sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CapitalNews.com.br

Saúde - 29/10/2009 - 13:00
"Falta solidariedade" diz presidente da Associação de Renais Crônicos em relação aos transplantes.

O Ministério da Saúde anunciou na semana passada (21), mudanças nas regras para transplantes no país. As novas medidas tem como objetivo principal, agilizar a fila de mais de 64 mil pessoas que esperam por todos os tipos de órgãos.
Entre todas as medidas anunciadas, está a permissão para doação entre pessoas vivas sem vínculo de parentesco, o que antes era proibido. Nos casos de pessoas vivas, só é possível a doação de um rim, já que a pessoa possui dois, e uma parte do fígado, que se regenera, tanto para quem faz a doação, quanto para quem recebe. No entanto, a medida não é muito comum, mesmo entre os familiares do paciente, que não se dispõe a doar.
O Capital News visitou a Associação do Doentes Renais Crônicos e Transplantados de Mato Grosso do Sul, que cuida de pacientes da Capital e do interior que aguardam na fila o transplante e que também já conseguiram o órgão. A entidade foi criada em 1985 por pacientes e médicos e atende cerca de 350 pacientes carentes.
Lá são distribuídos medicamentos fornecidos pela Sesau (Secretaria de Estado de Saúde), cestas básicas, carne e leite, vindos de doação e compra feita por meio de convênio com a Prefeitura Municipal.
Na associação, todas as pessoas que participam da diretoria são renais crônicos ou transplantados. Uma dessas pessoas, é a presidente da Entidade, Maura Jorge Souza Trindade, que recebeu um rim novo há 13 anos. Ela explica que ficou três anos e três meses na hemodiálise, já que não tinha nenhum parente que podia doar, e os filhos eram menores de idade. “O meu rim veio de um cadáver”, disse ela.
Maura diz que a vida de uma pessoa na máquina de hemodiálise é muito difícil. “Você não pode fazer nada. São duas, três vezes por semana, quatro horas por dia. Não pode comer nada, e quando acaba, a vontade maior é de tomar água”, explica.
Segundo ela, muitas pessoas poderiam viver melhor se houvesse mais solidariedade. Maura afirmou que existem pacientes que além dos problemas renais possuem outras complicações e por isso não podem fazer transplante, porém existem muitos que estão com a saúde em dia só na espera de um órgão.
“Às vezes a pessoa tem doador vivo e a família não quer doar. Isso é muito triste. Nós temos um caso aqui, o moço está na máquina há oito anos já”, informa.
A presidente diz que a falta de informação da sociedade é um grande problema. “As pessoas pensam que se doar um rim vai morrer, vai ficar aleijado, igual a pessoa que está recebendo. E não é nada disso, vai viver bem, assim como eu, com um rim só”, destaca e agradece por nunca ter tido problemas com o órgão novo.
A mesma sorte, porém, não teve a tesoureira da entidade, Márcia Vanderléia Antunes, de 32 anos, que há 10 faz hemodiálise. Ela explica que começou a fazer com 22, e depois de oito anos conseguiu um transplante, também de um doador morto.
O transplante faz dois anos que aconteceu, porém não deu certo. “Fiquei quatro meses com ele [rim] trabalhando bem devagar, e aí com cinco meses eu tive que tirar”, explicou Márcia.
Ela revela que atualmente faz sessões três vezes por semana, e os médicos dizem que ela precisa de outro transplante. “Eles dizem que eu preciso, mas eu não estou preparada para isso. Sabe, nesse período que eu fiquei com o rim, eu sofri bastante”, afirmou.
Apesar das dificuldades, Márcia sempre sorridente, diz que já se adaptou com a rotina e com as limitações e leva uma vida normal. Segundo ela, falta muita orientação para as pessoas sobre transplante, principalmente entre pessoas vivas.
“Muita gente tem medo, devia ter palestras, falar sobre a doação de órgãos. Muitas pessoas com quem eu falo, não sabem nem o que é isso”, afirma.
Além de atendimento social, a entidade presta informações para pacientes que sofrem do mesmo problema, como tratamento e remédios. Para se cadastrar na Associação, é preciso levar CPF, RG, comprovante de residência e cartão do SUS. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira das 8h30 às 17 horas.

Por: Nadia Nadalon-estagiária (www.capitalnews.com.br)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Diario de Pernanbuco

Transplante: crianças como prioridade
Nova lei // Se o doador tiver a mesma faixa etária, menores de 18 anos serão os primeiros a receberem órgãos
De criança para criança, o presente da vida. Hector Costa tinha só 11 anos quando foi submetido a um transplante. Tão jovem e já doente renal crônico, havia passado um ano e meio em diálise peritoneal e três meses em hemodiálise, tratamentos que cumprem a função dos rins, de eliminação de substâncias tóxicas. Foi quando, em um momento de dor profunda, uma família resolveu doar os órgãos de uma menina de sete anos que havia morrido atropelada. Hector foi presenteado com um rim. O garoto hoje é adulto. Tem 32 anos e é ator e produtor cultural. Cresceu e permanece até hoje com aquele rim, da criança de sete anos. Nunca mais fez hemodiálise. Leva uma vida normal. A partir desta semana, todos os jovens com menos de 18 anos terão a mesma chance de Hector. Terão prioridade no transplante quando o doador tiver a mesma faixa etária.
A mudança faz parte das novas regras incluídas no Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes, que foi assinado pelo ministro da Saúde José Gomes Temporão e aguarda publicação no Diario Oficial, o que possivelmente ocorrerá hoje.
E terá impacto, principalmente, nos transplantes de rins, que hoje levam em consideração, acima de tudo, a compatibilidade entre a identidade genética - o HLA (anticorpo leucocitário humano) de doador e receptor.
Por esse critério, as crianças saem perdendo na disputa por um motivo simples: são minoria. Em Pernambuco, há 1.956 pessoas na lista de espera por um rim. Apenas cerca de 20 deles têm menos de 18 anos. Com a mudança, o órgão (não apenas o rim) de um doador com menos de 18 anos só beneficiará um adulto caso não seja possível doá-lo a um jovem. De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, Zilda Cavalcanti, é mais comum fazer transplante de fígado e coração de doador menor de 18 anos para outro jovem na mesma faixa etária por causa dos critérios de peso e altura, que precisam ser compatíveis.
Sem contar que, em fígado, é levado em consideração um indicador de gravidade numérico que é mutiplicado por três quando o paciente é criança, colocando-a como prioridade em relação ao adulto.
Segundo o chefe da Unidade Renal Pediátrica do Instituto de Medicina Integral (Imip), José Pacheco, a prioridade das crianças está na pauta há muito tempo. Chegou a ser realidade em Pernambuco, antes da mudança de escolha pelo critério HLA, o que teve sério impacto no transplante para crianças. "Durante um ano, a gente não conseguiu transplantar sequer um órgão de doador cadáver (para criança)", disse Pacheco. Há cerca de um ano, em Pernambuco, os jovens que dependem de transplante renal voltaram a ter prioridade quando o doador tem menos de 18 anos, graças a um acordo assinado por todos os transplantadores do estado, com anuência da central transplantadora do estado.
Mas, segundo Zilda Cavalcanti, isso acontece de forma excepcional. "Não é rotina por precisar de regulamentação", disse Zilda. Mas agora vai ser. E os motivos para a mudança são muitos. "Se a criança recebe o rim de um indivíduo mais jovem, a sobrevida desse órgão vai ser maior do que se pegar o rim de uma pessoa de 50 anos", afirmou Pacheco. E quanto menos tempo em diálise a criança passar, menos comprometimentos de crescimento e desenvolvimento ela terá.

