terça-feira, 7 de julho de 2009

6/7/2009 19h40

Projeto
Doação de órgãos pode tornar-se matéria escolar

O deputado Bispo Gê Tenuta (DEM-SP) apresentou o Projeto de Lei 5054/09, que inclui no currículo dos ensinos fundamental e médio uma disciplina complementar relativa à doação de órgãos e tecidos.
O autor argumenta que a falta de informação e de conscientização da população sobre os transplantes é a principal causa, no Brasil, do longo tempo de espera dos pacientes por uma doação de órgãos ou tecido humano.
Difusão de transplantes"A inclusão da disciplina vai difundir os transplantes a toda uma geração de meninos e meninas, que no futuro serão os agentes modificadores da sociedade brasileira", prevê Bispo Gê Tenuta.Na avaliação do parlamentar, a disciplina vai também "trazer à tona a importância de doar solidariedade, respeitando a ética profissional, a ciência e a moral da doação".Tramitação Sujeito à apreciação conclusiva, o projeto foi distribuído às comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Reportagem - Luiz Claudio PinheiroEdição - Newton Araújo(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara')Agência CâmaraTel. (61) 3216.1851/3216.1852Fax. (61) 3216.1856E-mail:agencia@camara.gov.br



quarta-feira, 24 de junho de 2009

BA está entre estados que menos doam órgãos

18/06/2009 - 22h49m
*Da Redação, com informações do BATV
redacao@portalibahia.com.br
Quatro mil pessoas na Bahia esperam na fila por um transplante de órgão. O número de doadores no estado está entre os menores do país. Mas a solidariedade de duas famílias acabou beneficiando catorze pessoas e permitiu que fosse realizado nesta quinta-feira (18), o primeiro transplante duplo de rim e fígado da Bahia.
A morte de Elisaldo, aos 47 anos, pegou a família de surpresa. Mas apesar da dor, a mulher e o filho mais velho do motorista decidiram doar os órgãos de Elisaldo, que morreu por complicações decorrentes de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). "Um pouquinho dele eu sei que vai estar vivo em outra pessoa", declara a dona de casa Cássia Viana.
Foram retirados os rins, as córneas, o fígado e as válvulas do coração de Elisaldo. A família de uma senhora de 56 anos, que morreu nesta semana, também autorizou a doação dos órgãos da paciente. Ela doou rins e fígado e possibilitou a realização do primeiro transplante duplo da Bahia.
De acordo com a Central de Transplantes da Secretaria Estadual da Saúde, só com essas duas doações, feitas nesta semana, catorze pessoas que estão na fila do transplante podem ser beneficiadas.
"Não só a população, mas muitos profissionais de saúde ainda não entendem esse processo de doação de transplantes", declara Eraldo Moura, coordenador do Sistema de Transplantes. Em 2008, foram realizadas 363 cirurgias desse tipo. Neste ano, 152 transplantes foram feitos até agora.






sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cidades
18/06/2009 às 18:38

Transplante duplo de órgãos é realizado pela primeira vez na Bahia

A TARDE On Line

Um transplante duplo de órgãos foi realizado nesta quarta-feira, 17, pela primeira vez na Bahia, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira, 18, pela Secretaria da Saúde do Estado da o Estado (Sesab). Uma equipe médica do Hospital Português transplantou rim e fígado em uma paciente de 44 anos, do sexo feminino. De acordo com o boletim médico, o quadro da operada evolui bem.
O transplante só foi possível com a autorização da doação de múltiplos órgãos, feita pelas famílias de dois pacientes que tiveram morte encefálica no Hospital Santa Izabel. Segundo Eraldo Moura, coordenador do Sistema Estadual de Transplantes (Coset), neste ano já foram feitas 23 doações de múltiplos órgãos no estado.



sexta-feira, 12 de junho de 2009

Opinião

Transplante de órgãos: O viver depois da morte!
12.Jun.2009 *Antonio Jajáh Nogueira

Meus amigos você já pensou na possibilidade de seus olhos continuarem vendo depois que você morrer?
Você já pensou na possibilidade de seu coração continuar batendo depois que você morrer?
E de seus rins, seus pulmões, seu fígado continuarem funcionando?

O desejo zerogésimo do ser humano é ser eterno, é não morrer! Mas isso é impossível!
Mas é possível que alguns de seus órgãos continuem vivos mesmo depois que você morrer.
Basta que eles sejam doados para alguém que ainda não morreu.

Estou falando do TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS.

Você sabe tudo sobre essa questão? Não?
Então vou transcrever algumas perguntas e respostas que o Conselho Federal de Medicina (CFM) oferece em seu site:

O que é transplante?
Transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão ou tecido de uma pessoa doente (RECEPTOR) por outro órgão normal de um DOADOR, em geral morto. Existem, também, transplantes entre pessoas vivas, no caso de órgãos duplos.

Transplante é cura?
Não. É um tratamento que pode prolongar a vida com melhor qualidade. O transplantado exige cuidados médicos constantes e usa uma série de medicamentos pelo resto da vida. É uma forma de substituir um problema de saúde incontrolável por outro sob o qual se tem controle.

Quando os médicos indicam um transplante?
Os transplantes apenas são indicados quando todas as outras terapias foram consideradas ou excluídas. Nesses casos, em geral, os transplantes constituem-se na única alternativa de sobrevivência e/ou de melhoria da qualidade de vida.

O que é doação de órgãos e tecidos?
A doação de órgãos é um ato pelo qual manifestamos a vontade de que, a partir do momento de nossa morte, uma ou mais partes do nosso corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.

Quem pode ser doador?
Todos nós podemos ser doadores de órgãos, desde que não sejamos portadores de doenças transmissíveis - AIDS, por exemplo -, de infecções graves e de câncer generalizado. Também pessoas sem identidade ou menores de 21 anos sem a autorização dos responsáveis não podem ser doadores.


"Hoje, só não é doador de órgãos quem não quer. Mas quem não quer ajudar a salvar a vida de alguém que precisa de uma doação? Caso seja você, não precisa se sentir constrangido. Se um dia você precisar receber um coração, milhares de brasileiros vão estar dispostos a lhe doar um que seja bom. Faça também como eles. Não deixe de ser doador de órgãos". (De uma peça publicitária da Ampla Comunicação)

Só é possível doar após a morte?
É possível também a doação entre vivos (parentes próximos), no caso de órgãos duplos (rim, por exemplo). No caso do fígado e do pulmão, também é possível o transplante entre vivos. Neste caso, apenas partes dos órgãos dos doadores são transplantadas para os receptores.

Quais (e quantas) são as partes do corpo que podem ser doadas para transplante?
Mais freqüente: 2 rins, 2 pulmões, coração e fígado, 2 córneas, 2 válvulas cardíacas ou 10 partes. Menos freqüente: rim e pâncreas juntos. Fora do Brasil, também são utilizados o estômago e o intestino. Sem contar pele e ossos e até mesmo uma parte completa (mão).

Quando podemos doar?
A doação de órgãos, como rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em vida. Mas, em geral, nos tornamos doadores quando ocorre a MORTE ENCEFÁLICA. Tipicamente, são pessoas que sofreram um acidente que provocou um dano na cabeça (acidente com carro, moto, quedas, etc.).

O que é morte encefálica?
Morte encefálica é a morte da pessoa, causada por uma lesão do encéfalo após traumatismo craniano, tumor ou derrame. É a interrupção irreversível das atividades cerebrais. Como o cérebro comanda as atividades do corpo, quando morre, os demais órgãos e tecidos também morrem.

Eu quero ser doador(a). Que devo fazer?
A atitude mais importante é dizer para a família e para os amigos que somos doadores, pois, pela legislação atual, todos nós somos doadores, desde que a família autorize a retirada dos órgãos. Por isso, é muito importante que os amigos e os familiares saibam da sua opção de doar. Use um símbolo (um selo de doador, por exemplo) que indique claramente esta opção em seu documento de identidade.

Meu amigo você sabe responder quantas pessoas podem se beneficiar com o transplante de uma córnea?
Se você responder UMA, você é míope. Sua visão é muito curta. Imagine uma família que tem uma pessoa cega e que esta pessoa passe enxergar... toda a família se beneficia, todos os amigos, toda a sociedade. Trata-se de alguém que não trabalhava e que, agora enxergando, tem a possibilidade de voltar a produzir socialmente, economicamente, familiarmente. Transfira esse raciocínio para as outras possibilidades de transplantes: do coração, do fígado, dos rins, etc.
A sociedade inteira se beneficia quando alguém recupera sua capacidade de viver melhor e de ser útil e produtivo.
Depois de tudo isso, quero encerrar com uma pergunta muito pessoal: Sabendo de tudo o que sabe agora, vai permitir que seus olhos apodreçam? Que seu coração apodreça? Que seus rins, seus pulmões, seu fígado apodreçam? Vai permitir que seus órgãos apodreçam se podem viver em outras pessoas e fazer com que outros vivam. Pense nisso e aja logo.

O autor é médico em Dourados – Mato Grosso do Sul – O Estado do Pantanal
www.jajah.med.br / jajah@jajah.med.br

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Saúde




Tratamento com células-tronco em debate
terça-feira, 9 junho, 2009 19:36

VIII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Evento acontece de 11 a 13 de junho de 2009 com alguns dos principais especialistas do Brasil e do Mundo

Promovido pelo Grupo de Estudos em Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o VIII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca terá uma programação embasada no papel decisivo do cirurgião no manejo da IC para o sucesso da terapêutica. Dr. Gilberto Barbosa, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), uma das entidades apoiadoras, adianta pontos importantes dos debates científicos:

“Preparamos palestras que abordem os dispositivos mecânicos implantáveis que auxiliam no funcionamento do coração, além da correção cirúrgica dos distúrbios das válvulas cardíacas, da revascularização miocárdica, da terapia com células-tronco e do transplante cardíaco que, aliás, é o único método curativo da IC”, ressalta.

TERAPIA CELULAR

No Brasil, são registrados 240 mil novos casos de insuficiência cardíaca por ano. Metade dos pacientes morre em um período de cinco anos. A fase final do tratamento da IC é o transplante, sendo que em 2008, foram realizados apenas 200 procedimentos em todo o território nacional.

