10 de setembro de 2009 AÇÃO SOLIDÁRIA
“Difícil foi perder um filho, não doar os órgãos”
Entrevista: Maria Isabel Santos, 49 anos, mãe que doou os órgãos do filho
Na madrugada de 19 de outubro de 2008, a vida da jornalista Maria Isabel Santos, 49 anos, virou do avesso: recebeu a notícia de que seu filho, o estudante Igor Santos Carneiro, 18 anos, não voltaria mais para casa.
“Difícil foi perder um filho, não doar os órgãos”
Entrevista: Maria Isabel Santos, 49 anos, mãe que doou os órgãos do filho
Na madrugada de 19 de outubro de 2008, a vida da jornalista Maria Isabel Santos, 49 anos, virou do avesso: recebeu a notícia de que seu filho, o estudante Igor Santos Carneiro, 18 anos, não voltaria mais para casa.
Decidida a transformar a tragédia de sua família na esperança de outras, a jornalista autorizou a doação dos órgãos do rapaz, que teve as córneas retiradas para um transplante.
Confira trechos da entrevista concedida a ZH:
Zero Hora – Como foi ter de decidir por doar os órgãos do filho?
Maria Isabel Santos – A enfermeira-chefe do HPS nos procurou para perguntar se iríamos autorizar a doação. Nós já sabíamos que a situação era irreversível e já tínhamos falado nesse assunto muitas vezes em família. Já tínhamos a consciência de que não adianta ser egoísta nessa hora. É preciso salvar a vida dos que ficam.
ZH – Foi difícil esse processo?
Maria Isabel – Não. Difícil foi perder um filho, não doar os órgãos. O Igor sempre foi muito solidário. Eu autorizei a doação de todos os órgãos, mas só puderam aproveitar as córneas. Ele costumava ficar impressionado com os cegos, com a forma como eles conseguiam viver mesmo sem poder ver. No fim, acabou ajudando alguém a voltar a enxergar.
ZH – Você sente que, com isso, uma parte dele continua viva?
Maria Isabel – Sim. O Banco de Olhos me ligou na época para dizer que a cirurgia de transplante tinha sido um sucesso. Eu perguntei se poderia conhecer a pessoa que recebeu as córneas dele, mas me explicaram que não. Se um dia for possível, eu gostaria muito de ter esse contato, porque de alguma forma sei que o Igor está ali, nos olhos de alguém.
ZH – O que você diria a outras pessoas que passam pela mesma situação?
Maria Isabel – A dor da perda não tem cura. Mas a doação é um alento. O mais importante é discutir isso em casa, conversar sobre o assunto.