terça-feira, 21 de junho de 2011

EP RIBEIRÃO

Espera por doação de órgãos pode durar cinco anos

HC alega que unificação no sistema estadual prejudicou número de transplantes no interior


20/06/2011 - 21:45
Da redação

A angustiante espera por um doador de órgãos pode durar até cinco anos em Ribeirão Preto. Segundo dados fornecidos pelo Hospital das Clínicas da USP, a cidade tem ao menos 50 pacientes na fila, sendo que um transplante é realizado, em média, a cada 30 dias.

Nessa longa espera está Valdecir Nunes Alves. Há dois anos, ele aguarda por um doador de fígado. Em 47ª no ranking de sua especialidade de atendimento, ele sofre de cirrose, hepatite e hemorragias internas. Certa vez, Alves chegou a ser chamado para uma cirurgia, que foi cancelada de última hora. O órgão teria demorado demais para chegar ao hospital.

“Já tinha sido retirado o fígado de outro paciente havia oito horas e teria pouco tempo para colocar nele”, relata a dona de casa Nilzete Alves Pereira, que diariamente acessa internet na esperança de uma melhora na posição de seu marido. “Tenho muita esperança, se Deus quiser vai dar certo sim”, afirma Valdecir.

Para agravar a espera de pacientes como Valdecir, o HC notifica uma alarmante queda de 50% no número de transplantes realizados este ano em comparação a 2010. A redução no serviço, segundo o chefe do grupo de transplantes do HC de Ribeirão Preto, Orlando Castro e Silva, se deve ao sistema adotado pela Secretaria Estadual da Saúde, em que vigora a mesma lista de espera para pacientes da capital e do interior.

“Sendo um número de candidatos muito superior ao que tem no interior do Estado, quando aparece um doador naturalmente, com a unificação das listas, há um privilégio por receptores de São Paulo”, diz.

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto reivindica a retomada do sistema anterior. “Se você imaginar uma central em Campinas, uma central em Ribeirão Preto e uma central em Rio Preto, o direcionamento dos órgãos, do doador ao receptor, será muito mais fácil”, afirma Silva.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde nega que haja privilégio na destinação de órgãos para a capital, argumentando que a queda de transplantes aconteceu em todo o Estado e não somente no interior.

http://eptv.globo.com/ribeiraopreto/noticias/NOT,2,2,354970,Espera+por+doacao+de+orgaos+pode+durar+cinco+anos.aspx