segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ATX-BA - INFORMANDO - SISTEMA DE LISTA ÚNICA PARA TRANSPLANTES

SISTEMA DE LISTA ÚNICA
De acordo com a Portaria N.º 3.407 de 05 de agosto de 1998, o sistema de lista única é constituído por um conjunto de critérios específicos de distribuição para cada tipo de órgão ou tecido, selecionando, assim, o receptor adequado.
Todos os órgãos ou tecidos obtidos de doador cadáver, para que sejam destinados aos receptores em regime de espera, deverão ser distribuídos segundo o sistema de lista única.
A inscrição dos pacientes no Sistema de Lista Única dar-se-á na CNCDO (Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos) com atuação na área de sua residência pelo estabelecimento de saúde ou pela equipe responsável pelo seu atendimento. Se o estado não possuir uma CNCDO, o paciente poderá inscrever-se em qualquer Unidade da Federação que possua uma CNCDO e que este estado faça o referido transplante.
O paciente ao ser inscrito, deve receber o comprovante de sua inscrição expedido pela CNCDO, bem como as explicações específicas sobre os critérios de distribuição de órgão ou tecido ao qual se relaciona como possível receptor.
Para a constituição de uma lista única para determinado órgão ou tecido, a CNCDO deverá possuir, no território de sua atuação, estabelecimento de saúde e equipe técnica autorizados pelo SNT (Sistema Nacional de Transplantes) para a realização do transplante ou enxerto correspondente.
            Na ocorrência das condições clínicas de urgência para a realização de transplantes, a CNCDO estadual deve ser comunicada pela equipe para a indicação de precedência do paciente em relação a Lista Única, e, caso seja necessário, comunicar à Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, a qual tentará disponibilizar o órgão necessário para o transplante junto às outras CNCDOs estaduais.
            Segundo a mesma portaria (3.407), a seleção de pacientes para a distribuição de cada tipo de órgão, parte e tecido captado deve ser feita empregando-se os critérios mínimos, relacionados a seguir:
I - para rins:
        a) critérios excludentes: 
        1. amostra do soro do receptor fora do prazo de validade;
       2. incompatibilidade sangüínea entre o doador e receptor, em relação ao sistema ABO.
        b) critérios de classificação:
                          1. compatibilidade em relação aos Antígenos Leucocitários Humanos, "HLA";
                          2. idade do receptor;
                          3. tempo decorrido da inscrição na lista única;
                          4. indicação de transplante combinado de rim e pâncreas;
II - para fígado:
        a) critérios de classificação:
        1. identidade sangüínea, em relação ao sistema ABO, entre o doador e receptor;
      2. precedência quando doador e receptor tiverem o peso corporal abaixo de quarenta quilogramas;
         3. tempo decorrido da inscrição na lista única;
III - para pulmão:
        a) critérios excludentes:
        1. incompatibilidade sangüínea, em relação ao sistema ABO, entre o doador e receptor.
        2. reatividade contra painel em percentual igual ou maior que dez por cento;
        3. relação, entre o peso corporal do doador e do receptor, excedendo vinte por cento.
        b) critérios de classificação:
                          1. indicação de transplante bilateral;
                          2. idade do receptor;
                          3. tempo decorrido da inscrição na lista única;
IV - para coração:
        a) critérios excludentes:
      1. incompatibilidade sangüínea, em relação ao sistema ABO, entre o doador e receptor, exceto em casos de urgências;
         2. incompatibilidade de peso corporal entre o doador e receptor.
        b) critérios de classificação:
                          1. compatibilidade de peso corporal entre o doador e receptor;
                          2. idade do receptor;
                          3. tempo decorrido da inscrição na lista única;
V - para córnea, critérios de classificação:
        a) tempo decorrido da inscrição na lista única;
        b) compatibilidade de idade entre o doador e receptor.
 
