscado e pode resultar em complicações fatais, em parte, devido à “doença do transplante contra o hospedeiro”, que ocorre quando há rejeição, e os linfócitos T atacam os tecidos da pessoa que recebe as células.

Mais avanços
Outra pesquisa publicada neste mês no jornal da Federação Norte-americana das Sociedades para Biologia Experimental poderá combater também a rejeição do transplante de medula óssea. Usando células de ratos, cientistas dos Estados Unidos e do Irã descobriram uma nova estratégia para fazer os transplantes de células-tronco embrionárias menos suscetíveis à rejeição pelo sistema imunológico do receptor. A tecnologia consiste na fusão de células da medula com as embrionárias. Uma vez juntas, as células híbridas contêm o DNA tanto do doador quanto do receptor, aumentando a esperança de que não seja necessário o uso de medicações fortes para evitar que o organismo do paciente considere a doação um corpo estranho.

“Nosso estudo mostrou que as células transplantadas da medula óssea podem se fundir não apenas com as semelhantes, mas também com as não hematopoéticas, sugerindo que, se pudermos entender melhor o processo dessa fusão, talvez consigamos tratar várias doenças com as células-tronco da medula óssea do próprio paciente”, disse, no estudo, o pesquisador Nicholas Zavazava, da Universidade de Iowa. Ele lembra porém que, apesar de serem extremamente promissores para as futuras terapias com células-tronco embrionárias, os resultados podem demorar um longo tempo para serem colocados na prática.

O professor e os demais pesquisadores envolvidos usaram duas distensões musculares retiradas de ratos. Uma do doador e outra do receptor. Quando as células-tronco da medula óssea foram transplantadas, eles verificaram que, no organismo do camundongo que recebeu as estruturas, havia três diferentes tipos de células: a do doador, a do receptor e as fundidas, cujo DNA era composto por ambos os ratos. Os cientistas, então, descobriram que essas células podem se fundir com diferentes tipos, incluindo as dos rins, do coração, do fígado e do intestino. Embora seja preciso mais trabalho para determinar as utilidades clínicas da experiência, a descoberta aumenta a possibilidade de as células-tronco embrionárias se fundirem para transplantar órgãos de forma a evitar a rejeição. Outra possibilidade é fundi-las a órgãos em falência para ajudá-los a se regenerar.

“Diferentemente de máquinas, nas quais uma mesma peça pode ser usada para diferentes modelos e funções, os seres humanos são personalizados, e nosso sistema imune faz o controle de qualidade”, diz Gerald Weissmann, no editorial da publicação. “Como resultado, as partes do corpo ou os órgãos transplantados precisam ser muito parecidos com o padrão imunológico do receptor. Essa pesquisa usa células-tronco da medula óssea para fundi-las com tecidos do paciente, de forma que nada do que for transplantado possa seja rejeitado pelo sistema imunológico”, elogiou, no texto.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, neste ano deverão surgir 9.580 novos casos de leucemia no Brasil. Em dezembro de 2008, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) conseguiu cadastrar 960 mil doadores mas, apesar de crescente, o número é considerado insuficiente para atender a todos os pacientes que precisam do transplante, principalmente pelo fato de a probabilidade de se achar um doador transplante, principalmente pelo fato de a probabilidade de se achar um doador compatível no Brasil ser de um em 100 em mil.

Veja como funcionam as células-tronco

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ABTO - RBT

Registro Brasileiro de Transplantes
Veículo Oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos
Ano XV - no 4 - Janeiro/Dezembro 2009
RBT • ABTO
Jan/DEZ 2009



EDITORIAL Ano de 2009


O ano de 2009 foi positivo em termos de doação e transplante no país, tanto que as metas propostas – de 8,5 doadores efetivos por milhão de população (pmp), de 4.000 transplantes de rim e de 1.300 de fígado – foram superadas. Terminamos o ano com 1.658 doadores (8,7 pmp)
e com 4.259 transplantes renais e 1.322 hepáticos. Esses são os melhores resultados já obtidos no país e nos permitem antever que podemos alcançar em 2010 o nosso objetivo de 10 doadores pmp, de 4.800 transplantes renais e de 1.500 transplantes hepáticos, desde que se mantenha o empenho de todos os setores envolvidos.


Obtivemos um crescimento de 26% na taxa de doação, devido ao aumento de 16% na taxa de efetivação, que passou de 22% para 25,5% (ainda distante do nosso objetivo de 40%) e um aumento de 8% na taxa de notificação, que passou de 32,5 pmp para 34,2 pmp (também, ainda longe da meta prevista para 2017 de 50 notificações pmp).


Em relação à taxa de doação nos Estados, observamos duas situações que merecem uma análise um pouco mais detalhada, a dos Estados populosos com baixa taxa de doação e a dos Estados da região Norte. A primeira situação é a de Minas Gerais (7,4 doadores pmp), Rio de Janeiro (4,4 doadores pmp) e Bahia (3,8 doadores pmp), que juntos têm 25% da população do Brasil. Se estes tivessem obtido a taxa de doação do país (8,7 pmp), teríamos 9,6 doadores pmp, próximos da meta para 2010 (10 pmp). Um esforço concentrado nesses Estados pode ser uma estratégia interessante para esse ano.
A segunda situação e, seguramente, a mais trágica, é a da região Norte. Seus sete Estados concentram 40% do território nacional, 8,1% da população e uma taxa de doação ínfima (1 pmp). Somente o Acre e o Pará utilizam doadores falecidos, demonstrando a necessidade urgente de se desenvolver projetos de incentivo à doação e ao transplante nessa região, como uma estratégia, até, humanitária.


O fato a ser comemorado é que em apenas quatro Estados houve queda na doação (MG, RJ, RN e RS), em um houve estagnação (AL) e nos demais 16 Estados e no DF houve crescimento – destacando-se Santa Catarina que se aproxima dos 20 doadores pmp (19,8).

Os transplantes renais apresentaram um crescimento de 12% às custas do transplante com doador falecido, que aumentou 24,2%. Enquanto que o transplante renal com doador vivo diminuiu 2,4%. E essa queda foi de 10,7% no doador vivo não parente, que passou de 6,9% para 6,3%. Pela primeira vez, 60% dos transplantes renais foram obtidos de doador falecido.
Como nos últimos anos, a taxa de aproveitamento dos rins de doador falecido foi de 80%. São Paulo (42,8 pmp) e Santa Catarina (42,5 pmp) ultrapassaram os 40 transplantes renais pmp nesse ano.


Os transplantes hepáticos cresceram 12,4% às custas dos transplantes com doador falecido, que aumentaram 14%. Embora o número de transplantes com doador vivo tenha permanecido inalterado, pela primeira vez nos últimos nove anos a taxa ficou abaixo dos 10% (9,2%). Houve uma queda na taxa de aproveitamento do fígado, que passou de 84% em 2008 para 72% em 2009. Santa Catarina (16,2 pmp) e São Paulo (16,2 pmp) obtiveram taxa superior a 15 transplantes hepáticos pmp.


O número de transplantes cardíacos permaneceu inalterado, com uma taxa muito baixa no país (1,1 pmp). O aproveitamento do coração caiu de 15% em 2008 para 12% nesse ano. Apenas Ceará (3 pmp) e Distrito Federal (2,9 pmp) realizaram mais do que 2,5 transplantes cardíacos pmp. Já os transplantes pulmonares apresentaram um crescimento de 11,1%, mas o número é muito baixo: apenas 59 transplantes em 2009 (0,3 pmp). O aproveitamento dos pulmões é de somente 4% e apenas o Rio Grande do Sul (3,7 pmp) realizou mais que um transplante pmp.


Os transplantes de pâncreas vêm apresentando uma pequena queda desde 2004, tendo sido de 8,1% nesse ano. O aproveitamento do pâncreas caiu de 13% em 2008 para 10% dos doadores em 2009. Os transplantes de pâncreas isolado foram responsáveis por 10% e os transplantes de pâncreas após rim por 15% dos transplantes de pâncreas no país. Todos foram realizados em São Paulo (3,9 pmp).


Uma recomendação final: não se deve utilizar a taxa de doadores por milhão de população para as cidades. Essa medida deve ser apenas para Estados, regiões ou países. Pois, nas capitais a taxa
será invariavelmente mais alta – a população atendida pelos hospitais das capitais é maior que a população real.
Apenas como exemplo nesse ano, se utilizássemos esse indicador, que NÃO deve ser empregado, em Florianópolis teríamos 63,1 doadores pmp, Porto Alegre 38,5 pmp, Belo Horizonte 36,5 pmp, Fortaleza 32,5 pmp e São Paulo 30,3 pmp.


Vamos desde o início de 2010 aprimorar as medidas educacionais e organizacionais para que possamos novamente cumprir as metas propostas.
Bom ano a todos!
Valter Duro Garcia
Editor do RBT

Último Segundo

Muda o perfil do doador de órgãos do País
23/02 - 15:48 Fernanda Aranda, iG São Paulo

O País registrou recorde de doações de órgãos no ano passado e junto com os números nasceu um novo perfil de doador. Antes, o ponto de partida para salvar a vida de quem precisava de um novo coração, rim, pulmão ou fígado era mais bem mais trágico do que o atual.

As vidas salvas por um transplante iniciavam, em maioria, com um acidente de carro, um tiro, a queda de motocicleta ou outra morte violenta que transformava jovens com menos de 30 anos em doadores de órgãos. Agora, segundo dados divulgados hoje pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o quadro prevalente é outro.


Pela primeira vez, a faixa etária majoritária dos doadores do país ficou entre 41 e 60 anos (grupo que somou 41% nos dados), um pouco à frente da parcela entre 18 e 41 anos (40%). Também está diferente o motivo que prevaleceu nas causas de morte encefálica – as doações só podem ser feitas nestes casos, quando o cérebro para de funcionar, mas outros órgãos não. Os traumatismos, que já foram maioria, deram lugar para os acidentes vasculares cerebrais (AVC) – 48% contra 41%.

