sábado, 28 de fevereiro de 2015

ATX-BA - Ainda faltam medicamentos para o transplantados da Bahia.

Os transplantados não podem ficar sem os medicamentos que evitam a rejeição do órgão transplantado sob pena de perder o órgão transplantado ou até mesmo dependendo do estágio e complicações vir a falecer.
http://g1.globo.com/…/pelo-menos-tres-tipos-de-rem…/3999018/
os medicamentos deveriam ser distribuídos pela Secretaria Estadual da Saúde e estão em falta há...
G1.GLOBO.COM

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

ATX-BA - FALTA CICLOSPORINA DE 25 MG DESDE 17/01/2015 PARA TRANSPLANTADOS DA BAHIA.

Associação de transplantados entra na Justiça por falta de
remédio.
Eles querem o fornecimento da Ciclosporina, que custam R$ mil reais. Paula Ary

sábado, 21 de fevereiro de 2015

ATX-BA - CONTINUA FALTANDO MEDICAMENTOS PARA PACIENTES TRANSPLANTADOS DA BAHIA.

Desde o dia 17/01/2015 falta ciclosporina de 25 MG para pacientes transplantados na farmácia do Hospital Ana Nery. Ligamos ontem para farmácia e a situação é a mesma. Este medicamento é usado para evitar a rejeição do órgão transplantado.

Também faltando para os pacientes transplantados de fígado no Estado da Bahia o URSACOL de 150 MG, de acordo com informações dos pacientes e da farmácia do Hospital Manoel Vitorino onde eles recebem a medicação.

ALGUNS PACIENTES QUE FIZERAM O RE-TRANSPLANTE DE FÍGADO ESTÃO EM SITUAÇÃO DE URGÊNCIA, POIS, ESTE MEDICAMENTO É USADO NA PROFILAXIA DA REJEIÇÃO DO FÍGADO TRANSPLANTADO.

Além destes medicamentos que evitam a rejeição do órgão transplantado está em falta o CALCITRIOL que  promove a absorção  intestinal do cálcio e regula a mineralização óssea.
LEIS:

RECOMENDAÇÃO nº 001/2011 MPE/BA/GESAU/CESAU
(Processo SIMP nº 003.0.53070/2011)
Recomendação à Diretoria de Assistência: 

Farmacêutica – DASF, da Secretaria Estadual de Saúde, para que implemente estoque de segurança para medicamentos imunossupressores dispensados a pacientes transplantados, evitando-se as constantes soluções de continuidade no fornecimento de tais produtos, dentre outras providências.
RECOMENDA:
à Diretoria de Assistência Farmacêutica – DASF, da Secretaria Estadual de Saúde, que adote todas as medidas necessárias para garantir a efetiva dispensação dos imunossupressores – cuja aquisição seja de sua responsabilidade - aos pacientes transplantados do Estado da Bahia, tais como implementar um estoque de segurança, aplicando-se o padrão máximo de eficiência preconizado pela moderna logística, evitando-se uma nova solução de continuidade, com sérios prejuízos de ordem humana e financeira, já que o Poder Público investe vultosas quantias na realização de transplantes, investimento que pode ser perdido em poucos dias sem a imunossupressão.
Salvador, 02 de dezembro de 2011
ROGÉRIO LUÍS GOMES DE QUEIROZ
Promotor de Justiça
Grupo Especial de Defesa da Saúde Pública
MÁRCIA REGINA RIBEIRO TEIXEIRA
Promotora de Justiça
Coordenadora do CESAU

PORTARIA SAS N.º 221,  DE 2 DE ABRIL DE 2002
O Secretário de Assistência à Saúde, no uso de suas atribuições legais, considerando a necessidade de estabelecer Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Transplantados Renais, que contenha critérios de diagnóstico e tratamento, observando ética e tecnicamente a prescrição médica, racionalize a dispensação dos medicamentos preconizados para o tratamento, regularmente suas indicações e seus esquemas terapêuticos e estabeleça mecanismos de acompanhamento de uso e de avaliação  de resultados, garantindo assim a prescrição segura e eficaz;

ANEXO
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Transplantados Renais

DROGAS IMUNOSSUPRESSORAS
Medicamentos: Ciclosporina, Azatioprina, Tacrolimus, Micofenolato Mofetil, Sirolimus, Anticorpo Monoclonal Murino Anti-CD3 (OKT3), Basiliximab, Daclizumab, Globulina Antilinfocitária, Globulina Antimonocitária, Metilprednisolona, Prednisona.

