sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Portal RPC.com.br

Saúde
Paraná tem queda no número de transplantes
No caso do pâncreas/rim, diminuição chegou a 81%. Gripe suína foi um dos motivos.

Publicado em 19/11/2009 Aline Peres e Jennifer Koppe

A queda do número de transplantes de coração, pâncreas/rim e medula óssea, percebida nos últimos meses pelos hospitais de Curitiba, tem causado preocupação.

Segundo registros da Associa­­ção Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), de janeiro a setembro deste ano o Paraná registrou queda de 33% no número de transplantes de coração em relação ao mesmo período do ano passado. O de pâncreas/rim caiu 81% e o de medula óssea, 43%. Os únicos procedimentos que apresentaram aumento em 2009 foram de rim (17%) e de fígado (18%).
Quatro fatores são apontados como os principais responsáveis pelo quadro:
a gripe A (H1N1), que lotou as unidades de tratamento intensivo (UTI) dos hospitais;
o baixo número de notificações de potenciais doadores pelas equipes médicas à Central Estadual de Transplantes (CET);
a falta de valorização e capacitação dos profissionais responsáveis pela captação e manejo de órgãos;
e os problemas na abordagem às famílias que, por sua vez, ainda não têm consciência da importância da doação de órgãos.
Mudanças podem aumentar a captação

A assistente social Edi Gláucia Repula, da Central de Trans­plan­tes, diz que algumas medidas estão sendo tomadas ainda este ano para melhorar o número de doações no estado.
Hora delicada
Falta informação às famílias
A intensificação de programas de conscientização da população é uma solução apresentada pelo cirurgião cardíaco Sérgio Lopes, da Santa Casa, para melhorar os números relativos aos transplantes. “Ainda não sabemos lidar muito bem com a questão da morte. A maioria das famílias não sabe se o paciente é doador de órgãos ou não. É importante conversar sobre o assunto em vida. Todo paciente é potencial doador por lei, mas nós, médicos, não podemos passar por cima da decisão da família”, lembra.
A assistente social da Central Estadual de Transplantes Edi Gláucia Repula conta que, durante uma semana, a central ficou sem receber nenhuma doação de córnea. A recusa das famílias em doar os órgãos do paciente falecido é o principal motivo apontado por ela. “Entre os meses de setembro a outubro, 40% das famílias abordadas optaram por não doar os órgãos”, conta.
O vereador Zé Maria (PPS) propôs um projeto de lei na Câmara Municipal de Curitiba para incrementar as campanhas de esclarecimento dentro das instituições de saúde. Na opinião dele, médicos e enfermeiros envolvidos diretamente com as famílias de potenciais doadores seriam mais competentes na abordagem, se fossem treinados a esclarecer dúvidas sobre como ocorre a morte encefálica, aspectos éticos da doação e sobre a troca de experiências da família do doador com a do receptor. (AP e JK)
Muito a melhorar ainda
Segundo o presidente da Associa­ção Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Valdir Garcia Duro, o Paraná ainda não conseguiu atingir a sua meta, que é de 10 doadores ativos por milhão de habitantes até 2010 – hoje são apenas 6,4. Espírito Santo e Minas Gerais já alcançaram esse número, en­­quanto São Paulo e Santa Catarina já estão em 17 por 1 milhão.
Na opinião do médico, uma central de transplantes atuante, intensivistas motivados e treinados, equipes de captação que trabalhem 24 horas e famílias bem orientadas fazem parte deste pacote.
De acordo com o relatório apresentado pela Central Estadual de Transplantes, o estado está, lentamente, dando sinais de melhora. No último ano, o número de notificações subiu 5% e de doadores efetivos, 42%. Porém, o número de doadores de múltiplos órgãos caiu em torno de 17%. Ou seja, nem todos os órgãos dos doadores estão sendo aproveitados para os transplantes. (AP)
Enquanto isso, 4.161 pacientes aguardam na fila de espera por um órgão. Caso do assistente comercial aposentado Raimun­do Nonato de Souza, 46 anos, que sofre de insuficiência renal crônica desde 2002 e está há mais de três anos na fila dos transplantes à espera de um rim. Desde que descobriu a doença, Raimundo precisa se submeter a sessões de hemodiálise, na Santa Casa de Miseri­córdia de Curitiba, três vezes por semana. “Preciso do transplante para poder me livrar da máquina, mas, como eu não tenho nenhum doador compatível na família, o jeito é esperar. Não sei quando vou conseguir. Dizem que pode demorar 5, até 7 anos”, conta.
Em vários hospitais do estado, entre eles a Santa Casa, o númerode doações de órgãos caiu significativamente em 2009. Segundo o cirurgião cardíaco Sérgio Lopes, o número de transplantes cardíacos realizados pela instituição – que é referência neste tipo de procedimento – caiu 50%. Nos últimos onze meses, o hospital realizou 12 transplantes de coração. Durante o mesmo período do ano passado, tinha feito 24. Os transplantes de rim e de fígado também registraram queda em relação a 2008.
Lopes conta que, durante o surto da gripe suína, o hospital ficou dois meses sem realizar nenhum pro­­cedimento. “Como as UTIs es­­tavam lotadas de pacientes infectados com o vírus, não tínhamos condições de receber nenhum pa­­ciente em pré-transplante.

O surto passou, mas não houve recuperação nas doações, principalmente de coração. Acredito que o principal problema esteja na falta de profissionais capacitados para manejar os órgãos. O coração é muito mais sensível do que o fígado, o rim ou a córnea”, lembra.
Valorizar os médicos intensivistas, que em muitos casos são responsáveis por comunicar à central a existência de doadores, é fundamental, segundo ele. “Hoje, menos de 50% das notificações se tornam doações efetivas. O papel desses profissionais também é muito importante para que todo o sistema funcione”, explica.
Sem registros

Os hospitais Evangélico, das Clíni­cas e Angelina Caron também ti­ve­­ram queda no número de transplantes. No Evangélico, não há re­­gistro de transplantes desde setembro. Até agosto, apenas 16 procedimentos foram realizados. No mesmo período de 2008, foram 19.
Já o Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, fez apenas cinco transplantes de órgãos em 2009. Nos meses de se­­tembro e outubro, a instituição não recebeu nenhum órgão pela cen­­tral. O chefe da equipe da Ne­­fro­­logia do hospital, o médico Car­­los Gustavo Marmanillo, também cita problemas no processo de captação e a gripe A como os principais fatores que influenciaram a falta de órgãos para transplantes. “A gripe gerou muita fo­­bia na população. Além disso, to­­das as cirurgias entre vivos marcadas du­­rante julho e agosto tiveram de ser remarcadas para não superlotar as UTIs”, conta.

domingo, 15 de novembro de 2009

e-Band/Jornalismo

Domingo, 15 de novembro de 2009 - 10h47
Brasil estuda mudar legislação de doação de órgãos
Karina Gomes
cidades@eband.com.br

O ano de 2010 pode ser de avanço para a ampliação das doações e transplantes de órgãos no Brasil.
Técnicas de remoção depois de o doador sofrer parada cardíaca podem ser adotadas no país, de acordo com Valter Duro Garcia, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
De acordo com o atual regulamento do Sistema Nacional de Transplantes, podem doar órgãos e tecidos apenas pacientes que sofreram morte encefálica "Para fazer o procedimento após ocorrer uma parada cardíaca, não exclusivamente pela morte encefálica, será necessária uma mudança na legislação brasileira", afirmou Garcia.
Espanha, Holanda, Inglaterra, França e Estados Unidos usam técnicas para retirar órgãos após a parada cardíaca por causa do baixo número de mortes encefálicas. "Pela qualidade de vida, há poucos derrames. Também houve queda nas mortes violentas. Geralmente, a morte encefálica ocorre em pessoas idosas, cujos órgãos não serão adequados para uma criança, por exemplo", disse.
O procedimento consiste em fazer massagem cardíaca no paciente por 40 minutos para tentar reanimá-lo. Caso não reaja, outra equipe faz nova massagem por mais cinco minutos para manter a viabilidade do funcionamento dos órgãos. No paciente, é colocada uma máquina extra-corpórea que bombeia sangue por duas horas pra todo o corpo para manter os órgãos vivos. Outra possibilidade é a implantação de um catéter no coração que joga solução gelada no organismo.
Se a família autorizar a doação, os órgãos são retirados. "Isso exige mais agilidade e equipamentos mais avançados", avaliou Garcia. "Essa discussão deve começar no ano que vem no Brasil. A implantação dessas novas técnicas seria gradual. Nos primeiros dois anos, apenas três ou quatro hospitais mais capacitados do país poderiam implantar esse método", afirmou.
Segundo Garcia, novos marcadores de doação e transplantes serão implantados um Brasil a partir de 1º de janeiro de 2010.
Para uniformizar o padrão de classificação dos doadores no mundo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) elaborou uma nova metodologia de análise do processo de doação e deve implantá-la a partir de março de 2010 na rede de saúde mundial.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

