domingo, 31 de janeiro de 2010

ATX-BA - Notícias

Sociedade Brasileira de Hepatologia
Av. Brigadeiro Faria Lima 2391 – Conj. 102 – Jd. Paulistano
São Paulo – SP – 01452-000
www.sbhepatologia.org.br


Salvador, 29 de janeiro de 2010.

Aos Colegas da Sociedade Brasileira de Hepatologia.


Prezados Colegas,


Temos a honra de informar que a Sociedade Brasileira de Hepatologia se engaja num projeto de capacitação para Biópsia Hepática a ser realizado ainda este ano no Brasil em conjunto com o programa Nacional de Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância a Saúde do Ministério da Saúde.

Trata-se de uma aspiração antiga da nossa Sociedade na gestão do Dr. Galizzi. Este projeto foi retomando nesta gestão e submetido ao Fundo Nacional de Saúde. Após avaliação de mérito, recebeu aprovação para que o seu desenvolvimento seja realizado de forma tripartite envolvendo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, UFBA e o Ministério da Saúde.

Assim sendo, deveremos iniciar o programa de capacitação em 02 etapas. Numa 1ª etapa, os alunos deverão realizar a biópsia em modelos experimentais (porcos) no Hospital Universitário Veterinário da UNIDERM em Campo Grande-MS. Posteriormente, serão realizadas Biópsias Hepáticas, em planejamento regional, com colegas que participam do curso.

Peço que todos os centros de referência de todo o país identifiquem colegas que trabalham, preferencialmente, no serviço público de saúde e que tenham interesse em adquirir a capacitação para realização do procedimento através da via transcutânea.

É importante que tenhamos a inclusão de jovens médicos neste projeto (residentes, estagiários, etc.), uma vez que objetivamos um efeito multiplicador.

Identificados os colegas potencialmente interessados em fazer parte deste projeto de capacitação, peço que o nome dos mesmos com os seus email e telefones sejam encaminhados a nossa secretaria da SBH, através do email sbh001@terra.com.br.

O período de recrutamento e seleção para participação do curso dar-se á na última semana do mês de fevereiro até a primeira quinzena do mês de março. Por isso, solicitamos urgência na identificação desses colegas.

Muito cordialmente,


Raymundo Paraná Mário Pessoa
Presidente Vice Presidente







quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ATX-BA - Notícias

GRUPO OTIMISMO DE APOIO AO PORTADOR DE HEPATITE
ONG - Registro n°.: 176.655 - RCPJ-RJ - CNPJ: 06.294.240/0001-22
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
e-mail: hepato@hepato.com Internet: www.hepato.com

27/01/2010


Hepatite C - Tratamentos pelo SUS previstos para 2010
Uma analise dos dados

Realizando uma analise dos últimos três anos na quantidade de pacientes tratados de hepatite C atendidos no sistema público de saúde no Brasil, o SUS, e, confrontando os dados com a previsão de entrega de medicamentos para o primeiro trimestre de 2010 é perfeitamente possível projetar os dados e assim poder estimar o que acontecerá no ano de 2010 no atendimento aos infectados com hepatite C.

Caso seja cumprida a previsão de tratamentos que estão sendo ofertados, o ano de 2010 permitirá que aproximadamente 11.555 pacientes recebam tratamento com interferon peguilado e 1.860 pacientes sejam tratados com o interferon convencional, representando uma promessa de aumento entre 7% e 10% no número de pacientes beneficiados em relação ao ano de 2009. Os dados apresentados são referentes pura e exclusivamente a pacientes tratados gratuitamente no SUS, não incluindo tratamentos particulares, estimados em aproximadamente 4.000 tratamentos por ano.

A tabela seguinte mostra a quantidade prevista de medicamentos distribuída a cada estado para o primeiro trimestre do ano de 2010, na coluna a seguir o número de pacientes que estarão em tratamento com cada interferon e, como forma de checar a informação, na última coluna e informado o número de cápsulas de ribavirina que estarão sendo distribuídas.

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2010 - MEDICAMENTOS DISTRIBUIDOS

CONSIDERAÇÕES E COMENTÁRIOS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA TABELA:

1 - Poderão acontecer variações nas quantidades devido à falta de requisição ou de prestação de contas de algumas secretarias estaduais da saúde, mas elas pouco afetarão o resultado final, já que os seis principais estados, representando 86% do consumo apresentam dados corretos. Não será a desculpa de estados que tratam uma meia dúzia de pacientes, vir a reclamar que na realidade estão tratando uma dúzia, pois isso em nada altera o quadro geral.

2 - Cinco estados, pela ordem, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná realizarão 8.115 tratamentos no primeiro trimestre, representando 83,35% do total de pacientes em tratamento no Brasil. São Paulo consegue tratar 52,4% do total de pacientes do Brasil.

3 - Em contraste, doze estados somente conseguem oferecer tratamento a 292 pacientes, representando 3% do total de tratamentos, sendo que a população esses estados representam 17% da população brasileira. Os estados: Alagoas, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia, Sergipe e Tocantins.

