domingo, 19 de agosto de 2012

ATX-BA - Eu curto doar órgãos - Jornal do Comércio

APELO VIRTUAL

Eu curto doar os órgãos

Campanha do Facebook quer conquistar doadores entre os mais de 37 milhões de usuários da rede social no Brasil

Publicado em 18/08/2012, às 15h15

Marcela Balbino

O estudante Renato Neves, 20, ressalta que a sinalização, embora não tenha valor de um documento oficial, vale apena para expressar a vontade do cidadão / Foto: Rodrigo Lobo / JC Imagem

O estudante Renato Neves, 20, ressalta que a sinalização, embora não tenha valor de um documento oficial, vale apena para expressar a vontade do cidadão

Foto: Rodrigo Lobo / JC Imagem

Os motivos não são bem delineados. Uns se dizem doadores de órgãos por terem passado algum apuro familiar, outros são solidários à causa mesmo sem saber explicar o motivo. Prova de que a vontade de ajudar o próximo, mesmo que seja um desconhecido, ultrapassa as fronteiras da razão. Doadores de carteirinha, três jovens pernambucanos, todos com menos de 30 anos, usam uma ferramenta recém-lançada pelo Facebook para expressar publicamente a vontade.
Embora não sirva como documento legal, visto que a decisão ainda passa pelas mãos da família, o recurso é mais um estímulo para salvar vidas, quebrar preconceitos e apoiar campanhas de transplante. A funcionalidade tem a missão de agregar e cadastrar possíveis doadores, entre os mais de 37 milhões de usuários da rede social no Brasil.
Ligada em tecnologia, a estudante de jornalismo Nathália Guimarães, 21 anos, cascavilhando sites na internet descobriu a função, que começou nos Estados Unidos, e recentemente, chegou ao Brasil. “Quando soube avisei logo aos amigos mais próximos. Sempre que alguém insere a escolha e publica que é doador de órgãos, dou uma curtida. É uma forma de estimular para que mais pessoas participem da corrente”, avalia a jovem.

“Acho que a doação é uma maneira de auxiliar alguém quando você não está mais presente, e ajudar é sempre necessário”, opina Nathalia, que vivenciou momentos de luta e apreensão enquanto esperava um transplante de rim para o tio do namorado. “Só quem passa por essa necessidade sabe a importância de ser doador.”
Para o estudante de letras Renato Neves, 20, que há duas semanas sinalizou a opção no Facebook, apesar de não ser oficial, a ferramenta é importante porque registra o desejo da pessoa. “Essa era uma escolha que poderia ficar no ar e pairar a dúvida, mas a função cria uma alternativa para deixar tudo registrado”, afirma. Além de deixar marcado na rede social, o jovem costuma conversar com a mãe sobre a decisão. “Ela também é totalmente favorável à doação de órgãos”, afirma.
Filha de enfermeira, Hanaty Mendonça, 24, sempre ouviu em casa histórias de pacientes e de familiares sobre mitos e medos sobre o tema. Receio de mutilar ou desfigurar o corpo, dificuldade para compreender o diagnóstico de morte encefálica e medo que os médicos não fizessem o possível para salvar a pessoa só para retirar os órgãos são algumas das histórias que a também enfermeira ouve até hoje pelos corredores do hospital onde trabalha.
“Ao mesmo tempo em que muito desses medos, que ouvia quando essa realidade nem fazia parte do meu dia a dia, ainda perduram, também é notória a forma como as pessoas estão mais flexíveis. Os discursos estão mudando e isso é bom. Hoje em dia também existem mais informações e campanhas para estimular a doação de órgãos, e um acolhimento maior por parte da equipe de saúde, com as famílias que perdem um ente”, afirma a enfermeira.
Os interessados em ativar a nova função devem acessar a sua linha do tempo, clicar em “evento cotidiano”, selecionar “saúde e bem-estar”, optar por “doador de órgãos”, escolher o grau de privacidade e salvar.

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