A identificação de que os doadores estão mais velhos e são, na maioria, vítimas de doenças crônicas abre espaço para que as mulheres ocupem mais espaço nos estatísticas de doadores. Hoje, o sexo masculino responde por 59% e o feminino por 41%. A diferença é explicada porque, com a violência predominante entre os motivos de doação, elas ficam atrás nos números, já que eles – afirma o Ministério da Saúde – são mais suscetíveis aos assaltos, acidentes de trânsito e brigas. Com o aumento do AVC nos casos, a tendência é de equilíbrio de gêneros. E este novo perfil é comemorado pelos grupos de transplante, que só conseguem alterar o destino de seus pacientes quando um órgão compatível aparece.

Na avaliação de Ben-Hur Ferraz Neto, novo presidente da ABTO e médico da área no Hospital Albert Einstein, o novo cenário faz com que as doações de órgãos não precisem ser fundamentadas apenas nas sequelas da violência urbana, as grandes fábricas de traumas. “É uma boa notícia para toda sociedade. No mundo ideal, não teríamos uma doação originada em um trauma”, afirma.

Novos desafios para novos doadores

Saber da mudança de característica dos 1.658 doadores que no ano passado foram a ponte para a realização de 5.998 transplantes (aumento de 26% em relação a 2008) impõe novos desafios a este tipo de cirurgia. Alfredo Inácio Fiorelli, responsável pelos transplantes do Instituto do Coração (Incor), lembra que quanto mais velho o doador maior é o cuidado necessário para o aproveitamento dos órgãos.

Maria Cristina Ribeiro de Castro, da área de transplantes do Hospital das Clínicas reitera que “é necessário um trabalho mais investigativo por parte da equipe médica para identificar um potencial doador” quando a origem da morte encefálica não é um trauma. “A vítima de violência urbana entra no hospital já com todas as evidências de que poderá doar seus órgãos. Já no caso de um AVC, é preciso um acompanhamento mais próximo”, completou.

Menos recusa familiar

Ainda que o perfil de doadores esteja mudando, “uma tendência já mundial agora acompanhada pelo Brasil” – nas palavras de Rosana Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplante do Ministério da Saúde – muitas histórias de transplantados cruzam com a de doadores em momentos de extrema violência. Um dos exemplos foi o da menina Eloá Pimentel, de 15 anos. Em outubro de 2008, ela foi assassinada pelo namorado após ser mantida em cárcere privado por quase três dias dentro de sua casa na grande São Paulo. Todo o sequestro foi acompanhado pela imprensa. Depois, a mídia noticiou que a morte da menina foi o início da “nova vida” de três pessoas que receberam seu coração, pâncreas e rim.

Para os especialistas em transplante, a prevalência de histórias como esta mostram que os médicos e equipes que atuam na captação de órgãos precisam ser treinados e estar preparados para abordar os parentes de potenciais doadores que chegam aos hospitais. É a forma de falar que pode reverter o índice atual de 21% de recusa familiar dentre os casos de insucesso da doação.

“Não importa se a morte encefálica foi motivada por um AVC ou um acidente de carro. É preciso saber acolher a família e capacitar os profissionais dos hospitais, saber dialogar”, afirma Ben-Hur, o presidente da ABTO. “Se a família não confia no sistema de saúde, não vai confiar na doação”, completa Alfredo Fiorelli, da área de transplante do Incor.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Diário de Pernambuco

Doação de órgãos bate recorde
Em Alta // Foram 1.658, ou 8,7 doadores por milhão da população. Isso representa crescimento de 26% em relação a 2008

São Paulo - O Brasil registrou em 2009 número recorde de doadores de órgãos. Foram 1.658, ou 8,7 doadores por milhão da população (ppm). Isso representa um crescimento de 26% em relação ao ano anterior (7,2 ppm) e supera a meta da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), que era de 8,5 ppm.

O número de transplantes de rim - órgão cuja fila de espera é a mais longa no país - também superou a meta. Foram 4.259 cirurgias, 12,5% a mais que em 2008. Os resultados, segundo a ABTO, são os melhores já alcançados. O balanço completo dos transplantes realizados em 2009 será divulgado pela entidade na terça-feira.

"Se for mantido o empenho de todos os setores envolvidos, podemos alcançar em 2010 a meta de 10 doadores por milhão e de 4.800 transplantes renais", afirma o presidente da ABTO, Ben-Hur Ferraz Neto. Ele atribui o avanço no número de doadores ao trabalho de capacitação que vem sendo realizado com os profissionais de saúde, principalmente com os médicos que fazem a identificação de possíveis doadores e o intermédio com a família.

Mas o crescimento ainda é pequeno para atender a demanda de mais de 60 mil brasileiros que esperam por um órgão. Na Espanha, por exemplo, o número de doadores chega a 36 ppp. Nos Estados Unidos é 26. "No Brasil as distorções regionais são imensas. Os estados de São Paulo e Santa Catarina têm índices de países desenvolvidos. Já na Região Norte, apenas Acre e Pará tiveram doadores falecidos em 2009", conta Ferraz Neto. Santa Catarina registrou o índice de 19,8 doadores ppm e São Paulo saltou de 12,2, em 2008, para 17,5 - alta de 43%. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul houve queda.