4 - A população dos cinco estados que mais tratam pacientes e de 99 milhões de pessoas. Um em cada 12.200 habitantes da região recebe tratamento para hepatite C. Na região dos 12 estados que menos tratam a população e de 31.800.000. Um em cada 126.190 habitantes recebe tratamento.

5 - A desigualdade no acesso ao tratamento e de 10 para 1 ao se comparar as duas regiões analisadas nos parágrafos anteriores.

COMENTÁRIOS GERAIS

A estatística permite realizar as seguintes colocações:

1 - Serão tratados em 2010, utilizando interferon peguilado e ribavirina, aproximadamente 11.555 pacientes. O custo com medicamentos para 40 semanas de tratamento (considerando as interrupções) e de R$. 14.700,00 por tratamento, representando uma despesa anual de 170 milhões de reais.

2 - Utilizando interferon convencional e ribavirina serão tratados em 2010 aproximadamente 1.860 pacientes. O custo com medicamentos para 24 semanas de tratamento e de R$. 1.600,00 por tratamento, representando uma despesa anual de três milhões de reais.

3 - A despesa total do ministério da saúde com medicamentos para tratamento da hepatite C representará aproximadamente 173 milhões de reais.

4 - A hepatite C atinge seis vezes mais brasileiros que o HIV/AIDS, sendo estimado que existam no Brasil 600 mil infectados com HIV e entre 3 e 4 milhões de infectados com hepatite C.

5 - O tratamento do HIV (AIDS) custa ao governo R$. 3.220,00 reais por ano para cada paciente. Aproximadamente 200.000 pacientes estão em tratamento, representando uma despesa com medicamentos de aproximadamente 644 milhões de reais.

6 - O orçamento total para atendimento da epidemia de HIV/AIDS, considerando medicamentos, atendimento, exames, ações de governo, publicidade, convênios e capacitação e superior aos 2 bilhões de reais. Isso representa que estão previstos no orçamento de 2010 aproximadamente três mil e trezentos reais para cada um dos 600 mil infectados para enfrentar o grave problema que a AIDS representa.

7 - Ao considerar o orçamento para atender a epidemia de hepatite C, tão ou mais grave que a epidemia de AIDS, incluindo além dos 173 milhões de medicamentos os valores gastos com atendimento, exames, ações de governo, publicidade, convênios e capacitação, a despesa total e estimada em aproximadamente 350 milhões de reais. Existindo em media 3,5 milhões de infectados, estão previstos no orçamento da saúde R$. 100,00 para cada infectado.

8 - É necessário e urgente aumentar o número de pacientes atendidos, pois se continuarmos a tratar uma media de 13.500 pacientes a cada ano, para atender os entre 3 e 4 milhões de brasileiros que estão vivendo infectados pela hepatite C, serão necessários mais de 250 anos caso todos necessitem ser tratados.

Finalizando, fica no ar uma pergunta para a qual nunca tive resposta: Por que a AIDS recebe 33 vezes mais recursos e atenção que a hepatite C do governo federal?

Em tempo: A pesquisa nos dados não constitui uma critica ao ministério da saúde, pelo contrario, tentam ajudar na interpretação e compreensão da grave situação da hepatite C, servindo como um alerta sobre a necessidade de se dar maior atenção a epidemia.

Fico feliz de observar que se tudo o planejado para 2010 for realizado, teremos um aumento na quantidade de tratamentos oferecidos entre 7 e 10% em relação ao ano de 2009. Não é um grande avanço, mas ante a falta de centros de tratamento para hepatite C (os existentes estão totalmente lotados, até trabalhando acima da capacidade) e o passo que pode ser dado neste momento.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Jornal Agora

Adesão à campanha de doação de órgãos pode ser feita pela Internet


O novo site do TJ (www.tjrs.jus.br) proporciona a expedição de certidão para pessoa que deseja expressar a vontade de ser doador de órgãos. Basta preencher um formulário virtual (confira link abaixo) e, após a confirmação, a certidão será gerada. O documento não tem validade jurídica, mas pode ser impresso e divulgado para amigos e familiares.
Segundo o coordenador da campanha “Doar é Legal”, Carlos Eduardo Richinniti, diretor do Foro da Capital, a entrega da certidão é um ato simbólico para que a intenção do doador seja conhecida pela família, colaborando para reverter o quadro de sofrimento pelo qual passam milhares de gaúchos.
“Este é um projeto nosso, do Poder Judiciário Gaúcho, que, por sua credibilidade, tem muito a contribuir nesta importante questão ligada à doação de órgãos. Os resultados já obtidos atestam isso. Por essa razão, convido os colegas a participarem e divulgarem a proposta, simples que é, mas que pode salvar vidas, dos outros, de um familiar ou, quem sabe, nossa própria vida”.
Campanha anterior, realizada no Foro Central, expediu certificado simbólico em papel, que registrava a manifestação do participante em ser doador de órgãos.
Desde maio de 2009, quando a campanha começou, cerca de três mil certidões foram expedidas nos Foros de Porto Alegre, Erechim e Bento Gonçalves. O documento serve para que familiares não tenham dúvidas sobre o interesse do falecido em ser doador.
A campanha de âmbito nacional é promovida em parceria pela Direção do Foro da Capital, OAB/RS, Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Hemocentro e ONG Via Vida.