A terapia celular, chamada cardiomioplastia celular, é uma nova alternativa para regenerar as lesões cardíacas. Ainda em fase experimental, cerca de 500 pacientes receberam o tratamento, mediante aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e da própria instituição hospitalar.

Em 2008, os Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia formaram a Rede Nacional de Terapia Celular, com o objetivo de fortalecer as pesquisas na área, uma vez que o Brasil detém o maior estudo do mundo em células-tronco. Serão oito laboratórios especializados nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

“É importante ações nesse sentido para criar novas perspectivas ao paciente que sofre desta grave doença, com um tratamento que poderá aliviar os sintomas e melhorar a sua qualidade de vida”, afirma dr. Paulo Brofman, professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, responsável pelo Núcleo de Cardiomioplastia Celular da PUCPR.

SUPORTE CIRCULATÓRIO MECANICO

Existem três importantes indicações para a utilização dos dispositivos mecânicos em pacientes com insuficiência cardíaca grave.

1. Ponte para recuperação, aplicada em portadores de cardiopatia com potencial de recuperação, como em alguns casos de infarto agudo do miocárdio e miocardite viral aguda. O uso de um DVA permite um repouso ao músculo e a recuperação do coração. Em algumas semanas ou meses, com o órgão recuperado, é possível retirar o aparelho e evitar o transplante cardíaco.

2. Ponte para transplante cardíaco: para pacientes em lista de espera para transplante e que apresentam grave descompensação cardíaca, com alto risco de morte em sete dias. O implante deste dispositivo ajuda o receptor a esperar pela doação de um órgão compatível.

3. Terapia de destino: para aqueles pacientes com cardiopatia grave, porém sem indicação de transplante. Nesses casos, o implante de um dispositivo age como tratamento definitivo.

“Recentemente, incluímos na Diretriz Brasileira de Transplante Cardíaco, a ser divulgada no segundo semestre de 2009, que todo centro transplantador precisa contar com um profissional qualificado no implante destes dispositivos. É uma forma de voltar o olhar do Ministério da Saúde para indicar o suporte circulatório mecânico no rol de procedimentos do SUS, uma alternativa viável que aumenta as chances dos pacientes graves”, comenta dr. Juan Alberto Mejia, coordenador cirúrgico da Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca do Hospital de Messejana, Fortaleza

MULTIDISCIPLINARIDADE

“Todas as especialidades envolvidas no Congresso atuam, de alguma forma, com a insuficiência cardíaca. Como a IC é a maior causa de internação por doença cardiovascular em todo o mundo, uma vez que se trata da fase final de todas as patologias cardíacas, e muitas vezes é tratada por estes profissionais, é preciso enfatizar a abordagem multidisciplinar”, explica o dr. Felix José Alvarez Ramires, presidente do VIII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca.

O VIII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca é voltado aos profissionais que atuam nas áreas de insuficiência cardíaca, cardiologia geral, terapia intensiva, cirurgia cardíaca e clínica médica, além de toda a equipe multiprofissional envolvida no atendimento a portadores de IC. Mais informações e inscrições em http://congresso.cardiol.br/geic/viii/.

Realização
Grupo de Estudos em Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia

Apoio
Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB
Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC
Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular - SBCCV
Sociedade Brasileira de Clínica Médica - SBCM

VIII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca
Data: De 11 a 13 de junho de 2009
Local: Sheraton São Paulo WTC Hotel
Endereço: Av. das Nações Unidas, 12.559, Brooklin
Informações e inscrições: (51) 3061-2957 / cardiologia@abev.com.br
http://congresso.cardiol.br/geic/viii

Acontece Comunicação e Notícias

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O POVOonline
Referência
Vocação para a medicina humanizada

Cerca de 500 transplantes renais no currículo e a defesa incondicional de uma medicina mais humanizada. Por essas vertentes passou a conversa com o médico nefrologista Henry Campos, vice-reitor da UFC. Ele diz que a responsabilidade hoje é maior do que quando iniciou a carreira

Luiz Henrique Campos
da Redação

[08 Junho 01h09min 2009]

No ambiente familiar, o convívio constante com publicações de todos os matizes ideológicos, e o contato com a intelectualidade cearense da época ajudaram a moldar seu perfil cultural. Filho de pai jornalista e mãe formada em Direito, o atual vice-reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Henry de Holanda Campos, poderia muito bem ter seguido carreira voltada a uma dessas profissões. Afinal, experiências e exemplos não lhe faltaram.

A bagagem adquirida, no entanto, lhe encaminhou a outra direção. Não que os ensinamentos humanísticos tenham sido deixados de lado. Ao contrário. Henry Campos escolheu a medicina, justamente, diz ele, por achar que o ofício pudesse lhe proporcionar o máximo em termos de retorno às pessoas do que recebeu de ensinamento ainda na infância e da adolescência.

Já médico, decidiu voltar seu ofício a área de transplantes renais, quando o processo ainda era embrionário no País. Atualmente, Henry é um dos profissionais mais respeitados do Brasil nessa especialidade e um militante na questão das políticas públicas de saúde. Foi secretário e presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e, durante sua gestão na presidência, construiu junto com o Ministério da Saúde toda a política nacional de transplantes que está vigente.

Entusiasta de modelos de saúde pública como o francês, o inglês e o espanhol, Henry não se acanha em dizer que a política nacional de transplante adotada no Brasil trata-se do maior sistema público de transplante do mundo.

Aliando a prática da medicina e a militância na saúde, Henry Campos também tem sua vocação direcionada a universidade, onde já ocupou cargos como os de diretor da Faculdade de Medicina e pró-reitor de Extensão. E foi nessas funções que passou a pensar nos últimos anos sobre o processo de formação dos médicos. Preocupação que o fez, em 2002, a passar um período de estudos nos Estados Unidos e rever conceitos.

O POVO - Quero começar falando da sua decisão de exercer a medicina. O senhor é filho de um jornalista que viveu a época romântica da profissão e de uma funcionária pública. O que lhe chamou a atenção para o exercício desse ofício?
Henry Campos - Meu pai tinha um respeito grande pelos médicos. Sou de uma geração em que tínhamos médicos de família. O médico era uma pessoa ouvida não somente nas questões de saúde, mas nas de família como um todo. Era um amigo da família, um conselheiro, era ouvido sobre tudo. Uma coisa que me marcava, é que como tínhamos muitos amigos médicos, lembro de um próximo, doutor Henrique de Almeida. Quando chegava lá em casa, se abria um sabonete novo para ele lavar as mãos. Então, meu pai sempre reconheceu a importância do que o médico pode fazer pelas pessoas. E isso nos marcou, tanto que os três filhos mais velhos somos médicos. Acho que por ele todos teriam sido médicos.

OP - Seu pai chegou a expressar isso diretamente?
Henry Campos - Sim, uma coisa que ele tinha orgulho era disso. Mas o referencial mesmo era o social. Tanto que eu nunca fiz medicina privada. Desde que comecei minha carreira faço medicina essencialmente em instituições públicas. Porque entendo que o grande valor da medicina é você poder estar acessível, ou disponível para qualquer pessoa independente de ela poder pagar ou não. Isso é uma coisa presente na minha vida, na defesa intransigente que eu faço do Sistema Único de Saúde (SUS), que é único no mundo. O Brasil foi na contramão da história. Enquanto os países emergentes estavam privatizando, o País tomou uma decisão extremamente acertada.

OP - O senhor hoje fala dessa medicina voltada ao humano, mas em que momento isso se apresentou como uma opção de vida?
Henry Campos - Fui aluno do Colégio Militar, onde tínhamos os melhores professores, e conclui meu secundário nos Estados Unidos. Ali, pude ter uma visão de mundo, uma abertura, a capacidade de se abrir. Nossa casa sempre foi aberta para estrangeiros. Quase todos meus irmãos fizeram programas de estudo fora. E a família do meu pai sempre teve vocação pública. Faziam política em Pacatuba, mas era diferente, para servir, ninguém fez fortuna. Já no ginásio eu tinha minha definição profissional.

OP - A política e o jornalismo nunca lhe interessaram?
Henry Campos - O jornalismo nos seduziu todo mundo lá em casa. Talvez os últimos menos, mas todos tivemos uma veia literária. Meu irmão mais velho, por exemplo, tinha um jornal que ele fazia a mão e distribuía para a família. Mas não era uma coisa que meu pai estimulava porque ele dizia que a vida de jornalista é muito dura. Você precisava ter muita determinação e não tinha o devido reconhecimento. Os tempos eram outros também, né? Acho que era uma coisa mais idealista, romântica. Mas lembro da minha infância nos jornais. Cheguei a ir muito aos jornais. Lembro do cheiro do chumbo, das linotipias, do O POVO ali na Senador Pompeu, do Correio do Ceará, Unitário, Diários Associados.

OP - Ia por vontade própria ou era levado pelo pai?
Henry Campos - De alguma maneira nós mesmos buscávamos, porque a nossa convivência sempre foi com jornalistas, com intelectuais. Nossa casa era um local onde se lia tudo. Inclusive minha mãe, que depois de sete filhos voltou a estudar.

OP - Na época do regime militar o senhor estudava no Colégio Militar? Como foi essa convivência?
Henry Campos - Mexeu muito com a minha cabeça, porque havia um conflito. Ao mesmo tempo em que eu estava em colégio, que era bom, onde tínhamos os melhores professores, era duro conviver com aqueles conceitos em que pessoas contrárias ao regime eram difamadas. Tivemos amigos presos, meu pai chegou em certo momento a ser denunciado. Tínhamos muitos livros em casa e criamos um lugar em que aqueles livros tiveram que ser escondidos. Tive um tio preso, Raimundo Diógenes, pessoa honesta. Nós éramos militares pela doutrina, educação. Isso me chocava. Depois eu fui para o Estados Unidos.

OP - E como foi nos EUA?
Henry Campos - Bom, pois sempre gostei de estudar. E isso me deu a chance de falar línguas fluentemente. Mudou minha visão do mundo.

OP - E o choque cultural em relação ao Brasil?
Henry Campos - Reforcei a minha percepção de que o Brasil é um grande País. E que muitas coisas que funcionavam bem lá, tinha certeza de que algum dia eu veria funcionar bem aqui. Eu nunca deixei de reconhecer também coisas positivas em nossa sociedade. Tenho certeza de que nunca teria feito a opção de me fixar nos Estados Unidos.