Doações em 2009: 1.658. Equivale a 8,7 doadores ppm
Doações em 2008: 7,2 doadores ppm
Meta para 2010: 10 ppm
Ppm= por milhão da população

Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Agência Câmara

18/02/2010 10:29
Projeto aperfeiçoa sistema de captação de órgãos para transplante

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 6686/09, do Senado, que torna obrigatória a criação, no âmbito do Sistema Nacional de Transplantes, de organizações de procura de órgãos ou tecidos para transplantes, de caráter intra ou inter-hospitalar, com a finalidade de identificar potenciais doadores
.

Conforme o projeto, essas organizações serão responsáveis pelo monitoramento das unidades notificadoras de doadores, de estabelecimentos públicos ou privados, existentes em determinada área geográfica e terão sua estrutura, composição e atividades definidas em regulamento.

Para a captação de córneas, poderão ser criadas organizações de procura de córneas, que deverão proceder à busca ativa de doadores com parada cardíaca irreversível, providenciar os exames sorológicos indicados, captar, preparar, avaliar e preservar as córneas, entre outras atribuições definidas em regulamento.

O objetivo das medidas propostas, segundo seu autor, senador Osmar Dias (PDT-PR), é dar mais efetividade ao Sistema Nacional de Transplantes, pelo aprimoramento da captação de órgãos e tecidos.

Atualmente, quando se identifica um potencial doador em unidade de terapia intensiva ou pronto-socorro, é obrigatória a notificação à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos (CNCDO), descentralizada em Organização de Procura de Órgãos (OPO). O projeto propõe a criação das comissões para zelar pelo cumprimento dessa obrigação.

Além disso, o projeto estabelece que as doações em caso de doador vivo, para transplantes em cônjuge ou parentes consangüíneos até o quarto grau, obedecerão às diretrizes estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina.

As diretrizes a serem observadas em caso de utilização de órgão sólido ou parte de órgão proveniente de doador vivo têm se aperfeiçoado ao longo do tempo. As novas regras atingem hoje também as doações inter vivos de doadores não aparentados. Atualmente, esse tipo de procedimento precisa ser autorizado pela Justiça.

De acordo com o novo regulamento, o transplante precisará passar pelo crivo de uma comissão de ética formada por funcionários do hospital onde será realizado o procedimento. Só com a aprovação dessa comissão é que o caso segue para análise judicial.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Reportagem - Rejane Xavier
Edição – Wilson Silveira

Agência Câmara de Notícias

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Diário da Saúde

10/02/2010
Após transplante de medula, pacientes voltam a fazer planos para o futuro
Paulo Roberto Andrade - Agência USP
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O tratamento com células-tronco é agressivo: os médicos retiram as células-tronco da medula óssea e aplicam uma carga intensa de quimioterápicos para destruir a medula que não funciona adequadamente, reimplantando depois as células-tronco. [Imagem: Ag.USP]



Esclerose múltipla

Pacientes com esclerose múltipla voltam a sonhar com um futuro promissor e retomam antigos projetos após o transplante de medula óssea.

Essa é a constatação do psicólogo Fabio Augusto Bronzi Guimarães que avaliou a qualidade de vida desses pacientes antes e depois do tratamento realizado com células-tronco.

Guimarães explica que a esclerose múltipla é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico passa a ter uma hiperatividade, atacando o sistema nervoso central.

"A doença causa inúmeros problemas em quase todas as funções motoras. É uma doença crônica e debilitante", esclarece. O tratamento convencional é feito com imunossupressores e imunomoduladores principalmente. Em casos mais graves, o tratamento não surte os efeitos esperados e a doença evolui.

Vida ativa

O estudo, desenvolvido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), revelou a recuperação de uma vida ativa em pacientes que estavam limitados pela doença, afastados do trabalho e dependentes de outras pessoas.

A pesquisa, concluída em dezembro último, teve como objetivo avaliar a qualidade de vida em pacientes que fizeram o transplante de células-tronco hematopoiéticas (produzidas pela medula óssea).

Eles foram entrevistados em três momentos: no pré-transplante, no pós-transplante imediato (30 dias após) e no pós-transplante tardio (um ano após). "A qualidade de vida é um bom indicador do impacto que a esclerose múltipla causa na vida da pessoa, assim como o impacto do tratamento para o paciente", ressalta o psicólogo.

Tratamento com células-tronco

O tratamento com células-tronco é agressivo. Primeiro, os médicos retiram as células-tronco da medula óssea e aplicam uma carga intensa de quimioterápicos, para destruir a medula que não funciona adequadamente. Por último, faz-se o transplante das células-tronco saudáveis, para que a nova medula funcione normalmente.

Guimarães utilizou uma amostra de 34 pacientes, todos internados no HCFMRP, aplicando um método híbrido de pesquisa, sendo uma parte quantitativa e outra qualitativa. As informações foram coletadas por meio de perguntas feitas diretamente aos pacientes, e não por meio de prontuários e entrevistas com médicos responsáveis, tendo, portanto, um caráter mais subjetivo.