diamundialdodiabetes.org.br


Dia Mundial do diabetes - 14 de novembro

Houve um grande crescimento no número de casos de diabetes tipo 2 em todo o mundo. Em 1985, era estimado haver 30 milhões de pessoas com diabetes. Em 1995, esse número já ultrapassava os 150 milhões.
De acordo com as estatísticas da IDF (International Diabetes Federation), atualmente o número já supera os 250 milhões. Se nenhuma atitude eficiente de prevenção for feita, a IDF estima que o número total de pessoas com diabetes em 2025 alcançará os 380 milhões. Já o diabetes tipo 1 não pode ser prevenido. Mesmo assim, a cada ano aumentam os casos registrados.
Veja dados estatísticos da IDF:
Estima-se que metade das pessoas com diabetes desconheça a própria condição. Em países em desenvolvimento, essa estimativa chega a 80%;
Estudos mostram que exercícios físicos e dieta equilibrada previnem 80% dos casos de diabetes tipo 2;
Pessoas com diabetes tipo 2 têm o dobro de chances de sofrer um ataque cardíaco;
Até 2025, o maior aumento na incidência do diabetes está previsto para os países em desenvolvimento;
Em 2007, os cinco países com os maiores números de pessoas com diabetes eram: Índia (40,9 milhões), China (39,8 milhões), Estados Unidos (19,2 milhões), Rússia (9,6 milhões) e Alemanha (7,4 milhões);
Em 2007, os cinco países com a maiores prevalência de diabetes na população adulta eram Nauru (30,7%), Emirados Árabes Unidos (19,5%), Arábia Saudita (16,7%), Bahrein (15,2%) e Kuwait (14,4%);
A cada ano 7 milhões de pessoas desenvolvem diabetes;
A cada ano 3,8 milhões de mortes são atribuídas ao diabetes. Um número maior de mortes provenientes de doenças cardiovasculares pioradas por desordens lipídicas relacionadas ao diabetes e por hipertensão;
A cada 10 segundos uma pessoa morre de causas relacionadas ao diabetes;
A cada 10 segundos duas pessoas desenvolvem diabetes;
O diabetes é a quarta maior causa mundial de morte por doença;
O diabetes é a maior causa de falência renal em países desenvolvidos e é a maior responsável por grandes custos de diálise;
O diabetes tipo 2 se tornou a causa mais freqüente de falência renal nos países ocidentais. As incidências registradas variam entre 30% e 40%em países como Alemanha e EUA;
10 a 20% das pessoas com diabetes morrem de falência renal;
É estimado que mais de 2,5 milhões de pessoas no mundo estão afetadas pela retinopatia diabética;
A retinopatia diabética é a maior causa de perda de visão de adultos em idade laboral (20 a 60 anos) em países com indústrias;
Em média, pessoas com diabetes tipo 2 têm sua expectativa diminuída em 5 a 10 anos em relação a pessoas sem diabetes, principalmente por causa de doenças cardiovasculares;
As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte no diabetes, respondendo por 50% das fatalidades e por muitas inaptidões;
Pessoas com diabetes tipo 2 estão cerca de duas vezes mais suscetíveis a um ataque cardíaco ou derrame do que as que não tem diabetes. Na verdade, pessoas com diabetes tipo 2 são tão suscetíveis a um ataque cardíaco quanto pessoas sem diabetes que já tiveram um ataque.
Leia Também:
Dados Recentes Reacendem a Polêmica Sobre o Número de Pessoas com Diabetes no Brasil
Dados sobre Diabetes Mellitus no Brasil
Sociedade Brasileira de Diabetes – sede - Rua Afonso Brás, 579, salas 72/74, Vila Nova Conceição, CEP: 04511-011 - São Paulo - SP, Telefax (11) 3846-0729.

Estadão

TRF manda governo pagar transplante
13/11/2009

Um médico brasileiro do SUS vai acompanhar a cirurgia na criança de sete anos que tem doença raraUma cirurgia de transplante de fígado em uma criança portadora da doença conhecida como "xarope de bordo" terá que ser financiada pelo Governo do Estado, conforme ordem judicial.
O Tribunal Federal da 5ª Região (TRF-5) manteve a decisão da 5ª Vara da Justiça Federal no Ceará que, ao julgar Ação Civil Pública interposta pelo Ministério Público Federal (MPF), havia determinado a realização da cirurgia.
A enfermidade, pouco comum, caracteriza-se pela deficiência na metabolização de alguns aminoácidos e, na sua forma mais grave, pode causar danos ao sistema neurológico.
Conforme a sentença, proferida ontem pelo desembargador Rogério Fialho Moreira, o menor A.B.L, sete anos, deverá ter todo o seu tratamento pago. "Determino que financiem a operação de transplante hepático, custeando também as despesas de deslocamento e estadia da criança e de um de seus pais", descreve em seu parecer.
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) diz desconhecer a decisão. De acordo com a assessoria de imprensa, nenhum documento judicial foi encaminhado ao órgão. No entanto, caso este chegue, será avaliado e cumprido, já que se trata de uma liminar da Justiça.
Considerando que o direito à saúde é dever do Estado e a urgência do tratamento, foi determinado que o Sistema Único de Saúde (SUS) destacasse um médico brasileiro para acompanhar o transplante da criança nos EUA.
Desse modo, o profissional de saúde terá acesso ao procedimento cirúrgico e poderá repassar o conhecimento adquirido para outros médicos no Brasil, o que irá beneficiar inúmeros pacientes portadores da mesma doença.
Multa
O descumprimento da decisão, de acordo com Fialho Moreira, "implicará no pagamento de multa diária de R$ 10 mil a cada um dos entes promovidos", afirmou o juiz.
No mérito do recurso, a União alegou que a cirurgia poderia ser realizada no Brasil.
No entanto, os transplantes de fígado em crianças realizados aqui pertencem a uma modalidade comum, e o tratamento nesse caso requer transplante de fígado com manejo metabólico.Sem esse procedimento, poderia ocorrer descompensação metabólica capaz de provocar danos neurológicos e até mesmo a morte do paciente.
De acordo com a assessoria da Procuradoria Regional da República da 5ª Região, a União havia questionado também a legitimidade do MPF para ajuizar a Ação Civil Pública em defesa de um direito individual. A alegação não foi aceita pela Primeira Turma do TRF-5. O MPF argumentou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) autoriza o Ministério Público a se utilizar da ação na defesa dos interesses individuais, difusos ou coletivos relacionados à infância e à adolescência.No caso específico, o direito individual à saúde de um menor.
Embora o caso seja grave e necessite de resolução urgente, ainda não foi definido o dia em que será realizado o transplante, tampouco a data da viagem.
De acordo com a Secretaria da Saúde, essas questões só serão definidas após o recebimento da decisão judicial.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Paraná- Oline

10/11/2009 às 00:00:00 - Atualizado em 09/11/2009 às 22:35:49
Homem recebe o primeiro coração artificial do Paraná
Leonardo Coleto

Um procedimento inédito na medicina paranaense, realizado pela equipe cardiológica do Hospital Milton Muricy, em Curitiba, trouxe mais esperança para uma família.
O fato aconteceu na última quarta-feira, quando um homem de 30 anos foi surpreendido por uma inflamação no coração denominada miocardite, doença que compromete rapidamente o funcionamento do órgão.
Para continuar vivo, o paciente tinha apenas um caminho: receber um coração artificial, tratamento raro e considerado de alto custo no Brasil. Foi o que aconteceu.
Em todo o País apenas dez pessoas já foram dependentes do aparelho, que é importado dos Estados Unidos e indicado para casos extremos de assistência cardíaca terminal.
No entanto, segundo o coordenador de cirurgia cardiovascular do hospital, Vinicius Woitowicz, pacientes que são submetidos ao coração artificial podem ficar assim apenas durante um ano.
“Quanto mais tempo ele permanecer ligado à máquina, mais debilitada sua saúde vai ficar. Por isso, após essa implantação existem dois caminhos para seguir. Um deles é manter o paciente ligado ao coração até que a inflamação diminua ou, caso isso não aconteça, partir para o transplante de coração, alternativa mais indicada”, explica.
Antes de receber o coração artificial, Woitowicz explica que o paciente passou por vários procedimentos que não trouxeram sucesso ao caso. “Tratamos inicialmente com medicamentos, mas não houve melhoras. Depois optamos pelo balão intraórtico, que diminuiu a inflação, mas não trouxe evolução. Por isso escolhemos o coração artificial”, diz.
Segundo o especialista, a miocardite não apresenta sintomas. “É uma fatalidade, não podemos prever essa inflamação”, admite Woitowicz.
Doação
Para trazer uma solução não apenas para o caso desse paciente, mas para o de inúmeras pessoas que estão na fila à espera de um transplante de órgão, o cirurgião cardiovascular Luiz Cesar Guarita, que também participou do procedimento inédito no Estado, alerta para a conscientização em se tornar um doador.
“A doação de órgãos só traz vantagens para a sociedade, pois representa a possibilidade de recuperar a vida daqueles debilitados”, diz.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), atualmente existem 75 pessoas na fila à espera de um coração.
Em 2008, 35 pessoas passaram pelo transplante e receberam um novo órgão. Em 2009 foram 18.
Além de Woitowicz e Guarita, foram responsáveis pelo procedimento o coordenador de cardiologia Rubens Darwich e o cardiologista Francisco Pupo, ambos ligados ao hospital Milton Muricy. O nome do paciente não foi informado por questões éticas.

sábado, 7 de novembro de 2009

Agência Câmara

Aconteceu - 06/11/2009 18h38
Trabalho aprova nova regra para abono de falta de doador de sangue
Laycer Tomaz

Mabel: substitutivo define prazos diferentes para homens e mulheres, nas doações de sangue, de acordo com normas de saúde.

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público aprovou na quarta-feira (4) o direito de o trabalhador do setor privado gozar de falta justificada a cada 60 dias, se for homem, e 90 dias, no caso das mulheres, quando for doar sangue.
Atualmente, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT - Decreto-Lei 5.452/43) abona apenas uma falta a cada 12 meses por motivo de doação.A proposta foi aprovada na forma do substitutivo do relator, deputado Sandro Mabel (PR-GO), ao Projeto de Lei 69/07, do deputado Felipe Bornier (PHS-MG), e aos PLs 1006/07, 1196/07, 1566/07, 4934/09, 4416/08, 4679/09 e 5244/09, apensados.
O relator ressalta que todas as propostas buscam criar incentivos à doação de sangue, algumas limitando o número de dias que podem ser abonados num ano, outras ainda tratando da doação de tecidos, órgãos e partes do corpo.Mabel optou por determinar intervalos mínimos, de acordo com as normas de saúde.
Por isso, o substitutivo determina prazos diferentes para homens e mulheres.
Doador de medula
O relator também determinou que a falta justificada atenderá quem coletar sangue para inscrição no cadastro nacional de doadores de medula óssea, o que só ocorrerá uma vez. No caso de doação de órgãos e tecidos e mesmo para o transplante de medula, o número de dias a serem abonados será determinado por critérios médicos.
A proposta de Felipe Bornier estabelecia regras tanto para trabalhadores do setor privado, que teriam direito a mais um dia de férias após comprovar quatro doações consecutivas de sangue a hemocentros públicos, quanto para os do setor público, que receberiam um dia a mais em sua licença-prêmio na mesma situação. Porém, como lembra o relator, é de competência privativa da Presidência da República legislar sobre servidores públicos, por isso ele restringiu a proposta ao setor privado.
Mabel não se pronunciou sobre os PLs 3248/08 e 4919/09, que obrigam a oferta de alimento ao doador de sangue no local onde ocorrer a coleta. O deputado argumenta que não cabe à Comissão de Trabalho, segundo o Regimento Interno da Câmara, analisar o mérito desses projetos.
Tramitação
A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será analisada ainda pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Íntegra da proposta:- PL-69/2007

Reportagem - Vania AlvesEdição - Marcos Rossi(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara')Agência CâmaraTel. (61) 3216.1851/3216.1852Fax. (61) 3216.1856E-mail:agencia@camara.gov.br

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

NOTÍCIAS ATX-BA

No próximo dia 17.11.2009 a ATX-BA estará comemorando dez anos de existência dedicados à causa dos transplantes e doação de órgãos.
Várias ações serão realizadas pela ATX-BA para marcar este dia:

* Em 06.11.09 a ATX-BA fará palestra sobre Transplantes e Doação de Órgãos em Audiência Pública sobre esta temática, proposta pela Vereadora Eron Vasconcelos, que será realizada na Rua Rui Barbosa, Ed. Bahia Center, Auditório Bahia Center, Centro, Salvador/Bahia, às 09:00HS.
Aproveitamos para convidar todos que estejam interessados neste tema de vital importância para milhares de pessoas no Brasil e na Bahia.

