Número de casos de insuficiência renal dobrou em dez anos
Fila de transplante supera 30 mil pessoas e vagas na hemodiálise são insuficientes
Chris Bertelli, iG São Paulo 10/03/2010 06:00
Transplante: mais de 30 mil aguardam um rim
Aproximadamente 13 milhões de brasileiros apresentam algum grau de problema renal, segundo o mais recente levantamento da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).
O número é duas vezes maior do que há dez anos. Desse total, 95 mil estão em estágio grave, dependendo de hemodiálise ou na fila do transplante, e os casos vêm crescendo a um ritmo de 10% ao ano.
O panorama da doença pode ser ainda mais delicado. “O número de pacientes é inferior ao que deveria ser identificado”, afirma Emmanuel Burdmann, presidente da SBN.
O aumento dos casos de diabetes e hipertensão, além de uma preocupação maior com o diagnóstico da doença, são os principais fatores que levaram a um incremento desses dados. “A doença já mata mais do que o câncer de mama”, afirma a nefrologista Carmen Tzanno Branco Martins, coordenadora do Comitê de Nutrição da SBN e diretora da clínica Renal Class.
Segundo dados da Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo (Sonesp), 58 milhões de pessoas correm o risco de desenvolver algum tipo de problema no rim por pertencerem ao grupo de risco: têm histórico da doença na família, são idosos, obesos, diabéticos ou hipertensos. Essas duas últimas doenças, muito conhecidas dos brasileiros, respondem por 60% dos casos.
A insuficiência renal é uma doença silenciosa: quando o corpo dá sinais claros e visíveis de que algo está errado em geral o órgão já perdeu 50% de sua capacidade. Por este motivo, 70% das mortes por insuficiência renal acontecem antes mesmo do diagnóstico, conforme estudo da Fundação Pró-Renal, entidade filantrópica que dá assistência a pacientes crônicos.
O rim funciona como um filtro do corpo, removendo sais e outras substâncias que estejam em quantidade excessiva, como a água. Esse órgão, que tem o tamanho de um punho fechado, também é responsável pelo controle da pressão arterial e pela produção e liberação de glóbulos vermelhos pela medula óssea.
Faltam vagas e doadores
Outro fator que contribui para o alto índice de mortalidade da doença é a falta de vagas para a realização de hemodiálises. Seis mil pacientes por ano não têm acesso ao tratamento ambulatorial que seria fundamental para mantê-los vivos. “Noventa por cento da população com a doença fazem tratamento pelo Sistema Único de Saúde. E a quantidade de clínicas disponíveis é a mesma há muitos anos. Deveríamos estar fazendo hemodiálise em trezentas mil pessoas”, alerta Burdmann. “Com a hemodiálise, o paciente ganha tempo de vida. Ele pode esperar pelo transplante de forma mais tranqüila e mesmo se não der certo, pode voltar ao tratamento”, avalia a Carmen.
A máquina realiza o trabalho que deveria ser feito pelo órgão doente, enquanto o paciente aguarda por um novo rim. A fila de espera, no entanto, aumenta a cada ano. De acordo com o levantamento realizado no primeiro semestre de 2009 pelo Ministério da Saúde, 31.270 pessoas faziam parte dela. No mesmo período, foram realizados 1.237 transplantes.
É possível prevenir
Nem todo caso de doença renal leva o paciente à insuficiência. Por isso, a grande frente de batalha dos especialistas está na prevenção e no diagnóstico precoce. Diabéticos e hipertensos devem manter suas taxas controladas, a fim de evitar que um agravamento dessa doença possa levar à perda da função renal. Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fundação Oswaldo Cruz e do Centro de Controle do Diabetes da Bahia conduziram uma pesquisa que revelou que 76% dos diabéticos não conseguem manter as taxas glicêmicas adequadas.
A recomendação dos médicos é a mesma para todos, inclusive para os que não têm essas doenças: a partir dos 55 anos, toda pessoa deve fazer exames de urina para detectar a presença ou não de albumina e também a dosagem da creatinina no sangue. Duas medidas simples que podem evitar a insuficiência e até a um quadro crônico. “Quem faz parte do grupo de risco deve fazer esses exames já a partir dos 30 anos”, recomenda a nefrologista Carmen Tzanno.
Dia mundial do rim
Toda segunda quinta-feira do mês de março comemora-se o dia mundial do rim. Neste ano, a data será celebrada neste dia 11. A campanha de 2010 tem como tema “Proteja seus rins, controle o diabetes”, na tentativa de evitar que novos casos apareçam por conta desse problema, que é causador número 1 de doenças renais nos Estados Unidos. No Brasil, a diabetes é a segunda causa da insuficiência do rim, atrás apenas da hipertensão.