7.1.2 Manutenção
O tratamento de manutenção deve necessariamente seguir uma sequência racional de continuidade em  relação à estratégia utilizada na terapia inicial.Modificações dessa terapia inicial podem todavia ser necessárias  em função principalmente de  ineficácia do regime inicial como regime de manutenção (por exemplo, a ocorrência de rejeição aguda), toxicidade das drogas inicialmente empregadas ou, mais tardiamente, necessidade de uma menor quantidade de imunossupressão. Adicionalmente o surgimento de nefropatia crônica do enxerto pode determinar alterações na terapia imunossupressora (18-24).

De acordo com a  Portaria GABINETE DO MINISTRO PORTARIA Nº 3.439, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2010 Altera os arts. 3º, 15, 16 e 63 e os Anexos I, II, III, IV e V à Portaria Nº 2.981/GM/MS, de 26 de novembro de 2009.

CAPÍTULO II - DA ORGANIZAÇÃO
Art. 9º Os medicamentos que fazem parte das linhas de cuidado para as doenças contempladas neste Componente estão divididos em três grupos com características, responsabilidades e formas de organização distintas.
Grupo 1 - Medicamentos sob responsabilidade da União
Grupo 2 - Medicamentos sob responsabilidade dos Estados e Distrito Federal
Grupo 3 - Medicamentos sob responsabilidade dos Municípios e Distrito Federal

Art. 49. O Ministério da Saúde, as Secretarias Estaduais de Saúde e o Distrito Federal poderão pactuar a aquisição centralizada dos medicamentos pertencentes ao Grupos 1B (conforme o Anexo I) e Grupo 2 (conforme Anexo II) deste Componente, desde que seja garantido o equilíbrio financeiro entre as esferas de gestão, observando, entre outros, o benefício econômico da centralização frente às condições do mercado e os investimentos estratégicos do governo no desenvolvimento tecnológico e da capacidade produtiva junto aos laboratórios públicos e oficiais.

PEDIMOS AO GESTOR PUBLICO RESPONSÁVEL PELO FORNECIMENTO DESTAS MEDICAÇÕES URGÊNCIA PARA DISPONIBILIZAR OS MEDICAMENTOS QUE ESTÃO FALTANDO, POIS, PODE LEVAR A REJEIÇÃO DO ÓRGÃO TRANSPLANTADO E EM ÚLTIMO CASO À MORTE DO PACIENTE DEPENDENDO DA SITUAÇÃO DO PACIENTE.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ATX-BA - UTILIDADE PUBLICA: TRANSPLANTE USA METADE DO FÍGADO

TRANSPLANTE  USA  METADE  DO  FÍGADO 


O HOSPITAL ANGELINA CARON, EM CURITIBA, REALIZOU HÁ DIAS UMA TÉCNICA CIRÚRGICA PELA QUAL APENAS A METADE DE UM FÍGADO RETIRADO DE DOADOR FOI NECESSÁRIA PARA SUBSTITUIR UM FÍGADO DOENTE. TENTATIVAS SEMELHANTES HAVIAM SIDO TENTADAS ANTERIORMENTE NO PARANÁ, PORÉM SEM SUCESSO.

O TRANSPLANTE DIVIDIDO, COMO É CHAMADO, SALVOU A VIDA DE RUBENS PEREIRA
 DE OLIVEIRA, DE 45 ANOS, QUE DESDE 2005 SOFRIA DE CIRROSE HEPÁTICA. DURANTE TODO
 ESSE PERÍODO ELE REALIZOU SESSÕES SEMANAIS DE HEMODIÁLISE, FOI APOSENTADO 
POR INVALIDEZ E HÁ MAIS DE SETE MESES ESTAVA NA FILA DOS TRANSPLANTES.
COMO ELE, MAIS DE 500 PESSOAS ATUALMENTE ESTÃO À ESPERA DE UM
 TRANSPLANTE HEPÁTICO NO PARANÁ. O ÍNDICE DE MORTALIDADE DE QUEM
 AGUARDA A SUA VEZ DE REALIZAR A CIRURGIA É SUPERIOR A 40%. A ESPERANÇA
 É A DE QUE A TÉCNICA COLABORE PARA REDUZIR A FILA DOS TRANSPLANTES,
 JÁ QUE UM MESMO ÓRGÃO PODE SER APROVEITADO POR ATÉ DOIS PACIENTES.
A TÉCNICA
O TRANSPLANTE DE FÍGADO É UM DOS MAIS COMPLEXOS. QUANDO CAPTADO, O ÓRGÃO É COLOCADO EM UMA GELADEIRA PORTÁTIL E PRESERVADO EM TEMPERATURA INFERIOR A QUATRO GRAUS CELSIUS. O TEMPO DE ISQUEMIA (EM QUE O ÓRGÃO PERMANECE CONGELADO) DEVE SER O MENOR POSSÍVEL PARA QUE POSSA FUNCIONAR COM SUCESSO.
O NÍVEL DE DIFICULDADE DO TRANSPLANTE DE FÍGADO DIVIDIDO É AINDA MAIOR. O ÓRGÃO É EXTREMAMENTE VASCULARIZADO, SENDO QUE O LADO ESQUERDO É INDEPENDENTE DO DIREITO.
POR ESSAS PECULIARIDADES DA CIRURGIA, JOÃO EDUARDO NICOLUZZI, RESPONSÁVEL PELO SERVIÇO DE TRANSPLANTES DO HOSPITAL, INFORMOU QUE POUCOS CENTROS DO PAÍS TEM ESTRUTURA E EQUIPE TREINADA PARA REALIZAR ESSA FORMA DE PROCEDIMENTO.
O ESPECIALISTA DESTACOU QUE O PROCEDIMENTO ENTRARÁ EM DEFINITIVO NA ROTINA DO ANGELINA CARON. ELE ACRESCENTOU QUE BASTA O POTENCIAL DOADOR TER UM FÍGADO QUE POSSA SER DIVIDIDO E APROVEITADO POR DOIS PACIENTES.
NICOLUZZI DESTACOU AINDA QUE A NOVA REALIDADE SÓ É POSSÍVEL, TAMBÉM, GRAÇAS À NOVA POLÍTICA DE CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS IMPLEMENTADA PELA CENTRAL DE TRANSPLANTES DO PARANÁ. AS DIVERSAS ESTRATÉGIAS ADOTADAS PELA CENTRAL PERMITIRAM AO HOSPITAL ANGELINA CARON REALIZAR, SOMENTE NO MÊS DE ABRIL, UM TOTAL DE 11 TRANSPLANTES DE DIVERSOS ÓRGÃOS.


 FONTE: HTTP://WWW.MEDICODOFIGADO.COM.BR/CASO-CLINICO/TRANSPLANTE-USA-METADE-FIGADO/

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

ATX-BA - CONTINUA FALTANDO CICLOSPORINA DE 25 MG PARA TRANSPLANTADOS NA BAHIA.

Hoje dia 10.02.2015 ligamos para farmácia do Hospital Ana Nery e continua faltando ciclosporina de 25 MG para os pacientes transplantados que necessitam desta medicação para evitar a rejeição do órgão transplantado. Pior, a farmácia só vai funcionar até a próxima quarta (amanhã). E o direito a "VIDA"?


DESDE O DIA 17/01/2015 ESTÁ FALTANDO CICLOSPORINA DE 25 MG PARA CERCA DE 900 TRANSPLANTADOS QUE RECEBEM O MEDICAMENTO NA FARMÁCIA DO HOSPITAL ANA NERY. SEM PREVISÃO DE CHEGAR. DE ACORDO COM INFORMAÇÃO DO FUNCIONÁRIO DA FARMÁCIA HOJE.