OP - Por que diante de uma situação mais vantajosa decidiu voltar?
Henry Campos - Acho que havia muito coisa a ser feita aqui. A contribuição que eu posso dar aqui é bem maior. Na primeira vez que fui para a França, estava seduzido e cheguei a ficar balançado a ficar lá. Mas tinha compromisso com a universidade. Estava produzindo muito em termos de pesquisa, estava em um hospital que era considerado o berço da minha especialidade. Nos EUA, não.

OP - Sua carreira sempre foi dedicada à medicina, mas sempre voltada para a academia...
Henry Campos - É. No segundo ano do curso de medicina nós criamos um projeto. Chamava-se Pacatuba. Ali já trabalhávamos na lógica do saúde da família. Visitávamos os domicílios, cadastrávamos com todos os dados sociais e atendíamos a família. Essa ideia foi minha e de alguns colegas de turma e, durante todo o nosso curso, todos os sábados mantínhamos essas visitas, de acordo com o período em que o aluno estava cursando. Cada equipe dentro do conhecimento que já havia adquirido. E tínhamos sempre um professor acompanhando e se responsabilizando por isso. Por que Pacatuba? Porque a prefeitura se dispôs a nos ajudar. Meu tio era prefeito e se colocou a disposição para nos apoiar. Primeiro dava autorização para usarmos os postos de saúde, que nós mobiliamos inteiramente com doações de beliches usados em uns jogos universitários. A prefeitura dava o lanche, a universidade, o ônibus e nos saíamos toda manhã cedo. Agora esse projeto sempre teve uma desvinculação política. Tanto que, na eleição seguinte, a oposição ganhou e o projeto foi mantido. A nossa turma toda, até se formar, manteve o compromisso com esse projeto. E foi uma coisa extremamente importante para nós. Em menos de dois anos a mortalidade infantil tinha baixado para zero. Agora, havia um envolvimento. E todo esse atendimento era feito com a perspectiva de uma visão integral, não assistencialista. Esse trabalho nasceu no antigo Departamento de Medicina Preventiva. São essas coisas que fazem com que a vocação da gente vá se afirmando.

OP - Não seria também natural que essa vocação se voltasse mais para a medicina preventiva? Como foi que surgiu o interesse pela nefrologia?
Henry Campos - Acho que o meu lado de investigador, de pesquisador, de lidar com dados mais concretos, com possibilidades maiores de intervenções... a nefrologia é muito instigante, provocativa. O rim é um órgão que mexe com tudo. E era uma época, ainda é, em que se tratava de uma especialidade de ponta, ainda mais com você vislumbrando a possibilidade do transplante, que é uma modalidade de tratamento diferente. Entra a questão ética, humana. E também o desafio da imunologia, da rejeição. Então você une tudo isso....

OP - O retorno para a França também reforçaram a perspectiva desse desafio?
Henry Campos - Acho que sim. Na França encontrei exatamente o ambiente que considero ideal para o médico trabalhar. Tudo que há de melhor para o paciente, ou seja, sem se preocupar com o que ele ganha, o que ele faz. É você chegar em casa, botar a cabeça no travesseiro e saber que fez tudo que poderia fazer nas melhores condições, independente de qualquer coisa. Isso reforçou profundamente a minha crença nessa prática. Foi um momento importante para mim de afirmação de uma medicina socializada. E tenho uma gratidão a universidade por ter me dado a oportunidade de ter podido ampliar esses conhecimentos.

OP - Esse retorno da França também não se deu em uma perspectiva de um desafio a ser encarado no Brasil? O senhor também pensou nisso?
Henry Campos - Pensei, claro. Na minha ida a França ganhei o apoio do professor Jean Dausseut, ganhador de um prêmio Nobel, que me ajudou a montar o nosso laboratório de imunologia de transplante. Posteriormente fizemos um intercâmbio grande. E ainda tinha uma coisa que é marcante para mim que era a necessidade de construirmos no Brasil um sistema de transplante. De transplante público, ético. Porque isso até os anos 90 praticamente não existia. Éramos um País que se falava, e era verdade, de que quem tinha dinheiro se beneficiava rapidamente com um transplante. Não estou dizendo que havia desvios. Mas não havia um sistema que desse acesso a isso. Éramos uma rede de médicos que lutava por isso. De ter um sistema transparente, de lutar pela doação de órgãos. Criamos aqui nesta universidade a primeira campanha de doação de órgãos do Brasil, oficialmente, quando era reitor o professor Hélio Leite, chamada “Quem ama, doa”. E temos defendido essa bandeira até hoje com grandes avanços. Somos atualmente (o Brasil) o maior sistema público de transplante do mundo. O nosso SUS paga hoje mais de 90% do custo dos transplantes e garante toda a medicação.

OP - Quando foi o primeiro transplante que o senhor realizou e qual foi a sensação?
Henry Campos - Foi em março de 1976, no meu primeiro ano de residência na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, no Hospital Pedro Ernesto. Para mim foi uma coisa mágica. Primeiro ver o processo de escolha do doador. Observar que uma coisa dessa atinge toda uma família. Como uma pessoa jovem, de repente, tem que se submeter a um processo de diálise, extremamente penoso. A vida muda totalmente. E aí a perspectiva de ter uma qualidade de vida melhor, de reabilitação, é o transplante. O transplante é uma coisa especial. O profissional de transplante não tem hora. Quando você utiliza o doador cadáver, por exemplo, a etapa de definir a morte cerebral, contatar a família, é um processo que consome tantas horas, tanta energia... Mas ao mesmo tempo, o próprio ato da doação é uma coisa extraordinária. Hoje até que o médico não se envolve tanto com isso. Mas antes tinha que fazer. E não é uma aproximação fácil, mesmo com o tempo em que se foi assimilando mais essa questão da morte encefálica.

OP - Depois de quase 500 transplantes, a sensação que o senhor tem é muito diferente?
Henry Campos - Acho que é diferente porque a responsabilidade é maior. O primeiro transplante tinha o mesmo encantamento, a mesma magia, mas não havia a noção tão presente da responsabilidade. Porque você põe na balança, benefícios, riscos. Nem tudo é perfeito. A gente trabalha em condições que são sempre limitadas, por uma razão ou outra. Infelizmente, ainda não é aquele sistema de saúde que a gente possa ter 100% a garantia de que estamos prontos para oferecer naquele percurso que o paciente vai ter o que há de melhor. Pode faltar remédios, pode faltar um acesso a alguma coisa. Você se interroga muito, é uma grande responsabilidade que você assume.

OP - A questão técnica não se basta. É isso que o senhor quer dizer?
Henry Campos - A questão técnica é superada. É uma coisa estabelecida, mas que você sabe que enobrece, transforma a vida das pessoas.

OP - Vou entrar em um tema que lhe tem sido caro, que é a humanização da medicina. Como o senhor acha que nossos estudantes são formados em relação a isso?
Henry Campos - Não é só a medicina, mas também do profissional em geral. É muito interessante você parar em determinado momento da sua vida e fazer uma reflexão sobre o que você vem fazendo ao longo dos anos. Isso aconteceu quando eu já estava como diretor da Faculdade de Medicina. Nós nos defrontávamos com essa questão e achei que era hora de começarmos a enfrentar essa discussão que já vinha há dez anos. Mas percebi também que precisa me preparar para isso. Ai fui fazer um período de estudos de educação médica nos Estados Unidos. Fiz isso em 2002 e aí é que a gente entra nessa questão da importância da clareza da missão de professor e nos perguntarmos: será que estamos realmente educando para uma profissão? As profissões da saúde, a medicina principalmente, acho que estão bem a frente nessa discussão. Porque como esses profissionais lidam mais diretamente com a vida humana, há uma clareza também de que se as escolas formadoras não assumirem este compromisso de repensar essa formação a coisa só vai se agravar. Aumenta-se custo, incorpora-se tecnologia, no entanto, o que se vê na prática são as pessoas se referindo a medicina desumana, impessoal, onde você não é escutado, supervalorizando a questão dos procedimentos. As pessoas estranham até quando vão ao médico e ele não pede exames. E a resposta na maioria das vezes não está aí. Existem estudos, documentos, tudo mais indicando que a grande maioria das situações são diagnosticadas a partir de um exame clínico competente, de uma conversa com o paciente. E essa relação está desvalorizada. E a formação para o enfrentamento dessa realidade é um desafio, porque é bem mais confortável o útero morno e aconchegante da academia, do que ir lá para fora e enfrentar o caos, o buraco negro, a pobreza. Essas questões precisam estar presentes na formação.

OP - O senhor acha que com a descentralização do ensino, ao se levar as instituições para o Interior, caminha nessa direção?
Henry Campos - Com certeza. Na hora que a universidade se expande, pensa no potencial de desenvolvimento do Estado. Procura ouvir a sociedade, cria cursos onde não há, articula-se com a secretaria de Educação do Estado na formação de professores. Esse dia-a-dia tem que estar dentro da universidade. Temos que estar preparados para esse desafio que não é só do governador, da secretaria, mas sobretudo da universidade, que tem o dever de trazer essas coisas para a agenda das pessoas que estamos formando. A mesma coisa é com a saúde. Está havendo uma transformação do Ceará e a universidade tem muito a ver com isso. Temos um desafio enorme. Precisamos formar 70 mil profissionais para termos uma cobertura completa do Programa Saúde da Família, precisamos formar cerca de 110 mil gestores nos diferentes níveis do sistema de saúde. Então precisamos formar profissionais para o mundo do trabalho. E formar para o mundo do trabalho é formar com elementos de realidade, preparar para os desafios do dia-a-dia. Tenho que formar um médico que tenha competência para sair da faculdade e resolver aqueles problemas prevalentes que são muitos na população. Ao invés de ter um cara pensando na especialização, nisso, naquilo. Mas que seja antes de tudo um bom médico, e isso se estende para as demais profissões.