domingo, 25 de outubro de 2009

globo.com

G1 Brasil- Notícias
/ brasil / Transplantes

O Portal de Notícias da Globo
24/10/09 - 12h00 - Atualizado em 24/10/09 - 12h00
Mudança de regras divide pacientes na fila de transplantes
Menores de 18 anos terão prioridades após alterações.Representantes de entidades que tratam do assunto elogiaram mudanças
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Marília Juste Do G1, em São Paulo

As mudanças nas regras para transplantes divulgadas nesta semana pelo Ministério da Saúde dividiram as opiniões dos mais interessados: aqueles que estão na fila por um órgão. No entanto, as alterações foram bem recebidas por dirigentes de entidades que tratam do assunto.
“São normas muito positivas e demonstrações de que o Brasil está no caminho certo nesse assunto”, afirma Ben-Hur Ferraz Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
A avaliação é a mesma de Térsio Genzini, coordenador médico da Associação para a Pesquisa e Assistência em Transplantes (APAT).
“Várias dessas regras já eram práticas comuns em São Paulo. Agora o governo está expandindo isso para o resto do país. É uma boa medida que dá credibilidade a todo o processo”, diz ele.

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Menores de 18 anos terão prioridade na fila de transplante, diz Ministério
Entre os pacientes, no entanto, as opiniões estão divididas. Alyne Novaes, de 30 anos, na fila por um rim há dois anos e nove meses, concorda com as mudanças – principalmente com a priorização de menores de idade para receber órgãos de doadores da mesma faixa etária.
Geraldo de Oliveira e Alyne Novaes, que buscam transplantes de rim, concordam com a priorização dos jovens.
“Crianças, adolescentes, jovens têm que ter prioridade mesmo porque eles não viveram nada ainda. E é muito triste ficar preso na espera de um transplante. Isso não é vida para uma criança. Já é muito ruim para a gente que é mais velho, mas a gente entende melhor, aguenta melhor”, afirma. “É vantagem para eles, é desvantagem para a gente, que fica para trás. Mas eu acho que está certo”, acredita.
Esse é o segundo transplante que Alyne espera. Diabética desde os três anos de idade, ela perdeu a função do rim há dez anos. Ficou com o primeiro rim que recebeu por oito anos até precisar de um novo transplante. E, agora, duplo. “Preciso de um rim e de um pâncreas. Nem sei como é não estar doente. Onde eu vou, a insulina está comigo”, conta ela.
É muito triste ficar preso na espera de um transplante. Isso não é vida para uma criança"
Geraldo de Oliveira, de 65 anos, perdeu a função dos rins e agora tenta um lugar na fila. Ele também concorda com a priorização dos mais jovens. “É lógico que eu também quero um rim. "Eu preciso de um rim. Mas eu acho importante para os jovens também. Eles ainda têm muita coisa pela frente”, afirma.
Na fila há quatro anos e meio por um fígado, Eliana Favero, de 52 anos, não concorda tanto com as mudanças. “Eu entendo que os jovens precisam, mas o problema é maior que isso. Tenho um amigo de 33 anos que fez transplante de pulmões. Ele estava quase morto. O órgão veio de um jovem de 18 anos. Hoje ele não teria conseguido o transplante”, afirma.
"Eu preciso de um órgão, eu posso morrer por uma série de complicações, mas eu fico deixada na fila"
Com uma doença genética rara que atacou seu fígado, Eliana também critica os critérios para a organização da fila. “As pessoas com a minha doença, por ser especialmente rara, são prejudicadas, porque o nosso risco de morte pela doença não muda muito. Eu preciso de um órgão, eu posso morrer por uma série de complicações, mas eu fico deixada na fila. É uma loteria, quanto pior você está mais pontos ganha”, explica.
Não estou reclamando que as outras pessoas tenham o órgão na minha frente. Elas têm que ter, elas precisam ter. Não sou contra a lei, mas o governo também deveria olhar para a gente. Tem hora que eu me sinto um número. Essas regras ajudaram 80%, mas, nós, os 20%, fomos prejudicados”, afirma Eliana.
Para o vice-presidente da ABTO, o problema de pacientes como Eliana não são os critérios para a priorização dos pacientes, mas a falta de doadores. “Os critérios usados para decidir quem recebe qual órgão são claros e baseados nas melhores evidências médicas que temos à nossa disposição. A solução para esse tipo de problema não é mudar o critério mas aumentar as campanhas e fazer de tudo para que aumente o número de doações”, afirma Ferraz Neto.
“Quanto mais órgãos tivermos, mais poderemos avançar na fila e atender a todos os casos”, explica.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Tarde Online

23/10/2009 às 00:59 ATUALIZADA às 01:03


Mais de 60% das famílias recusam-se a doar órgãos
Helga Cirino*, do A TARDE


Fernando Vivas / Agência A TARDE
Jane Miranda fez transplante de pâncreas e ressalta a importância da doação .