APELAMOS PARA O GESTOR PÚBLICO QUE RECOLOQUE ESTÁ MEDICAÇÃO QUE EVITA A REJEIÇÃO DO ÓRGÃO TRANSPLANTADO E EM ALGUNS CASOS PODE LEVAR O PACIENTE À MORTE DEPENDENDO DO ESTAGIO ATUAL DE SEU TRANSPLANTE.

Lutamos pela vida e qualidade de vida. Depois de esperarmos anos em uma lista pela doação de um órgão ou tecido o mínimo que pode ser feito pelo gestor público é fornecer a medicação para continuarmos a viver.

É o ESTADO DA BAHIA que compra esta medicação e não o Ministério da Saúde. 


LEIS:
RECOMENDAÇÃO nº 001/2011 MPE/BA/GESAU/CESAU
(Processo SIMP nº 003.0.53070/2011)
Recomendação à Diretoria de Assistência 

Farmacêutica – DASF, da Secretaria Estadual de Saúde, para que implemente estoque de segurança para medicamentos imunossupressores dispensados a pacientes transplantados, evitando-se as constantes soluções de continuidade no fornecimento de tais produtos, dentre outras providências.
RECOMENDA
à Diretoria de Assistência Farmacêutica – DASF, da Secretaria Estadual de Saúde, que adote todas as medidas necessárias para garantir a efetiva dispensação dos imunossupressores – cuja aquisição seja de sua responsabilidade - aos pacientes transplantados do Estado da Bahia, tais como implementar um estoque de segurança, aplicando-se o padrão máximo de eficiência preconizado pela moderna logística, evitando-se uma nova solução de continuidade, com sérios prejuízos de ordem humana e financeira, já que o Poder Público investe vultosas quantias na realização de transplantes, investimento que pode ser perdido em poucos dias sem a imunossupressão.
Salvador, 02 de dezembro de 2011
ROGÉRIO LUIS GOMES DE QUEIROZ
Promotor de Justiça
Grupo Especial de Defesa da Saúde Pública
MÁRCIA REGINA RIBEIRO TEIXEIRA
Promotora de Justiça
Coordenadora do CESAU




PORTARIA SAS N.º 221,  DE 2 DE ABRIL DE 2002
O Secretário de Assistência à Saúde, no uso de suas atribuições legais, considerando a necessidade de estabelecer Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Transplantados Renais, que contenha critérios de diagnóstico e tratamento, observando ética e tecnicamente a prescrição médica, racionalize a dispensação dos medicamentos preconizados para o tratamento, regulamente suas indicações e seus esquemas terapêuticos e estabeleça mecanismos de acompanhamento de uso e de avaliação  de resultados, garantindo assim a prescrição segura e eficaz;

ANEXO
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Transplantados Renais

DROGAS IMUNOSSUPRESSORAS
Medicamentos: Ciclosporina, Azatioprina, Tacrolimus, Micofenolato Mofetil, Sirolimus, Anticorpo Monoclonal Murino Anti-CD3 (OKT3), Basiliximab, Daclizumab, Globulina Antilinfocitária, Globulina Antimocitária, Metilprednisolona, Prednisona.

7.1.2 Manutenção
O tratamento de manutenção deve necessariamente seguir uma sequência racional de continuidade em  relação à estratégia utilizada na terapia inicial.Modificações dessa terapia inicial podem todavia ser necessárias  em função principalmente de  ineficácia do regime inicial como regime de manutenção (por exemplo, a ocorrência de rejeição aguda), toxicidade das drogas inicialmente empregadas ou, mais tardiamente, necessidade de uma menor quantidade de imunossupressão. Adicionalmente o surgimento de nefropatia crônica do enxerto pode determinar alterações na terapia imunossupressora (18-24).

De acordo com a  Portaria GABINETE DO MINISTRO PORTARIA Nº 3.439, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2010 Altera os arts. 3º, 15, 16 e 63 e os Anexos I, II, III, IV e V à Portaria Nº 2.981/GM/MS, de 26 de novembro de 2009.