Projeto Doar é Legal

O Projeto Doar é Legal é uma iniciativa do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, que tem por objetivo conscientizar as pessoas da importância de doar órgãos.
Se você quiser manifestar sua vontade de ser doador, preencha os campos abaixo. Será expedida uma certidão - sem validade jurídica - atestando essa vontade. Imprima-a e mostre a seus familiares e amigos para que eles saibam da sua intenção.

Sim, eu gostaria de manifestar vontade de ser doador de órgãos!
Nome:
CPF:

Digite os dados da figura ao lado:
Se não conseguir visualizar a imagem, clique aqui ou ouça o código



Gostaria de alterar ou excluir meu cadastro.


sábado, 23 de janeiro de 2010

Jornal da Cidade de Bauru - JCNET

23/01/2010
‘Insuficiência cardíaca só será suprida com coração artificial’
Tisa Moraes

Embora cientistas de todo o mundo já venham desenvolvendo corações artificiais para aumentar a sobrevida de pacientes que aguardam na fila de transplantes, somente a descoberta de um coração artificial de qualidade quase idêntica a do natural poderá suprir a demanda crescente pelo órgão. Para o cardiologista do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, José Pedro da Silva, que esteve em Bauru ontem para receber uma homenagem, este é o principal desafio da cardiologia na atualidade.

O médico explica que a melhoria no tratamento de pessoas infartadas gerou um grande contingente de pacientes com insuficiência cardíaca. “Antes, quando a pessoa sofria um infarto, geralmente morria. Hoje, ela continua viva e perde somente uma parte das funções do coração. Como esse número de pacientes vem aumentando a cada ano, o transplante com o uso do órgão natural vai se transformar em uma gota no oceano”, acredita o médico, considerado uma das autoridades em cirurgia cardíaca no País.

Para Silva, a urgência em descobrir o coração artificial ideal não se dá em razão da indisponibilidade de doadores, mas sim pela ausência de boa logística para viabilizar a retirada e o transporte do coração de pessoas com morte cerebral diagnosticada. “Cerca de 70% das famílias concordam com a doação. E não há falta de doadores, porque jovens morrem todos os dias com a violência e o desrespeito às regras de trânsito. O que ocorre é que esses órgãos dificilmente conseguem chegar a quem precisa”, comenta, ressaltando que o coração de pessoas com idade mais avançada não podem ser utilizados para transplante.

Ele conta que os cerca de 200 transplantes realizados anualmente no Brasil poderiam chegar a 800, se as condições logísticas fossem melhor determinadas. No entanto, ele acredita que, no futuro, haverá redução da violência entre os jovens e, consequentemente, menor número de doadores.

“O ideal é que a pessoa possa ter uma bomba artificial no peito e viver sem problemas por muitos anos. Já conseguimos fazer com que pessoas ficassem por até quatro anos com um coração artificial, mas esse tempo ainda não é o ideal, se comparado à performance do coração natural”, comenta.

Pesquisa e tecnologia

Atualmente, o trabalho de Silva tem se voltado a cirurgias de recuperação de válvulas cardíacas e de cardiopatias congênitas complexas em crianças. No entanto, ele conta que chegou a se dedicar ao estudo para o desenvolvimento de um coração artificial definitivo.

Enquanto o aparelho não é aperfeiçoado, ele lembra que permanece o desafio de conseguir criar mecanismos para evitar a rejeição do órgão natural transplantado. “Por enquanto, o coração natural é o mais eficiente. A vida média dos pacientes depois da cirurgia é de 12 anos.”

De qualquer maneira, Silva aponta o desenvolvimento da tecnologia como um grande aliado da medicina, já que propiciou a melhoria das condições cirúrgicas de um órgão tão delicado como o coração. “Há 15 anos, as cirurgias cardíacas em geral tinham de ser feitas em 35 minutos. Agora, com utilização de certos compostos químicos que surgiram, é possível realizar cirurgias muito mais complexas, inclusive em crianças, e depois o coração volta a bater normalmente”, aponta.

Segundo o médico, nesse intervalo de tempo, a mortalidade pós-cirúrgica reduziu de 10% para 0,5%.

Carreira

O cardiologista José Pedro da Silva veio a Bauru ontem para receber uma homenagem oferecida pelo Preve Objetivo. Chefe da equipe da cirurgia cardíaca do Hospital Beneficência Portuguesa, na Capital, ele é foi o primeiro médico da América Latina a realizar transplante de coração e pulmões simultaneamente.

Também tornou-se referência no tratamento da síndrome da hipoplasia do coração esquerdo em crianças, doença congênita que altera a anatomia do lado esquerdo do coração. E foi pioneiro ao implantar um coração em um paciente preservando o órgão original no organismo.