A prioridade para crianças e adolescentes de até 18 anos na fila para receber órgãos de doadores da mesma faixa etária, uma das novas regras para transplantes no País, foi bem recebida por militantes da causa. A coordenadora da Associação de Pacientes Transplantados do Estado da Bahia (ATX) Márcia Chaves acredita que, será possível aumentar o banco de doações na Bahia, que, segundo ela, “é muito pequeno”. Atualmente, há 3.808 pessoas na fila por transplantes no Estado. A maioria, 2.618, espera por um rim.
Para o titular da Coordenação do Sistema Estadual de Transplantes (Coset), Eraldo Salustiano de Moura, o maior desafio para o aumento do número de transplantes no Estado é a recusa das famílias em doar os órgãos das vítimas de morte encefálica . “Neste ano, em Feira de Santana, 100% das famílias entrevistadas não aceitaram doar os órgãos de seus familiares com diagnóstico de morte encefálica. Em Barreiras 80% recusaram e em Salvador, 60% disseram não”, informou ele.
De acordo com as estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes, a Bahia está em 10° lugar em número de transplantes no País. Atrás de outros estados nordestinos como Pernambuco e Ceará, que estão em 4° e 7° lugares, respectivamente, no ranking nacional. O primeiro é o Estado de São Paulo, com 3.902 transplantes realizados neste ano. A Bahia realizou 131.
Salustiano também vê com otimismo a nova regulamentação. Ele aposta principalmente na maior disponibilidade de recursos para o trabalho de capacitação dos profissionais de saúde para a abordagem das famílias nas unidades hospitalares. “É preciso muito investimento em educação para o convencimento das famílias em permitir a doação dos órgãos”.
A nova regulamentação do Sistema Nacional de Transplantes foi anunciada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anteontem e passará a vigorar a partir de sua publicação no Diário Oficial da União.
A coordenadora da ATX, Márcia Chaves também comemorou as novas regras que permitem que doadores que tenham alguma doença transmissível, como hepatite, possam doar seus órgãos a pacientes que tenham a mesma enfermidade. “Os transplantados devem ter muita consciência quando tomarem a decisão de aceitarem o transplante com ‘órgãos marginais’, mas a mudança vai salvar muitas vidas”, alertou.
Transplantados - Para a transplantada Jane Miranda, advogada aposentada, uma das melhores mudanças é a transparência que vai proporcionar o novo programa. “Permitirá à equipe médica a atualização online do prontuário do paciente e quem estiver à espera de um órgão também poderá ver na internet a sua posição e o andamento da fila”, comemorou.
De acordo com ela, o grande avanço na Bahia será conseguir executar as mudanças. “Seria uma vitória se os pacientes pudessem acompanhar tudo pela internet”, afirmou Jane.
Ela ressalta a importância de uma política de transplante na Bahia. “Que vai incentivar tanto a doação de órgãos quanto a necessidade de sobrevida dos pacientes”, alertou
. A mulher descobriu que tinha diabetes em 1995, depois de receber uma das melhores notícias de sua ida: a de que estava grávida.
Ela lutou por sete anos pela vida até que conseguiu um doador. “Fiz o primeiro transplante de pâncreas da Bahia”. Hoje com o filho aos 14 anos, ela esbanja alegria. “Meu filho é muito lindo, a coisa mais linda do mundo. Defendo a causa dos transplantados e sempre defenderei”, afirmou.
A transplantada Margareth de Lourdes Soares, 32 anos, administradora, também acredita que a lei só vai beneficiar a política de doações de órgãos. “O aproveitamento de órgãos marginais só vai aumentar os índices de transplantados na Bahia, além de fornecer uma sobrevida a milhões de pacientes”, disse.
Ela realizou um transplante de córnea em 1999. “Um simples gesto de um familiar de uma vítima trouxe luz a minha vida. Hoje posso ver”, contou orgulhosa.
Outras mudanças - A doação entre não aparentados que, pela regra antiga, era feita com autorização judicial, gora terá que passar pelo aval de uma comissão de ética formada por funcionários dos hospitais.
O impacto da implementação da nova legislação, que inclui aumento nos valores pagos pelo SUS a procedimentos ligados a transplantes, será de R$ 24,1 milhões no orçamento do Ministério da Saúde até o final do ano que vem. Segundo o coordenador da Coset, desses recursos em torno de R$ 3 milhões serão destinados para a Bahia.
*Colaborou Maiza de Andrade

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Portal da Saúde - MS

21/10/2009 , às 15h45
MS anuncia investimentos de R$ 24,1 milhões em transplantes

Ministério dobra valores de procedimentos de captação de órgãos e acrescenta ações para incentivar realização de transplantes. Ministro divulga novo regulamento técnico.


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, assinou nesta quarta-feira (21) uma série de portarias para aprimorar o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Entre as medidas anunciadas no evento realizado do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (NERJ), as principais são a mudança de valores pagos por procedimentos e a incorporação de novas ações envolvendo transplantes. Os investimentos serão de R$ 24,1 milhões neste ano e no próximo.
“As medidas anunciadas hoje tem duas facetas, ampliar e sensibilizar a população a se declarar doadora e ao mesmo tempo inovar em mecanismos que ampliem a captação de órgãos e, portanto, a realização de tranplantes”, declarou o ministro. “Esse conjunto de medidas com certeza vai impactar essas pessoas que aguardam ansiosamente por um órgão em uma fila de espera”, acrescentou.
O valor pago pelo MS pelos procedimentos de captação de órgãos, por exemplo, vai dobrar (veja quadro abaixo), gerando um impacto de R$ 6,4 milhões nos dois anos. Entre as ações que vão pagar o dobro à equipe envolvida, estão a entrevista com a família do doador e a manutenção hemodinâmica desses prováveis doadores. Além disso, novos procedimentos, como consulta de acompanhamento pré-transplante, avaliação dos possíveis doadores, cirurgias para obtenção de tecidos humanos e processamento de pele, serão incorporados ao orçamento – o que terá um custo de R$ 14,3 milhões em 2009 e 2010 (veja quadro).
O Ministério também quer aumentar o número de transplantes de pele e ossos. Para isso, anuncia desdobramentos de procedimentos relacionados à doação de tecidos com o objetivo de permitir a integração de mais equipes. Isso ocorrerá mesmo em estados que ainda não tenham bancos de tecidos. “A retirada e o processamento de pele são procedimentos completamente novos no SUS”, afirmou Alberto Beltrame, secretário nacional de Atenção à Saúde.
O transplante de pele é indicado para tratar grandes queimaduras. Além de amenizar o sofrimento dos pacientes, é uma terapia salvadora de vidas que ganha maior importância pelo fato de as queimaduras extensas serem muito prevalentes em crianças.
O Ministério autoriza ainda a criação de bancos multitecidos, conferindo melhor aproveitamento à capacidade já instalada para processamento de tecidos humanos e otimizando os novos investimentos nesta área.
Dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde mostram que o número de transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido, subiu 24,3% no primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. “Esse é o momento de comemorar os resultados alcançados, mas também de aprimorar o sistema”, ponderou Beltrame.
Tabela 1: Novos valores para procedimentos de transplantes (Em R$)
Procedimento Valor atual Novo valor
Manutenção e taxa de sala 450,00 900,00
Retirada de coração 585,00 1.170,00
Ret coração p valvas 130,00 260,00
Retirada de fígado 1.170,00 2.340,00
Retirada globo ocular uni/bilateral 161,19 322,38
Retirada pâncreas 1.170,00 2.340,00
Retirada pulmões 1.170,00 2.340,00
Retirada rins cadáver 585,00 1.170,00
Coordenação sala 200,00 400,00
Diária de UTI * 363,31 508,63
Entrevista familiar doador ME 210,00 420,00

Tabela 2: Novos procedimentos
Procedimento Valor (Em R$)
Entrevista familiar doador coração parado 420,00
Avaliação do doador de órgãos e tecidos para transplantes 215,00
Acompanhamento de pacientes no pré transplante 135,00
Retirada de tecido ósteo-condro-fascio-ligamentoso 1.170,00
Retirada de pele 1.170,00
Processamento de pele (até 1000 cm²) 259,13
Processamento de pele (até 500 cm²) 259,13

NOVAS REGRAS – O Ministério investe também na transparência das regras para transplantes no país. Durante o evento, o ministro José Gomes Temporão assinou a consolidação do Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes.
O texto base foi publicado no ano passado e levado à consulta pública. Com sugestões de sociedades científicas, organizações não governamentais, gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) e órgãos ligados ao MS, o regulamento ficou mais completo, claro e eficiente.
Em sua redação final, o regulamento traz informações importantes sobre as inscrições e os procedimentos relacionados aos transplantes. Uma das mudanças é o refinamento dos critérios de distribuição de órgãos com normas claras para garantir a segurança biológica. “Criamos mecanismos legais para consolidar o que antes estava na esfera das boas práticas, ou seja, impedir a transmissão de doenças por transplantes. Órgãos de um doador que tenha hepatite C, por exemplo, passam a poder ser transplantados em um paciente que também seja portador do mesmo vírus, e sob seu consentimento formal”, explicou Rosana Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). As equipes transplantadoras também precisam dar o consentimento. As definições complementam os preceitos da Lei Brasileira de Transplantes.
As novas regras atingem também as doações intervivos de doadores não aparentados. Atualmente, esse tipo de procedimento precisa ser autorizado pela Justiça. De acordo com o novo regulamento, o transplante precisará passar pelo crivo de uma comissão de ética formada por funcionários do hospital onde será realizado o procedimento. Só com a aprovação dessa comissão é que o caso segue para análise judicial. “Isso é importante porque são os profissionais dos hospitais que sabem em que condições aquela doação acontecerá”, argumentou Rosana Nothen.

O que mudou com o Regulamento Técnico do SNT
- Doadores que tenham alguma doença transmissível passam a poder doar para pacientes que tenham a mesma enfermidade.
- A ficha do paciente deve estar sempre atualizada
- Pessoas abaixo de 18 anos passaram a ter prioridade para receber órgãos de doadores da mesma faixa etária.
- Todas as crianças e adolescentes passaram a ter direito a se inscrever na lista para um transplante de rim antes de entrar na fase terminal da doença renal crônica e de ter indicação para diálise.
- Criação de organizações de procura de órgãos.
- A doação intervivos de doador não aparentado passa a precisar de autorização de uma comissão de ética formada por funcionários dos hospitais.
ORGANIZAÇÃO - A atualização de dados dos pacientes na lista de transplantes era uma recomendação na normatização anterior. O atual regulamento trouxe ajustes para fazer com que isso seja feito de forma mais sistemática e automaticamente pela equipe transplantadora. “Criamos mecanismos de controle mais estreitos. O paciente para continuar na lista esperando um transplante deve manter sua ficha atualizada, mostrando que está em condições de receber o órgão ou o tecido”, detalhou a coordenadora do SNT.
No evento desta quarta, o ministro anunciou um novo sistema informatizado que irá promover um avanço do processo de informação, permitindo maior transparência à lista de espera. Nesse banco de dados, os pacientes poderão consultar sua posição na lista de espera e a equipe deverá manter os prontuários atualizados. “Isso fará com que a atualização seja mais ágil”, comentou Rosana Nothen.
Critérios que antes eram apenas conceitos viraram regras após a consulta pública. Um exemplo é o benefício que pessoas abaixo de 18 anos passaram a ter ao receber prioritariamente órgãos de doadores da mesma faixa etária. Todas as crianças e adolescentes passaram a ter direito a se inscrever na lista para um transplante de rim antes de entrar na fase terminal da doença renal crônica e de ter indicação para diálise.
AGILIDADE No lançamento do novo regulamento, o ministro anunciou também o plano nacional de implantação de organizações de procura de órgãos. São equipes que atuarão em diversos hospitais buscando facilitar a doação de órgãos. “A ideia é agilizar e criar órgãos de assessoria técnica, distribuídos por todo o Brasil, para auxiliar os coordenadores hospitalares e os médicos intensivistas na identificação e manejo adequado nos casos de morte encefálica”, afirmou Rosana Nothen. “Essas organizações vão melhorar a estruturação da captação de órgãos”, acrescentou Beltrame.
Durante o evento, o ministro recebeu de Gerson Martins, representante do Conselho Federal de Medicina, os originais de um manual de utilização do protocolo de diagnóstico da morte encefálica. Esse texto atende a uma reivindicação da classe médica e será reproduzido pelo Ministério da Saúde e distribuído a todos os médicos do país.
PRÊMIO – O SNT divulgou também os vencedores do prêmio Destaque na Promoção da Doação de Órgãos – que condecora entidades e pessoas que contribuíram para a melhoria da doação de órgãos no país. Na categoria pessoa jurídica, a Rede Globo é a vencedora. Na pessoa física, o médico Agenor Stallini Ferraz.
As indicações para o prêmio foram feitas pelas centrais estaduais de transplantes. Com as realizações de cada indicado em mãos, um grupo formado por integrantes do Ministério da Saúde escolheu os vencedores. Os dois selecionados receberão o troféu na quarta-feira.
PARCERIA No mesmo evento, o ministro José Gomes Temporão lançou o selo Organização Parceira dos Transplantes. “É uma forma de reconhecer esforços de entidades e organizações para o aperfeiçoamento do sistema”, diz Beltrame. As primeiras organizações que receberam o prêmio foram as empresas aéreas Webjet, TAM, NHT e Gol - Varig. A condecoração será dada por conta da atuação dessas companhias no transporte gratuito de órgãos a serem transplantados.
O Ministério aproveitou o lançamento do selo para renovar com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) o termo de cooperação para aumentar o transporte de órgãos no país, envolvendo novas companhias aéreas em atividade, adequando-se assim ao atual cenário da malha aérea brasileira.
Todas as ações têm como objetivo a ampliação da captação de órgãos e tecidos no Brasil e o conseqüente aumento do número de transplantes realizados.
Outras informações(61) 3315 3580 ou (61) 3315 2351