Estes são os critérios de distribuição dos órgãos para pacientes inscritos em Lista Única de receptores, vigente atualmente. No entanto, estes critérios podem ser ignorados, nos casos considerados de Urgentes. A seguir estão especificados os casos considerados de Urgência, determinados pela Portaria 3.407:
I - rim – A falta de acesso para a realização das modalidades de diálise.
II - fígado:
a) hepatite fulminante;
          b) retransplante indicado no período de quarenta e oito horas após o transplante anterior;
III - pulmão, retransplante indicado no período de quarenta e oito horas após o transplante anterior;
IV - coração:
a) retransplante indicado no período de quarenta e oito horas após o transplante anterior.
b) choque cardiogênico;
c) necessidade de internação em unidade de terapia intensiva e medicação vasopressora;
 d) necessidade de auxílio mecânico à atividade cardíaca.
V - córnea:
        a) falência de enxerto, estado de opacidade com duração superior a trinta dias;
        b) úlcera de córnea sem resposta a tratamento;
        c) iminência de perfuração de córnea – descementocele;
        d)  perfuração do globo ocular;
        e) receptor com idade inferior a sete anos que apresente opacidade corneana bilateral.
        Todos estes critérios são contemplados em um sistema informatizado, presente em todas as centrais estaduais, que faz o ranking dos receptores automaticamente.
FONTE: SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTES/MS.
 
 TRATANDO DO ASSUNTO: SABER É VENCER 
Fila Única de transplantes? Onde? Em qual país? 
 Lembrando que a Constituição preserva nossos direitos legais: Todo cidadão tem direito a Saúde e no TFD - Tratamento Fora do Domicilio - Portaria/SAS/Nº 055 de 24 de Fevereiro de 1999.
São previstos exatamente nossos casos graves de saúde, devemos cobrar nossos direitos.
Para melhor entendimento de todos, vou explicar como funciona o Sistema de Transplantes no Brasil.
É divulgado aos quatro cantos que existe uma FILA ÚNICA para cada tipo de órgão a ser transplantado.
Isso não é verdade, justifica-se o funcionamento da FILA ÚNICA dentro de cada estado, ou seja cada Estado tem sua Fila Única, isso quando o estado oferece o serviço de transplante que é um procedimento de alta complexidade.
Porém, justifica-se a existencia de divisão da Fila Única por causa da extensão territorial, longas distâncias para um órgão percorrer ainda em estado apto para transplante.
Outra regra interessante em transplantes é que quase ninguém conhece: O paciente necessita ficar até 40 km de distancia do Hospital Transplantador.

Vou usar meu exemplo, no estado do Paraná existem centrais de transplante de fígado somente em Curitiba, eu sou de Londrina, nesse caso é o TFD municipal, porque Curitiba fica no mesmo estado que Londrina.
Para conseguirmos atendimento especializado, necessitamos viajar até Curitiba, mesmo em uma consulta simples, precisamos viajar quase 400 Km de distancia.
Como o agravo da nossa patologia é grande, os médicos da fila de transplantes exigem um acompanhante, denominado como Cuidador, e viagem aérea.
Vc pode pensar: Ah! Eles vão de avião, querem moleza!
Não é!

Para uma pessoa saudável pode ser fácil, mas para quem já tem debilitações, é bem difícil.
Isso sem contar com atrasos de voos, falta de cadeiras de rodas em aeroportos e a taxa extra que teríamos que pagar para termos pelo menos um lugar para sentarmos em dia de superlotações nos aeroportos.
Chegando a cidade destino, o paciente precisa ter um local de apoio, se for um caso de consulta, um hotel basta.
Mas para o caso de transplante, é necessário alugar um local para moradia temporária, porque além do acompanhante não poder ficar na UTI, não existe forma de saber quando chegará o órgão compatível, quanto tempo levará para voce conseguir o seu novo órgão e nenhum hospital transplantador chamará um paciente que está a mais de 40 km se tem outro paciente compativel mais perto.
O que acho justo, na dúvida, transplanta logo para não perdermos o orgão que é tão raro.
E caso você consiga o órgão e faça o transplante, os médicos te retiram o mais rápido possível de dentro do hospital para evitar infecções hospitalares.
Você recebe alta do hospital, mas não recebe alta do procedimento, necessitando ainda ficarmos no máximo há 40 km de distância do hospital e nesse caso se possivel, até menor distancia para casos de emergencia na recuperação do paciente.

Acontece que, os estados e municipios que são responsáveis pelo pagamento do TFD, na sua grande maioria, pagam diárias simbólicas para evitarem serem processados.
O municipio de Londrina tem a capacidade de pagar a diária de R$ 8,40 reais para o paciente, e mais o mesmo valor para o acompanhante cuidador, totalizando R$ 16,80 Reais.


Onde uma pessoa consegue ir com esse valor?
Todos esses fatores custam caro, somam ainda as medicações que necessitamos tomar, temos que comprar e pagar porque o SUS não oferece gratuitamente, pura negligência com nossas patologias. Até quando ficaremos a mercê da má gestão do erário publico e do SUS, dependendo de campanhas e “vaquinhas” entre os amigos para conseguirmos nos manter com dignidade e menor sofrimento?
E é válido lembrarmos que só consegue um transplante no Brasil quem tem condições financeiras para bancar tudo isso.

