segunda-feira, 13 de julho de 2009

bahia 12.07.2009 - 15h54
Hospital São Rafael inicia pesquisa com células-tronco adultas
Mariana Rios Redação CORREIO

Fazer o coração do ente voltara bater sadio ou que um paraplégico levante e ande. O que parece milagre está em experimentação na Bahia. Credenciado ao Ministério da Saúde (MS), será inaugurado na sexta-feira o primeiro centro do Norte-Nordeste para estudos de células-tronco, cuja chancela segue um sistema de garantia de qualidade.

As células-tronco são conhecidas pelo grande potencial de multiplicação e pela capacidade de se diferenciar em qualquer outra célula - tanto do coração como do fígado, por exemplo.

Entre os destaques do centro está a estrutura para cultura de célula, que vai permitir que os pesquisadores “cultivem” as amostras. Antes, o transplante das células-tronco-colhidas, por exemplo, da médula óssea - tinha que ser feito imediatamente no órgão lesionado. “Agora, temos tecnologia que permite cultivar as células- tronco emelhorar a capacidade dessa célula, tornando a terapia mais eficaz”, explicou a coordenadora do centro baiano de biotecnologia e terapia celular, Milena Soares, pontuando que, além de terapiacelular, o centro possui estrutura para desenvolvimento de medicamentos.

Segundo Soares, já foram iniciados estudos em cães e gatos com lesões na médula que, após o tratamento, tiveram ganho de movimento. “Para ampliarmos os estudos para pacientes paraplégicos, dependemos dessa estrutura do centro, ou seja, adequada para a cultura das células- troncos”.
Os pesquisadores baianos não trabalham com células-tronco embrionárias - que, como diz o próprio nome, são retiradas de embriões humanos. 'Apostamos no potencial terapêutico da célula-tronco adulta. Dos oito centros de terapia celular que estão sendo estruturados pelo Ministério da Saúde, dois serão dedicados à célula-tronco embrionária, em São Paulo e no Rio de Janeiro”, afirmou Soares.

O centro baiano vai funcionar no Hospital São Rafael, no bairro de Pau da Lima.

Tempo

Em geral, as células- tronco adultas são retiradas da medula óssea do próprio paciente - o que anula o risco de rejeição. Elas são capazes de originar alguns tecidos e ajudam na recuperação delesões. Mas,para aplicarem humanos a cura guardada no próprio organismo, serão necessários anos de pesquisa e desenvolvimento.“São várias etapas para concluir um estudo e o resultado varia de doença para doença. Fica difícil precisar quando acontecerá a aplicação do tratamento para fins terapêuticos” explicou Soares.

Mesmo sem prazo, o anúncio deixa esperançosos pacientes e especialistas. “A terapia celular traz esperança para qualquer doente. Éumaárea estratégica,que pode beneficiar do paciente dependente da insulina ao doente de Chagas”, reforça o diretor da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão.
A Fiocruz desenvolve desde 2001 pesquisas em terapia celular no Hospital Santa Isabel. O ideal, segundo os pesquisadores, seria utilizar as células dos próprios pacientes para a recuperação de um órgão lesado, sem a necessidade de transplante. Mas já seria um benefício retardar lesões e ganhar tempo para a espera por um transplante, por exemplo.
Para a presidente da Associação de Pacientes Transplantados da Bahia, Márcia Chaves, mais núcleos e centros de pesquisa envolvidos aumentam as chances de descobrir um tratamento menos invasivo. “Assistimos a uma nova evolução após os transplantes: a busca pela cura através de nossas próprias células”. Para a construção do centro, foram investidos R$4,5milhões. Juntos,governo do estado e Fiocruz aplicaram R$5 milhões - outros R$3 milhões são aguardados como aporte do Ministério da Saúde.(Notícia publicada na edição de 12/07/2009 do CORREIO)

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