A entrevista com Henry Campos foi realizada no final da tarde de uma quarta-feira no gabinete do vice-reitor, no prédio da reitoria, no Benfica. Da janela aberta, quase sem barulho, era possível ter uma visão da Concha Acústica. Ao se referir à Vila Santana, na rua ao lado da universidade, onde o médico morou com a família quando criança, o próprio Henry se surpreendeu ao lembrar-se do seu primeiro contato com a UFC.

Outro momento da entrevista marcado pela coincidência deu-se quando falou sobre sua primeira viagem para fora de Fortaleza, que foi a cidade de Sobral. Anos depois, coube a ele conduzir o processo de criação da primeira universidade de medicina daquela cidade, tendo recebido o título de Doutor Honoris Causa por isso .

Henry Campos fez questão de citar alguns nomes de professores que atuaram como pioneiros no Ceará nessa questão dos transplantes, destacando as figuras de Lacerda Machado, João Evangelista, Roberto Marques, João Evangelista Júnior. Em 1985 a UFC criou um programa de transplante com doador cadáver e uma rede de transplante no Nordeste.

Henry Campos confessou que está estudando a possibilidade de voltar a exercer a antiga função médica que ocupava antes de assumir um cargo na administração da universidade. “Quando a gente envereda pela área administrativa vai deixando um pouco de lado essa idade (nefrologia). Mas esta semana mesmo eu discuti com alguns colegas a possibilidade de pelo menos dois dias por semana me voltar mais a nefrologia”.

Nascido em Fortaleza, Henry Campos é filho do ex-jornalista Pádua Campos, que atuou no O POVO e foi presidente do Sindicato dos Jornalistas. Dos seis irmãos, dois também seguiram a carreira médica. Ele tem Doutorado em Medicina (Nefrologia) pela Universidade Federal de São Paulo, e Pós-Doutorado pela Université de Paris V.

Formado pela UFC em 1975, Henry foi em seguida fazer residência no Rio de Janeiro, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em nefrologia. Concluiu mestrado em 1980 e voltou para Fortaleza quando prestou concurso para área docente. Entrou como professor assistente da Faculdade de Medicina, no Departamento de Medicina Clínica. Nessa época, ganhou uma bolsa de estudos para a França onde passou quatro anos e meio, de 1991 a 1995, principalmente trabalhando na área de transplante renal e na parte de imunologia de transplantes.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Brasília, 22 de maio de 2009 - 17h30
Transplantes: laboratórios e transporte de órgãos terão novas regras
Duas medidas colocadas em discussão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) podem impactar na diminuição do tempo de espera para quem está na fila por um transplante, além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes transplantados.
A consulta pública 25/09, cria regras específicas para os laboratórios de histocompatibilidade e imunogenética para fins de transplante existentes no Brasil. A proposta estabelece, por exemplo, que em situações de emergência, os laboratórios deverão definir mecanismos para liberar os resultados com agilidade. São esses laboratórios que testam as amostras de doares e receptores para concluir se há compatibilidade com a finalidade de se obterem melhores resultados no transplante, reduzindo as chances de rejeição do receptor ao órgão. É possível participar do debate enviando sugestões por carta, fax ou e-mail até 18 de julho.

Já a consulta pública 17/09, que recebe contribuições até 21 de junho, propõe uma padronização de todo o processo de transporte dos órgãos destinados a transplantes, desde a captação até a chegada ao receptor. O texto define regras sobre qualidade, segurança e integridade dos órgãos humanos transportados, além de prevenir a contaminação do material e do pessoal envolvido no transporte.

Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), mais de 64 mil pessoas estão na fila de espera por um órgão no Brasil, principalmente rins e córneas. Se transportado de forma adequada, um rim pode permanecer por mais de 24 horas acondicionado, antes de ser transplantado. Mais vulnerável, um coração precisa chegar ao receptor em no máximo 4 horas. Veja abaixo o detalhamento de cada proposta:

Transporte de órgãos é padronizado
Laboratórios de histocompatibilidade ganham regras específicas

Como participar

Laboratórios de histocompatibilidade ganham regras específicas
Coleta, identificação, avaliação, processamento, armazenamento e descarte de amostras biológicas são exemplos das atividades desenvolvidas pelos laboratórios de histocompatibilidade e imunogenética para fins de transplantes. O objetivo da proposta em discussão é garantir padrões técnicos e de qualidade mais rigorosos em todo o processo de realização dos exames. O texto traz, por exemplo, exigências relativas à capacitação e educação continuada dos profissionais, à infra-estrutura mínima de funcionamento, à coleta e transporte de amostras e ao gerenciamento de resíduos.
Além disso, os laboratórios deverão ter sistema de garantia da qualidade implantado, que contemple normas de biossegurança, revisão periódica das instruções escritas, auditorias internas e procedimentos para a detecção e prevenção de erros. O laboratório deverá possuir também um regimento interno no qual esteja definido quem é o responsável técnico e a estrutura administrativa e técnico-científica.

É necessário que o responsável técnico seja um profissional de nível superior da área biológica ou da saúde, legalmente habilitado, e tenha realizado treinamento teórico e prático por no mínimo 24 meses em um ou mais laboratórios de histocompatibilidade e imunogenética. “É uma maneira de garantir a capacidade técnica dos profissionais, que na graduação tomam contato com esse conhecimento de maneira muito dispersa”, afirma Dirceu Barbano.
Infra-estrutura e amostras
A infra- estrutura mínima exigida para o funcionamento dos laboratórios deve conter uma sala para o atendimento de pacientes e outra para a coleta de amostras, além de laboratório de biologia molecular e laboratório de sorologia.
As amostras biológicas de doadores e receptores, com exceção de linfonodos e baço, podem ser coletadas no próprio laboratório. Quando a coleta for realizada por equipes de retirada, centros transplantadores, hemocentros e outros laboratórios licenciados, o laboratório de histocompatibilidade que vai analisar as amostras deve disponibilizar instruções escritas sobre o preparo dos doadores e receptores, sobre a coleta, acondicionamento e transporte das amostras.
Nesse último caso, o transporte até o laboratório deve ocorrer em recipiente higienizável e impermeável, com a identificação da simbologia de risco biológico, nome e endereço do laboratório de destino e com os dizeres “Amostras Biológicas para Exames Laboratoriais”. As condições para o descarte de amostras devem estar previstas no Plano de Gerenciamento de Resíduos do laboratório
Transporte de órgãos é padronizado
A lei 9434/97, que dispõe sobre a remoção de órgãos e tecidos para transplantes, chega a abordar o transporte de forma geral. No entanto, ainda não existe uma legislação específica. Padronizar as condições sanitárias de transporte dos órgãos destinados a transplantes pode impactar diretamente no bem-estar do receptor.

“ Minimizar os riscos sanitários durante o transporte é garantir que as condições fisiológicas do órgão sejam preservadas, que não ocorra contaminação e consequentemente, reduzir as possibilidades de rejeição no paciente”, pontua o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano.

A padronização pode ainda fazer com que o órgão chegue mais rápido ao receptor. “Se há procedimentos já estabelecidos, padronizados, eles tendem a ser executados em um tempo ideal”, sinaliza Barbano.

Acondicionamento e transporte
Pelo texto, o responsável técnico pela equipe de retirada dos órgãos deverá elaborar e manter instruções escritas e atualizadas de acondicionamento e armazenamento dos órgãos. Os profissionais de saúde que acondicionam os órgãos devem possuir treinamento permanente e os envolvidos no deslocamento devem estar bem orientados quanto aos cuidados necessários.

“ A idéia da legislação é alcançar todos os envolvidos na cadeia do transporte”, explica Dirceu Barbano.

O acondicionamento deve se dar de forma asséptica, utilizando-se uma embalagem primária (que fica em contato direto com o material), duas secundárias (que ficam entre a primária e a externa) e uma terciária, a mais externa de todas. As embalagens primária e secundárias devem ser estéreis, transparentes, resistentes e impermeáveis, além de não oferecer risco de citotoxicidade. A embalagem terciária deve ser preenchida com gelo em quantidade suficiente
para manter a temperatura pelo tempo necessário.

Se o profissional de saúde designado pela equipe de retirada do órgão acompanhar o transporte, o mesmo poderá ser realizado em veículo não oficial. Se esse profissional não estiver junto, o transporte só poderá ocorrer em veículo oficial ou terceirizado. Neste último caso, é necessário que exista um plano de transporte com a definição das responsabilidades e que a empresa transportadora seja legalmente constituída.
Ainda pela proposta, fica terminantemente proibido transportar órgãos com outro tipo de carga, que ofereça riscos de contaminação.
Como participar
Para participar das consultas públicas basta preencher o formulário disponível no link http://www.anvisa.gov.br/divulga/consulta/index.htm com os dados requisitados. Não se esqueça de preencher o número da consulta pública com a qual você está contribuindo e o ano, para que sua sugestão seja encaminhada corretamente. Depois de preenchido, o formulário pode ser enviado para o fax (61) 3462.6825 ou para o endereço eletrônico ggsto@anvisa.gov.br.
Quem optar por carta, pode enviar o formulário preenchido para Agência Nacional de Vigilância Sanitária / Gerência Geral de Sangue,Tecidos, Células e Órgãos no seguinte endereço: SIA, trecho 5, Área Especial 57, Bloco D, 2º. andar, sala 01, Brasília/DF. CEP: 71.205-050.
Informações: Ascom/Assessoria de Imprensa da Anvisa

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Informativo SAMU

PORTAL DO TÉCNICO SEGURANÇA NO TRABALHO
portaldotecnico.net@gmail.com
 
As ambulâncias e emergências médicas perceberam que muitas vezes nos acidentes da estrada os feridos têm um celular consigo.
No entanto, na hora de intervir com estes doentes, não sabem qual a pessoa a contatar na longa lista de telefones existentes no celular do acidentado.
 
Para tal, o SAMU lança a idéia de que todas as pessoas acrescentem na sua longa lista de contatos o NUMERO DA PESSOA a contatar em caso de emergência.
 
Tal deverá ser feito da seguinte forma: 'AA Emergência' (as letras AA são para que apareça sempre este contacto em primeiro lugar na lista de contatos).
 
É simples, não custa nada e pode ajudar muito ao SAMU ou quem nos acuda.
Se lhe parecer correta a proposta que lhe fazemos, passe esta mensagem a todos os seus amigos, familiares e conhecidos. É tão somente mais um dado que registramos no nosso celular e que pode ser a nossa salvação.
 
