A Política Estadual de Incentivo à Doação de Órgãos, Tecidos e Transplantes foi lançada pelo governo baiano, nesta terça-feira (22), a fim de diminuir as filas de espera por transplantes. O programa prevê investimentos de R$ 10.145.998, 20, com recursos do Estado, no primeiro ano, nas etapas de captação, exame pré-transplantes e nos próprios transplantes no estado.
“Esse investimento diz respeito a apoio financeiro às equipes de identificação, rastreamento de pacientes com morte encefálica, apoio financeiro a equipes que captam, que vão lá e retiram órgãos e transplantam e aquelas que cuidam dos pacientes depois dos transplantes. Então, iremos dobrar o recurso que hoje é pago pelo Ministério da Saúde. O Governo do Estado vai dobrar o dinheiro gasto em cada uma dessas etapas”, explicou o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas Boas, em entrevista ao G1 no lançamento do programa.
Do total de mais de R$ 10 milhões, serão investidos pelo governo estadual, a cada transplante, em média, R$ 1 mil para o processo de doação dos órgãos, R$ 2 mil para a captação [retirada do órgão] e R$ 2 mil com exames pré-transplantes.
Os valores serão somados ao recursos que já estão previstos pelo Ministério da Saúde para cada uma dessas etapas. Atualmente, segundo o governo estadual, o Ministério do Saúde já paga, em média, a cada transplante, R$ 3 mil com o procedimento de doação, R$ 2 mil com a captação, R$ 2 mil com exames pré-transplantes.
Cada um dos transplantes feitos no estado já recebe R$ 9 mil do governo federal e passarão a receber R$ 5 mil do governo do estado. O governo baiano ainda pretende somar R$ 3 mil aos R$ 6 mil já gastos pelo governo federal com medicação de alto custo por transplante.
Segundo dados apresentados pelo secretário Fábio Vilas Boas, a Bahia está atualmente em último lugar no ranking de transplantes de fígado e em penúltima posição nos procedimentos renais. Ele estima que a cada 100 pessoas com morte cerebral, 10 delas são diagnosticadas com esse tipo de morte e em três são efetivados transplantes. Em agosto deste ano, 2.278 pessoas estão em filas de transplantes no estado, conforme o secretário.
Metas
“Se obtivermos sucesso, primeiro vamos estar melhorando a qualidade de vida de pacientes, segundo, salvando vidas e depois, reduzindo custos. O tratamento renal de um ano tem o mesmo custo de um transplante”, disse o governador Rui Costa. O secretário elenca que o governo paga anualmente R$ 10 milhões para a transferência de tratamento fora do domicílio, para pacientes e acompanhantes irem a outros estados realizar transplantes.
O presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos do Estado da Bahia, José Vasconcelos de Freitas, espera que o programa lançado nesta terça-feira (22) mude a situação de sofrimento dos pacientes renais na Bahia. “Eu só tenho que acreditar, porque fui sofredor disso há muito tempo, fiquei na fila de transplante por quatro anos. Essa demora para mim foi até pequena, porque tem gente com 20 anos. É uma dificuldade muito grande. Até porque temos que ser exportados da Bahia para estados como Ceará e São Paulo”, disse.
As metas do governo, no primeiro ano do programa, são de aumentar em 300% a doação e o transplante de córnea, em 100% a doação e transplante de órgãos sólidos e em 30% o número de Coordenações Intra-Hospitalares de Doações de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs).