segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Jornal do Comércio

Hepatites podem ser contraídas pelas unhas


Manicures e pedicures já integram o grupo prioritário para a vacinação
Jessica Gustafson, especial para o JC
ANA PAULA APRATO/JC


A esterilização do material usado é a melhor forma de prevenir a doença.Manter as unhas sempre bonitas é uma meta de quase todas as mulheres. O que muitas não sabem é que esse ato aparentemente inofensivo de ir à manicure pode vir a trazer sérios problemas. A transmissão do vírus da hepatite C e B pode estar relacionada com a má esterilização dos utensílios que entram em contato com as unhas dos clientes.

A Hepatite C é contraída pelo sangue contaminado e pode se tornar crônica, provocando cirrose e o hepatocarcinoma, proliferação celular anormal maligna do fígado. Já a Hepatite B é mais facilmente transmitida por este meio e também oferece risco de se tornar crônica, se apresentando de forma mais severa em pessoas com baixa imunidade.

“A transmissão ocorre na retirada da cutícula, quando um instrumento não esterilizado causa ferimento – a chamada transmissão vertical. O problema é que muitas vezes não se nota, pois pode não sangrar”, alerta Fabrício de Souza Campos, secretário-executivo da Sociedade Brasileira de Virologia. Segundo ele, a esterilização não se dá só com álcool, precisando o instrumento ficar 15 minutos em temperatura de 121 graus.

Hoje, a fiscalização ainda não é realizada nestes locais e nem padrões são definidos por lei. “O correto seria a inspeção. No momento, não há nenhuma lei que obrigue os estabelecimentos a seguirem estas recomendações”, finaliza Campos.

As manicures e pedicures já integram hoje o grupo prioritário para a vacinação contra a Hepatite B e as doses podem ser encontradas em qualquer posto de saúde durante o ano inteiro. Em 2009, uma pesquisa realizada em São Paulo constatou que 20% das manicures ouvidas no município tinham Hepatite B.

Segundo Eduardo Lutz, médico infectologista, a doença pode ser contraída até mesmo pelo sangue seco. “A Hepatite B sobrevive mais, porém a C é mais perigosa, apresentado apenas 40% de chance de cura”.

Atento a este problema, o Ministério Público do Estado lançou no ano passado a Cartilha Eletrônica de Prevenção das Hepatites Virais, explicando a doença, sua transmissão, prevenção e vacinação. O Ministério da Saúde também lançou uma cartinha instruindo os clientes a levarem seu próprio material aos salões de beleza.