Por favor, não destrua esta mensagem! Reenvie-o a quem possa dar-lhe uma boa utilidade.
 
PORTAL DO TÉCNICO
www.portaldotecnico.net
 


sexta-feira, 29 de maio de 2009

midiamax
28/05/2009 09:00
Sem transplante de pele, queimados não chegam à recuperação plena

Jacqueline Lopes
Alessandra Carvalho

Presença da mãe faz parte do processo de cura de criança vítima de queimaduras



Vítima da combustão do álcool, Lorrane, 5, teve queimaduras de 3º e 4º graus por todo o corpo. Está há 27 dias internada no setor de queimados da Santa Casa de Campo Grande. A criança é um dos 16 pacientes do 2º andar, no setor onde ficam as vítimas de traumas térmicos.

O histórico da menina é de recuperação. As marcas no corpo poderão acompanhá-la, mas tecnologias para transplantes de pele já existem. Porém, não em Campo Grande.

“Se tiver condições de levar minha filha para fora e for para o bem dela eu faço de tudo”, diz a mãe, a servente industrial Viviane Aparecida Xavier da Silva, 26.

Um dos desafios no tratamento das crianças em fase de crescimento é de que forma recuperar a pele destruída pelo fogo para que o órgão acompanhe a evolução do corpo.

A Santa Casa tem condições de retirar pele, córnea, rim, coração e osso de doadores, mas ainda falta estrutura para transplantar a ‘própria roupa natural’ do ser humano: a pele.

Hoje, a referência no Brasil em transplante de pele é São Paulo. Aliás, segundo o médico cirurgião intensivista da Comissão de Captação de Órgãos da Santa Casa, Luiz Alberto Kanamura, a capital paulista tem sido referência em todos os tipos de transplantes

Caso Lorrane

Há 27 dias no local, a menina de Dourados recebe medicamentos à base de morfina, antiinflamatórios, curativos e carinho, tanto da equipe especializada como da mãe.

Lorrane dorme muito, talvez assim o tempo passa rápido. Viviane prefere se concentrar no restabelecimento da saúde da filha. Enquanto a criança pega no sono e segura a mão dela, a mãe conta como foi o acidente.

Viviane trabalha todos os dias até meia-noite. Os filhos têm 5, 8 e 10 meses e ficam com a avó materna, na casa onde moram as crianças e a mãe.

O acidente aconteceu num fim da tarde. Um vizinho tinha varrido o quintal e posto fogo no lixo. Um amiguinho de Lorrane, irmão do garoto que ateou fogo nos entulhos, jogou o resto do álcool na menina que brincava no quintal de vestidinho.

Quando a menina se aproximou do fogo, o álcool da sua roupa respondeu imediatamente ao contato. Ela foi tomada pelas labaredas, a avó correu para socorrê-la e jogou água no corpo da menina.

Chorando muito, Lorrane foi levada pela avó para o hospital. A mãe deixou o trabalho e ficou com a criança que no mesmo dia foi trazida para a Santa Casa.

Na enfermaria, com o corpo todo enfaixado, com exceção do rostinho e parte da cabeça, a menininha dorme e chora quando não vê a mãe por perto.

Viviane não sabe do paradeiro do marido, tem licença médica de dois meses, deixou os outros filhos em Dourados e diz que irá até o fim para garantir a recuperação da filha.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Estado realiza 1º transplante de rim em criança 27/05/2009 - 20h27m
*Da Redação
redacao@portalibahia.com.br

Uma menina de onze anos é a primeira criança baiana a fazer transplante de rim no estado. Esse tipo de cirurgia voltou a ser feito na Bahia no ano passado, mas só em adulto.

Antes, qualquer transplante infantil em pacientes baianos era realizado no sul e no sudeste do país. Essa história mudou segunda-feira (25), quando a pequena Vitória ganhou a chance de brincar como uma criança comum.

No Hospital Ana Nery, dentro da UTI infantil, Vitória já voltou a sorrir. Há 48 horas, a menina de onze anos, entrou para a história da medicina na Bahia.

O transplante era necessário porque os rins da menina já não funcionavam mais. Ela precisava filtrar o sangue através de hemodiálise. Um processo que durou três anos, mas que foi resolvido em apenas três horas de cirurgia.

Primeiro os médicos usaram o tecido do intestino da criança para criar uma bexiga. Vitória havia nascido sem o órgão. Depois eles transplantaram um rim doado pela mãe. “Estou feliz porque salvei minha filha”, conta Ana Nascimento, mãe de Vitória.

“A criança está bem humorada e o apetite dela está normal. Há uma previsão para alta em curto prazo, em torno de 48h a 72h”, afirma o cirurgião Nilo Batista.

Hoje, Vitória aproveitou para mandar recado para o resto da família, que ficou em Madre de Deus, no interior da Bahia. “Daqui eu vou chegar aí para brincar”, diz Vitória.

A equipe médica espera fazer mais quatro transplantes de rim em crianças na Bahia até o fim do ano. A cirurgia e o tratamento são pagos pelo Sus.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Geral 26/05/2009 04h13min

Doador de órgãos agora tem diploma

Campanha do Foro Central e da OAB estimula a adoção do gesto solidário


O ato é simbólico, mas o debate desencadeado é real. A campanha Doar É Legal, lançada ontem em Porto Alegre, busca captar doadores de órgãos no Estado. Cada pessoa que manifestar sua disposição de doar após a morte órgãos e tecidos recebe um diploma que pretende servir para tenta levar o assunto para dentro de casa.

O cadastramento simbólico pode ser feito até sexta-feira, das 8h30min às 18h30min no saguão do Foro Central de Porto Alegre (Rua Márcio Veras Vidor, 10, bairro Praia de Belas). Ao apresentar um documento de identidade a um servidor do foro, o doador tem seu nome escrito em um diploma criado para a campanha.

A iniciativa é do Foro Central e da seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS), em parceria com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e Hemocentro.

– Sou doadora porque há muita gente que precisa. Na minha família ninguém nunca precisou, mas ninguém está livre de passar por isso – afirmou a operadora de caixa Vanessa Gonçalves, 24 anos, logo depois de retirar seu diploma no foro.

O presidente da ABTO, Valter Garcia, também coordenador de Transplantes da Santa Casa da Capital, disse que a divulgação da doação de órgãos é sempre significativa para se reduzir a fila de espera por um órgão, que hoje tem quase 3 mil pessoas.
ZERO HORA









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segunda-feira, 25 de maio de 2009


ESTADÃO DE HOJE/Vida&


Domingo, 24 de Maio de 2009


Estudo no interior de SP obtém órgãos embrionários que podem, no futuro, ajudar na recuperação de doenças

Roberto Godoy



Foi logo de manhã, num dia de muito calor, em março, que ficou pronto o exame das primeiras amostras. Debaixo das lentes do histologista Sebastião Taboga, na unidade de Microscopia e Microanálise da Unesp, havia uma descoberta: um pequeno rim, ao lado de um baço, e, como se constatou em seguida, um pâncreas. São órgãos embrionários - novos tecidos -, mas desenvolvidos com base em culturas de células-tronco.

A pesquisa está sendo desenvolvida na Faculdade de Medicina (Famerp), em São José do Rio Preto (450 km de SP), com envolvimento de equipes da Unesp, da USP e de uma empresa de biomedicina, a Braile Biomédica. "Houve até uma certa emoção", segundo o coordenador do programa, professor Mário Abbud Filho, chefe do Departamento de Nefrologia e Transplantes.

Abbud não sabe o que "os brotos ou botões" de rim surgidos poderão gerar. Ele duvida que, mesmo a longo prazo, possa haver um novo órgão, completo e funcional, decorrente do trabalho. "Mas estão presentes túbulos e glomérulos, partes essenciais dos rins que poderão, sim, permitir, em um tempo que não pode ser estimado, a produção de componentes do órgão com as quais será possível recuperá-lo e restaurá-lo", afirma. Os sinais são bons. Os glomérulos, por exemplo, compõem a primeira estrutura de filtragem do sistema.

A aventura científica teve início bem antes disso, em 2005, "quando surgiu a proposta de apurar, com segurança, qual seria a interferência da aplicação de células-tronco em rins cronicamente doentes", explica Abbud. Foi montada a infraestrutura e formado um grupo enxuto, que envolve 12 especialistas, biólogos e médicos.

O grupo induziu uma espécie de enfarte nos rins das cobaias, ratos de laboratório nos quais a insuficiência renal crônica atinge então índices muito altos. Os primeiros resultados "foram estimulantes", relata a bióloga Heloisa Caldas, responsável pelos estudos experimentais do Litex - Laboratório de Imunologia e Transplante Experimental. De fato. Depois de extraídas da medula óssea, as células-tronco eram injetadas diretamente sobre o órgão doente. Na maioria dos casos "ficou clara a desaceleração da deficiência e observada significativa recuperação", explica o médico Abbud.

São usados dois tipos de célula: mononucleares e mesenquimais (mais informações nesta pág.). "Desse ponto em diante foram observados outros resultados positivos, como o menor número de mortes no limite de 120 dias no lote que recebeu infusões de mononucleares", diz a pesquisadora Heloisa Caldas.

Qual seria a medida padrão a ser aplicada? Quantas injeções seriam necessárias? O procedimento era o correto? "As dúvidas, debatidas pelo grupo, levaram a ampliação do experimento", explica Abbud. As células-tronco passaram a ser implantadas depois de passar duas semanas em cultivo e sobre a base de um biomaterial, a serosa porcina, uma membrana que reveste o intestino do porco. "Funcionou como uma espécie de tampão, que impedia o eventual refluxo da cultura", diz o médico. A avaliação histológica revelou, 90 dias mais tarde, os primeiros sinais, ainda pouco definidos, dos novos tecidos renais.

Um segundo suporte biológico, a base de pericárdio (tecido que envolve o coração) bovino, entrou no processo, com pouco mais de sofisticação: o suporte biológico, fornecido pelo Instituto de Química da USP, em São Carlos, passou a ser liofilizado - processo de secagem radical e de eliminação de substâncias voláteis. As cobaias injetadas com as células mononucleares repetiram o desempenho anterior, de retardar o avanço da doença. As que receberam lotes mesenquimais "apresentaram claramente novos brotos de rins, baço e pâncreas", frisa Mário Abbud.