O convite para a visita a Bauru foi feito pelo presidente do grupo Preve Objetivo, Gerson Trevizani, o Duda, amigo e paciente do cardiologista. Em novembro de 2009, Duda teve de se submeter a uma cirurgia para corrigir um aneurisma da aorta torácica, em São Paulo, realizada por Silva.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Correio Braziliense

METAS OFICIAIS »
Planos nacionais do mundo da fantasia
Lançar programas com objetivos irreais não é novidade. Se dependesse do que fica apenas no papel, por exemplo, o Brasil já não teria analfabetos e as doações de órgãos para transplante não teriam caído
Lucas Figueiredo

Publicação: 17/01/2010 10:00 Atualização: 17/01/2010 10:12

A recente polêmica que envolveu o Plano Nacional de Direitos Humanos traz à tona uma discussão: as propostas dos planos nacionais são mesmo realistas? A julgar por alguns programas elaborados nos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, a resposta é: nem sempre. Se as metas e os objetivos de alguns planos nacionais tivessem saído do papel, o Brasil hoje não teria analfabetos, haveria quase o dobro de turistas estrangeiros passeando por aqui e todas as nossas escolas seriam modernas. Veja a seguir como é o Brasil de fantasia dos planos nacionais.

Educação
No Brasil de fantasia concebido pelo governo FHC, não há analfabetos no país desde o final do ano passado. Essa era a meta estabelecida, por lei, no Plano Nacional de Educação, de 2001.
No Brasil real, a coisa é bem diferente. Segundo dados do IBGE de 2008, o número de jovens e adultos analfabetos ultrapassa 19 milhões – ou seja, 10% da população do país. Entre os países da América Latina e do Caribe, o Brasil amarga o nono lugar no ranking de analfabetismo.

Deixar de ter analfabetos não era a única previsão furada do Plano Nacional de Educação de FHC. Pelo programa tucano, todas as escolas de ensino infantil e fundamental do país, sem exceção, estariam funcionando, desde 2006, sob padrões europeus. Teriam sistema de segurança, mobiliário apropriado para crianças com necessidades especiais, visão para a área externa, material pedagógico apropriado e espaço para a prática de esportes, entre outras melhorias.

O governo FHC também estabeleceu metas irreais para as escolas de ensino médio. Pelo plano tucano, desde 2006, os professores de todos os estabelecimentos de ensino médio do país teriam diploma de ensino superior.

Cultura
Em 2008, depois de cinco anos de discussão interna, o governo Lula lançou as diretrizes do Plano Nacional de Cultura. Na apresentação, o então ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o então presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ressaltaram o aspecto democrático do programa, segundo eles, “escrito por milhares de mãos”. “Vivemos tempos de aprofundamento de nossa democracia e qualificação de políticas públicas”, afirmaram Gil e Chinaglia. Lendo o plano, porém, percebe-se um viés intervencionista: o governo queria interferir na programação das TV comerciais.

O plano partia de um diagnóstico verdadeiro (“A diversidade cultural ainda não é satisfatoriamente representada nos meios de comunicação do país.”) para propor uma intervenção: “(...) o Estado deve adotar iniciativas voltadas à expansão das estruturas de difusão e à regionalização dos conteúdos veiculados”. Se tudo tivesse caminhado conforme o planejado, as TV comerciais hoje teriam “cotas de programação” de temas regionais e culturais.

A interferência na programação das TV comerciais também estava prevista no Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Elaborado no ano passado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, o plano sugeria a criação, ainda em 2009, de uma comissão encarregada do “controle social junto às redes de TV, programas de auditório e humorísticos a fim de coibir as discriminações por gênero, orientação sexual, identidade de gênero, sexo, etnia, geracional e deficiência”. Era o governo impondo que o humor fosse politicamente correto.

Turismo
Em abril de 2003, quando ainda não tinha completado quatro meses de governo, o presidente Lula baixou o Plano Nacional de Turismo, que vinha sendo elaborado pelo seu antecessor, Fernando Henrique. A meta do plano era ousada: em 2007, num cenário de “condições ótimas de mercado”, o Brasil teria 9 milhões de turistas estrangeiros, que gerariam US$ 8 bilhões em divisas. Caso as condições de mercado fossem apenas “boas”, a previsão caía: 7,5 milhões de turistas estrangeiros e receita de US$ 7,1 milhões.

As metas do plano não passaram perto da realidade. Em 2007, o Brasil teve 5 milhões de turistas estrangeiros, que deixaram aqui US$ 4,9 bilhões. Ou seja, o governo conseguiu realizar apenas dois terços de sua meta menos otimista.

E não se pode dizer que as tais “condições de mercado” tenham conspirado contra o país naquele período. Em 2008, quando o Brasil repetiu o resultado do ano anterior (5 milhões de turistas estrangeiros), outros países da América Latina tiveram resultado comparativamente bem melhor. A Argentina recebeu um número de turistas quase igual ao do Brasil: 4,6 milhões. Países pequenos e de infraestrutura limitada também tiveram resultados significados. A República Dominicana, por exemplo, teve 3,9 milhões de turistas estrangeiros, equivalente a 78% do resultado brasileiro. Já o México registrou 22 milhões e turistas estrangeiros, número quase quatro vezes e meia maior que o do Brasil.