Fila de transplante supera 30 mil pessoas e vagas na hemodiálise são insuficientes
Chris Bertelli, iG São Paulo 10/03/2010 06:00
Transplante: mais de 30 mil aguardam um rim
Aproximadamente 13 milhões de brasileiros apresentam algum grau de problema renal, segundo o mais recente levantamento da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).
O número é duas vezes maior do que há dez anos. Desse total, 95 mil estão em estágio grave, dependendo de hemodiálise ou na fila do transplante, e os casos vêm crescendo a um ritmo de 10% ao ano.
O panorama da doença pode ser ainda mais delicado. “O número de pacientes é inferior ao que deveria ser identificado”, afirma Emmanuel Burdmann, presidente da SBN.
O aumento dos casos de diabetes e hipertensão, além de uma preocupação maior com o diagnóstico da doença, são os principais fatores que levaram a um incremento desses dados. “A doença já mata mais do que o câncer de mama”, afirma a nefrologista Carmen Tzanno Branco Martins, coordenadora do Comitê de Nutrição da SBN e diretora da clínica Renal Class.
Segundo dados da Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo (Sonesp), 58 milhões de pessoas correm o risco de desenvolver algum tipo de problema no rim por pertencerem ao grupo de risco: têm histórico da doença na família, são idosos, obesos, diabéticos ou hipertensos. Essas duas últimas doenças, muito conhecidas dos brasileiros, respondem por 60% dos casos.
A insuficiência renal é uma doença silenciosa: quando o corpo dá sinais claros e visíveis de que algo está errado em geral o órgão já perdeu 50% de sua capacidade. Por este motivo, 70% das mortes por insuficiência renal acontecem antes mesmo do diagnóstico, conforme estudo da Fundação Pró-Renal, entidade filantrópica que dá assistência a pacientes crônicos.
O rim funciona como um filtro do corpo, removendo sais e outras substâncias que estejam em quantidade excessiva, como a água. Esse órgão, que tem o tamanho de um punho fechado, também é responsável pelo controle da pressão arterial e pela produção e liberação de glóbulos vermelhos pela medula óssea.
Faltam vagas e doadores
Outro fator que contribui para o alto índice de mortalidade da doença é a falta de vagas para a realização de hemodiálises. Seis mil pacientes por ano não têm acesso ao tratamento ambulatorial que seria fundamental para mantê-los vivos. “Noventa por cento da população com a doença fazem tratamento pelo Sistema Único de Saúde. E a quantidade de clínicas disponíveis é a mesma há muitos anos. Deveríamos estar fazendo hemodiálise em trezentas mil pessoas”, alerta Burdmann. “Com a hemodiálise, o paciente ganha tempo de vida. Ele pode esperar pelo transplante de forma mais tranqüila e mesmo se não der certo, pode voltar ao tratamento”, avalia a Carmen.
A máquina realiza o trabalho que deveria ser feito pelo órgão doente, enquanto o paciente aguarda por um novo rim. A fila de espera, no entanto, aumenta a cada ano. De acordo com o levantamento realizado no primeiro semestre de 2009 pelo Ministério da Saúde, 31.270 pessoas faziam parte dela. No mesmo período, foram realizados 1.237 transplantes.
É possível prevenir
Nem todo caso de doença renal leva o paciente à insuficiência. Por isso, a grande frente de batalha dos especialistas está na prevenção e no diagnóstico precoce. Diabéticos e hipertensos devem manter suas taxas controladas, a fim de evitar que um agravamento dessa doença possa levar à perda da função renal. Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fundação Oswaldo Cruz e do Centro de Controle do Diabetes da Bahia conduziram uma pesquisa que revelou que 76% dos diabéticos não conseguem manter as taxas glicêmicas adequadas.
A recomendação dos médicos é a mesma para todos, inclusive para os que não têm essas doenças: a partir dos 55 anos, toda pessoa deve fazer exames de urina para detectar a presença ou não de albumina e também a dosagem da creatinina no sangue. Duas medidas simples que podem evitar a insuficiência e até a um quadro crônico. “Quem faz parte do grupo de risco deve fazer esses exames já a partir dos 30 anos”, recomenda a nefrologista Carmen Tzanno.
Dia mundial do rim
Toda segunda quinta-feira do mês de março comemora-se o dia mundial do rim. Neste ano, a data será celebrada neste dia 11. A campanha de 2010 tem como tema “Proteja seus rins, controle o diabetes”, na tentativa de evitar que novos casos apareçam por conta desse problema, que é causador número 1 de doenças renais nos Estados Unidos. No Brasil, a diabetes é a segunda causa da insuficiência do rim, atrás apenas da hipertensão.