Pesquisa qualitativa

Foi traçado um histórico da doença e os pacientes indagados sobre as expectativas com o transplante e o futuro. "As questões eram relativas ao antes e depois do adoecer, às mudanças após o surgimento da esclerose, ao tratamento com células-tronco, às fontes de apoio do paciente, mudanças percebidas após o transplante, às expectativas e planos para o futuro, entre outras", destaca Guimarães.

As entrevistas revelaram que, após o transplante, a maioria de pacientes reconheceu a evolução da saúde com o tratamento, conseguindo realizar pequenas tarefas do cotidiano. Uma minoria, porém, se demonstrou insatisfeita, pois tinham uma grande expectativa de melhora, mesmo com algumas evoluções e cessação de sintomas.

Diminuição da importância da religião

Nas entrevistas tardias (após um ano), Guimarães constatou que a maioria dos pacientes passou a sonhar novamente com um futuro mais promissor e retomaram antigos projetos. "As relações com familiares e amigos ficaram mais fáceis após o transplante, muitas amizades afastadas foram retomadas", conta.

Um fato curioso observado pelo psicólogo foi uma queda da importância da religião na vida dessas pessoas. "Conforme o tratamento avança e a saúde apresenta melhoras, as pessoas ficam mais distantes das crenças nas quais se apegavam antes do transplante", destaca.

Pesquisa quantitativa

O pesquisador utilizou um questionário internacional (SF-36) que avalia a qualidade de vida relacionada à saúde. Por ser um instrumento genérico, os formulários permitiram comparações com outros estudos do gênero.

"Fizemos uma comparação estatística entre os três momentos (o pré-transplante, o pós-transplante imediato e o pós tardio)", explica o pesquisador. O questionário abordou dois enfoques: a parte física do paciente, com perguntas sobre capacidade funcional, dor e estado geral de saúde; e questões mentais, como aspectos sociais, vitalidade, aspectos emocionais e saúde mental.

Antes do transplante, os resultados apontaram aspectos físicos bastante prejudicados e a saúde mental mais preservada, com pacientes esperançosos com o tratamento. No período pós-transplante imediato, não houve grandes alterações. E no período tardio foi verificada uma melhora significativa em todos os aspectos da qualidade de vida, demonstrando uma percepção de melhora desses pacientes.

Fonte:
Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Diário do Nordeste

Cidade
Cidade TRANSPLANTES (2/2/2010)

Doadores efetivos aumentam 26,6%
2/2/2010


No primeiro mês de 2010, o total de doações efetivas (aquelas que possibilitaram transplantes a partir do diagnóstico de morte cerebral) chegaram a 15. No mesmo período do ano passado, foram 11. Isso representa um aumento de 26,6%. A boa nova levou também a um acréscimo no número de transplantes. Em 2009, foram 72. Este ano, 80. As informações são da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa).

De acordo com os dados, o balanço positivo do primeiro mês do ano foi puxado, principalmente, por córnea e fígado. No segundo caso, 13 pessoas saíram da fila de espera por um fígado, enquanto que, em janeiro de 2009, oito pessoas receberam o órgão saudável. Com relação às córneas, foram 44 transplantes, superando os 39 realizados no ano passado.

Ranking

Os números fortalecem a posição do Ceará em relação ao Brasil. O Estado ocupa a quarta posição no ranking. Foram 11,5 doadores por um milhão de habitantes. Em primeiro lugar está Santa Catarina, com 17,1; seguido por São Paulo, com 16,6; e Rio Grande do Sul, com 12,1.

Os números colocam o Ceará na liderança em transplantes no Nordeste. Só para se ter uma ideia da diferença, Pernambuco, em segundo lugar, obteve apenas 8,4 por milhão de habitantes. Em terceira posição, a
Bahia, com 3,6.

Portal Nacional de Seguros - SEGS

Como o brasil pode melhorAR O Cenário dos Transplantes .
Ter, 02 de Fevereiro de 2010 16:39
Isadora Hofstaetter

NOTÍCIAS - Saude

Hoje, no Brasil, são mais de 63 mil pessoas na fila de espera de transplantes. Dentre os estados brasileiros, Santa Catarina é o melhor colocado quando se fala em aproveitamento de doadores efetivos: apresenta taxa de 17 doadores efetivos para cada milhão de população.

Doador efetivo é aquele cujos órgãos serão realmente transplantados e, para tal resultado, é preciso investir em diagnóstico. “Investindo em diagnóstico e com a criação de um cargo responsável por coordenar e unir os responsáveis pela efetivação do transplante, é possível conseguir atingir meta parecida com os índices europeus”, explica Marcelo Mion, biólogo da Biometrix Diagnóstica, empresa que pesquisa e comercializa produtos voltados para diagnósticos médicos.