Saúde
No final de 2004, o governo Lula baixou, por meio de uma portaria, o Plano Nacional de Saúde. Uma das metas era aumentar as doações de órgãos em 30% a cada ano, até 2007. Como em 2004 foram registrados 7,6 doadores para cada grupo de 1 milhão de habitantes, esse número deveria ter crescido para 16,7 em 2007
. No entanto, no Brasil real, o que se verificou foi uma queda drástica nas doações. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a relação de doadores para cada grupo de 1 milhão de habitantes caiu seguidamente em 2005 (6,4 doadores para cada grupo de 1 milhão de habitantes), 2006 (5,8) e 2007 (5,4).

Outra meta fantasiosa do Plano Nacional de Saúde de Lula era a implantação, até 2007, da fábrica de fracionamento de plasma, para produção de medicamentos para hemofílicos. Até hoje, contudo, a Hemobrás, como a estatal foi batizada, não produziu um único frasco de hemoderivado.
As obras civis da fábrica, que ficará em Goiana (Pernambuco), deverão ficar prontas somente em junho de 2012, segundo informação da própria Hemobrás. A fábrica deverá entrar em funcionamento no segundo semestre de 2014 – um atraso de sete anos em relação ao previsto no plano. Até lá, o país continuará gastando R$ 800 milhões por ano para importar os medicamentos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

TOTAL MARKETING

Enviado por: Young & Rubicam em 07/01/2009.
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Madonna e a doação de órgãos no Brasil

Ação da Santa Casa, assinada pela Y&R, compara a fila para entrar no primeiro show da turnê "Sticky & Sweet" com a lista de espera por transplantes do Brasil


Como parte dos esforços para conscientizar a população sobre a importância de doar órgãos, a Y&R acaba de colocar no ar mais uma ação criada para o Serviço de Captação de Órgãos e Tecidos, da Santa Casa de São Paulo. A instituição depende da ajuda de voluntários para reduzir a fila de espera por transplantes no Brasil, atualmente com mais de 60 mil pessoas.

Com foco no público jovem, o filme já está disponível no YouTube e mostra imagens de milhares de pessoas, nos portões do estádio do Morumbi, aguardando o início do primeiro show da turnê "Sticky & Sweet" da Madonna em São Paulo, na quinta-feira, 18 de dezembro. A câmera mostra lentamente a extensão da fila que se formou algumas horas antes do espetáculo e encerra com o lettering: “Para quem está esperando um transplante, isso não é nada. Seja um doador.”



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ciência e Saúde

ciência e saúde / planos de saúdeCELULAR RSS O Portal de Notícias da Globo

12/01/10 - 13h10 - Atualizado em 12/01/10 - 16h49

Novos procedimentos não aumentarão valor do reajuste dos planos, diz ANS
Novo rol de procedimentos inclui transplante de medula óssea.
Regras valem a partir de 7 de junho deste ano.

Patrícia Kappen
Do G1, no Rio
Cresce procura por terapia alternativa na rede pública de saúde Gastos com saúde foram ‘vilões’ da inflação para a terceira idade em 2009 STF adia decisão de ação que pode deixar 250 mil servidores sem plano de saúde Justiça considera abusivo reajuste de plano de saúde por faixa etária.

O presidente em exercício da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Alfredo Cardoso, afirmou nesta terça-feira (12) que o novo rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde não aumentará o valor do reajuste anual de planos de saúde induviduais. Segundo ele, o reajuste não vai incluir previsão de gastos extras com a inclusão das 70 novas coberturas médicas e odontológicas anunciadas nesta terça, já que o reajuste será anunciado em maio, e o novo rol entra em vigor no dia 7 de junho, após sua divulgação.

Alfredo lembrou que em 2008, quando a agência divulgou novos procedimentos obrigatórios que entraram em vigor em maio, o reajuste foi de 6,76%, sendo 1% referente ao rol divulgado naquele ano. No entanto, em 2008, foram anunciados 150 novos procedimentos, mais do que o dobro do anunciado nesta terça.

Planos novos e planos velhos

As mudanças anunciadas atendem cerca de 44 milhões de pessoas que tem planos de saúde contratados a partir de 2 de janeiro de 1999.

O secretário executivo da ANS, Alfredo Scaff, disse que para planos antigos, feitos antes de 99, o que vale é o que está no contrato firmado com as operadoras. Segundo ele, atualmente 8 milhões de pessoas possuem o plano antigo, mas a recomendação é para que elas adaptem o contrato, ou migrem para planos novos.

As mudanças foram discutidas em um grupo de 60 pessoas, incluindo representantes de operadoras e profissionais de saúde. A resolução, segundo Scaff, revê e revoga algumas normas antigas.