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Globo

Caçadores de doador em hospitais garantem a SP recorde na doação de órgãos
Plantão Publicada em 19/10/2009 às 10h49mO Globo

SÃO PAULO - O número de transplantes de órgãos realizados em São Paulo neste ano já supera o recorde de 2008, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. Até o dia 13 de outubro, 543 mortos tiveram seus órgãos - um ou mais - aproveitados em transplantes, 11,7% a mais do que no ano passado.
O total de órgãos transplantados chega a 1.443, o que representa 2,65 órgãos doados por pessoa. Foram realizados até 13 de outubro houve 77 transplantes de coração, 98 de pâncreas, 801 de rim, 443 de fígado e 24 de pulmão.
Em 2008 foram 486 doadores e 1.395 cirurgias.
De acordo com a Secretaria, o crescimento reflete o aprimoramento na captação, com coordenadores em 31 hospitais da rede estadual paulista. Esses profissionais identificam pacientes que possam ser potenciais doadores e acompanham os exames para viabilizar a doação.
Os médicos engajados neste projeto ganham até 4 mil por mês em remuneração extra. Em geral, eles trabalham em UTIs ou são neurologistas, têm bom relacionamento com os demais médicos e conhecem a rotina dos hospitais.
Eles visitam diariamente UTIs, terapias semiintensivas, recuperação pós-anestésica e pronto socorro para verificar a existência de pacientes com suspeita de morte encefálica, condição essencial para a doação, conversar com os chefes de equipe e ajudar na abertura de protocolos para a comprovação do óbito.
A cada notificação de doador potencial feita, uma mensagem de SMS é enviada ao telefone celular do médico da Central de Transplantes.

domingo, 18 de outubro de 2009

eBand Jornalismo

Sábado, 17 de outubro de 2009 - 12h03
Brasil espera aumentar taxa de doação de órgãos em 2010
Karina Gomes cidades@eband.com.br


O número de doações de órgãos no Brasil se mantém estável desde junho deste ano, quando foi registrado um aumento de 24,3% nas doações após a morte. Foram 2.099 transplantes de órgãos entre janeiro e junho, a maioria de rim (30,28%) e fígado (23,17%), de acordo com levantamento do Sistema Nacional de Transplantes. “Até setembro deste ano nós mantivemos esse aumento e se continuar assim será excelente. Temos uma boa taxa de doação no país, são 8,6 doadores por milhão”, disse de Recife ao eBand o presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), Valter Duro Garcia, que acompanhou nesta semana o 11º Congresso Brasileiro de Transplantes.

De acordo com Garcia, o Brasil registrou nos últimos dois anos o melhor índice de doações. De julho de 2007 até 2009, o aumento foi de 52%. “De 2005 até julho de 2007, tivemos uma queda de 35%, mas conseguimos superar essa diminuição nas doações”, afirmou. Em 2004, a taxa de doação era de 7,4 por milhão e, segundo o presidente da ABTO, a expectativa é de que, até 2010, o Brasil atinja a taxa dez doadores por milhão.

Os transplantes de rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão, doados por pessoas vivas ou mortas, subiram 16,31% entre janeiro e junho. O Ministério da Saúde espera que no segundo semestre haja um crescimento de 12,2% nas doações em relação a todo o ano de 2008.

Quando se compara o total de doações de órgãos e tecidos, no entanto, o aumento foi menor. Entre janeiro e junho de 2009, foram 9.664 cirurgias de transplante, apenas 2,83% a mais do que em 2008, de acordo com dados divulgados em setembro pelo Ministério da Saúde.


Congresso

Garcia afirmou que no congresso em Recife os problemas das centrais estaduais estão sendo analisados. “Estamos projetando planos para torná-las mais ágeis”, disse. Segundo ele, novos marcadores serão implantados no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2010 para uniformizar os padrões de classificação dos doadores no país. A OMS (Organização Mundial da Saúde) está usando nova metodologia de análise do processo de doação e quer implantá-la em todos os países.