* Até o final do mês estaremos lançando um novo site da ATX-BA, no qual os interessados poderão encontrar muitas informações sobre transplantes e doação de órgãos e tecidos.

*Participaremos do Bazar de Natal do Tribunal de Justiça visando promover a venda de bijuterias produzidas pelos associados que participam do Projeto de Inserção Social da ATX-BA através do Artesanato Mineral com pedras preciosas e outros insumos.
Bazar de Natal do Judiciário
Data: 24 a 27.11.09
Local: Praça de Serviços do TJBA – CAB
Horário: das 10 às 17HS.






terça-feira, 3 de novembro de 2009

Tribuna do Norte

“O Brasil ainda está na fase assistencial”
Publicação: 03 de Novembro de 2009 às 00:00

A médica Mary Evelyn Dantas é potiguar e pioneira no transplante de medula óssea no Brasil. Ela foi uma das fundadores do Programa Nacional de Transplante de medula, em 1982, e mora há 23 anos nos Estados Unidos. Na última quinta-feira, a médica proferiu uma palestra no programa de divulgação científica Quinta da Ciência sobre os avanços em ciências médicas. Mary Evelyn também conversou com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE sobre o tratamento com transplante de medula, as possibilidades de cura, além do desenvolvimento do programa nacional de transplantes.
Elisa Elsie
A possibilidade de encontrar um doador compatível dentro da família, entre irmãos, é de uma em quatro. Ou seja, 25%”Para a médica, o Programa implementado no Brasil é “muito bom”, embora o país ainda precise avançar quanto ao número de doadores voluntários e no financiamento de pesquisas científicas. “No Brasil, não existe ainda uma consciência e um compromisso das empresas privadas, por exemplo, em contribuir com a ciência”, afirma.
O que é o transplante de medula óssea?
O transplante de medula óssea é um tratamento que é feito para pacientes que têm determinados tipos de doenças hematológicas, do sangue. Quando um tratamento precisa de muitas doses de radiação e quimioterapia para se debelar um câncer se destrói a medula óssea também. Então o transplante de medula óssea vem para fazer um resgate da medula destruída. O transplante em si pode ser feito através da aspiração da medula óssea dos ossos da bacia ou com a coleta de células-tronco que são produtoras das células sanguíneas a partir de medicamentos administrados junto aos doadores. Os medicamentos mobilizam as células-tronco que vão circular no sangue periférico.
Hoje, quando a gente fala em transplante de medula óssea existem várias fontes onde essas células podem ser obtidas. Eles podem ser obtidas tanto na medula quanto no sangue periférico ou ainda no cordão umbilical. Essas são as três fontes.
Então, o tratamento com transplante é feito para dar o suporte para a destruição medular que o tratamento do câncer realizou. Essa é uma das indicações. A outra indicação é porque a imunologia do doador pode debelar o câncer. As células do doador vão reconhecer as células do câncer como se não fossem suas e vai haver uma reação imunológica contra isso. Ainda há a indicação de transplante para quando a medula óssea está doente propriamente, quando ela não está funcionando totalmente ou parcialmente.
Como é feita a substituição?
É como se fosse uma transfusão de sangue. Mas é mais complexo porque para que o indivíduo receba a medula sem rejeição é importante usar medicações que acabam deixando o indivíduo mais susceptível a infecções até que a medula óssea consiga produzir normalmente.
Em termos leigos, a medula óssea é responsável pela renovação do sangue?
É. A medula óssea é o órgão que fabrica o nosso sangue. Fabrica as células que carregam o oxigênio, que são as células vermelhas, e as células brancas, responsáveis pela defesa do organismo, além das plaquetas, responsáveis pela coagulação. Nem sempre a indicação de transplante é para quando existe leucemia... Nem sempre. Existe a indicação nos casos que eu falei, no caso de algumas anemias genéticas e em alguns tipos de tumores, de câncer. Mas não é necessariamente a primeira linha de combate ao câncer. O transplante é usado como consolidação do tratamento, para verificar e garantir que aquele câncer não retorne.
A questão da compatibilidade é o maior empecilho?
Sim. A medula óssea pode ser reconhecida como não sendo do indivíduo. Então é muito importante que se determine se aquele doador é a melhor opção para que a medula seja aceita pelo corpo do receptor. Diferente do transplante de órgãos sólidos, onde se transplanta um rim e o indivíduo pode reagir e rejeitar aquele rim, a medula é o próprio órgão que faz esse reconhecimento. Então, ela reconhece a pele, o fígado, a caixa intestinal, etc. Se não for compatível, a medula reconhece todos esses órgãos como não sendo do indivíduo e essa medula pode reagir contra o próprio indivíduo. Isso pode causar uma doença, chamada a doença do enxerto contra o hospedeiro. Então, os resultados do transplante com relação às complicações são menores quando o doador é compatível.
Se houver um grau de parentesco é mais fácil atingir essa compatibilidade?
A possibilidade de encontrar um doador compatível dentro da família, entre irmãos, é de uma em quatro. Ou seja, 25%. Porque o filho tem a genética do pai e da mãe. Mas existe a possibilidade de se encontrar doadores entre indivíduos que não são aparentados. Mesmo assim, esse transplante ainda é mais complicado do que se fosse entre irmãos.
Se a possibilidade mais alta é de 25%, quando se trata de irmãos, então a compatibilidade é difícil de se achar?
É, sim. Mas isso depende do número de doadores voluntários. Quanto maior for o número de doadores não-aparentados, maior será a chance de encontrar alguém compatível. Hoje, nos Estados Unidos, a possibilidade de se encontrar um doador compatível é de 80%. Ou seja, é bastante alta. Os bancos de doadores são muito grandes porque já existe uma conscientização das pessoas de que é importante ser voluntário. E não há nenhuma perda para os doadores. Você doa e não perde absolutamente nada porque a medula óssea se regenera. E como a doação pode ser feita através de sangue se tornou um procedimento muito mais simples sem a necessidade de cirurgia.
Esse outro método está disponível no Brasil?
O transplante não-relacionado e o de cordão umbilical já estão disponíveis no Brasil. O mais complicado é o transplante entre pessoas não aparentadas, dependendo do doador, porque pode haver complicações severas e de difícil tratamento.
A senhora participou da criação do Programa Nacional de Transplante de medula Óssea... Nós fomos um dos pioneiros na implantação do Programa no Instituto Nacional do Câncer. Esse trabalho que desenvolvemos por cinco anos no Rio de Janeiro criou uma plataforma de expansão do Programa para todo o Brasil. Até então, o paciente brasileiro que precisasse de um transplante teria que ir para o exterior para se tratar. Então houve a política de se investir nos profissionais que já tinham experiência no exterior e que poderiam aplicar essa tecnologia.
Qual era o ano?
1982. Essa é a data de criação do Programa do Centro Nacional de medula Óssea. E nós levamos em torno de dois anos para criar a estrutura técnica e profissional para fazer o programa. E o primeiro transplante de medula óssea foi em 1984. Foi uma paciente que tinha falência medular, não produzia nenhum sangue e esta paciente é hoje a mais longa sobrevivente de transplante no Brasil.
Como a senhora avalia a política nacional de transplante de medula óssea?
O sistema nacional é muito bom. Porque ele começou certo e sabendo que o transplante não é a cura para todos os pacientes e todas as doenças. Então, no Brasil, se criou uma política baseada na opinião dos especialistas e não dos políticos. De tal forma que hoje se faz no Brasil o transplante para aquelas condições onde existem os melhores resultados. O percentual de cura desse tipo de tratamento pode ser tão alto quanto 80% ou tão baixo como 20%. No Brasil, não se faz esse de 15% ou 20%, nas diretrizes do SUS, que é quem arca com os custos. Os resultados no Brasil são semelhantes aos de outros países de ponta no mundo.
E com relação ao banco de doadores?
Na questão do banco de doadores, o importante é a conscientização da população. É saber que doar é muito fácil e pode salvar vidas. O mais importante no Brasil é aumentar o número de pessoas que voluntariamente são doadores de medula, como são de sangue. O que não é muito simples, porque não há um comprometimento histórico e cultural com ser doador.
Nos Estados Unidos a possibilidade de se encontrar um doador é de 80%, como a senhora falou. E no Brasil?
No Brasil, eu não tenho esses dados consolidados, mas acredito que seja em torno de 30%. E o Brasil por ser um país muito miscigenado não tem grandes possibilidades de encontrar doadores compatíveis em bancos internacionais. Nos Estados Unidos, por exemplo, há dificuldade de conseguir doadores negros e latino-americanos porque a representação dessas pessoas nos bancos de doadores é pequena.
Em relação à pesquisa, o Brasil deve alguma coisa aos grandes centros?
Deve sim. As fontes financeiras de apoio e investimento para se fazer uma pesquisa, nos Estados Unidos, são muito grandes. No Brasil não existe ainda uma consciência e um compromisso das empresas privadas, por exemplo, em contribuir com a ciência. O Brasil ainda está na fase assistencial, naquela fase imediata. Mas o Brasil em algumas áreas está no mesmo nível que os Estados Unidos. A questão é que as fontes de fomento para produzir ciência ainda são muito limitadas. Nos Estados Unidos, existe o recurso federal, estadual, privado e principalmente filantrópico, de pessoas que doam dinheiro para se fazer ciência. No Brasil, tudo ainda é muito centrado no governo federal

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mais Comunidade.com

País pode adotar nova técnica de transplante de órgãos em três anos
Flávia Albuquerque