A proposta elaborada pelo grupo foi então para consulta pública, onde recebeu, segundo a ANS, mais de oito mil contribuições, a maior parte delas vindas de consumidores.

Transplantes

Um dos novos procedimentos obrigatórios a partir de junho que foi incluida na resolução normativa da ANS é o transplante de medula óssea feito por doação de outra pessoa viva. A principal indicação deste transplante é para o tratamento de leucemia. Os planos de saúde passarão a ter de cobrir o transplante para todos os seus beneficiários.
Segundo a gerente-geral da ANS, Martha Oliveira, antes os planos eram obrigados a cobrir transplantes apenas quando eram feitos de forma autóloga (quando um transplante é feito da pessoa para a mesma pessoa). Além dos transplantes autólogos, os planos cobriam também transplantes de rim e de córnea com doações de terceiros.
A inclusão apenas do transplante de medula foi explicada por Marta. "O problema hoje é a captação de órgãos. Então não adianta incorporar outros transplantes se não há captação de órgãos".
Marta disse que a cobertura do plano tem que incluir todas as consultas e procedimentos hospitalares que tiverem a ver com o transplante. O que não está coberto é o medicamento domiciliar.



sábado, 9 de janeiro de 2010

A Tarde On line


CIDADES
30/12/2009 às 19:13 ATUALIZADA EM: 30/12/2009 às 20:39

João Sereno: “Tinha nas mãos uma ferramenta de trabalho e não sabia”
Danile Rebouças - A TARDE

Thiago Texeira l Ag. A TARDE


João emociona-se quando lembra de sua história: “Hoje vivo intensamente”

A voz é poética, repleta de simpatia. O espírito é jovem, de uma pessoa disposta a viver cada segundo. Ivan Ferreira da Silva, mais conhecido como João Sereno, saiu de Juazeiro, no norte da Bahia, para o mundo. Ele está com 48 anos, tem quatro filhos. Mora em Salvador e Juazeiro, e tem o palco como a segunda casa. Mais do que músico que canta belezas nordestinas, João Sereno é um vitorioso. Fez um transplante de rim e aprendeu a valorizar as coisas simples, tendo sempre a música como ponto de apoio.

Ele recorda com alegria do tempo de criança, quando cantava nas ruas de Juazeiro e aos 11 anos virou atração de circo. Tocava com um violão que era maior do que ele – contraste que chamou a atenção dos circenses. João aprendeu sozinho a lidar com o instrumento de corda e começou a tocar em conjuntos musicais. “Mas era um curtidor, não queria saber de nada”, diz.

O valor ao instrumento foi dar somente no período que chama de escuridão da sua vida. Foi quando se viu internado no hospital, sem conseguir urinar por causa de um problema renal. No primeiro diagnóstico, não acreditou, ignorou o fato. Somente após sofrer um derrame no olho esquerdo, aos 28 anos, tomou consciência que precisava se tratar.

Do interior veio para a capital. Passou a fazer hemodiálise. Emagreceu mais de 20 quilos. Viu a renda da família reduzir. Seu avô, o mestre de caldeiraria José Ferreira (Zé Sereno), que lhe criava, vendeu os terrenos para manter o tratamento do neto. João morou com a mãe e sua esposa da época, até que toda a família se viu obrigada a vir para a capital com a suspeita de seu avô que estaria com câncer.

Nesse período de “aperto e desespero”, João resolveu dar rumo à sua vida e fazer da música profissão. “Vi que tinha nas mãos uma ferramenta de trabalho e não sabia”, diz. Foi no Bar Avarandado, no Engenho Velho da Federação, onde começou. Chegou e se ofereceu para tocar. Após mostrar seu som, foi aceito. A partir daí não parou mais. Até mesmo para a hemodiálise levava a viola e animava os colegas.

João fez hemodiálise por quatro anos quando descobriu que sua irmã tinha o rim compatível com o seu e estava disposta a lhe doar. A cirurgia foi um sucesso. “No início da hemodiálise, percebia que ele ficava muito triste, depois a música o fez ver que podia fazer as coisas que gostava mesmo doente. Ele ficou feliz demais quando lhe disse que faria a doação”, lembra a irmã Suzana Ferreira.

Hoje, João vive da música e a encara com mais responsabilidade. Emociona-se quando lembra de sua história e agradece a Deus por tudo que passou e aprendeu nesse período. “Era difícil eu olhar para o céu, hoje eu o contemplo. Vivo intensamente, com mais detalhes. Acho que todos devem fazer isso e aproveitar o máximo cada momento”, diz.

Música - João Sereno dá um show de valorização da cultura nordestina nos palcos. É também compositor. Toca violão, guitarra e o que mais for preciso: baixo, cavaquinho, triângulo, percussão. Tem parcerias com Adelmário Coelho, Virgílio, Zelito Miranda, Dominguinhos, entre outros. Tem cinco discos: Sem rótulo (gravado enquanto ainda fazia hemodiálise), Fazendo forró, Intenso, João Sereno e convidados e Somgon. Já tocou na França e na Itália, além de rodar pelo Brasil.