Com essa nova metodologia, o paciente que está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) será classificado como um “potencial doador”. Se o resultado para morte encefálica for positivo, o paciente é considerado “possível doador”. Caso o resultado de exame médico não apresente contraindicações, ele se torna um “doador elegível”. Após a autorização dos familiares para a doação dos órgãos, a central de transplantes estadual é notificada e o paciente é classificado como “doador efetivo”.

“O paciente só será notificado como doador efetivo se, de fato, os órgãos retirados forem utilizados, porque podem ocorrer problemas como inutilização do órgão antes do transplante”, afirmou. “Isso irá otimizar a sistematização dos dados e mostrar realmente os índices de doação no país. Por falta de uniformidade de classificação entre os países, há várias discrepâncias que, muitas vezes, não são reais”.

O 11º Congresso Brasileiro de Transplantes será realizado até sexta-feira, dia 16, e trará discussões importantes para que o processo de doação seja mais rápido e efetivo no país. “Estamos discutindo técnicas de entrevista familiar, novas ferramentas, e estamos preparando as centrais para aumentar a taxa de efetivação da doação, que atualmente no Brasil é de 40%. E até novos aspectos técnicos como a possibilidade de doadores sem batimentos cardíacos”.

sábado, 17 de outubro de 2009

Jornal Feira Hoje

Publicado em 16/10/2009 10:54:39
Vereador vai elaborar projeto de lei visando incentivar a doação de órgãos em Feira


A acentuada queda no número de doação de órgãos em Feira de Santana e na Bahia deve ser alvo de uma maior atenção por parte dos governantes.
O alerta é do o vereador Ailton Araújo (PSDB), manifestado durante seu pronunciamento realizada na tribuna do legislativo feirense.
Na oportunidade ele chamou a atenção para a queda acentuado, este ano, no tocante as doações de órgãos, o que significa menos vidas salvas.
De acordo com os dados apresentados pelo parlamentar, o estado de Santa Catarina foi o único a apresentar um aumento com 14,7 doadores por grupo de um milhão de pessoas. Enquanto na região do Nordeste, em especial na Bahia, vem apresentando uma queda significativa, perdendo para os estados de Pernambuco e Ceará em número de doadores de órgãos.
“Deve haver uma preocupação maior do Estado e do Município, no sentido de melhor esclarecer a comunidade sobre a importância da doação de órgãos para salvar vidas”. Diante desta preocupante realidade, Araújo está elaborando um projeto de lei propondo que seja realizada uma campanha de conscientização periódica, em Feira de Santana, para o convencimento das pessoas sobre a importância do gesto de quem decide doar seus órgãos pós-morte. O projeto prevê que a campanha seja realizada durante uma semana.
Em Feira de Santana, no ano passado, apenas seis famílias, das 15 que tiveram algum ente vítima de morte encefálica e poderiam doar seus órgãos, fizeram a doação. “Índice baixo e que desperta a preocupação de todos nós enquanto cidadãos”, desabafa o parlamentar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Zero Hora

14 de outubro de 2009 N° 16124

ARTIGOS
Não faltam doadores. Falta doação, por Francisco Neto de Assis*

Segundo o artigo “Sobre os transplantes”, publicado na edição de 7 de outubro de 2009, o principal gargalo na questão dos transplantes de órgãos é a doação.
De fato, essa é uma verdade óbvia.
Entretanto, em que pese o aparente paradoxo levantado pelo autor daquele artigo, segundo o qual o paciente vale mais morto do que vivo, alguns aspectos dessa questão precisam ser esclarecidos.
De fato, costumamos dizer que os doadores existem, o que falta é doação. Segundo pesquisa recente encomendada pela Adote ao Instituto Datafolha, a maioria da população brasileira (64%) acima de 16 anos, independentemente de escolaridade, faixa de renda, classe social e religião, doaria seus órgãos após a morte.
Considerem-se também as seguintes premissas baseadas em estatísticas já bem conhecidas:
a) a prevalência das circunstâncias que levam alguém à situação de morte encefálica, condição para ser um possível doador, é da ordem de 60 a 80 casos por milhão da população por ano;
b) de cada cem famílias brasileiras a quem se oferece a oportunidade de doar os órgãos de um ente querido em situação de morte encefálica, cerca de 70 autorizam a doação.
Desse modo, se todos os diagnósticos fossem notificados para as Centrais de Transplante, existiriam pelo menos entre 11 e 14 mil possíveis doadores por ano, ou entre 7 e 10 mil potenciais doadores (possível doador com autorização familiar).
O que acontece é que menos da metade dos diagnósticos de morte encefálica é notificada.Ora, a notificação do diagnóstico de morte encefálica é um ato médico de natureza compulsória. Logo, a falta de doação é decorrente não da falta de solidariedade da população, mas da falta de oportunidade de manifestar essa solidariedade que a notificação proporcionaria.
O Ministério da Saúde está desenvolvendo uma campanha em que enfatiza este aspecto da notificação, ao chamar a atenção dos profissionais de saúde para o fato de que a vida é feita de conversas e que o nobre ato de identificar possíveis doadores de órgãos e tecidos não acaba nos testes e exames clínicos.
É bom também lembrar que ser doador é mais do que permitir que nossa vida continue na de outros. Ser doador é doar nosso conhecimento, nossas capacidades, nossas habilidades profissionais e pessoais para promover, entre todos, o valor da doação de órgãos.
*Presidente da Adote – Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

pe360graus.com

Domingo - 11/10/09 16h07
Recife sedia o décimo primeiro Congresso Brasileiro de Transplantes
No evento serão apresentadas as obras dos vencedores do Concurso Nacional de Pintura e Poesia Arte de Viver
Da Redação do pe360graus.com
De 13 a 16 de outubro, o Recife sedia o XI Congresso Brasileiro de Transplantes. Profissionais envolvidos com a prática se encontrarão, no Centro de Convenções, para troca de experiências e reciclagem, a fim de aumentar o número de doadores efetivos e transplantes realizados no país.
O Encontro contará com cerca de 1.500 congressistas que participarão das discussões sobre os diversos temas que envolvem o pré-transplante, o transplante e o pós-transplante de diversos órgãos como coração, rim fígado, intestino delgado, córnea, pâncreas, pulmão, entre outros.
Atração à parte, também serão expostas obras vencedoras da quarta edição do Concurso Nacional de Pintura e Poesia Arte de Viver, iniciativa que promove a inclusão social de pacientes transplantados por meio da arte.
A exposição, que contará com 50 pinturas e 10 poesias, ficará instalada no estande do laboratório farmacêutico, durante todo o congresso. As obras fazem parte do livro "Arte de Viver - Poesias e Pinturas", que contempla os premiados no concurso cultural, lançado em São Paulo.
SERVIÇO XI Congresso Brasileiro de Transplantes.
Local: Centro de Convenções - Olinda
Data: 13 a 16 de outubro
Inscrições: no local do evento a partir das 14 horas do dia 12 de outubro de 2009.

