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Vocação para a medicina humanizada
Cerca de 500 transplantes renais no currículo e a defesa incondicional de uma medicina mais humanizada. Por essas vertentes passou a conversa com o médico nefrologista Henry Campos, vice-reitor da UFC. Ele diz que a responsabilidade hoje é maior do que quando iniciou a carreira
Luiz Henrique Campos
da Redação
[08 Junho 01h09min 2009]
No ambiente familiar, o convívio constante com publicações de todos os matizes ideológicos, e o contato com a intelectualidade cearense da época ajudaram a moldar seu perfil cultural. Filho de pai jornalista e mãe formada em Direito, o atual vice-reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Henry de Holanda Campos, poderia muito bem ter seguido carreira voltada a uma dessas profissões. Afinal, experiências e exemplos não lhe faltaram.
A bagagem adquirida, no entanto, lhe encaminhou a outra direção. Não que os ensinamentos humanísticos tenham sido deixados de lado. Ao contrário. Henry Campos escolheu a medicina, justamente, diz ele, por achar que o ofício pudesse lhe proporcionar o máximo em termos de retorno às pessoas do que recebeu de ensinamento ainda na infância e da adolescência.
Já médico, decidiu voltar seu ofício a área de transplantes renais, quando o processo ainda era embrionário no País. Atualmente, Henry é um dos profissionais mais respeitados do Brasil nessa especialidade e um militante na questão das políticas públicas de saúde. Foi secretário e presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e, durante sua gestão na presidência, construiu junto com o Ministério da Saúde toda a política nacional de transplantes que está vigente.
Entusiasta de modelos de saúde pública como o francês, o inglês e o espanhol, Henry não se acanha em dizer que a política nacional de transplante adotada no Brasil trata-se do maior sistema público de transplante do mundo.
Aliando a prática da medicina e a militância na saúde, Henry Campos também tem sua vocação direcionada a universidade, onde já ocupou cargos como os de diretor da Faculdade de Medicina e pró-reitor de Extensão. E foi nessas funções que passou a pensar nos últimos anos sobre o processo de formação dos médicos. Preocupação que o fez, em 2002, a passar um período de estudos nos Estados Unidos e rever conceitos.
O POVO - Quero começar falando da sua decisão de exercer a medicina. O senhor é filho de um jornalista que viveu a época romântica da profissão e de uma funcionária pública. O que lhe chamou a atenção para o exercício desse ofício?
Henry Campos - Meu pai tinha um respeito grande pelos médicos. Sou de uma geração em que tínhamos médicos de família. O médico era uma pessoa ouvida não somente nas questões de saúde, mas nas de família como um todo. Era um amigo da família, um conselheiro, era ouvido sobre tudo. Uma coisa que me marcava, é que como tínhamos muitos amigos médicos, lembro de um próximo, doutor Henrique de Almeida. Quando chegava lá em casa, se abria um sabonete novo para ele lavar as mãos. Então, meu pai sempre reconheceu a importância do que o médico pode fazer pelas pessoas. E isso nos marcou, tanto que os três filhos mais velhos somos médicos. Acho que por ele todos teriam sido médicos.
OP - Seu pai chegou a expressar isso diretamente?
Henry Campos - Sim, uma coisa que ele tinha orgulho era disso. Mas o referencial mesmo era o social. Tanto que eu nunca fiz medicina privada. Desde que comecei minha carreira faço medicina essencialmente em instituições públicas. Porque entendo que o grande valor da medicina é você poder estar acessível, ou disponível para qualquer pessoa independente de ela poder pagar ou não. Isso é uma coisa presente na minha vida, na defesa intransigente que eu faço do Sistema Único de Saúde (SUS), que é único no mundo. O Brasil foi na contramão da história. Enquanto os países emergentes estavam privatizando, o País tomou uma decisão extremamente acertada.
OP - O senhor hoje fala dessa medicina voltada ao humano, mas em que momento isso se apresentou como uma opção de vida?
Henry Campos - Fui aluno do Colégio Militar, onde tínhamos os melhores professores, e conclui meu secundário nos Estados Unidos. Ali, pude ter uma visão de mundo, uma abertura, a capacidade de se abrir. Nossa casa sempre foi aberta para estrangeiros. Quase todos meus irmãos fizeram programas de estudo fora. E a família do meu pai sempre teve vocação pública. Faziam política em Pacatuba, mas era diferente, para servir, ninguém fez fortuna. Já no ginásio eu tinha minha definição profissional.
OP - A política e o jornalismo nunca lhe interessaram?