Atualmente, João investe em novo ritmo musical, o SomGon. Trata-se de um som advindo de um foguedo popular. “No foguedo é uma ou duas violas e dois pandeiros que fazem o som. Eu acrescentei a guitarra, baixo e bateria, dando uma batida nova, batizada de SomGon”, explica. E acrescenta: “Descobri que nasci para fazer música”.




http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1325583

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O POVOonline

Pacientes renais transplantados

Associação reclama de falta de remédio

07 Jan 2010 - 00h51min


O medicamento Micofenolato Sódico (Myfortic, no nome comercial) esteve em falta durante a última semana no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). O comprimido é tomado diariamente por pacientes transplantados para evitar que o organismo rejeite o órgão, e não é vendido nas farmácias. A reclamação é da Associação Cearense dos Renais e Transplantados (Acret), que tem cerca de 75 associados e enviou ofícios ao gabinete do governador e ao Ministério Público informando que o atraso na entrega de remédios imunosupressores ocorreu três vezes só no ano passado.

A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) reconheceu que o Micofenolato Sódico esteve em falta por dois dias, em agosto de 2009, além de outros imunosupressores terem sido entregues com atraso; mas informou que os estoques já estão normalizados. ``O HGF recebeu 36 mil comprimidos do Micofenolato Sódico. O medicamento não está em falta. O que pode acontecer são atrasos curtos, de um ou dois dias, mas a reposição é constante``, disse o secretário executivo Arruda Bastos, sem especificar a data em que o lote chegou ao hospital.

O presidente da Acret, Agnel Conde Neto, afirmou que foi ao HGF no fim da tarde da última terça-feira (5), e foi informado que o remédio estava faltando. O POVO entrou em contato com a farmácia do hospital, por telefone, no fim da manhã de ontem (6). A funcionária explicou que o medicamento tinha ``acabado de chegar``. Agnel afirmou que vai pedir ao Ministério Público uma auditoria junto à Coordenadoria de Assistência Farmacêutica da Sesa (Coasf).

``Meu filho toma o remédio duas vezes por dia, há 14 anos, desde que fez o transplante de rim. Ele precisa ser tomado durante toda a vida, pro paciente não perder o órgão recebido``, relatou Agnel Conde. O filho Alfredo Conde recebe a cada mês uma caixa com 60 comprimidos, para um mês de tratamento. Agnel ressalta a dificuldade dos pacientes que moram no Interior e precisam viajar a Fortaleza para buscar o remédio, mas não soube informar quantos pacientes estariam aguardando a entrega.

O secretário garantiu que a programação está sendo corrigida e disse que não houve queixas de outras instituições. Ele esclarece que os medicamentos de alto custo estão sujeitos a atrasos, devido às especificidades das compras: alguns são importados, e as compras por licitação devem obedecer aos prazos.

E-MAIS

> O secretário executivo Arruda Bastos admitiu que podem ocorrer ``problemas na distribuição`` dos medicamentos para transplantados.

> Ele explica que até o ano passado era utilizado o Micofenolato Mofetil, substituído pelo Micofenolato Sódico por melhor aceitação clínica. ``Por isso o estoque (do segundo) ainda não estava programado para a demanda. O atraso pode ser devido ao período de fim de ano``.

> Arruda afirmou que a Sesa estuda meios de fazer a distribuição dos medicamentos por meio das secretarias municipais da Saúde, para que os pacientes não precisem viajar à Capital.

> Em 2009, a Sesa empregou R$ 211,416 milhões na compra de medicamentos, sendo mais de 54% desse valor usado na compra dos medicamentos excepcionais.

> Segundo o chefe do setor de transplantes do HGF, o cirurgião Ronaldo Esmeraldo, o paciente transplantado deve tomar o medicamento pelo resto da vida, para não perder o enxerto (órgão transplantado).

> Caso deixe de tomar os comprimidos, o paciente pode sentir os efeitos a partir de 15 dias, quando começam as alterações na função do órgão.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Diario de Pernanbuco


Diario Urbano // Seja você também um doador de orgãos
Marcionila teixeira - interinamailto:interinamarcionilateixeira.pe@dabr.com.br

No mundo dos transplantes de órgãos, habitado em sua maioria por pessoas que anseiam apenas continuar a viver, mesmo que seja com o pedaço de outro alguém, existem papéis fundamentais.
Enquanto o médico uteísta precisa suspeitar da morte encefálica de um possível doador, o neurologista deve confirmá-la.
O passo seguinte na luta pela sobrevivência do paciente que está na fila de espera é a aceitação da família do doador morto de ceder os órgãos.
Como nem tudo funciona como o esperado, o ciclo de buscas continua.
Pelo menos 70% das famílias não aceitam doar, por diversos motivos, inclusive religiosos.
Não é só isso. Como nem sempre os uteístas têm tempo, diante da grande demanda na saúde pública, ou mesmo disposição para protocolarem a morte encefálica, o esquema começa a desmoronar desde a ponta.
Apesar dos obstáculos do caminho, a Central de Transplantes de Pernambuco comemora, pelo segundo ano consecutivo, um aumento de 30% no número de doações realizadas ao longo do ano passado em relação ao ano anterior.
Um índice que pode melhorar com uma simples reflexão: quem sabe um de nós não estará na fila de espera um dia?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O Globo