O ensaio foi repetido e obteve resultados semelhantes todas as vezes, cinco ratos com tecido linfoide do baço, outros dois também com tecido renal e de pâncreas. As próximas etapas "serão muitas e vão exigir de três a cinco anos de trabalho", destaca a bióloga Kawasaki. O comunicado à comunidade científica foi feito em Salvador, no dia 7, durante o Congresso Internacional TTS New Key Leader Meeting, promovido pela Sociedade de Transplante.

A boa sorte tem peso na pesquisa. Um procedimento de alta complexidade, a expressão gênica (ExG), o estudo da constituição genética total de um determinado material biológico - "é com ele que saberemos se cada segmento é o que parece ser" - consumiria muito tempo. Acontece que na Universidade Harvard há um cientista brasileiro, amigo de Abbud. E é lá que atua Douglas Melton, talvez o mais avançado especialista na área de ExG. Se tudo correr bem, o grupo de São José do Rio Preto poderá mandar para Harvard o material produzido e uma bióloga para aprender as técnicas. Por aqui, os testes prosseguem, provavelmente com uso de chimpanzés e a indução de doença renal em índices mais favoráveis, menos graves.





quarta-feira, 20 de maio de 2009

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TRANSPLANTES


PORTAL CAPARAÓ
Doação de órgãos e transplantes são temas de curso na Faculdade do Futuro
aciamffuturo2009maio032Profissionais da área de saúde, acadêmicos de Enfermagem, Farmácia e de Ciências Biológicas da Faculdade do Futuro participaram durante esta segunda e terça-feira do curso de Formação de Coordenadores Educacionais de Transplantes. Promovida pela instituição de ensino superior e a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a ação quer fomentar mais doações de órgãos e conscientizar a sociedade da importância de políticas públicas sobre transplantes.

Durante os dois dias de cursos, o responsável pela capacitação dos multiplicadores foi o Presidente da ABTO, o médico Valter Garcia. Um dos maiores especialistas no assunto no mundo e principal responsável pela divulgação do tema doação de órgãos e transplantes pelo país.

Para ele, o panorama da doação de órgãos evoluiu muito no Brasil nos últimos dez anos. Ele considera que ainda é preciso dobrar os números atuais. "Nós melhoramos muito, mas ainda tem bastante gente na fila. Para se ter uma idéia, passamos de 6,2 doadores por milhãopara 7,0.

Aumentou 15 ou 16%. Planejamos chegar daqui a dez anos a 20 doadores por milhão, o que significa um aumento de 12 a 15%. Hoje os EUA têm 24 doadores por milhão. A maioria dos países europeus tem de 15 a 25, mas a Espanha já passou dos 30, o que nos mostra que o nosso caminho é muito longo".

Para ele, a iniciativa de promover o curso em Manhuaçu ajuda a vencer esses obstáculos. Durante a palestra, Vargas mostrou muitos mitos que ainda prevalecem na sociedade sobre a questão da doação de órgãos e os transplantes. Falou sobre religião e o papel da mídia.

Com os dois dias de curso, garante que todos os profissionais participantes saem capacitados para informar as pessoas e com uma bagagem de conhecimento muito ampla.

DESAFIOS

aciamffuturo2009maio020Valter Garcia mostrou que dos quatro desafios da doação de órgãos no Brasil, dois pilares já estão bem resolvidos. "O sistema público financia 95% dos transplantes. É o maior sistema público de transplantes do mundo. A outra questão é do ponto de vista legal. Temos a lei de 1997, aprimorada em 2001, que controla todo o processo de transplante. Nesses dois itens estamos muito bem", detalha o médico palestrante.

Do ponto de vista de conscientização, Vargas mostra que o país ainda é dividido. Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo lideram em números de doações. Enquanto as outras regiões estão muito atrás.

Os dois pilares ainda deficientes são a educação da sociedade e a estrutura organizacional de saúde. "Temos que melhorar a organização do sistema. Nesses três estados, o sistema está relativamente bem organizado. Possuem neurologistas e equipamentos para diagnosticar e documentar a morte encefálica. Há condições de fazer a sorologia do doador em três ou quatro horas e há equipes 24 horas disponíveis para buscar o órgão em qualquer lugar, mas em muitos estados isso ainda não funciona bem, então se perdem doadores".

Na questão da conscientização, o professor elogiou a iniciativa do curso em Manhuaçu e disse que esse é o caminho da mudança: "Devemos trabalhar muito para melhorar essa logística e também com relação à educação em diferentes níveis: com os profissionais de saúde, nas ONGs, na mídia e em faculdades, como aqui em Manhuaçu. Todo mundo tem que entender o que é morte encefálica, qual é a opinião da sua religião sobre os transplantes, como é que fica o corpo após a doação, como são alocados esses órgãos".aciamffuturo2009maio021

A coordenadora do curso de Enfermagem, Tatiana Vasquez, considerou o curso muito esclarecedor. "Nossos alunos serão grandes multiplicadores desse conhecimento. Fiquei muito feliz com a forma como ele abordou o tema, quebrando muitos mitos e fortalecendo a consciência de todo o público participante".

Carlos Henrique Cruz - 20/05/09 - 08:15 -
portalcaparao@gmail.com

terça-feira, 19 de maio de 2009

Noticias Dia Mundial da Hepatite





Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite

e-mail: hepato@hepato.com - Internet: www.hepato.com


World Hepatitis


Alliance




Em www.hepato.com/eventos/protesto_rio_18-05-2009.jpg pode ser visto como ficaram as grades da Secretaria Estadual da Saúde do Rio de Janeiro durante o protesto em que o prédio foi embrulhado com papel higiênico, para demonstrar como aquilo lá dentro funciona.
Dá para dar uma boa risada!
Participaram aproximadamente 100 pacientes e a cobertura da imprensa foi muita boa, com chamadas em jornais do dia, cobertura ao vivo de rádios e TV e amanhã estará nos principais jornais da cidade.
Conseguimos que a Assembléia Legislativa e a Câmara de Vereadores marquem para as próximas semanas duas audiências públicas convocando as autoridades da saúde e os ministérios públicos.
Obrigado a todos os que participaram do protesto.
Amanhã, estaremos em campanhas de divulgação durante o dia no centro do Rio de Janeiro e, gravando diversos programas de radio e TV.
À noite, em São Paulo, estaremos participando do evento na Assembléia Legislativa do Estado.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo





Hepatites

GAZETA

DE PIRACICABA

Cidade
Doença silenciosa

Chapéu Chapéu Hepatite C, a mais grave, pode demorar 20 anos para apresentar os primeiros sintomas

ADRIANA FEREZIM
Especial para a Gazeta

Comemorado hoje, 19 de maio, o Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, foi criado pela Organização Mundial de Saúde para alertar e informar sobre essa doença, que compromete o fígado e raramente apresenta sintomas. Por esse motivo, a maioria das pessoas não sabe que tem o vírus e quando descobre, cerca de 20 anos após a contaminação, o órgão já apresenta sinais de insuficiência, cirrose e câncer hepático.

Atualmente, são conhecidos cinco tipos da doença, denominados de A, B, C, D e E. De acordo com a ONG Grupo Otimismo, mundialmente, os tipos B e C da doença atingem 520 milhões de pessoas, número 13 vezes maior que a epidemia de Aids. "Só no Brasil, cerca de quatro milhões de pessoas podem estar infectadas com o vírus da hepatite C e dois milhões com o vírus B. No entanto, mais de 95% ainda desconhecem que estão doentes e podem conviver com sérias complicações hepáticas".

O Ministério da Saúde esclarece que, em 2008, foram notificados 9.993 casos de hepatite B e de 10.665 de hepatite C. Neste ano, até o início de maio já foram registrados 4.779 casos de hepatite B e 2.839 de hepatite C.

Em Piracicaba, no primeiro trimestre deste ano, foram registrados oito casos de hepatite no Centro de Doenças Infecto Contagiosas (Cedic). Desses, dois são do tipo B, o restante é da C, a mais grave, porque em cada dez casos, oito se tornam crônicos (evoluem para cirrose e câncer do fígado) e a taxa de cura é de 50%, informa a médica Waleska Valéria Lobo Farias Germano, infectologista do Cedic Piracicaba e do Hospital Emílio Ribas, de São Paulo.

Em 2007, o Cedic registrou 54 casos de hepatite, sendo 13 da B e 41 da C. No ano passado, foram 94 pessoas diagnosticadas, sendo 14 com o tipo B, 78 com a C e dois casos que tinham os dois vírus, o B e o C.

O Cedic solicita que as pessoas que tiverem sido diagnosticadas com hepatite B ou C, na década entre 1990 e 2000, que procurem a unidade, na rua do Trabalho, porque um novo medicamento está disponível.

IDADE. O MS revela que uma análise dos casos confirmados no Sistema de informação de Agravos de Notificação (Sinan), entre 1999 e 2008, indica o predomínio de casos da hepatite C no Brasil na faixa etária entre 30 e 69 anos. Na pesquisa de pacientes com hepatite B, ocorre maior número de casos em pessoas com idade entre 20 e 59 anos.

A médica do Cedic alerta que estão no grupo de risco de ter a doença do tipo B ou C, sem saber, pessoas que até 1993 receberam transfusão de sangue, foram tratadas com seringas de vidro e agulhas de metal na infância e hoje têm mais de 40 anos, uso de alicate compartilhado e sem esterilização adequada em manicures, uso de equipamentos também infectados em dentistas e relações sexuais sem proteção (infectatos por esse motivo são mais raros na C e mais comuns no tipo B), usuários de drogas injetáveis ou aspiradas, tatuagens, piercings, pessoas que fazem hemodiálise, entre outros, inclusive profissionais de saúde, que podem se ferir no trabalho.

Mas as pessoas que não se enquadram nesses perfis também estão suscetíveis à infecção. "Em uma parcela dos pacientes não é detectada a origem da contaminação. É preciso ficar atento e fazer exames de rotina. O que faz o diagnóstico da hepatite é um exame de sangue específico. As pessoas, se suspeitarem que podem estar contaminadas, devem lembrar ao médico sobre a doença e solicitar que ele indique o exame", orienta Waleska.