sábado, 10 de outubro de 2009

Gazeta de Alagoas

09.10.2009 19h39
Crianças transplantadas em Recife retornam a Maceió
Salvos por transplante de fígado, Rani Kelly e Cleylton recebem alta
Agência Alagoas
As crianças Rani Kelly e Cleylton, submetidos a transplantes de fígado no Hospital Osvaldo Cruz, em Recife, receberam alta médica nesta sexta-feira (9) e já estão de volta a Maceió, em companhia de funcionários da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). “A vida está acima de tudo.

O trabalho integrado de nossa equipe junto ao serviço de excelência que presta a equipe do meu professor e médico, Cláudio Lacerda, foi possível garantir vida nova a estas duas crianças” destacou o secretário da Saúde, Herbert Motta, que também é cirugião.

O retorno das crianças, acompanhadas de suas mães, foi feito em duas camionetes da Sesau. Durante a semana, a equipe de reportagem da assessoria de comunicação da Sesau visitou a casa de apoio Edithe Medeiros.

No Recife, Rani Kelly, que reside em Maceió e Cleylton, em São José da Tapera, enfrentaram uma batalha pela própria sobrevivência e contaram com o apoio de uma casa de passagem mantida pela ONG Núcleo de Apoio aos Portadores de Hepatite (Naphe), ligada ao Instituto do Fígado de Pernambuco (IFP).

As crianças estavam muito bem.“As crianças transplantadas têm uma alegria de viver diferente dos outros”, revelou o cirurgião Cláudio Lacerda, que coordenou o transplante das crianças.O médico Claúdio Lacerda relembrou a chegada de Kleilton à unidade e a importância da agilidade da equipe alagoana no transporte da criança. “Quando o helicóptero de Alagoas pousou no campo de futebol aqui próximo, me fez refletir sobre o potencial do SUS. A situação dele era grave, como todos os pacientes que precisam de transplante de fígado, e somente poderia ser salvo com a cirurgia de imediato”, destacou.

Agilidade no transporte foi decisiva.
Segundo Lacerda, o transplante de fígado é a cirurgia mais complexa realizada no corpo humano, por isso requer uma logística bastante ordenada. “Já enfrentamos casos tão difíceis quanto os de Kleilton e Rane Kelly; o diferencial é a celeridade no transporte, que desta vez foi realizada com uma aeronave oficial para a transferência segura dessas crianças. Se eles estivessem na Suécia não poderiam ter tido acolhimento melhor”, comparou.“Não existe nada mais fascinante e espetacular do que o transplante de fígado, por ser o único procedimento capaz de recuperar a plenitude da saúde daqueles que têm doenças graves no órgão. É um verdadeiro milagre da vida o que acontece com o corpo após a cirurgia e é isso que está ocorrendo com Kleilton e Rane Kelly; eles nasceram de novo e só não voltaram para casa porque suas mães precisam ser bem instruídas sobre alguns cuidados, principalmente com a medicação”, contou Lacerda, antes de liberar os dois pacientes.

Compromisso — Para o secretário Herbert Motta, que também é especialista em transplante de fígado e cuja residência médica foi realizada junto à equipe de Cláudio Lacerda, é papel essencial dos gestores públicos disponibilizarem serviços de saúde humanizados e de alta capacidade resolutiva.“Foi um trabalho integrado que contou com a participação de várias profissionais do HGE, Samu e até da Casa Militar.

A vida está acima de tudo. Tão logo o governador Teotonio Vilela Filho soube da urgência em transportar essas crianças, de pronto cedeu o helicóptero oficial. Conhecemos o drama dos pacientes com patologias graves, principalmente das mães, quando veem seus filhos na lista de espera por um órgão. Nossa missão é contribuir para a excelência no atendimento dos usuários do SUS”, afirmou.Vida nova — Vera Lúcia da Silva, mãe de Kleilton, demonstrou com satisfação o alívio em ter o filho curado e pronto para voltar a brincar com os amigos do Povoado Caboclo, no município de São José da Tapera. “Ele está se recuperando muito bem e daqui a seis meses poderá fazer o que tanto gosta, que é jogar bola.

Os médicos disseram que mesmo curado, é preciso ter alguns cuidados como não andar descalço, tomar os remédios todos os dias e evitar sentar no chão sujo ou colocar a mão no chão”, contou.

Já a mãe de Rane Kelly, Valéria Alves, disse que no próximo dia 15 a menina tem exame marcado no Instituto do Fígado para avaliar seu estado clínico. “Desde 15 dias de vida, Rane já apresentou os sintomas da doença; com dois meses ela se submeteu a uma cirurgia e na época fui informada que no futuro o transplante de fígado seria necessário”.

Solidriedade — A Casa de Apoio Edithe Medeiros acolhe pacientes com doenças do fígado antes e após o transplante, que sejam de baixa renda e oriundas do interior de Pernambuco ou de outros estados. Após a cirurgia no Hospital Oswaldo Cruz, eles passam a ser acompanhados pela equipe médica do Instituto do Fígado de Pernambuco.

Doação — Referência nacional, o programa de transplante de fígado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz foi implantado há dez anos e tem capacidade para realizar cinco cirurgias desse porte por semana. “A tecnologia que dispomos é de ponta, por isso atendemos pacientes de todo o País. Mas ainda esbarramos no baixo número de doadores, que se reflete na morte de muitas pessoas que estão na lista de espera por um órgão”, destacou o cirurgião Cláudio Lacerda.