Henry Campos - O jornalismo nos seduziu todo mundo lá em casa. Talvez os últimos menos, mas todos tivemos uma veia literária. Meu irmão mais velho, por exemplo, tinha um jornal que ele fazia a mão e distribuía para a família. Mas não era uma coisa que meu pai estimulava porque ele dizia que a vida de jornalista é muito dura. Você precisava ter muita determinação e não tinha o devido reconhecimento. Os tempos eram outros também, né? Acho que era uma coisa mais idealista, romântica. Mas lembro da minha infância nos jornais. Cheguei a ir muito aos jornais. Lembro do cheiro do chumbo, das linotipias, do O POVO ali na Senador Pompeu, do Correio do Ceará, Unitário, Diários Associados.
OP - Ia por vontade própria ou era levado pelo pai?
Henry Campos - De alguma maneira nós mesmos buscávamos, porque a nossa convivência sempre foi com jornalistas, com intelectuais. Nossa casa era um local onde se lia tudo. Inclusive minha mãe, que depois de sete filhos voltou a estudar.
OP - Na época do regime militar o senhor estudava no Colégio Militar? Como foi essa convivência?
Henry Campos - Mexeu muito com a minha cabeça, porque havia um conflito. Ao mesmo tempo em que eu estava em colégio, que era bom, onde tínhamos os melhores professores, era duro conviver com aqueles conceitos em que pessoas contrárias ao regime eram difamadas. Tivemos amigos presos, meu pai chegou em certo momento a ser denunciado. Tínhamos muitos livros em casa e criamos um lugar em que aqueles livros tiveram que ser escondidos. Tive um tio preso, Raimundo Diógenes, pessoa honesta. Nós éramos militares pela doutrina, educação. Isso me chocava. Depois eu fui para o Estados Unidos.
OP - E como foi nos EUA?
Henry Campos - Bom, pois sempre gostei de estudar. E isso me deu a chance de falar línguas fluentemente. Mudou minha visão do mundo.
OP - E o choque cultural em relação ao Brasil?
Henry Campos - Reforcei a minha percepção de que o Brasil é um grande País. E que muitas coisas que funcionavam bem lá, tinha certeza de que algum dia eu veria funcionar bem aqui. Eu nunca deixei de reconhecer também coisas positivas em nossa sociedade. Tenho certeza de que nunca teria feito a opção de me fixar nos Estados Unidos.
OP - Por que diante de uma situação mais vantajosa decidiu voltar?
Henry Campos - Acho que havia muito coisa a ser feita aqui. A contribuição que eu posso dar aqui é bem maior. Na primeira vez que fui para a França, estava seduzido e cheguei a ficar balançado a ficar lá. Mas tinha compromisso com a universidade. Estava produzindo muito em termos de pesquisa, estava em um hospital que era considerado o berço da minha especialidade. Nos EUA, não.
OP - Sua carreira sempre foi dedicada à medicina, mas sempre voltada para a academia...
Henry Campos - É. No segundo ano do curso de medicina nós criamos um projeto. Chamava-se Pacatuba. Ali já trabalhávamos na lógica do saúde da família. Visitávamos os domicílios, cadastrávamos com todos os dados sociais e atendíamos a família. Essa ideia foi minha e de alguns colegas de turma e, durante todo o nosso curso, todos os sábados mantínhamos essas visitas, de acordo com o período em que o aluno estava cursando. Cada equipe dentro do conhecimento que já havia adquirido. E tínhamos sempre um professor acompanhando e se responsabilizando por isso. Por que Pacatuba? Porque a prefeitura se dispôs a nos ajudar. Meu tio era prefeito e se colocou a disposição para nos apoiar. Primeiro dava autorização para usarmos os postos de saúde, que nós mobiliamos inteiramente com doações de beliches usados em uns jogos universitários. A prefeitura dava o lanche, a universidade, o ônibus e nos saíamos toda manhã cedo. Agora esse projeto sempre teve uma desvinculação política. Tanto que, na eleição seguinte, a oposição ganhou e o projeto foi mantido. A nossa turma toda, até se formar, manteve o compromisso com esse projeto. E foi uma coisa extremamente importante para nós. Em menos de dois anos a mortalidade infantil tinha baixado para zero. Agora, havia um envolvimento. E todo esse atendimento era feito com a perspectiva de uma visão integral, não assistencialista. Esse trabalho nasceu no antigo Departamento de Medicina Preventiva. São essas coisas que fazem com que a vocação da gente vá se afirmando.
OP - Não seria também natural que essa vocação se voltasse mais para a medicina preventiva? Como foi que surgiu o interesse pela nefrologia?