CAPÍTULO II - DA ORGANIZAÇÃO
Art. 9º Os medicamentos que fazem parte das linhas de cuidado para as doenças contempladas neste Componente estão divididos em três grupos com características, responsabilidades e formas de organização distintas.
Grupo 1 - Medicamentos sob responsabilidade da União
Grupo 2 - Medicamentos sob responsabilidade dos Estados e Distrito Federal
Grupo 3 - Medicamentos sob responsabilidade dos Municípios e Distrito Federal

Art. 49. O Ministério da Saúde, as Secretarias Estaduais de Saúde e o Distrito Federal poderão pactuar a aquisição centralizada dos medicamentos pertencentes ao Grupos 1B (conforme o Anexo I) e Grupo 2 (conforme Anexo II) deste Componente, desde que seja garantido o equilíbrio financeiro entre as esferas de gestão, observando, entre outros, o benefício econômico da centralização frente às condições do mercado e os investimentos estratégicos do governo no desenvolvimento tecnológico e da capacidade produtiva junto aos laboratórios públicos e oficiais.


Os pacientes transplantados não suportam mais a falta dos imunossupressores (medicamentos que evitam a rejeição do órgão transplantado), isto prejudica o estado geral do paciente além de colocar sua "VIDA" a mercê do ESTADO DA BAHIA.

Queremos respeito pela nossa vida e pelo doador vivo ou falecido que nos deu uma segunda chance de viver.