Em pelo menos três anos o país pode começar a usar para transplante o coração de quem morre nas emergências de hospitais ou que tem morte encefálica.
A técnica de transplantar coração que já parou de bater é considerada nova e já é adotada em outros países com sucesso.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Valter Garcia, que participou do simpósio Doação e Órgãos e Transplante no Brasil: Situação Atual e Propostas de Aprimoramento, na Sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), esse processo requer uma série de aprimoramentos do sistema de saúde, além de mudanças na legislação e informação da população. "
Porque uma pessoa que chega na emergência e morre ali, se for colocada em circulação extra corpórea rapidamente, pode ter alguns órgãos que ficam viáveis por algumas horas.
Mas hoje no Brasil é proibido mexer no cadáver sem autorização da família. Vamos ter que mudar a lei, mas para isso temos que passar por programas e entrevistas na mídia explicando para a população para que ela peça essa alteração?.
De acordo com Garcia, esse tipo de doador tem aumentado de 20% a 40% o número de transplantes no mundo. No Brasil esse número pode chegar a 20%, pelo menos. ?Nós sempre teremos mais necessidade do que doadores. A não ser que mude o paradigma e passemos a utilizar o doador após a parada do coração, porque o número de morte encefálica é menor do que o número de pessoas que ingressam em fila [de transplante].
Garcia disse que a situação atual dos transplantes é mais confortável do que era três anos atrás. Ele explicou que a melhora ocorreu de 1997 a 2004 e de 2005 até o primeiro semestre de 2007, a partir de quando houve uma queda. Em seguida houve uma recuperação que já passou os níveis de 2004. Mas o caminho é muito árduo porque nós temos que, nos próximos 10 anos pelo menos, duplicar o número de transplantes e de doações no país porque a demanda é muito grande. A fila está aumentando. Nós só vamos equilibrar a fila possivelmente daqui a dez anos.
Entre os órgãos mais demandados estão os rins, com 34 mil pessoas na fila em todo o país. Acontecem no país cerca de 13 mil mortes encefálicas, das quais 6 mil são notificadas e apenas 1,3 mil se tornam doadores. A cada ano, aproximadamente 13 mil pessoas entram na fila do transplante. "Por isso, só com doador em morte encefálica não vamos terminar com a fila.
No caso do rim, a fila é grande porque o paciente conta com a diálise, que o mantém vivo enquanto o transplante não ocorre.
No caso dos transplantes de fígado, explicou Garcia, a entrada na fila é praticamente igual à de pacientes de rim, mas quem não consegue o transplante acaba morrendo rapidamente.
No caso de transplante de córneas a entrada de pacientes na fila é maior, mas como é mais fácil obter córneas, a fila não permanece grande. As córneas para doação podem ser retiradas até seis horas depois da parada do coração.
A fila está quase desaparecendo em todos os estados, principalmente em São Paulo. Possivelmente em dois ou três anos, se continuar melhorando, podemos chegar próximo de zero.
Para transplantes de coração a lista de espera é pequena, porque há diversos medicamentos que evitam a necessidade do transplante. No entanto, quando o paciente entra na fila, já está muito doente.
Garcia ressaltou que São Paulo é o estado onde mais se fazem transplantes no Brasil em números absolutos, porque tem a maior população. Em números relativos, aparecem Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Esses três são os que têm o sistema mais organizado. Muita gente vai para esses estados, mas as pessoas do Norte e Nordeste também vão para o Ceará, que tem o sistema muito organizado também. Segundo o médico, esse deslocamento é dificultoso e o ideal seria que houvesse condição de realizar transplantes em cada estado ou região.
Para isso falta organização, educação, equipamentos, hospitais e profissionais capacitados, equipes 24 horas por dia, senão perde-se o doador.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CapitalNews.com.br

Saúde - 29/10/2009 - 13:00
"Falta solidariedade" diz presidente da Associação de Renais Crônicos em relação aos transplantes.

O Ministério da Saúde anunciou na semana passada (21), mudanças nas regras para transplantes no país. As novas medidas tem como objetivo principal, agilizar a fila de mais de 64 mil pessoas que esperam por todos os tipos de órgãos.
Entre todas as medidas anunciadas, está a permissão para doação entre pessoas vivas sem vínculo de parentesco, o que antes era proibido. Nos casos de pessoas vivas, só é possível a doação de um rim, já que a pessoa possui dois, e uma parte do fígado, que se regenera, tanto para quem faz a doação, quanto para quem recebe. No entanto, a medida não é muito comum, mesmo entre os familiares do paciente, que não se dispõe a doar.
O Capital News visitou a Associação do Doentes Renais Crônicos e Transplantados de Mato Grosso do Sul, que cuida de pacientes da Capital e do interior que aguardam na fila o transplante e que também já conseguiram o órgão. A entidade foi criada em 1985 por pacientes e médicos e atende cerca de 350 pacientes carentes.
Lá são distribuídos medicamentos fornecidos pela Sesau (Secretaria de Estado de Saúde), cestas básicas, carne e leite, vindos de doação e compra feita por meio de convênio com a Prefeitura Municipal.
Na associação, todas as pessoas que participam da diretoria são renais crônicos ou transplantados. Uma dessas pessoas, é a presidente da Entidade, Maura Jorge Souza Trindade, que recebeu um rim novo há 13 anos. Ela explica que ficou três anos e três meses na hemodiálise, já que não tinha nenhum parente que podia doar, e os filhos eram menores de idade. “O meu rim veio de um cadáver”, disse ela.
Maura diz que a vida de uma pessoa na máquina de hemodiálise é muito difícil. “Você não pode fazer nada. São duas, três vezes por semana, quatro horas por dia. Não pode comer nada, e quando acaba, a vontade maior é de tomar água”, explica.
Segundo ela, muitas pessoas poderiam viver melhor se houvesse mais solidariedade. Maura afirmou que existem pacientes que além dos problemas renais possuem outras complicações e por isso não podem fazer transplante, porém existem muitos que estão com a saúde em dia só na espera de um órgão.
“Às vezes a pessoa tem doador vivo e a família não quer doar. Isso é muito triste. Nós temos um caso aqui, o moço está na máquina há oito anos já”, informa.
A presidente diz que a falta de informação da sociedade é um grande problema. “As pessoas pensam que se doar um rim vai morrer, vai ficar aleijado, igual a pessoa que está recebendo. E não é nada disso, vai viver bem, assim como eu, com um rim só”, destaca e agradece por nunca ter tido problemas com o órgão novo.
A mesma sorte, porém, não teve a tesoureira da entidade, Márcia Vanderléia Antunes, de 32 anos, que há 10 faz hemodiálise. Ela explica que começou a fazer com 22, e depois de oito anos conseguiu um transplante, também de um doador morto.
O transplante faz dois anos que aconteceu, porém não deu certo. “Fiquei quatro meses com ele [rim] trabalhando bem devagar, e aí com cinco meses eu tive que tirar”, explicou Márcia.
Ela revela que atualmente faz sessões três vezes por semana, e os médicos dizem que ela precisa de outro transplante. “Eles dizem que eu preciso, mas eu não estou preparada para isso. Sabe, nesse período que eu fiquei com o rim, eu sofri bastante”, afirmou.
Apesar das dificuldades, Márcia sempre sorridente, diz que já se adaptou com a rotina e com as limitações e leva uma vida normal. Segundo ela, falta muita orientação para as pessoas sobre transplante, principalmente entre pessoas vivas.
“Muita gente tem medo, devia ter palestras, falar sobre a doação de órgãos. Muitas pessoas com quem eu falo, não sabem nem o que é isso”, afirma.
Além de atendimento social, a entidade presta informações para pacientes que sofrem do mesmo problema, como tratamento e remédios. Para se cadastrar na Associação, é preciso levar CPF, RG, comprovante de residência e cartão do SUS. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira das 8h30 às 17 horas.

Por: Nadia Nadalon-estagiária (www.capitalnews.com.br)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Diario de Pernanbuco

Transplante: crianças como prioridade
Nova lei // Se o doador tiver a mesma faixa etária, menores de 18 anos serão os primeiros a receberem órgãos
De criança para criança, o presente da vida. Hector Costa tinha só 11 anos quando foi submetido a um transplante. Tão jovem e já doente renal crônico, havia passado um ano e meio em diálise peritoneal e três meses em hemodiálise, tratamentos que cumprem a função dos rins, de eliminação de substâncias tóxicas. Foi quando, em um momento de dor profunda, uma família resolveu doar os órgãos de uma menina de sete anos que havia morrido atropelada. Hector foi presenteado com um rim. O garoto hoje é adulto. Tem 32 anos e é ator e produtor cultural. Cresceu e permanece até hoje com aquele rim, da criança de sete anos. Nunca mais fez hemodiálise. Leva uma vida normal. A partir desta semana, todos os jovens com menos de 18 anos terão a mesma chance de Hector. Terão prioridade no transplante quando o doador tiver a mesma faixa etária.
A mudança faz parte das novas regras incluídas no Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes, que foi assinado pelo ministro da Saúde José Gomes Temporão e aguarda publicação no Diario Oficial, o que possivelmente ocorrerá hoje.
E terá impacto, principalmente, nos transplantes de rins, que hoje levam em consideração, acima de tudo, a compatibilidade entre a identidade genética - o HLA (anticorpo leucocitário humano) de doador e receptor.
Por esse critério, as crianças saem perdendo na disputa por um motivo simples: são minoria. Em Pernambuco, há 1.956 pessoas na lista de espera por um rim. Apenas cerca de 20 deles têm menos de 18 anos. Com a mudança, o órgão (não apenas o rim) de um doador com menos de 18 anos só beneficiará um adulto caso não seja possível doá-lo a um jovem. De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, Zilda Cavalcanti, é mais comum fazer transplante de fígado e coração de doador menor de 18 anos para outro jovem na mesma faixa etária por causa dos critérios de peso e altura, que precisam ser compatíveis.
Sem contar que, em fígado, é levado em consideração um indicador de gravidade numérico que é mutiplicado por três quando o paciente é criança, colocando-a como prioridade em relação ao adulto.
Segundo o chefe da Unidade Renal Pediátrica do Instituto de Medicina Integral (Imip), José Pacheco, a prioridade das crianças está na pauta há muito tempo. Chegou a ser realidade em Pernambuco, antes da mudança de escolha pelo critério HLA, o que teve sério impacto no transplante para crianças. "Durante um ano, a gente não conseguiu transplantar sequer um órgão de doador cadáver (para criança)", disse Pacheco. Há cerca de um ano, em Pernambuco, os jovens que dependem de transplante renal voltaram a ter prioridade quando o doador tem menos de 18 anos, graças a um acordo assinado por todos os transplantadores do estado, com anuência da central transplantadora do estado.
Mas, segundo Zilda Cavalcanti, isso acontece de forma excepcional. "Não é rotina por precisar de regulamentação", disse Zilda. Mas agora vai ser. E os motivos para a mudança são muitos. "Se a criança recebe o rim de um indivíduo mais jovem, a sobrevida desse órgão vai ser maior do que se pegar o rim de uma pessoa de 50 anos", afirmou Pacheco. E quanto menos tempo em diálise a criança passar, menos comprometimentos de crescimento e desenvolvimento ela terá.

