domingo, 1 de março de 2009




Saúde - S. J. do Rio Preto
HB de Rio Preto faz 2º transplante de coração em 8 dias
28/02/2009 - 18:00:00 - Diário da Região
O Hospital de Base (HB) de Rio Preto fez ontem o segundo transplante de coração do ano. Os dois procedimentos foram realizados em oito dias, uma conquista inédita no HB, segundo o médico responsável pelo setor, Reinaldo Bestetti. “Tivemos sorte de ter dois órgãos disponíveis em um período de tempo tão curto. Isso é raro”, disse. O doador do transplante de ontem é o pintor Paulo Bertholazo, 33 anos, vítima de um aneurisma cerebral no último sábado. Após ficar quatro dias em coma no HB, a morte cerebral foi confirmada no fim da manhã de anteontem. Poucas horas depois a família autorizou a doação dos órgãos de Bertholazo. O receptor do coração é um homem de Mirassol, vítima da doença de Chagas, que ataca o órgão. A cirurgia durou cerca de três horas. Segundo Bestetti, o receptor passa bem. O vidraceiro Jair Bertholazo, 42 anos, diz que a família autorizou a doação dos órgãos baseada na vontade do próprio irmão. “Ele expressou o desejo de doar todos os órgãos, caso morreresse, num churrasco familiar há quatro meses. Decidimos cumprir sua última vontade”, afirmou o irmão. O fígado de Paulo foi enviado para Ribeirão Preto. Até às 20h de ontem, a Central de Transplante ainda não havia definido o destino dos rins e das córneas. O primeiro coração transplantado em 2009 foi doado pela dona de casa Luciana Patrícia Salles Sabino, também vítima de aneurisma, no último dia 19. A família acusa a Secretaria Municipal de Saúde e o Hospital de Base (HB) de Rio Preto de negligência médica. Ânimo A segunda cirurgia no prazo de duas semanas anima a equipe de Bestetti, que no ano passado fez apenas quatro transplantes, contra sete em 2007. Desde o início do programa, em 2000, foram 68 transplantes cardíacos. “Este ano devemos alcançar um número um pouco maior, embora a tendência seja de queda no número anual de procedimentos”, diz. Segundo Bestetti, a queda se deve ao envelhecimento do doador. “No início da década, a maioria dos doadores era de jovens na faixa etária entre 25 e 35 anos. Agora, a maioria tem mais de 40, com um coração nem tão saudável”, afirma. Outra dificuldade do HB tem sido a falta de estrutura para captar órgãos vindos de fora do Noroeste Paulista. “Precisamos ter uma equipe maior, com dedicação exclusiva, para poder pegar o órgão em outras cidades do interior paulista com disponibilidade constante, como Ribeirão Preto, Araraquara, São Carlos, Araçatuba.” A equipe de transplante cardíaco do HB é formada por seis médicos, sem contar os auxiliares. A estruturação do setor passa pela aquisição de um ventrículo artificial, para dar maior sobrevida ao paciente durante o transplante. “Diferente do transplantado de rim e de fígado, o de coração não sai da mesa de cirurgia enquanto o transplante não for concluído. O equipamento nos daria um tempo maior para um procedimento”, diz. O problema do ventrículo, que não é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é o alto custo: US$ 500 mil. No Estado, apenas o Incor, na Capital, dispõe do equipamento.