Captação de órgãos
para transplantes pode parar na Bahia
Postada em
12/04/2016 às 20:57:00
A valorização da vida é um princípio humano
fundamental que deve ser compartilhado por todos na sociedade. Já vimos
diversas campanhas para doação de órgãos que sensibilizam a população e
alcançam grandes resultados. Na Bahia, porém, não é isso que está acontecendo.
Os médicos da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos
enfrentam graves dificuldades de estrutura, condições de trabalho e, mais
recentemente, de redução dos salários.
Essa foi a gota d’água de uma situação praticamente
insustentável, que vem se agravando. A Central de Órgãos está com equipamento
defasado. Os computadores são obsoletos, não tem sequer aparelho de fax e a
internet, quando funciona, é tão lenta que não reponde pela demanda entre a
vida e a morte que os profissionais encaram no dia a dia do serviço.
Fora da lei
O governo do Estado, desde novembro, cortou o
adicional de insalubridade de várias carreiras médicas, entre elas a dos
captadores de órgãos, responsáveis pela base de todo o sistema de transplantes
da Bahia. A insalubridade desses profissionais é prevista em lei, por atenderem
diretamente os pacientes e fazerem a supervisão do protocolo de morte
encefálica, para manutenção de potenciais doadores.
O corte salarial foi questionado através de
processo administrativo, mas seis meses se passaram sem que a Secretaria de
Saúde sequer se dignasse a responder quando ou mesmo se vai regularizar os
salários. Empacou na burocracia. O problema também foi levado ao Ministério
Público. Os médicos avisam que, se dentro de 15 dias não houver uma solução,
podem entrar em greve, paralisando totalmente os transplantes no Estado.
No final do ano passado, houve um repasse de verbas
para a Central de Captação, proveniente do programa de Tratamento Fora de
Domicílio (TFD), que consiste em garantir o encaminhamento do usuário para
tratamento médico a ser prestado em outra localidade, quando esgotados todos os
meios de atendimento onde reside. Até hoje, porém, não se sabe o que foi feito
desses recursos, porque a estrutura da Central se deteriora a cada dia.
Colapso
iminente
O trabalho de notificação e captação de órgãos, por
exemplo, no HGE, enfrenta tantas deficiências que é frequente equipes de outros
estados virem à Bahia buscar os órgãos disponíveis porque a Sesab não dá
estrutura para os transplantes nos pacientes daqui. Falta até gelo
para conservação do que é captado pela Central.
Segundo os médicos, é comum que equipes de
Pernambuco, Ceará, Brasília, São Paulo e até do Rio Grande do Sul venham buscar
órgãos na Bahia para os transplantes em seus estados de origem. A infraestrutura
daqui não sustenta a conservação adequada, nem transporte ou gerenciamento de
informação para garantir o direcionamento regional dos órgãos. A situação é tão
grave que no último mês de março, apenas oito córneas foram captdas na Bahia.
Até mesmo a entrevista com os familiares dos
possíveis doadores é feita em ambiente inadequado, sala minúscula, sem
climatização, com grande desconforto para os profissionais e as pessoas que
naquele grave momento precisam tomar decisões difíceis e com rapidez suficiente
para salvar outras vidas.
FONTE:http://www.sindimed-ba.org.br/2011/noticias/3472-capta%C3%A7%C3%A3o-de-%C3%B3rg%C3%A3os-para-transplantes-pode-parar-na-bahia.html