domingo, 25 de outubro de 2009

globo.com

G1 Brasil- Notícias
/ brasil / Transplantes

O Portal de Notícias da Globo
24/10/09 - 12h00 - Atualizado em 24/10/09 - 12h00
Mudança de regras divide pacientes na fila de transplantes
Menores de 18 anos terão prioridades após alterações.Representantes de entidades que tratam do assunto elogiaram mudanças
.
Marília Juste Do G1, em São Paulo

As mudanças nas regras para transplantes divulgadas nesta semana pelo Ministério da Saúde dividiram as opiniões dos mais interessados: aqueles que estão na fila por um órgão. No entanto, as alterações foram bem recebidas por dirigentes de entidades que tratam do assunto.
“São normas muito positivas e demonstrações de que o Brasil está no caminho certo nesse assunto”, afirma Ben-Hur Ferraz Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
A avaliação é a mesma de Térsio Genzini, coordenador médico da Associação para a Pesquisa e Assistência em Transplantes (APAT).
“Várias dessas regras já eram práticas comuns em São Paulo. Agora o governo está expandindo isso para o resto do país. É uma boa medida que dá credibilidade a todo o processo”, diz ele.

saiba mais
Menores de 18 anos terão prioridade na fila de transplante, diz Ministério
Entre os pacientes, no entanto, as opiniões estão divididas. Alyne Novaes, de 30 anos, na fila por um rim há dois anos e nove meses, concorda com as mudanças – principalmente com a priorização de menores de idade para receber órgãos de doadores da mesma faixa etária.
Geraldo de Oliveira e Alyne Novaes, que buscam transplantes de rim, concordam com a priorização dos jovens.
“Crianças, adolescentes, jovens têm que ter prioridade mesmo porque eles não viveram nada ainda. E é muito triste ficar preso na espera de um transplante. Isso não é vida para uma criança. Já é muito ruim para a gente que é mais velho, mas a gente entende melhor, aguenta melhor”, afirma. “É vantagem para eles, é desvantagem para a gente, que fica para trás. Mas eu acho que está certo”, acredita.
Esse é o segundo transplante que Alyne espera. Diabética desde os três anos de idade, ela perdeu a função do rim há dez anos. Ficou com o primeiro rim que recebeu por oito anos até precisar de um novo transplante. E, agora, duplo. “Preciso de um rim e de um pâncreas. Nem sei como é não estar doente. Onde eu vou, a insulina está comigo”, conta ela.
É muito triste ficar preso na espera de um transplante. Isso não é vida para uma criança"
Geraldo de Oliveira, de 65 anos, perdeu a função dos rins e agora tenta um lugar na fila. Ele também concorda com a priorização dos mais jovens. “É lógico que eu também quero um rim. "Eu preciso de um rim. Mas eu acho importante para os jovens também. Eles ainda têm muita coisa pela frente”, afirma.
Na fila há quatro anos e meio por um fígado, Eliana Favero, de 52 anos, não concorda tanto com as mudanças. “Eu entendo que os jovens precisam, mas o problema é maior que isso. Tenho um amigo de 33 anos que fez transplante de pulmões. Ele estava quase morto. O órgão veio de um jovem de 18 anos. Hoje ele não teria conseguido o transplante”, afirma.
"Eu preciso de um órgão, eu posso morrer por uma série de complicações, mas eu fico deixada na fila"
Com uma doença genética rara que atacou seu fígado, Eliana também critica os critérios para a organização da fila. “As pessoas com a minha doença, por ser especialmente rara, são prejudicadas, porque o nosso risco de morte pela doença não muda muito. Eu preciso de um órgão, eu posso morrer por uma série de complicações, mas eu fico deixada na fila. É uma loteria, quanto pior você está mais pontos ganha”, explica.
Não estou reclamando que as outras pessoas tenham o órgão na minha frente. Elas têm que ter, elas precisam ter. Não sou contra a lei, mas o governo também deveria olhar para a gente. Tem hora que eu me sinto um número. Essas regras ajudaram 80%, mas, nós, os 20%, fomos prejudicados”, afirma Eliana.
Para o vice-presidente da ABTO, o problema de pacientes como Eliana não são os critérios para a priorização dos pacientes, mas a falta de doadores. “Os critérios usados para decidir quem recebe qual órgão são claros e baseados nas melhores evidências médicas que temos à nossa disposição. A solução para esse tipo de problema não é mudar o critério mas aumentar as campanhas e fazer de tudo para que aumente o número de doações”, afirma Ferraz Neto.
“Quanto mais órgãos tivermos, mais poderemos avançar na fila e atender a todos os casos”, explica.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Tarde Online

23/10/2009 às 00:59 ATUALIZADA às 01:03


Mais de 60% das famílias recusam-se a doar órgãos
Helga Cirino*, do A TARDE


Fernando Vivas / Agência A TARDE
Jane Miranda fez transplante de pâncreas e ressalta a importância da doação .

A prioridade para crianças e adolescentes de até 18 anos na fila para receber órgãos de doadores da mesma faixa etária, uma das novas regras para transplantes no País, foi bem recebida por militantes da causa. A coordenadora da Associação de Pacientes Transplantados do Estado da Bahia (ATX) Márcia Chaves acredita que, será possível aumentar o banco de doações na Bahia, que, segundo ela, “é muito pequeno”. Atualmente, há 3.808 pessoas na fila por transplantes no Estado. A maioria, 2.618, espera por um rim.
Para o titular da Coordenação do Sistema Estadual de Transplantes (Coset), Eraldo Salustiano de Moura, o maior desafio para o aumento do número de transplantes no Estado é a recusa das famílias em doar os órgãos das vítimas de morte encefálica . “Neste ano, em Feira de Santana, 100% das famílias entrevistadas não aceitaram doar os órgãos de seus familiares com diagnóstico de morte encefálica. Em Barreiras 80% recusaram e em Salvador, 60% disseram não”, informou ele.
De acordo com as estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes, a Bahia está em 10° lugar em número de transplantes no País. Atrás de outros estados nordestinos como Pernambuco e Ceará, que estão em 4° e 7° lugares, respectivamente, no ranking nacional. O primeiro é o Estado de São Paulo, com 3.902 transplantes realizados neste ano. A Bahia realizou 131.
Salustiano também vê com otimismo a nova regulamentação. Ele aposta principalmente na maior disponibilidade de recursos para o trabalho de capacitação dos profissionais de saúde para a abordagem das famílias nas unidades hospitalares. “É preciso muito investimento em educação para o convencimento das famílias em permitir a doação dos órgãos”.
A nova regulamentação do Sistema Nacional de Transplantes foi anunciada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anteontem e passará a vigorar a partir de sua publicação no Diário Oficial da União.
A coordenadora da ATX, Márcia Chaves também comemorou as novas regras que permitem que doadores que tenham alguma doença transmissível, como hepatite, possam doar seus órgãos a pacientes que tenham a mesma enfermidade. “Os transplantados devem ter muita consciência quando tomarem a decisão de aceitarem o transplante com ‘órgãos marginais’, mas a mudança vai salvar muitas vidas”, alertou.
Transplantados - Para a transplantada Jane Miranda, advogada aposentada, uma das melhores mudanças é a transparência que vai proporcionar o novo programa. “Permitirá à equipe médica a atualização online do prontuário do paciente e quem estiver à espera de um órgão também poderá ver na internet a sua posição e o andamento da fila”, comemorou.
De acordo com ela, o grande avanço na Bahia será conseguir executar as mudanças. “Seria uma vitória se os pacientes pudessem acompanhar tudo pela internet”, afirmou Jane.
Ela ressalta a importância de uma política de transplante na Bahia. “Que vai incentivar tanto a doação de órgãos quanto a necessidade de sobrevida dos pacientes”, alertou
. A mulher descobriu que tinha diabetes em 1995, depois de receber uma das melhores notícias de sua ida: a de que estava grávida.
Ela lutou por sete anos pela vida até que conseguiu um doador. “Fiz o primeiro transplante de pâncreas da Bahia”. Hoje com o filho aos 14 anos, ela esbanja alegria. “Meu filho é muito lindo, a coisa mais linda do mundo. Defendo a causa dos transplantados e sempre defenderei”, afirmou.
A transplantada Margareth de Lourdes Soares, 32 anos, administradora, também acredita que a lei só vai beneficiar a política de doações de órgãos. “O aproveitamento de órgãos marginais só vai aumentar os índices de transplantados na Bahia, além de fornecer uma sobrevida a milhões de pacientes”, disse.
Ela realizou um transplante de córnea em 1999. “Um simples gesto de um familiar de uma vítima trouxe luz a minha vida. Hoje posso ver”, contou orgulhosa.
Outras mudanças - A doação entre não aparentados que, pela regra antiga, era feita com autorização judicial, gora terá que passar pelo aval de uma comissão de ética formada por funcionários dos hospitais.
O impacto da implementação da nova legislação, que inclui aumento nos valores pagos pelo SUS a procedimentos ligados a transplantes, será de R$ 24,1 milhões no orçamento do Ministério da Saúde até o final do ano que vem. Segundo o coordenador da Coset, desses recursos em torno de R$ 3 milhões serão destinados para a Bahia.
*Colaborou Maiza de Andrade

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Portal da Saúde - MS

21/10/2009 , às 15h45
MS anuncia investimentos de R$ 24,1 milhões em transplantes

Ministério dobra valores de procedimentos de captação de órgãos e acrescenta ações para incentivar realização de transplantes. Ministro divulga novo regulamento técnico.