Ele informou que atualmente existem 250 pacientes na lista de transplante de fígado esperando pela solidariedade dos familiares que perderam um ente querido, que ainda está em condições de salvar a vida de tantos outros. “Se houvesse mais investimento do governo em estruturar as centrais de transplantes e promover campanhas de conscientização, com certeza teríamos mais doadores e mais vidas salvas”.

O programa de transplante de fígado tem sete cirurgiões, divididos em duas equipes: uma para a captação do órgão e outra para o procedimento com o receptor. O custo total de cada transplante para o Sistema Único de Saúde (SUS) chega a quase R$ 80 mil, sendo R$ 73 mil na cirurgia com o receptor e R$ 6 mil na captação.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Zero Hora

07 de outubro de 2009 N° 16117



ARTIGOS
Sobre os transplantes, por Fernando de Oliveira Souza*

Todos sabemos que o principal gargalo na questão dos transplantes de órgãos é a doação.

O que talvez poucos saibam é que a questão da doação está intimamente relacionada à qualidade do serviço de saúde pública que é prestada no país.

Exemplifico com um caso pessoal: em um hospital universitário de referência da região central do Estado, único com estas características que atende pelo SUS uma população de aproximadamente 1,5 milhão de habitantes de 25 municípios vizinhos, chegou, no serviço de emergência, acompanhado pela mãe, um paciente masculino de 22 anos, motoboy, que tinha caído da motocicleta 15 minutos antes, tendo batido a cabeça, que estava protegida com capacete. Devido ao excesso de pacientes presentes no local, o atendimento demorou um pouco mesmo tratando-se de trauma que tem prioridade. Ao ser atendido, o paciente relatou ao médico que estava bem, sentindo somente uma leve dor de cabeça. Ficou então em observação em uma cadeira, já que as macas e leitos estavam todos ocupados no momento. Algumas horas mais tarde, ao ser reavaliado, estava um pouco sonolento, porém respondia com exatidão às perguntas formuladas. Novo período de observação, ao fim do qual estava francamente sonolento respondendo mal às perguntas. Foi, então, indicada tomografia de crânio, a fim de avaliar possível trauma cerebral. Havia muitos pacientes para fazer tomografia e, mesmo tratando-se da prioridade do trauma, foram mais vários preciosos minutos para se constatar, ao final do exame, que havia lesão cerebral difusa, não passível de tratamento cirúrgico. A mãe, durante todo esse período, desde sua chegada, permanecia quieta e apreensiva, limitando-se a observar os fatos que ocorriam.

Uma vez feito o diagnóstico, foi indicada internação no CTI. Novo problema. Não havia vaga disponível mesmo se tratando de trauma em pessoa jovem. A ansiada vaga só se disponibilizou muitas horas mais tarde e, após um período de avaliação segundo protocolo para esses casos, a mãe foi informada de que o filho não apresentava mais atividade cerebral. Sendo assim, paciente jovem, “saudável”, com trauma exclusivamente cerebral, foi indicado como potencial doador de órgãos.

Então, a mãe veio me procurar com a seguinte pergunta: “Doutor, quando o meu filho chegou aqui, ele estava bem, foi deixado em observação no meio de toda aquela gente, ele foi piorando e aconteceram todas aquelas dificuldades para se conseguir o exame e depois para colocá-lo no CTI. Agora, quando me dizem que ele está ‘morto’, vem um avião de Porto Alegre com ‘cinco’ médicos para atendê-lo. Mas do que serve isto agora? Por que não fizeram isto antes, quando ele estava ‘vivo’?”.

Certas perguntas não têm resposta.

O sistema de saúde tem de funcionar bem, para não parecer que o paciente vale mais morto do que vivo.

*Médico e professor universitário.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Folha Online

02/10/2009 - 07h33
Seriado médico que estreia nos EUA aborda transplante de órgãos
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES da Folha de S.Paulo

Vida e morte nas mãos dos médicos sempre renderam boas séries --e bons índices de audiência para a TV. Nada de novo, portanto, que o Universal Channel invista em "Three Rivers", que estreia no Brasil com o menor tempo depois do lançamento nos EUA, apenas 24 dias de diferença.

Divulgação
Aparentemente, 15 anos de "ER" não foram suficientes para esgotar o assunto. O novo seriado mostra o dia a dia do maior hospital de transplantes de Pittsburgh. A equipe viaja para tentar convencer as famílias a ceder os órgãos num momento de extrema tristeza pela súbita morte de um parente.
A criadora, Carol Barbee, resolveu contar esses dramas a partir de três visões: a da família do doador, a dos médicos e a do paciente receptor do órgão. "Nesse sentido, é mais fácil para os médicos, que sabem quais os riscos do procedimento e não têm envolvimento com quem está na sala de operação."
Um sensível bonitão (Andy Yablonski, vivido por Alex O'Loughlin) encabeça o grupo, que ainda conta com uma médica encrenqueira lutando para se firmar no hospital fundado por seu pai, um namorador ateu e egocêntrico e um assistente inexperiente, com poucos conhecimentos sobre o exercício da medicina.
A roteirista, contudo, diz que "não é em formato de novela como "Grey's Anatomy'". "É mais focado nos procedimentos que na vida dos médicos." Ela diz que não sabia muito sobre transplantes até ver um documentário na televisão durante sua pesquisa para desenvolver um novo seriado médico. O mais próximo disso que ela tinha vivido foi quando seu sobrinho de 12 anos teve de fazer um transplante de medula óssea por causa de leucemia.
"A série é sobre segundas chances na vida e o que você faz com elas", define Barbee. "E também para mostrar que nem sempre temos tanto tempo quanto pensamos."
Ela não está preocupada com a concorrência que vai estar no ar simultaneamente. "Sempre houve muitos programas médicos ao mesmo tempo. Assim como as série de detetives e de advogados sempre foram a base da programação das TVs." Não vão faltar lágrimas nas histórias de acidentes que fazem vítimas fatais, famílias desestruturadas e reencontros emocionados com a esperança daquela vida ter algum tipo de continuidade. O choro é certo; a audiência, nem tanto.
Three Rivers
Quando: estreia no dia 28 de outubro, às 23h
Onde: Universal Channel
Classificação: não indicado a menores de 12 anos