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

ATX-BA: TRANSPLANTE RENAL NA BAHIA POR GIDEON ROSA

Transplante renal na Bahia: um quadro desolador

 
Por Gideon Rosa
A Bahia ocupa hoje a antepenúltima posição no ranking de transplantes de rins no Brasil, atrás de Pernambuco, Ceará, Roraima, Pará e Maranhão. Alguns diriam: ”Um absurdo”. Eu, no entanto, digo: isto é fruto da mais absoluta indiferença das autoridades em relação aos cerca de 10 mil pacientes renais da Bahia; a maioria deles em hemodiálise. Em resumo, pacientes terminais, isto é, cuja continuidade de vida depende de uma máquina sobre a qual a engrenagem de funcionamento gera milhões para a indústria da medicina.
A Bahia vem se mantendo como o sexto estado mais rico do Brasil, mas isso, em absoluto, não se reflete nos serviços públicos, muito menos na qualidade de vida de seus cidadãos. Há um fosso abissal quando se compara a Bahia a outros Estados (mesmo no Nordeste) quando o assunto é a questão do tratamento renal. Por exemplo, na Bahia ainda existem pacientes renais desesperados por uma vaga em uma máquina de hemodiálise. Para não morrer, as UTIs dos hospitais (que sempre possuem algumas máquinas) vão se esforçando em dar alguma sobrevida a pacientes críticos. Mas o deficit é grande, muito embora este número esteja naquela máxima que diz: “quem souber morre”. É a tal da propositada subnotificação. Estima-se que haja cerca de 60 pacientes no limbo, mensalmente, à espera de uma vaga em alguma clínica. Dez milhões de pessoas no Brasil possuem um problema renal sem o saber. O porvir preocupa.
Apenas para refletir: neste momento os integrantes dos 12 partidos que apoiam o atual Governo estão se digladiando pelos cargos do segundo escalão e todas suas subdivisões. Nenhum sequer tomou para si a tarefa de se ocupar com este problema da vida real. Lastimável. Mais lastimável ainda é o eleitorado que não usa a cabeça para pensar sobre os diversos problemas da sociedade e vota como autômato.
O transplante renal na Bahia em 2012/2013 começou a receber uma ajuda determinante de Santa Casa de Itabuna que, sozinha, alavancou as estatísticas de transplantes em nosso território, que são historicamente pífias. Algo como 40 transplantes, em média, por ano, ao longo dos últimos anos (para se ter um parâmetro: apenas o Hospital do Rim em São Paulo realiza em média 1.000 por ano). Em pouco mais de um ano de funcionamento, Itabuna conseguiu fazer quase 100 transplantes. Isto foi muito mais do que todos os três hospitais de Salvador juntos. Agora, o programa de transplante de Itabuna está em banho-maria, assim como os três hospitais de Salvador. A razão? As equipes transplantadoras dizem que estão sem pagamento, não existem medicamentos para o período pós-transplante (Gangiglovir), o que obriga aos pacientes permanecerem desnecessariamente internados.
É urgente que o novo secretário da Saúde se debruce sobre este assunto e estabeleça um cronograma que garanta o planejamento para que não faltem medicamentos de alto custo – como aconteceu ao longos dos últimos oito anos. Que o sistema tenha todas as suas ações unificadas pelo SUS – como acontece em São Paulo – e quem possui plano privado não lesaria ninguém já que o SUS possui um eficiente esquema de ressarcimento. Que as equipes captadoras de órgãos, assim como as transplantadores fossem reorganizadas e devidamente pagas. Estes procedimentos azeitariam o sistema de tratamento renal na Bahia (diálise, hemodiálise e transplante).
Para ludibriar a população, principalmente em período eleitoral, juntam-se os números de transplantes realizados em todas as áreas e fala-se em um total absoluto de transplantes que deixa a todos orgulhosos. Mas é pífio se olhado isoladamente por setor. Em 2013, a Bahia realizou 90 transplantes renais (quase todos em Itabuna). Em 2014 foram apenas 62, segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos). A Santa Casa de Itabuna contribuiu com quase nada em 2014 porque ficou parada durante o primeiro semestre e voltou a realizar cirurgias esporádicas na segunda metade do ano, e continua assim até o presente momento.
Dentre os quase 10 mil pacientes em diálise na Bahia, apenas 1.600 estão na fila de transplante, se é que o número está correto. Por que tão poucos na fila de transplante? Ninguém sabe responder objetivamente. Claro que existem aqueles que não desejam ser transplantandos, mas existe uma lenda cujo plot diz que é melhor deixar os renais nas máquinas de hemodiálise pois elas são muito mais rentáveis para o sistema. Não acredito, isso seria de um mercantilismo cruel e vergonhoso para a Medicina.
A situação fica pior quando se tem uma estatística que projeta para cada um milhão de pessoas pelo menos 05 afetados pela falência renal. Também se agrava quando não se pode falar com objetividae sobre quantos estão fora do programa (existe uma demanda oculta, que é uma caixa preta). É o tipo de informação “quem souber morre”, a não ser que seja do interesse da ABCDT (Associação Brasileira das Clínicas de Diálise e de Transplantes) que, quando deseja apertar o cerco por maiores ganhos, levanta os números com rapidez e precisão.
Agora, outro ponto que proponho para reflexão: quando os estádios de futebol desabam ou há necessidade de se construir complexos esportivos, aí, como num passe de mágica, surgem bilhões e as construções são feitas com uma rapidez estonteante. Note-se: os complexos esportivos atingem milhões de eleitores. Então, que representam alguns míseros eleitores terminais? Para que tanto esforço e investimento para salvar uma parcela que rende tão pouco na urna? É uma lógica perversa, mas serve para pensar. A variável é uma máxima popular que diz: o pau que dá em Chico, também dá em Francisco.
O novo gestor na Sesab, sem dúvida, deveria dar a este assunto o mesmo nível de importância que a sexta economia nacional merece. A situação dos transplantes tem evoluído positivamente no Ceará, que está sempre dando lições a Bahia no quesito desenvolvimento. Atualmente, para não nos humilharmos muito, já podemos fazer comparações com outros estados nordestinos. É um avanço! No entanto, a Bahia não avança, insiste ainda numa mentalidade colonial: pedidos, favores, pouca transparência, facilidades para quem tem mais recursos financeiros ou ligações subterrâneas…..
Gideon Rosa é ator, professor e jornalista.
http://tomribeiro.blog.br/transplante-renal-na-bahia-um-quadro-desolador/