Telma Alcazar
MegLon
http://www.sabervencer.com.br/2011/05/fila-unica-de-transplantes-onde-em-qual.html
 
 

ATX-BA - INFORMANDO - DESMISTIFICANDO O TRANSPLANTE

Desmistificando o Transplante


A realização do transplante geralmente é cercada de muitas expectativas, sobretudo quando a pessoa está severamente doente.

Sabemos que o transplante proporciona melhora na qualidade de vida de quem o realiza, conforme já comprovado por inúmeras pesquisas. Para algumas pessoas, portadoras de certas doenças mais graves, a cirurgia representa, inclusive, a única chance de sobrevivência.

Apesar desses benefícios evidentes, queremos abordar aqui algumas questões importantes para você que é candidato ao transplante.

A idealização da cirurgia é bastante comum. O indivíduo doente muito freqüentemente atribui grande importância ao transplante, julgando que este poderá resolver boa parte de seus problemas atuais. Não é raro que alguns pacientes se voltem totalmente para a cirurgia, adiando todos os planos que têm para depois do transplante.

Enquanto você aguarda pela cirurgia, sempre que possível procure pensar em projetos de vida que possam ser colocados em prática na atualidade. Dê preferência aos planos que possam ser, de fato, concretizados, com um começo, meio e fim e que estejam dentro do seu alcance. Agindo assim, você se sentirá mais satisfeito consigo.

Tente encarar a espera pelo transplante como algo que pode lhe trazer benefícios. Lembre-se que nesse tempo você poderá se preparar melhor, não só fisicamente, mas também do ponto de vista emocional.

Outro erro a ser evitado é descuidar de seu estado físico. É comum que alguns pacientes digam que hoje em dia cometem alguns abusos, mas que depois da cirurgia “tudo vai mudar”.

Antes do transplante é essencial que você cuide de seu saúde e que colabore com o tratamento. Saiba que quanto mais seu organismo estiver equilibrado, maiores as chances de que a cirurgia seja bem sucedida.

Na fase pós-transplante é importante ter em mente que o organismo leva um tempo para se recuperar. É um momento no qual seu corpo precisará se acostumar com o novo órgão e com os remédios (imunossupressores) que você passará a usar rotineiramente. Alguns pacientes, por idealizarem demais o transplante, demonstram contrariedade e impaciência, ficam ansiosos ou deprimidos com a hospitalização e a recuperação mais prolongada.

Complicações pós-cirúrgicas podem acontecer, inclusive a rejeição do órgão, perspectiva esta que você deve também levar em consideração. É importante ressaltar, porém, que a equipe de saúde que o atende estará preparada para contornar os problemas que venham a ocorrer e que todo esforço será feito para que o transplante seja bem sucedido.

Após o transplante é importante que você evite se expor ao risco de contrair infecções que podem levar à rejeição do órgão. Você será orientado sobre isso, mas, se ainda tiver dúvidas a respeito, não se acanhe: informe-se com a equipe de saúde que o acompanha.

Aos poucos, você se sentirá em condição de retomar sua rotina e é importante que isso aconteça, logo que for possível.

O transplante deve ser encarado como algo que deve trazer benefícios em sua qualidade de vida. Evite ficar demasiadamente apegado à idéia de que, sendo transplantado, está impossibilitado de realizar coisas que, na verdade, está totalmente apto a fazer.

Isso não significa que você poderá cometer abusos. Vale lembrar que muitos casos de rejeição estão ligados à falta de colaboração do paciente com o tratamento e que este risco aumenta com o passar dos anos. Pacientes transplantados há mais tempo são os que correm maior risco de “relaxar” com o tratamento, mas isso pode também ocorrer com os recém-transplantados.

Lembre-se que o transplante é uma forma de melhorar sua saúde e sua qualidade de vida, mas que a cirurgia ou a equipe de saúde, sozinhas, n ã o poder ã o proporcionar isso a você , sem que haja sua participa çã o .

Tenha em mente que o transplante é um “ caminho ” que pode ser percorrido de diversas maneiras. Muito do que acontece nesse percurso depende exclusivamente de você !


Sandra Amorim
Psicóloga do Serviço de Nefrologia e Ambulatório de Transplante Renal
Santa Casa de São Paulo
Email: sandra-amorim@uol.com.br
Fonte: ABTO