Todo ano no Brasil aproximadamente 13 mil pessoas têm morte encefálica. São todos, a princípio, potenciais doadores, mas a falta de um diagnóstico preciso da morte encefálica e a demora na notificação de órgãos disponíveis às centrais de transplantes acaba transformando esse número em apenas 1,8 mil doações efetivas de rins, por exemplo”, completa. Exames simples podem auxiliar no desenvolvimento diagnóstico e melhorar os índices de transplantes no país.

domingo, 31 de janeiro de 2010

ATX-BA - Notícias

Sociedade Brasileira de Hepatologia
Av. Brigadeiro Faria Lima 2391 – Conj. 102 – Jd. Paulistano
São Paulo – SP – 01452-000
www.sbhepatologia.org.br


Salvador, 29 de janeiro de 2010.

Aos Colegas da Sociedade Brasileira de Hepatologia.


Prezados Colegas,


Temos a honra de informar que a Sociedade Brasileira de Hepatologia se engaja num projeto de capacitação para Biópsia Hepática a ser realizado ainda este ano no Brasil em conjunto com o programa Nacional de Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância a Saúde do Ministério da Saúde.

Trata-se de uma aspiração antiga da nossa Sociedade na gestão do Dr. Galizzi. Este projeto foi retomando nesta gestão e submetido ao Fundo Nacional de Saúde. Após avaliação de mérito, recebeu aprovação para que o seu desenvolvimento seja realizado de forma tripartite envolvendo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, UFBA e o Ministério da Saúde.

Assim sendo, deveremos iniciar o programa de capacitação em 02 etapas. Numa 1ª etapa, os alunos deverão realizar a biópsia em modelos experimentais (porcos) no Hospital Universitário Veterinário da UNIDERM em Campo Grande-MS. Posteriormente, serão realizadas Biópsias Hepáticas, em planejamento regional, com colegas que participam do curso.

Peço que todos os centros de referência de todo o país identifiquem colegas que trabalham, preferencialmente, no serviço público de saúde e que tenham interesse em adquirir a capacitação para realização do procedimento através da via transcutânea.

É importante que tenhamos a inclusão de jovens médicos neste projeto (residentes, estagiários, etc.), uma vez que objetivamos um efeito multiplicador.

Identificados os colegas potencialmente interessados em fazer parte deste projeto de capacitação, peço que o nome dos mesmos com os seus email e telefones sejam encaminhados a nossa secretaria da SBH, através do email sbh001@terra.com.br.

O período de recrutamento e seleção para participação do curso dar-se á na última semana do mês de fevereiro até a primeira quinzena do mês de março. Por isso, solicitamos urgência na identificação desses colegas.

Muito cordialmente,


Raymundo Paraná Mário Pessoa
Presidente Vice Presidente







quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ATX-BA - Notícias

GRUPO OTIMISMO DE APOIO AO PORTADOR DE HEPATITE
ONG - Registro n°.: 176.655 - RCPJ-RJ - CNPJ: 06.294.240/0001-22
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
e-mail: hepato@hepato.com Internet: www.hepato.com

27/01/2010


Hepatite C - Tratamentos pelo SUS previstos para 2010
Uma analise dos dados

Realizando uma analise dos últimos três anos na quantidade de pacientes tratados de hepatite C atendidos no sistema público de saúde no Brasil, o SUS, e, confrontando os dados com a previsão de entrega de medicamentos para o primeiro trimestre de 2010 é perfeitamente possível projetar os dados e assim poder estimar o que acontecerá no ano de 2010 no atendimento aos infectados com hepatite C.

Caso seja cumprida a previsão de tratamentos que estão sendo ofertados, o ano de 2010 permitirá que aproximadamente 11.555 pacientes recebam tratamento com interferon peguilado e 1.860 pacientes sejam tratados com o interferon convencional, representando uma promessa de aumento entre 7% e 10% no número de pacientes beneficiados em relação ao ano de 2009. Os dados apresentados são referentes pura e exclusivamente a pacientes tratados gratuitamente no SUS, não incluindo tratamentos particulares, estimados em aproximadamente 4.000 tratamentos por ano.

A tabela seguinte mostra a quantidade prevista de medicamentos distribuída a cada estado para o primeiro trimestre do ano de 2010, na coluna a seguir o número de pacientes que estarão em tratamento com cada interferon e, como forma de checar a informação, na última coluna e informado o número de cápsulas de ribavirina que estarão sendo distribuídas.

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2010 - MEDICAMENTOS DISTRIBUIDOS

CONSIDERAÇÕES E COMENTÁRIOS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA TABELA:

1 - Poderão acontecer variações nas quantidades devido à falta de requisição ou de prestação de contas de algumas secretarias estaduais da saúde, mas elas pouco afetarão o resultado final, já que os seis principais estados, representando 86% do consumo apresentam dados corretos. Não será a desculpa de estados que tratam uma meia dúzia de pacientes, vir a reclamar que na realidade estão tratando uma dúzia, pois isso em nada altera o quadro geral.

2 - Cinco estados, pela ordem, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná realizarão 8.115 tratamentos no primeiro trimestre, representando 83,35% do total de pacientes em tratamento no Brasil. São Paulo consegue tratar 52,4% do total de pacientes do Brasil.

3 - Em contraste, doze estados somente conseguem oferecer tratamento a 292 pacientes, representando 3% do total de tratamentos, sendo que a população esses estados representam 17% da população brasileira. Os estados: Alagoas, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia, Sergipe e Tocantins.