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, assinou nesta quarta-feira (21) uma série de portarias para aprimorar o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Entre as medidas anunciadas no evento realizado do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (NERJ), as principais são a mudança de valores pagos por procedimentos e a incorporação de novas ações envolvendo transplantes. Os investimentos serão de R$ 24,1 milhões neste ano e no próximo.
“As medidas anunciadas hoje tem duas facetas, ampliar e sensibilizar a população a se declarar doadora e ao mesmo tempo inovar em mecanismos que ampliem a captação de órgãos e, portanto, a realização de tranplantes”, declarou o ministro. “Esse conjunto de medidas com certeza vai impactar essas pessoas que aguardam ansiosamente por um órgão em uma fila de espera”, acrescentou.
O valor pago pelo MS pelos procedimentos de captação de órgãos, por exemplo, vai dobrar (veja quadro abaixo), gerando um impacto de R$ 6,4 milhões nos dois anos. Entre as ações que vão pagar o dobro à equipe envolvida, estão a entrevista com a família do doador e a manutenção hemodinâmica desses prováveis doadores. Além disso, novos procedimentos, como consulta de acompanhamento pré-transplante, avaliação dos possíveis doadores, cirurgias para obtenção de tecidos humanos e processamento de pele, serão incorporados ao orçamento – o que terá um custo de R$ 14,3 milhões em 2009 e 2010 (veja quadro).
O Ministério também quer aumentar o número de transplantes de pele e ossos. Para isso, anuncia desdobramentos de procedimentos relacionados à doação de tecidos com o objetivo de permitir a integração de mais equipes. Isso ocorrerá mesmo em estados que ainda não tenham bancos de tecidos. “A retirada e o processamento de pele são procedimentos completamente novos no SUS”, afirmou Alberto Beltrame, secretário nacional de Atenção à Saúde.
O transplante de pele é indicado para tratar grandes queimaduras. Além de amenizar o sofrimento dos pacientes, é uma terapia salvadora de vidas que ganha maior importância pelo fato de as queimaduras extensas serem muito prevalentes em crianças.
O Ministério autoriza ainda a criação de bancos multitecidos, conferindo melhor aproveitamento à capacidade já instalada para processamento de tecidos humanos e otimizando os novos investimentos nesta área.
Dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde mostram que o número de transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido, subiu 24,3% no primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. “Esse é o momento de comemorar os resultados alcançados, mas também de aprimorar o sistema”, ponderou Beltrame.
Tabela 1: Novos valores para procedimentos de transplantes (Em R$)
Procedimento Valor atual Novo valor
Manutenção e taxa de sala 450,00 900,00
Retirada de coração 585,00 1.170,00
Ret coração p valvas 130,00 260,00
Retirada de fígado 1.170,00 2.340,00
Retirada globo ocular uni/bilateral 161,19 322,38
Retirada pâncreas 1.170,00 2.340,00
Retirada pulmões 1.170,00 2.340,00
Retirada rins cadáver 585,00 1.170,00
Coordenação sala 200,00 400,00
Diária de UTI * 363,31 508,63
Entrevista familiar doador ME 210,00 420,00

Tabela 2: Novos procedimentos
Procedimento Valor (Em R$)
Entrevista familiar doador coração parado 420,00
Avaliação do doador de órgãos e tecidos para transplantes 215,00
Acompanhamento de pacientes no pré transplante 135,00
Retirada de tecido ósteo-condro-fascio-ligamentoso 1.170,00
Retirada de pele 1.170,00
Processamento de pele (até 1000 cm²) 259,13
Processamento de pele (até 500 cm²) 259,13

NOVAS REGRAS – O Ministério investe também na transparência das regras para transplantes no país. Durante o evento, o ministro José Gomes Temporão assinou a consolidação do Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes.
O texto base foi publicado no ano passado e levado à consulta pública. Com sugestões de sociedades científicas, organizações não governamentais, gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) e órgãos ligados ao MS, o regulamento ficou mais completo, claro e eficiente.
Em sua redação final, o regulamento traz informações importantes sobre as inscrições e os procedimentos relacionados aos transplantes. Uma das mudanças é o refinamento dos critérios de distribuição de órgãos com normas claras para garantir a segurança biológica. “Criamos mecanismos legais para consolidar o que antes estava na esfera das boas práticas, ou seja, impedir a transmissão de doenças por transplantes. Órgãos de um doador que tenha hepatite C, por exemplo, passam a poder ser transplantados em um paciente que também seja portador do mesmo vírus, e sob seu consentimento formal”, explicou Rosana Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). As equipes transplantadoras também precisam dar o consentimento. As definições complementam os preceitos da Lei Brasileira de Transplantes.
As novas regras atingem também as doações intervivos de doadores não aparentados. Atualmente, esse tipo de procedimento precisa ser autorizado pela Justiça. De acordo com o novo regulamento, o transplante precisará passar pelo crivo de uma comissão de ética formada por funcionários do hospital onde será realizado o procedimento. Só com a aprovação dessa comissão é que o caso segue para análise judicial. “Isso é importante porque são os profissionais dos hospitais que sabem em que condições aquela doação acontecerá”, argumentou Rosana Nothen.

O que mudou com o Regulamento Técnico do SNT
- Doadores que tenham alguma doença transmissível passam a poder doar para pacientes que tenham a mesma enfermidade.
- A ficha do paciente deve estar sempre atualizada
- Pessoas abaixo de 18 anos passaram a ter prioridade para receber órgãos de doadores da mesma faixa etária.
- Todas as crianças e adolescentes passaram a ter direito a se inscrever na lista para um transplante de rim antes de entrar na fase terminal da doença renal crônica e de ter indicação para diálise.
- Criação de organizações de procura de órgãos.
- A doação intervivos de doador não aparentado passa a precisar de autorização de uma comissão de ética formada por funcionários dos hospitais.
ORGANIZAÇÃO - A atualização de dados dos pacientes na lista de transplantes era uma recomendação na normatização anterior. O atual regulamento trouxe ajustes para fazer com que isso seja feito de forma mais sistemática e automaticamente pela equipe transplantadora. “Criamos mecanismos de controle mais estreitos. O paciente para continuar na lista esperando um transplante deve manter sua ficha atualizada, mostrando que está em condições de receber o órgão ou o tecido”, detalhou a coordenadora do SNT.
No evento desta quarta, o ministro anunciou um novo sistema informatizado que irá promover um avanço do processo de informação, permitindo maior transparência à lista de espera. Nesse banco de dados, os pacientes poderão consultar sua posição na lista de espera e a equipe deverá manter os prontuários atualizados. “Isso fará com que a atualização seja mais ágil”, comentou Rosana Nothen.
Critérios que antes eram apenas conceitos viraram regras após a consulta pública. Um exemplo é o benefício que pessoas abaixo de 18 anos passaram a ter ao receber prioritariamente órgãos de doadores da mesma faixa etária. Todas as crianças e adolescentes passaram a ter direito a se inscrever na lista para um transplante de rim antes de entrar na fase terminal da doença renal crônica e de ter indicação para diálise.
AGILIDADE No lançamento do novo regulamento, o ministro anunciou também o plano nacional de implantação de organizações de procura de órgãos. São equipes que atuarão em diversos hospitais buscando facilitar a doação de órgãos. “A ideia é agilizar e criar órgãos de assessoria técnica, distribuídos por todo o Brasil, para auxiliar os coordenadores hospitalares e os médicos intensivistas na identificação e manejo adequado nos casos de morte encefálica”, afirmou Rosana Nothen. “Essas organizações vão melhorar a estruturação da captação de órgãos”, acrescentou Beltrame.
Durante o evento, o ministro recebeu de Gerson Martins, representante do Conselho Federal de Medicina, os originais de um manual de utilização do protocolo de diagnóstico da morte encefálica. Esse texto atende a uma reivindicação da classe médica e será reproduzido pelo Ministério da Saúde e distribuído a todos os médicos do país.
PRÊMIO – O SNT divulgou também os vencedores do prêmio Destaque na Promoção da Doação de Órgãos – que condecora entidades e pessoas que contribuíram para a melhoria da doação de órgãos no país. Na categoria pessoa jurídica, a Rede Globo é a vencedora. Na pessoa física, o médico Agenor Stallini Ferraz.
As indicações para o prêmio foram feitas pelas centrais estaduais de transplantes. Com as realizações de cada indicado em mãos, um grupo formado por integrantes do Ministério da Saúde escolheu os vencedores. Os dois selecionados receberão o troféu na quarta-feira.
PARCERIA No mesmo evento, o ministro José Gomes Temporão lançou o selo Organização Parceira dos Transplantes. “É uma forma de reconhecer esforços de entidades e organizações para o aperfeiçoamento do sistema”, diz Beltrame. As primeiras organizações que receberam o prêmio foram as empresas aéreas Webjet, TAM, NHT e Gol - Varig. A condecoração será dada por conta da atuação dessas companhias no transporte gratuito de órgãos a serem transplantados.
O Ministério aproveitou o lançamento do selo para renovar com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) o termo de cooperação para aumentar o transporte de órgãos no país, envolvendo novas companhias aéreas em atividade, adequando-se assim ao atual cenário da malha aérea brasileira.
Todas as ações têm como objetivo a ampliação da captação de órgãos e tecidos no Brasil e o conseqüente aumento do número de transplantes realizados.
Outras informações(61) 3315 3580 ou (61) 3315 2351

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Globo

Caçadores de doador em hospitais garantem a SP recorde na doação de órgãos
Plantão Publicada em 19/10/2009 às 10h49mO Globo

SÃO PAULO - O número de transplantes de órgãos realizados em São Paulo neste ano já supera o recorde de 2008, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. Até o dia 13 de outubro, 543 mortos tiveram seus órgãos - um ou mais - aproveitados em transplantes, 11,7% a mais do que no ano passado.
O total de órgãos transplantados chega a 1.443, o que representa 2,65 órgãos doados por pessoa. Foram realizados até 13 de outubro houve 77 transplantes de coração, 98 de pâncreas, 801 de rim, 443 de fígado e 24 de pulmão.
Em 2008 foram 486 doadores e 1.395 cirurgias.
De acordo com a Secretaria, o crescimento reflete o aprimoramento na captação, com coordenadores em 31 hospitais da rede estadual paulista. Esses profissionais identificam pacientes que possam ser potenciais doadores e acompanham os exames para viabilizar a doação.
Os médicos engajados neste projeto ganham até 4 mil por mês em remuneração extra. Em geral, eles trabalham em UTIs ou são neurologistas, têm bom relacionamento com os demais médicos e conhecem a rotina dos hospitais.
Eles visitam diariamente UTIs, terapias semiintensivas, recuperação pós-anestésica e pronto socorro para verificar a existência de pacientes com suspeita de morte encefálica, condição essencial para a doação, conversar com os chefes de equipe e ajudar na abertura de protocolos para a comprovação do óbito.
A cada notificação de doador potencial feita, uma mensagem de SMS é enviada ao telefone celular do médico da Central de Transplantes.

domingo, 18 de outubro de 2009

eBand Jornalismo

Sábado, 17 de outubro de 2009 - 12h03
Brasil espera aumentar taxa de doação de órgãos em 2010
Karina Gomes cidades@eband.com.br


O número de doações de órgãos no Brasil se mantém estável desde junho deste ano, quando foi registrado um aumento de 24,3% nas doações após a morte. Foram 2.099 transplantes de órgãos entre janeiro e junho, a maioria de rim (30,28%) e fígado (23,17%), de acordo com levantamento do Sistema Nacional de Transplantes. “Até setembro deste ano nós mantivemos esse aumento e se continuar assim será excelente. Temos uma boa taxa de doação no país, são 8,6 doadores por milhão”, disse de Recife ao eBand o presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), Valter Duro Garcia, que acompanhou nesta semana o 11º Congresso Brasileiro de Transplantes.

