quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Página Einstein

A esperança de volta com o transplante de órgãos


Brasil se prepara para realizar o primeiro transplante multivisceral, em que os órgãos abdominais são transplantados juntos.

Ainda em 2010 poderá ser realizado no Brasil o primeiro transplante multivisceral, em que três ou mais órgãos abdominais – estômago, intestino delgado, pâncreas e fígado – são transplantados juntos, de uma só vez. Indicado nos casos de doenças extremamente graves do aparelho digestivo, esse procedimento é uma das únicas alternativas terapêuticas para pacientes com altíssima probabilidade de morte em curto prazo (dois ou três anos).

O pouco conhecimento das pessoas sobre esse tipo de transplante faz com que se confunda o transplante multivisceral com o de múltiplos órgãos. Na verdade, a única semelhança está no fato de que, em ambos, um mesmo receptor recebe vários órgãos. O multivisceral tem como diferencial técnico o transplante em bloco, enquanto o de múltiplos órgãos é realizado com o transplante de um órgão de cada vez.

Os primeiros transplantes em bloco de órgãos abdominais foram feitos na década de 80 nos Estados Unidos. Nos últimos 10 anos, com o avanço das técnicas cirúrgicas e o aprimoramento dos medicamentos contra rejeição, o procedimento passou a apresentar excelentes resultados. Levantamentos de centros médicos norte-americanos e ingleses mostram que, um ano após terem sido submetidos ao transplante multivisceral, 70% a 80% dos pacientes apresentam qualidade de vida muito boa.

Por ter indicações bastante específicas, o volume de transplantes multiviscerais é pouco representativo. Mesmo em países onde é praticado há anos, como os Estados Unidos e a Inglaterra, não são feitos mais do que 50 por ano. No Brasil, estima-se que 400 pessoas sejam elegíveis para esse tipo de procedimento. São portadores de problemas como obstrução de veias abdominais, doenças congênitas do aparelho digestivo e tumores envolvendo várias vísceras abdominais. Crianças com malformação intestinal ou que precisaram ter grande parte do intestino removida também são candidatas ao procedimento.

Centros médicos norte-americanos e ingleses mostram que, um ano após terem sido submetidos ao transplante multivisceral, 70% a 80% dos pacientes apresentam qualidade de vida muito boa.

Instituições de referência na realização de transplantes no Brasil vêm trabalhando com o Ministério da Saúde em prol da regulamentação dos transplantes multiviscerais. Com isso, o procedimento seria incluído no Programa Nacional de Transplantes, tornando-se acessível pelo Sistema Único de Saúde.

Para que essas instituições realizem o procedimento no Brasil com os mesmos índices de segurança e êxito dos países de referência, será necessária a implantação de uma infraestrutura complexa de tecnologia hospitalar, que vai além do treinamento das equipes – cirurgiões, anestesistas, profissionais de laboratórios, nutricionistas, etc. É preciso criar um sistema de acompanhamento pós-operatório, pois pacientes submetidos a esses transplantes devem realizar semanalmente um grande número de exames a fim de monitorar o sucesso do procedimento.

Mas, em se tratando de custo/benefício, não há dúvida de que a relação é amplamente compensadora. Afinal, não pode haver benefício maior do que oferecer a alguém com risco de morte iminente a possibilidade de uma sobrevida com qualidade.

Fonte:

http://www.einstein.br/pagina-einstein/Paginas/a-esperanca-de-volta-com-o-transplante-de-orgaos.aspx