4 - A população dos cinco estados que mais tratam pacientes e de 99 milhões de pessoas. Um em cada 12.200 habitantes da região recebe tratamento para hepatite C. Na região dos 12 estados que menos tratam a população e de 31.800.000. Um em cada 126.190 habitantes recebe tratamento.

5 - A desigualdade no acesso ao tratamento e de 10 para 1 ao se comparar as duas regiões analisadas nos parágrafos anteriores.

COMENTÁRIOS GERAIS

A estatística permite realizar as seguintes colocações:

1 - Serão tratados em 2010, utilizando interferon peguilado e ribavirina, aproximadamente 11.555 pacientes. O custo com medicamentos para 40 semanas de tratamento (considerando as interrupções) e de R$. 14.700,00 por tratamento, representando uma despesa anual de 170 milhões de reais.

2 - Utilizando interferon convencional e ribavirina serão tratados em 2010 aproximadamente 1.860 pacientes. O custo com medicamentos para 24 semanas de tratamento e de R$. 1.600,00 por tratamento, representando uma despesa anual de três milhões de reais.

3 - A despesa total do ministério da saúde com medicamentos para tratamento da hepatite C representará aproximadamente 173 milhões de reais.

4 - A hepatite C atinge seis vezes mais brasileiros que o HIV/AIDS, sendo estimado que existam no Brasil 600 mil infectados com HIV e entre 3 e 4 milhões de infectados com hepatite C.

5 - O tratamento do HIV (AIDS) custa ao governo R$. 3.220,00 reais por ano para cada paciente. Aproximadamente 200.000 pacientes estão em tratamento, representando uma despesa com medicamentos de aproximadamente 644 milhões de reais.

6 - O orçamento total para atendimento da epidemia de HIV/AIDS, considerando medicamentos, atendimento, exames, ações de governo, publicidade, convênios e capacitação e superior aos 2 bilhões de reais. Isso representa que estão previstos no orçamento de 2010 aproximadamente três mil e trezentos reais para cada um dos 600 mil infectados para enfrentar o grave problema que a AIDS representa.

7 - Ao considerar o orçamento para atender a epidemia de hepatite C, tão ou mais grave que a epidemia de AIDS, incluindo além dos 173 milhões de medicamentos os valores gastos com atendimento, exames, ações de governo, publicidade, convênios e capacitação, a despesa total e estimada em aproximadamente 350 milhões de reais. Existindo em media 3,5 milhões de infectados, estão previstos no orçamento da saúde R$. 100,00 para cada infectado.

8 - É necessário e urgente aumentar o número de pacientes atendidos, pois se continuarmos a tratar uma media de 13.500 pacientes a cada ano, para atender os entre 3 e 4 milhões de brasileiros que estão vivendo infectados pela hepatite C, serão necessários mais de 250 anos caso todos necessitem ser tratados.

Finalizando, fica no ar uma pergunta para a qual nunca tive resposta: Por que a AIDS recebe 33 vezes mais recursos e atenção que a hepatite C do governo federal?

Em tempo: A pesquisa nos dados não constitui uma critica ao ministério da saúde, pelo contrario, tentam ajudar na interpretação e compreensão da grave situação da hepatite C, servindo como um alerta sobre a necessidade de se dar maior atenção a epidemia.

Fico feliz de observar que se tudo o planejado para 2010 for realizado, teremos um aumento na quantidade de tratamentos oferecidos entre 7 e 10% em relação ao ano de 2009. Não é um grande avanço, mas ante a falta de centros de tratamento para hepatite C (os existentes estão totalmente lotados, até trabalhando acima da capacidade) e o passo que pode ser dado neste momento.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Jornal Agora

Adesão à campanha de doação de órgãos pode ser feita pela Internet


O novo site do TJ (www.tjrs.jus.br) proporciona a expedição de certidão para pessoa que deseja expressar a vontade de ser doador de órgãos. Basta preencher um formulário virtual (confira link abaixo) e, após a confirmação, a certidão será gerada. O documento não tem validade jurídica, mas pode ser impresso e divulgado para amigos e familiares.
Segundo o coordenador da campanha “Doar é Legal”, Carlos Eduardo Richinniti, diretor do Foro da Capital, a entrega da certidão é um ato simbólico para que a intenção do doador seja conhecida pela família, colaborando para reverter o quadro de sofrimento pelo qual passam milhares de gaúchos.
“Este é um projeto nosso, do Poder Judiciário Gaúcho, que, por sua credibilidade, tem muito a contribuir nesta importante questão ligada à doação de órgãos. Os resultados já obtidos atestam isso. Por essa razão, convido os colegas a participarem e divulgarem a proposta, simples que é, mas que pode salvar vidas, dos outros, de um familiar ou, quem sabe, nossa própria vida”.
Campanha anterior, realizada no Foro Central, expediu certificado simbólico em papel, que registrava a manifestação do participante em ser doador de órgãos.
Desde maio de 2009, quando a campanha começou, cerca de três mil certidões foram expedidas nos Foros de Porto Alegre, Erechim e Bento Gonçalves. O documento serve para que familiares não tenham dúvidas sobre o interesse do falecido em ser doador.
A campanha de âmbito nacional é promovida em parceria pela Direção do Foro da Capital, OAB/RS, Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Hemocentro e ONG Via Vida.