De acordo com Garcia, o Brasil registrou nos últimos dois anos o melhor índice de doações. De julho de 2007 até 2009, o aumento foi de 52%. “De 2005 até julho de 2007, tivemos uma queda de 35%, mas conseguimos superar essa diminuição nas doações”, afirmou. Em 2004, a taxa de doação era de 7,4 por milhão e, segundo o presidente da ABTO, a expectativa é de que, até 2010, o Brasil atinja a taxa dez doadores por milhão.

Os transplantes de rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão, doados por pessoas vivas ou mortas, subiram 16,31% entre janeiro e junho. O Ministério da Saúde espera que no segundo semestre haja um crescimento de 12,2% nas doações em relação a todo o ano de 2008.

Quando se compara o total de doações de órgãos e tecidos, no entanto, o aumento foi menor. Entre janeiro e junho de 2009, foram 9.664 cirurgias de transplante, apenas 2,83% a mais do que em 2008, de acordo com dados divulgados em setembro pelo Ministério da Saúde.


Congresso

Garcia afirmou que no congresso em Recife os problemas das centrais estaduais estão sendo analisados. “Estamos projetando planos para torná-las mais ágeis”, disse. Segundo ele, novos marcadores serão implantados no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2010 para uniformizar os padrões de classificação dos doadores no país. A OMS (Organização Mundial da Saúde) está usando nova metodologia de análise do processo de doação e quer implantá-la em todos os países.

Com essa nova metodologia, o paciente que está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) será classificado como um “potencial doador”. Se o resultado para morte encefálica for positivo, o paciente é considerado “possível doador”. Caso o resultado de exame médico não apresente contraindicações, ele se torna um “doador elegível”. Após a autorização dos familiares para a doação dos órgãos, a central de transplantes estadual é notificada e o paciente é classificado como “doador efetivo”.

“O paciente só será notificado como doador efetivo se, de fato, os órgãos retirados forem utilizados, porque podem ocorrer problemas como inutilização do órgão antes do transplante”, afirmou. “Isso irá otimizar a sistematização dos dados e mostrar realmente os índices de doação no país. Por falta de uniformidade de classificação entre os países, há várias discrepâncias que, muitas vezes, não são reais”.

O 11º Congresso Brasileiro de Transplantes será realizado até sexta-feira, dia 16, e trará discussões importantes para que o processo de doação seja mais rápido e efetivo no país. “Estamos discutindo técnicas de entrevista familiar, novas ferramentas, e estamos preparando as centrais para aumentar a taxa de efetivação da doação, que atualmente no Brasil é de 40%. E até novos aspectos técnicos como a possibilidade de doadores sem batimentos cardíacos”.

sábado, 17 de outubro de 2009

Jornal Feira Hoje

Publicado em 16/10/2009 10:54:39
Vereador vai elaborar projeto de lei visando incentivar a doação de órgãos em Feira


A acentuada queda no número de doação de órgãos em Feira de Santana e na Bahia deve ser alvo de uma maior atenção por parte dos governantes.
O alerta é do o vereador Ailton Araújo (PSDB), manifestado durante seu pronunciamento realizada na tribuna do legislativo feirense.
Na oportunidade ele chamou a atenção para a queda acentuado, este ano, no tocante as doações de órgãos, o que significa menos vidas salvas.
De acordo com os dados apresentados pelo parlamentar, o estado de Santa Catarina foi o único a apresentar um aumento com 14,7 doadores por grupo de um milhão de pessoas. Enquanto na região do Nordeste, em especial na Bahia, vem apresentando uma queda significativa, perdendo para os estados de Pernambuco e Ceará em número de doadores de órgãos.
“Deve haver uma preocupação maior do Estado e do Município, no sentido de melhor esclarecer a comunidade sobre a importância da doação de órgãos para salvar vidas”. Diante desta preocupante realidade, Araújo está elaborando um projeto de lei propondo que seja realizada uma campanha de conscientização periódica, em Feira de Santana, para o convencimento das pessoas sobre a importância do gesto de quem decide doar seus órgãos pós-morte. O projeto prevê que a campanha seja realizada durante uma semana.
Em Feira de Santana, no ano passado, apenas seis famílias, das 15 que tiveram algum ente vítima de morte encefálica e poderiam doar seus órgãos, fizeram a doação. “Índice baixo e que desperta a preocupação de todos nós enquanto cidadãos”, desabafa o parlamentar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Zero Hora

14 de outubro de 2009 N° 16124

ARTIGOS
Não faltam doadores. Falta doação, por Francisco Neto de Assis*

Segundo o artigo “Sobre os transplantes”, publicado na edição de 7 de outubro de 2009, o principal gargalo na questão dos transplantes de órgãos é a doação.
De fato, essa é uma verdade óbvia.
Entretanto, em que pese o aparente paradoxo levantado pelo autor daquele artigo, segundo o qual o paciente vale mais morto do que vivo, alguns aspectos dessa questão precisam ser esclarecidos.
De fato, costumamos dizer que os doadores existem, o que falta é doação. Segundo pesquisa recente encomendada pela Adote ao Instituto Datafolha, a maioria da população brasileira (64%) acima de 16 anos, independentemente de escolaridade, faixa de renda, classe social e religião, doaria seus órgãos após a morte.
Considerem-se também as seguintes premissas baseadas em estatísticas já bem conhecidas:
a) a prevalência das circunstâncias que levam alguém à situação de morte encefálica, condição para ser um possível doador, é da ordem de 60 a 80 casos por milhão da população por ano;
b) de cada cem famílias brasileiras a quem se oferece a oportunidade de doar os órgãos de um ente querido em situação de morte encefálica, cerca de 70 autorizam a doação.
Desse modo, se todos os diagnósticos fossem notificados para as Centrais de Transplante, existiriam pelo menos entre 11 e 14 mil possíveis doadores por ano, ou entre 7 e 10 mil potenciais doadores (possível doador com autorização familiar).
O que acontece é que menos da metade dos diagnósticos de morte encefálica é notificada.Ora, a notificação do diagnóstico de morte encefálica é um ato médico de natureza compulsória. Logo, a falta de doação é decorrente não da falta de solidariedade da população, mas da falta de oportunidade de manifestar essa solidariedade que a notificação proporcionaria.
O Ministério da Saúde está desenvolvendo uma campanha em que enfatiza este aspecto da notificação, ao chamar a atenção dos profissionais de saúde para o fato de que a vida é feita de conversas e que o nobre ato de identificar possíveis doadores de órgãos e tecidos não acaba nos testes e exames clínicos.
É bom também lembrar que ser doador é mais do que permitir que nossa vida continue na de outros. Ser doador é doar nosso conhecimento, nossas capacidades, nossas habilidades profissionais e pessoais para promover, entre todos, o valor da doação de órgãos.
*Presidente da Adote – Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

pe360graus.com

Domingo - 11/10/09 16h07
Recife sedia o décimo primeiro Congresso Brasileiro de Transplantes
No evento serão apresentadas as obras dos vencedores do Concurso Nacional de Pintura e Poesia Arte de Viver
Da Redação do pe360graus.com
De 13 a 16 de outubro, o Recife sedia o XI Congresso Brasileiro de Transplantes. Profissionais envolvidos com a prática se encontrarão, no Centro de Convenções, para troca de experiências e reciclagem, a fim de aumentar o número de doadores efetivos e transplantes realizados no país.
O Encontro contará com cerca de 1.500 congressistas que participarão das discussões sobre os diversos temas que envolvem o pré-transplante, o transplante e o pós-transplante de diversos órgãos como coração, rim fígado, intestino delgado, córnea, pâncreas, pulmão, entre outros.
Atração à parte, também serão expostas obras vencedoras da quarta edição do Concurso Nacional de Pintura e Poesia Arte de Viver, iniciativa que promove a inclusão social de pacientes transplantados por meio da arte.
A exposição, que contará com 50 pinturas e 10 poesias, ficará instalada no estande do laboratório farmacêutico, durante todo o congresso. As obras fazem parte do livro "Arte de Viver - Poesias e Pinturas", que contempla os premiados no concurso cultural, lançado em São Paulo.
SERVIÇO XI Congresso Brasileiro de Transplantes.
Local: Centro de Convenções - Olinda
Data: 13 a 16 de outubro
Inscrições: no local do evento a partir das 14 horas do dia 12 de outubro de 2009.

sábado, 10 de outubro de 2009

Gazeta de Alagoas

09.10.2009 19h39
Crianças transplantadas em Recife retornam a Maceió
Salvos por transplante de fígado, Rani Kelly e Cleylton recebem alta
Agência Alagoas
As crianças Rani Kelly e Cleylton, submetidos a transplantes de fígado no Hospital Osvaldo Cruz, em Recife, receberam alta médica nesta sexta-feira (9) e já estão de volta a Maceió, em companhia de funcionários da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). “A vida está acima de tudo.

O trabalho integrado de nossa equipe junto ao serviço de excelência que presta a equipe do meu professor e médico, Cláudio Lacerda, foi possível garantir vida nova a estas duas crianças” destacou o secretário da Saúde, Herbert Motta, que também é cirugião.

O retorno das crianças, acompanhadas de suas mães, foi feito em duas camionetes da Sesau. Durante a semana, a equipe de reportagem da assessoria de comunicação da Sesau visitou a casa de apoio Edithe Medeiros.