O vírus da hepatite B é muito resistente. "Fora do organismo ele consegue sobreviver por quase cinco dias. Não é como o HIV, o vírus da Aids, que fora do corpo humano morre em aproximadamente dez minutos", disse.

Para todas as hepatites há tratamento e chance de cura. Para a hepatite B existe vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A vacinação é atualmente feita em bebês e está disponível para jovens até 19 anos gratuitamente.

A médica explica que 90% das pessoas com hepatite B conseguem a cura e 10% se torna crônica, levando a insuficiência hepática e evoluindo para cirrose e câncer de fígado. Nesses dois últimos casos o único tratamento é o transplante do órgão. A expectativa de vida em pacientes crônicos, em qualquer tipo de hepatite, pode variar de 10 a 20 anos.

Dados do Ministério da Saúde indicam que foram realizados no país, em 2008, 1.110 transplantes de fígado, mas informou que não é possível informar quantos foram realizados em virtude de pacientes com hepatite.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que há atualmente 76 pacientes em tratamento de hepatite C em Piracicaba e 213 na região. Com hepatite B, há 20 pessoas na cidade e 38 na região recebendo gratuitamente os medicamentos que são de alto custo. "O tempo de tratamento varia de acordo com o que o médico achar necessário. No caso da hepatite C, existe um protocolo do MS e do Estado que, estipula o recebimento do medicamento por até um ano", informou a assessoria de imprensa.

CRIANÇAS. O tipo A é mais comum em crianças e tem transmissão fecal e oral, geralmente por verduras mal-lavadas e água sem tratamento adequado, segundo a médica Waleska. É comum surtos em creches e, nesses casos, o governo oferece vacinação, caso contrário a vacina é oferecida na rede privada.

"A hepatite A apresenta como sintomas: febre não muito alta, em torno de 38,5 graus, dor abdominal e muscular, seguido de náusea, falta de apetite, e icterícia (cor amarelada observada nos olhos e também na pele)".

A luta e a dor de uma família

Na adolescência um jovem se machucou jogando futebol. O quadro clínico se complicou e ele precisou de transfusão de sangue. Vinte e três anos depois ele descobriu que tinha cirrose por causa do vírus da hepatite C. Morreu há pouco mais de um mês, aos 41 anos, deixando a esposa e filhas. A família pediu para não ser identificada, mas concedeu entrevista à Gazeta, como forma de alertar as pessoas sobre a doença.

"A hepatite C foi descoberta há três anos. Os sintomas começaram com perda de peso, dores abdominais e icterícia (pele amarelada). Foram diagnosticadas a cirrose e a hepatite C. Ele fez o tratamento e o vírus negativou. Um ano depois, a doença voltou e novo tratamento foi efetuado. Mais uma vez o estado clínico se normalizou, tanto que ele nem entrou na fila do transplante de fígado", relata a esposa.

Ele fazia o monitoramento da doença quando adoeceu e em um mês morreu.

"Ele teve uma crise da hepatite, com dor de cabeça, voltou a icterícia e febre. O quadro evoluiu para insuficiência múltipla. Foi de repente", conta.

Ela critica a falta de esclarecimento, de uma campanha ampla por parte do governo, para que as pessoas se previnam, façam o tratamento antes da doença comprometer o fígado. "Conheço jovens que descobriram ser portadores do vírus da hepatite C quando foram doar sangue. Nesses casos, o tratamento resolveu. O transplante é mais caro, o afastamento da pessoa do trabalho, enquanto está tomando os medicamentos também. Acompanhei meu marido, amparei ele nos momentos das reações do medicamento. Senti sua dor e apesar de toda luta, a doença venceu".

NÚMERO

94 pessoas foram notificadas com a hepatite B e C em Piracicaba, em 2008

Palestra alerta sobre a doença

A advogada Tania Penteado Bragado, 47, descobriu em 1998, em um exame de rotina, que estava com uma alteração no fígado. O problema foi investigado e ela foi diagnosticada com hepatite C. Fez dois tratamentos e vai completar quatro anos que negativou o vírus no organismo. Para chegar até essa boa notícia, o caminho foi difícil, de muito sofrimento e perseverança.

Ela contraiu a doença por transfusão de sangue, 17 anos antes de descobrir que tinha o vírus. "Aos 19 anos, sofri um acidente de carro e precisei de oito litros de sangue", fala.

Ela conta que depois de descobrir ser portadora do vírus HCV, começou uma série de procedimentos para iniciar o tratamento. "Primeiro precisei fazer uma biópsia do fígado, mas por causa das cirurgias do acidente, quando a equipe médica foi realizar o exame, tive hemorragia interna".

Ela não pode fazer esse exame, que é uma das exigências do protocolo da doença para o SUS fornecer o medicamento, que é de alto custo. "Como não pude fazer a biópsia, fiquei fora do padrão. Entrei com mandato de segurança e obtive os remédios".

Para se ter uma ideia do custo, em 2006, o tratamento, dos dois medicamentos indicados para o tratamento da hepatite C, custava o equivalente a R$ 8.000/mês.

REAÇÕES. Tania perdeu muito peso, teve queda de cabelo (quase ficou careca) e muita irritabilidade, dores musculares e náuseas. "Tudo isso é provocado pelo medicamento. É importante a compreensão e o apoio da família nesse momento", explica.

Negativou o vírus, mas, após três anos, a doença voltou. Deram-lhe 10 anos de vida.

Um médico, do Hospital São Paulo, com quem tinha contato, indicou um medicamento novo, que acabara de ser lançado. "Tive de conseguir o remédio por mandato de segurança. Fiz todo o tratamento, passei novamente por todas as reações e hoje estou aqui e disposta a informar e alertar a todas as pessoas sobre a doença".

A advogada tem feito palestras sobre sua experiência e para divulgar a hepatite C. "As pessoas precisam saber que não devem tirar a cutícula, não devem compartilhar a escova de dentes, aparelhos de barbear ou depilar. Minha luta hoje é alertar que existem milhares de pessoas com a doença, sem saber, e que os doentes não devem ter preconceito, porque ela não transmite no contato, no beijo, no abraço", afirma.

No período em que estava com a doença e não sabia, Tania se casou e teve dois filhos. "Corri o risco de transmitir o vírus a eles. Graças a Deus eles não têm nada".

Tania se coloca a disposição das pessoas que estiverem em tratamento e necessitarem de apoio. Telefone: 3422-2187.




segunda-feira, 18 de maio de 2009

COMUNICADO

Lamentavelmente e por motivos alheios a nossa vontade, acabamos de ser informados da impossibilidade da realização da campanha programada para amanhã (19.05.09), Dia Mundial da Hepatite.

DIA MUNDIAL DA HEPATITE


A Associação de Pacientes Transplantados da Bahia (ATX-BA) para comemorar o "Dia Mundial da Hepatite", estará realizando uma Campanha Educativa sobre Hepatite - distribuição de material informativo prevenção, diagnóstico e tratamento da Hepatite em vários locais da Catedral da Igreja Universal do Reino da Deus (IURD) com a participação de jovens que compõe a Força Jovem da IURD.

Data da realização: 19.05.2009
Local: Catedral da IURD em Salvador.

Endereço: Av. Antônio Carlos Magalhães,4278 - Iguatemi Salvador - Bahia
Será realizado durante o turno matutino e vespertino. Os
voluntários ficarão em pontos estratégicos e circulando.




domingo, 17 de maio de 2009

REVISTA ISTO É

Brasil

Tráfico de órgãos

Falta de fiscalização em IMLs e hospitais facilita ação de máfia e alimenta o

comércio clandestino que vende até cadáver inteiro

Alan Rodrigues


O enfermeiro A.L. teve o órgão de um de seus familiares supostamente roubado em um hospital municipal em São Paulo. A.L. denunciou o caso à polícia e hoje vive com medo de ser perseguido. Por isso, não permite ser fotografado e se esconde atrás de suas iniciais. Ele viveu um drama típico de roteiro de cinema. Mas sua história é real. Faz parte de um escândalo que foge ao controle das autoridades brasileiras. Os fatos: passava pouco mais das 5h da madrugada de 14 de maio de 2008 quando o enfermeiro, acompanhado de sua tia M.R.S., entrou no necrotério do Hospital Municipal do Tatuapé, para o reconhecimento e preparação do corpo de sua avó Adelina Ribeiro dos Santos, falecida naquele centro médico, horas antes, em decorrência de necrose de alças intestinais, septicemia e falência múltipla dos órgãos. Próximo ao local, A.L. observou que a sala estava com a porta entreaberta e que lá dentro, além de dois cadáveres expostos em duas mesas lado a lado, outras duas pessoas vestidas com jalecos brancos movimentavam os corpos. Ao chegar perto, o enfermeiro constatou que a equipe médica, que estava no local, e que não era do quadro de funcionários do hospital, retirava o globo ocular de sua avó. "Na hora que olhei para minha avó, vi que seus órgãos estavam sendo roubados", conta. "Ela não era doadora. Mesmo se fosse, morreu de infecção generalizada e seus órgãos não podiam ser transplantados", lembra. De imediato, A.L. mandou que as duas mulheres parassem o que faziam, chamou a polícia e não deixou que ninguém abandonasse o local.
LUCRO Criminosos movimentam por ano de US$ 7 milhões a US$ 12 milhões no mundo

DENÚNCIA "Na maioria dos casos, os traficantes comercializam na internet", diz maria Elilda Santos

Na verdade, o enfermeiro já havia ouvido a acusação de que aquele mesmo hospital público tinha sido denunciado, em 2007, pelo Conselho de Enfermagem de São Paulo, ao Ministério da Saúde, como um local onde ocorriam retiradas ilegais de córneas.
A confusão levou o enfermeiro, sua tia e as duas mulheres, identificadas como funcionárias do Banco de Olhos de Sorocaba - o maior do Brasil -, para a delegacia. Diante do delegado, as funcionárias alegaram que extraíram do cadáver errado os tecidos oculares.