Projeto Doar é Legal

O Projeto Doar é Legal é uma iniciativa do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, que tem por objetivo conscientizar as pessoas da importância de doar órgãos.
Se você quiser manifestar sua vontade de ser doador, preencha os campos abaixo. Será expedida uma certidão - sem validade jurídica - atestando essa vontade. Imprima-a e mostre a seus familiares e amigos para que eles saibam da sua intenção.

Sim, eu gostaria de manifestar vontade de ser doador de órgãos!
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sábado, 23 de janeiro de 2010

Jornal da Cidade de Bauru - JCNET

23/01/2010
‘Insuficiência cardíaca só será suprida com coração artificial’
Tisa Moraes

Embora cientistas de todo o mundo já venham desenvolvendo corações artificiais para aumentar a sobrevida de pacientes que aguardam na fila de transplantes, somente a descoberta de um coração artificial de qualidade quase idêntica a do natural poderá suprir a demanda crescente pelo órgão. Para o cardiologista do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, José Pedro da Silva, que esteve em Bauru ontem para receber uma homenagem, este é o principal desafio da cardiologia na atualidade.

O médico explica que a melhoria no tratamento de pessoas infartadas gerou um grande contingente de pacientes com insuficiência cardíaca. “Antes, quando a pessoa sofria um infarto, geralmente morria. Hoje, ela continua viva e perde somente uma parte das funções do coração. Como esse número de pacientes vem aumentando a cada ano, o transplante com o uso do órgão natural vai se transformar em uma gota no oceano”, acredita o médico, considerado uma das autoridades em cirurgia cardíaca no País.

Para Silva, a urgência em descobrir o coração artificial ideal não se dá em razão da indisponibilidade de doadores, mas sim pela ausência de boa logística para viabilizar a retirada e o transporte do coração de pessoas com morte cerebral diagnosticada. “Cerca de 70% das famílias concordam com a doação. E não há falta de doadores, porque jovens morrem todos os dias com a violência e o desrespeito às regras de trânsito. O que ocorre é que esses órgãos dificilmente conseguem chegar a quem precisa”, comenta, ressaltando que o coração de pessoas com idade mais avançada não podem ser utilizados para transplante.

Ele conta que os cerca de 200 transplantes realizados anualmente no Brasil poderiam chegar a 800, se as condições logísticas fossem melhor determinadas. No entanto, ele acredita que, no futuro, haverá redução da violência entre os jovens e, consequentemente, menor número de doadores.

“O ideal é que a pessoa possa ter uma bomba artificial no peito e viver sem problemas por muitos anos. Já conseguimos fazer com que pessoas ficassem por até quatro anos com um coração artificial, mas esse tempo ainda não é o ideal, se comparado à performance do coração natural”, comenta.

Pesquisa e tecnologia

Atualmente, o trabalho de Silva tem se voltado a cirurgias de recuperação de válvulas cardíacas e de cardiopatias congênitas complexas em crianças. No entanto, ele conta que chegou a se dedicar ao estudo para o desenvolvimento de um coração artificial definitivo.

Enquanto o aparelho não é aperfeiçoado, ele lembra que permanece o desafio de conseguir criar mecanismos para evitar a rejeição do órgão natural transplantado. “Por enquanto, o coração natural é o mais eficiente. A vida média dos pacientes depois da cirurgia é de 12 anos.”

De qualquer maneira, Silva aponta o desenvolvimento da tecnologia como um grande aliado da medicina, já que propiciou a melhoria das condições cirúrgicas de um órgão tão delicado como o coração. “Há 15 anos, as cirurgias cardíacas em geral tinham de ser feitas em 35 minutos. Agora, com utilização de certos compostos químicos que surgiram, é possível realizar cirurgias muito mais complexas, inclusive em crianças, e depois o coração volta a bater normalmente”, aponta.

Segundo o médico, nesse intervalo de tempo, a mortalidade pós-cirúrgica reduziu de 10% para 0,5%.

Carreira

O cardiologista José Pedro da Silva veio a Bauru ontem para receber uma homenagem oferecida pelo Preve Objetivo. Chefe da equipe da cirurgia cardíaca do Hospital Beneficência Portuguesa, na Capital, ele é foi o primeiro médico da América Latina a realizar transplante de coração e pulmões simultaneamente.

Também tornou-se referência no tratamento da síndrome da hipoplasia do coração esquerdo em crianças, doença congênita que altera a anatomia do lado esquerdo do coração. E foi pioneiro ao implantar um coração em um paciente preservando o órgão original no organismo.

O convite para a visita a Bauru foi feito pelo presidente do grupo Preve Objetivo, Gerson Trevizani, o Duda, amigo e paciente do cardiologista. Em novembro de 2009, Duda teve de se submeter a uma cirurgia para corrigir um aneurisma da aorta torácica, em São Paulo, realizada por Silva.