No Recife, Rani Kelly, que reside em Maceió e Cleylton, em São José da Tapera, enfrentaram uma batalha pela própria sobrevivência e contaram com o apoio de uma casa de passagem mantida pela ONG Núcleo de Apoio aos Portadores de Hepatite (Naphe), ligada ao Instituto do Fígado de Pernambuco (IFP).

As crianças estavam muito bem.“As crianças transplantadas têm uma alegria de viver diferente dos outros”, revelou o cirurgião Cláudio Lacerda, que coordenou o transplante das crianças.O médico Claúdio Lacerda relembrou a chegada de Kleilton à unidade e a importância da agilidade da equipe alagoana no transporte da criança. “Quando o helicóptero de Alagoas pousou no campo de futebol aqui próximo, me fez refletir sobre o potencial do SUS. A situação dele era grave, como todos os pacientes que precisam de transplante de fígado, e somente poderia ser salvo com a cirurgia de imediato”, destacou.

Agilidade no transporte foi decisiva.
Segundo Lacerda, o transplante de fígado é a cirurgia mais complexa realizada no corpo humano, por isso requer uma logística bastante ordenada. “Já enfrentamos casos tão difíceis quanto os de Kleilton e Rane Kelly; o diferencial é a celeridade no transporte, que desta vez foi realizada com uma aeronave oficial para a transferência segura dessas crianças. Se eles estivessem na Suécia não poderiam ter tido acolhimento melhor”, comparou.“Não existe nada mais fascinante e espetacular do que o transplante de fígado, por ser o único procedimento capaz de recuperar a plenitude da saúde daqueles que têm doenças graves no órgão. É um verdadeiro milagre da vida o que acontece com o corpo após a cirurgia e é isso que está ocorrendo com Kleilton e Rane Kelly; eles nasceram de novo e só não voltaram para casa porque suas mães precisam ser bem instruídas sobre alguns cuidados, principalmente com a medicação”, contou Lacerda, antes de liberar os dois pacientes.

Compromisso — Para o secretário Herbert Motta, que também é especialista em transplante de fígado e cuja residência médica foi realizada junto à equipe de Cláudio Lacerda, é papel essencial dos gestores públicos disponibilizarem serviços de saúde humanizados e de alta capacidade resolutiva.“Foi um trabalho integrado que contou com a participação de várias profissionais do HGE, Samu e até da Casa Militar.

A vida está acima de tudo. Tão logo o governador Teotonio Vilela Filho soube da urgência em transportar essas crianças, de pronto cedeu o helicóptero oficial. Conhecemos o drama dos pacientes com patologias graves, principalmente das mães, quando veem seus filhos na lista de espera por um órgão. Nossa missão é contribuir para a excelência no atendimento dos usuários do SUS”, afirmou.Vida nova — Vera Lúcia da Silva, mãe de Kleilton, demonstrou com satisfação o alívio em ter o filho curado e pronto para voltar a brincar com os amigos do Povoado Caboclo, no município de São José da Tapera. “Ele está se recuperando muito bem e daqui a seis meses poderá fazer o que tanto gosta, que é jogar bola.

Os médicos disseram que mesmo curado, é preciso ter alguns cuidados como não andar descalço, tomar os remédios todos os dias e evitar sentar no chão sujo ou colocar a mão no chão”, contou.

Já a mãe de Rane Kelly, Valéria Alves, disse que no próximo dia 15 a menina tem exame marcado no Instituto do Fígado para avaliar seu estado clínico. “Desde 15 dias de vida, Rane já apresentou os sintomas da doença; com dois meses ela se submeteu a uma cirurgia e na época fui informada que no futuro o transplante de fígado seria necessário”.

Solidriedade — A Casa de Apoio Edithe Medeiros acolhe pacientes com doenças do fígado antes e após o transplante, que sejam de baixa renda e oriundas do interior de Pernambuco ou de outros estados. Após a cirurgia no Hospital Oswaldo Cruz, eles passam a ser acompanhados pela equipe médica do Instituto do Fígado de Pernambuco.

Doação — Referência nacional, o programa de transplante de fígado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz foi implantado há dez anos e tem capacidade para realizar cinco cirurgias desse porte por semana. “A tecnologia que dispomos é de ponta, por isso atendemos pacientes de todo o País. Mas ainda esbarramos no baixo número de doadores, que se reflete na morte de muitas pessoas que estão na lista de espera por um órgão”, destacou o cirurgião Cláudio Lacerda.

Ele informou que atualmente existem 250 pacientes na lista de transplante de fígado esperando pela solidariedade dos familiares que perderam um ente querido, que ainda está em condições de salvar a vida de tantos outros. “Se houvesse mais investimento do governo em estruturar as centrais de transplantes e promover campanhas de conscientização, com certeza teríamos mais doadores e mais vidas salvas”.

O programa de transplante de fígado tem sete cirurgiões, divididos em duas equipes: uma para a captação do órgão e outra para o procedimento com o receptor. O custo total de cada transplante para o Sistema Único de Saúde (SUS) chega a quase R$ 80 mil, sendo R$ 73 mil na cirurgia com o receptor e R$ 6 mil na captação.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Zero Hora

07 de outubro de 2009 N° 16117



ARTIGOS
Sobre os transplantes, por Fernando de Oliveira Souza*

Todos sabemos que o principal gargalo na questão dos transplantes de órgãos é a doação.

O que talvez poucos saibam é que a questão da doação está intimamente relacionada à qualidade do serviço de saúde pública que é prestada no país.

Exemplifico com um caso pessoal: em um hospital universitário de referência da região central do Estado, único com estas características que atende pelo SUS uma população de aproximadamente 1,5 milhão de habitantes de 25 municípios vizinhos, chegou, no serviço de emergência, acompanhado pela mãe, um paciente masculino de 22 anos, motoboy, que tinha caído da motocicleta 15 minutos antes, tendo batido a cabeça, que estava protegida com capacete. Devido ao excesso de pacientes presentes no local, o atendimento demorou um pouco mesmo tratando-se de trauma que tem prioridade. Ao ser atendido, o paciente relatou ao médico que estava bem, sentindo somente uma leve dor de cabeça. Ficou então em observação em uma cadeira, já que as macas e leitos estavam todos ocupados no momento. Algumas horas mais tarde, ao ser reavaliado, estava um pouco sonolento, porém respondia com exatidão às perguntas formuladas. Novo período de observação, ao fim do qual estava francamente sonolento respondendo mal às perguntas. Foi, então, indicada tomografia de crânio, a fim de avaliar possível trauma cerebral. Havia muitos pacientes para fazer tomografia e, mesmo tratando-se da prioridade do trauma, foram mais vários preciosos minutos para se constatar, ao final do exame, que havia lesão cerebral difusa, não passível de tratamento cirúrgico. A mãe, durante todo esse período, desde sua chegada, permanecia quieta e apreensiva, limitando-se a observar os fatos que ocorriam.

Uma vez feito o diagnóstico, foi indicada internação no CTI. Novo problema. Não havia vaga disponível mesmo se tratando de trauma em pessoa jovem. A ansiada vaga só se disponibilizou muitas horas mais tarde e, após um período de avaliação segundo protocolo para esses casos, a mãe foi informada de que o filho não apresentava mais atividade cerebral. Sendo assim, paciente jovem, “saudável”, com trauma exclusivamente cerebral, foi indicado como potencial doador de órgãos.

Então, a mãe veio me procurar com a seguinte pergunta: “Doutor, quando o meu filho chegou aqui, ele estava bem, foi deixado em observação no meio de toda aquela gente, ele foi piorando e aconteceram todas aquelas dificuldades para se conseguir o exame e depois para colocá-lo no CTI. Agora, quando me dizem que ele está ‘morto’, vem um avião de Porto Alegre com ‘cinco’ médicos para atendê-lo. Mas do que serve isto agora? Por que não fizeram isto antes, quando ele estava ‘vivo’?”.

Certas perguntas não têm resposta.

O sistema de saúde tem de funcionar bem, para não parecer que o paciente vale mais morto do que vivo.

*Médico e professor universitário.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Folha Online

02/10/2009 - 07h33
Seriado médico que estreia nos EUA aborda transplante de órgãos
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES da Folha de S.Paulo

Vida e morte nas mãos dos médicos sempre renderam boas séries --e bons índices de audiência para a TV. Nada de novo, portanto, que o Universal Channel invista em "Three Rivers", que estreia no Brasil com o menor tempo depois do lançamento nos EUA, apenas 24 dias de diferença.

Divulgação
Aparentemente, 15 anos de "ER" não foram suficientes para esgotar o assunto. O novo seriado mostra o dia a dia do maior hospital de transplantes de Pittsburgh. A equipe viaja para tentar convencer as famílias a ceder os órgãos num momento de extrema tristeza pela súbita morte de um parente.
A criadora, Carol Barbee, resolveu contar esses dramas a partir de três visões: a da família do doador, a dos médicos e a do paciente receptor do órgão. "Nesse sentido, é mais fácil para os médicos, que sabem quais os riscos do procedimento e não têm envolvimento com quem está na sala de operação."
Um sensível bonitão (Andy Yablonski, vivido por Alex O'Loughlin) encabeça o grupo, que ainda conta com uma médica encrenqueira lutando para se firmar no hospital fundado por seu pai, um namorador ateu e egocêntrico e um assistente inexperiente, com poucos conhecimentos sobre o exercício da medicina.
A roteirista, contudo, diz que "não é em formato de novela como "Grey's Anatomy'". "É mais focado nos procedimentos que na vida dos médicos." Ela diz que não sabia muito sobre transplantes até ver um documentário na televisão durante sua pesquisa para desenvolver um novo seriado médico. O mais próximo disso que ela tinha vivido foi quando seu sobrinho de 12 anos teve de fazer um transplante de medula óssea por causa de leucemia.
"A série é sobre segundas chances na vida e o que você faz com elas", define Barbee. "E também para mostrar que nem sempre temos tanto tempo quanto pensamos."
Ela não está preocupada com a concorrência que vai estar no ar simultaneamente. "Sempre houve muitos programas médicos ao mesmo tempo. Assim como as série de detetives e de advogados sempre foram a base da programação das TVs." Não vão faltar lágrimas nas histórias de acidentes que fazem vítimas fatais, famílias desestruturadas e reencontros emocionados com a esperança daquela vida ter algum tipo de continuidade. O choro é certo; a audiência, nem tanto.
Three Rivers
Quando: estreia no dia 28 de outubro, às 23h
Onde: Universal Channel
Classificação: não indicado a menores de 12 anos