BLOG DO NOBLAT
Enviado por Joaquim Falcão - 29.12.20099h04m
Artigo
O início da vida e o começo da morte
Cada ano tem sua agenda própria de debates. É nesta agenda que o país se faz e se reconhece. Escolhe seus caminhos, delineia seu futuro.
O ano que agora finda foi marcado por um debate importante: o das células tronco. Ou seja, o debate sobre o começo da vida.
Em que momento a vida é definida enquanto vida, e portanto passa a ser um direito do cidadão a ser protegido constitucionalmente?
Esse debate de conotações jurídicas, religiosas, científicas e econômicas se concretizou na questão sobre a permissão ou proibição de pesquisas com células tronco.
O ator principal do debate foi o Supremo Tribunal Federal, que deu a palavra final. Permitiu a pesquisa.
Alguns protestaram dizendo que o Supremo tinha se investido de super poderes, excessivos, capazes até de determinar o início da vida.
Nada disso. Apenas admitiu, em nome da preservação e do futuro da vida, a pesquisa científica com as células tronco. Foi uma opção de pragmática social, e não uma afirmação filosófica ou um ato religioso. Com isso o Supremo se aliou ao progresso e ao futuro.
O ano que se inicia pode vir a ser marcado por outro debate igualmente polêmico. E, no caso, um debate contrário. Em vez de quando começa a vida, quando começa a morte?
E o ator principal não será o Supremo, pelo menos por enquanto. Será o Congresso Nacional.
É o debate sobre a ortotanásias. Conforme explica Carlos Vital Lima na Folha de São Paulo da semana passada, “o processo de ortontanásia significa morte no momento certo, nem apressada como no caso da eutanásia, nem prolongada como no caso da distanásia.”
Correm no Congresso projetos de leis antagônicos. De um lado, o projeto do deputado Talmir Rodrigues que diz “É proibida a suspensão de cuidados de pacientes que apresentarem quadros de Estado Vegetativo Persistente”, sem inclusive nenhuma função cognitiva.
De outro, o projeto do senador Gérson Camata que diz não constituir mais crime “deixar de fazer uso de meios desproporcionais e extraordinários, em situação de morte iminente e inevitável”, com o consentimento do paciente ou de sua família.
Eis aí o campo da batalha, o debate da agenda.
Pode o médico deixar o paciente morrer quando com seu consentimento ou de seus responsáveis, e diante da irreversibilidade da situação, assim lhe for determinado? Ou ele terá que obrigatoriamente usar de todos os meios científicos e tecnológicos disponíveis para manter o paciente vivo?
Esse é o drama vivido por milhares de famílias no Brasil e no mundo todo.
A medicina é capaz de prolongar a vida, hoje, de uma maneira que muitos julgam artificial, impondo ao paciente e seus familiares um sofrimento imenso, tortura mesmo.
Já ouvi de doentes com câncer terminal, meses de hospital, todos os tubos e eletros possíveis, todas as cirurgias invasivas, todos os remédios de efeitos colaterais deprimentes, com dor sequencial e acumulativa; ouvi deles o pedido de "eu quero morrer". Ou o pedido de "me livre desta humilhação."
Pois nos intervalos de lucidez das agonias inevitáveis e irreversíveis, o paciente se sente humilhado e impotente diante do confronto entre a insistência tecnológica e a desesperança moral.
Na elaboração da Constituição de 1988, enquanto funcionava a Comissão Afonso Arinos, o professor Hilton Rocha, oftalmologista emérito, quis inserir um artigo que dizia: diante da falta de órgãos para transplante, inclusive os de córneas, o corpo do cidadão pertence ao Estado. Para este fim específico: transplante de órgãos para salvar vidas.
Cândido Mendes, Cristóvão Buarque e Antônio Ermírio, entre outros, foram contra. Argumentaram que há limites para a intervenção do Estado mesmo socialmente fundamentada.

Estamos diante outra vez desta questão: quais os limites para a ação do Estado?
Do ponto de vista jurídico clássico, que nesse caso muito se confunde com as opções religiosas e as estruturas de personalidade de cada um, a questão é sobre o que deve prevalecer para o apressar ou o adiar a morte.
Ou a vontade do Estado, legalizando e criminalizando a conduta, ou a conduta b.
A conduta b: o Estado nada tem a ver com a situação. Deve prevalecer a autonomia da vontade privada, a vontade do cidadão, representada por ele ou por seus responsáveis, e medicamente fundamentada.
Assim, por exemplo, sugere o artigo 3° do Projeto de Lei 3002/08: “É permitida ao médico assistente a prática da ortotanásia mediante solicitação expressa e por escrito do doente ou seu representante legal.”
Retomo a pergunta: cabe ao Estado ou ao paciente dispor de sua morte?