"Foi um erro, uma troca acidental. Assumimos isso diante da polícia", admite Edil Vidal de Souza, superintendente do Banco de Olhos. O Ministério Público de São Paulo não concordou que tudo se resumiu a uma falha de procedimento. "A remoção do globo ocular do corpo de Adelina desobedeceu, de forma intencional, todas as normas vigentes", diz o promotor Roberto Porto. "Não há como alegar engano na identificação dos corpos", completa. Agora, passado um ano, a Justiça paulista, de forma inédita, aceitou a denúncia dos promotores do Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) contra o Banco de Olhos pela prática de crime de retirada de órgãos sem a autorização da família e marcou o julgamento para novembro. "A doação é louvável e importantíssima para salvar outras vidas, mas o governo tem de criar controles mais rígidos para fiscalizar as captações de órgãos", entende Porto. Segundo a direção do Hospital do Tatuapé, eles só cedem o espaço físico ao Banco de Olhos e nada têm a ver com a captação de órgãos.

Tráfico de órgãos

Falta de fiscalização em IMLs e hospitais facilita ação de máfia e alimenta o comércio clandestino que vende até cadáver inteiro

Alan Rodrigues



Estas irregularidades não são exclusividade do Estado de São Paulo. A freira Maria Elilda Santos que coordena a ONG Organ Traffic, ligada à Igreja Católica, que combate o tráfico de órgãos no Brasil e na África, já tinha alertado as autoridades brasileiras sobre a atuação desse suposto esquema criminoso. "Nenhum doador sabe se de fato seus órgãos foram para quem está na fila de transplante", diz Elilda. Pior: ela desconfia das estatísticas oficiais. Em 2008, foram feitos 17.428 transplantes. No entanto, segundo a Organ Traffic, sem nenhum controle, porque as equipes agem por conta própria em hospitais e necrotérios, como no caso da avó de A.L. No Brasil, existem 1.282 equipes habilitadas em 937 hospitais para realizar tais procedimentos. O mais grave é que o MP paulista descobriu que muitos desses funcionários recebem comissão para conseguir os órgãos. "São quadrilhas que se escondem atrás do nome de captadores e agem sem escrúpulos para cumprir uma demanda", diz Elilda. A freira, que denunciou o drama de A.L. à Organização dos Estados Americanos (OEA), e o promotor Porto entendem que deve ser feito um acompanhamento da retirada dos órgãos por agentes públicos. Em 2007, o Ministério da Saúde fez um acordo com o Conselho Federal de Enfermagem de só permitir o procedimento de extração de córneas com a supervisão de um enfermeiro.
O ministério, porém, alega que a fiscalização cabe às secretarias estaduais.

Organizações como a de Elilda, amparadas em números da ONU, calculam que a máfia do tráfico de órgãos movimenta no mundo entre US$ 7 milhões e US$ 12 milhões ao ano. Nesse mercado existe até uma tabela de preços que orienta a comercialização de partes do corpo humano entre os países. Um coração vale R$ 100 mil, um rim R$ 80 mil e as córneas chegam a custar R$ 20 mil. Vende-se de tudo. "Há ofertas de fígado, pulmão e até do cadáver inteiro", denuncia Elilda. "Na maioria dos casos, os traficantes comercializam na internet", conta.
Foi através da rede mundial de computadores que o empresário paranaense Mércio Eliano Barbosa conseguiu comprar, em abril do ano passado, um cadáver por R$ 30 mil para forjar a própria morte. A história de novela deu certo em sua primeira etapa. Mércio ganhou atestado de óbito, corpo, enterro e uma parte do dinheiro até que a polícia descobrisse a falcatrua. "A ideia dele era receber as apólices de três seguros de vida, um nos EUA, de US$ 1,6 milhão, e dois no Brasil, de R$ 300 mil", diz o delegado Robson César da Silva, chefe do Nurce, Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos do Paraná. "O absurdo foi tanto que ele esteve no próprio enterro, junto com a irmã e um amigo", conta o delegado. Todos foram presos.

NA mala Lubomira é presa com três corações, um fígado e um pâncreas no carro

As investigações mostraram que a tentativa de golpe teve a colaboração do papiloscopista do Instituo Médico Legal de Curitiba, João Alcione Cavalli, que assina os atestados de óbito. Depois da prisão, descobriu-se que o médico supostamente se envolveu na venda de outros cinco corpos. A investigação continua. Porém, esses não são os únicos casos que envolvem o IML da capital paranaense, que está sob intervenção do próprio governo estadual.
Em agosto do ano passado, a médica legista Lubomira Verônica Oliva foi presa transportando ilegalmente no porta-malas de seu carro três corações, um pedaço de fígado e vísceras. A médica, que também é professora do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná, alegou que os órgãos seriam levados para fins de estudos científicos.
PUNIÇÃO O Brasil será julgado pela OEA por combate ineficaz ao comércio de órgãos
O Brasil está sendo acionado em tribunais internacionais e nos próximos dias o governo brasileiro poderá ser condenado na corte de direitos humanos da OEA por não combater com o rigor necessário o tráfico de órgãos. Em 2005, o Congresso Nacional realizou uma CPI para investigar este crime. Os parlamentares comprovaram a existência de uma máfia brasileira e a comissão indiciou nove médicos. Até hoje, nenhum deles foi preso

sexta-feira, 15 de maio de 2009

DIA MUNDIAL DAS HEPATITES

O Dia Mundial da Hepatite não pertence a nenhum grupo ou associação, ele é um movimento de uma aliança onde todos são iguais, sem proprietários ou donos. Resumindo, é uma campanha institucional de saúde pública.


Após doze meses de trabalho foi formada a WHA - World Hepatitis Alliance uma união das ONGs com endereço legal em Genebra. Tudo surge porque existiam vários dias diferentes para promover a divulgação das hepatites, o qual confundia a população. A maioria dos países realizava atividades no mês de maio, movimento que teve seu início em 2000 no Brasil. Mais tarde, alguns países da Europa, associados da ELPA iniciaram o movimento no mês de outubro.


Como isto começou a provocar muita confusão, Charles Gore, do The Hepatitis C Trust, de Londres (a única associação da Inglaterra que lida com hepatite C a nível nacional) teve a idéia de unificar as datas e realizar um dia que não somente fora mundial. Queria que também tivesse o apoio da OMS e a participação do maior número de associações de pacientes.Para tal realizou contatos com seis entidades que apresentavam maior visibilidade em cada uma de suas regiões geográficas, ou seja:


América do Norte - NASTAD - National Alliance Of State & Territorial AIDS Diretor - Representada por Cris Taylor - Gerente do Programa de Hepatite Viral;

Europa - ELPA - European Liver Patients Association - Representada por Nadine-Yannick Piorkowsky;

Ásia - China Foundatión for Hepatitis Prevention and Control - Representada por Wang Zhao;

África - SOS HEPATITE - Association Nationale dê Hépathopathies - Representada por Bouallag Abdelhamid;

Oceania - Hepatitis Austrália - Representada por Helen Tyrrel;

América Latina - Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite - Representado por Carlos Varaldo.


Foi dado início a uma série de reuniões, virtuais e presenciais, todas elas com participação da OMS representada por Jeffrey Victor Lazarus (CDS-SHA) a qual incentiva o movimento. Como primeiro passo, foi acordado por consenso instituir o dia mundial das hepatites em 19 de Maio, a ser iniciado em 2008, com o objetivo de dar visibilidade suficiente para que na Assembléia Geral da OMS de 2009 o Dia Mundial da Hepatite seja incluído na pauta da reunião para sua aprovação.


Inicialmente cada convidado procurou o apoio das associações de sua região e aqui na América Latina 54 ONGs e 9 associações médicas responderam aderindo ao movimento e autorizando a representação sugerida.

Para se tentar garantir o impacto/sucesso precisaríamos empregar uma agência de relações públicas capaz de planejar e programar uma campanha mundial. Assim, o segundo passo foi selecionar uma agência com experiência em campanhas mundiais de saúde. Varias agências submeteram suas credenciais e as cinco mais experientes foram convidadas para apresentar propostas. Por consenso, Fleishman-Hillard foi considerada a agência que apresentou o melhor projeto. Fleishman - Hillard International Communications é a empresa líder mundial em relações públicas e faz parte do Omnicom Group Inc.

No dia 2 de novembro de 2007, em Boston, o projeto foi oficialmente aprovado por seis fabricantes de medicamentos os quais se dispuseram a financiar os 12 principais eventos, informando às filiais de todo o mundo para que apóiem os movimentos locais organizados por associações de pacientes. Em 12 cidades do mundo, incluindo o Brasil, serão realizados 12 grandes eventos. Todas as cidades do resto do mundo receberão apoio e material para que as associações locais possam realizar seu movimento.


Nessa reunião foi colocado por exigência dos patrocinadores que deveríamos formar uma entidade para administrar os recursos e realizar a devida prestação de contas. Para tal formamos a WHA - World Hepatitis Alliance com registro em Genebra, mas que será administrada desde Londres, pela Hepatitis C Trust devido a que esta ONG possui uma excelente estrutura administrativa. Isto, também, foi decidido por consenso.


Assim, o presidente indicado é Charles Gore, presidente do Hepatitis C Trust, não representando nenhuma região. Ante a impossibilidade diante do tempo, provisoriamente durante os dois primeiros anos foi decidido que os seis representantes das regiões geográficas seriam instituídos como vice-diretores, ficando ainda a representante do ELPA como Tesoureiro.


Uma campanha de eventos mundiais esta sendo desenvolvida para informar a população e encorajar ações dos governos. O tema da campanha é "Sou em número 12?" mostrando que no mundo, uma de cada doze pessoas se encontra infectada com as hepatites B ou C.


Outro braço da campanha incorpora uma relação de 12 compromissos a serem assumidos pelos governos locais (seis universais e seis específicos de cada país) para serem implementados até o ano 2012, os quais serão acordados previamente com o ministério para uma redação final. Conjuntamente um "Atlas das Hepatites" mostrará dados globais e locais sobre as hepatite B e C, partindo inicialmente das informações da OMS e acrescentando informações locais com o correr do tempo.


Para sustentar o braço científico das informações está sendo formado o "Painel de Saúde Pública" da "WHA - World Hepatite Alliance" presidido pelo Dr. Baruch Blumberg, Premio Nobel de Medicina, grupo que trabalhará como um comitê consultivo que abasteça referências para a Aliança.