Henry Campos - Acho que o meu lado de investigador, de pesquisador, de lidar com dados mais concretos, com possibilidades maiores de intervenções... a nefrologia é muito instigante, provocativa. O rim é um órgão que mexe com tudo. E era uma época, ainda é, em que se tratava de uma especialidade de ponta, ainda mais com você vislumbrando a possibilidade do transplante, que é uma modalidade de tratamento diferente. Entra a questão ética, humana. E também o desafio da imunologia, da rejeição. Então você une tudo isso....
OP - O retorno para a França também reforçaram a perspectiva desse desafio?
Henry Campos - Acho que sim. Na França encontrei exatamente o ambiente que considero ideal para o médico trabalhar. Tudo que há de melhor para o paciente, ou seja, sem se preocupar com o que ele ganha, o que ele faz. É você chegar em casa, botar a cabeça no travesseiro e saber que fez tudo que poderia fazer nas melhores condições, independente de qualquer coisa. Isso reforçou profundamente a minha crença nessa prática. Foi um momento importante para mim de afirmação de uma medicina socializada. E tenho uma gratidão a universidade por ter me dado a oportunidade de ter podido ampliar esses conhecimentos.
OP - Esse retorno da França também não se deu em uma perspectiva de um desafio a ser encarado no Brasil? O senhor também pensou nisso?
Henry Campos - Pensei, claro. Na minha ida a França ganhei o apoio do professor Jean Dausseut, ganhador de um prêmio Nobel, que me ajudou a montar o nosso laboratório de imunologia de transplante. Posteriormente fizemos um intercâmbio grande. E ainda tinha uma coisa que é marcante para mim que era a necessidade de construirmos no Brasil um sistema de transplante. De transplante público, ético. Porque isso até os anos 90 praticamente não existia. Éramos um País que se falava, e era verdade, de que quem tinha dinheiro se beneficiava rapidamente com um transplante. Não estou dizendo que havia desvios. Mas não havia um sistema que desse acesso a isso. Éramos uma rede de médicos que lutava por isso. De ter um sistema transparente, de lutar pela doação de órgãos. Criamos aqui nesta universidade a primeira campanha de doação de órgãos do Brasil, oficialmente, quando era reitor o professor Hélio Leite, chamada “Quem ama, doa”. E temos defendido essa bandeira até hoje com grandes avanços. Somos atualmente (o Brasil) o maior sistema público de transplante do mundo. O nosso SUS paga hoje mais de 90% do custo dos transplantes e garante toda a medicação.
OP - Quando foi o primeiro transplante que o senhor realizou e qual foi a sensação?
Henry Campos - Foi em março de 1976, no meu primeiro ano de residência na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, no Hospital Pedro Ernesto. Para mim foi uma coisa mágica. Primeiro ver o processo de escolha do doador. Observar que uma coisa dessa atinge toda uma família. Como uma pessoa jovem, de repente, tem que se submeter a um processo de diálise, extremamente penoso. A vida muda totalmente. E aí a perspectiva de ter uma qualidade de vida melhor, de reabilitação, é o transplante. O transplante é uma coisa especial. O profissional de transplante não tem hora. Quando você utiliza o doador cadáver, por exemplo, a etapa de definir a morte cerebral, contatar a família, é um processo que consome tantas horas, tanta energia... Mas ao mesmo tempo, o próprio ato da doação é uma coisa extraordinária. Hoje até que o médico não se envolve tanto com isso. Mas antes tinha que fazer. E não é uma aproximação fácil, mesmo com o tempo em que se foi assimilando mais essa questão da morte encefálica.
OP - Depois de quase 500 transplantes, a sensação que o senhor tem é muito diferente?
Henry Campos - Acho que é diferente porque a responsabilidade é maior. O primeiro transplante tinha o mesmo encantamento, a mesma magia, mas não havia a noção tão presente da responsabilidade. Porque você põe na balança, benefícios, riscos. Nem tudo é perfeito. A gente trabalha em condições que são sempre limitadas, por uma razão ou outra. Infelizmente, ainda não é aquele sistema de saúde que a gente possa ter 100% a garantia de que estamos prontos para oferecer naquele percurso que o paciente vai ter o que há de melhor. Pode faltar remédios, pode faltar um acesso a alguma coisa. Você se interroga muito, é uma grande responsabilidade que você assume.
OP - A questão técnica não se basta. É isso que o senhor quer dizer?
Henry Campos - A questão técnica é superada. É uma coisa estabelecida, mas que você sabe que enobrece, transforma a vida das pessoas.
OP - Vou entrar em um tema que lhe tem sido caro, que é a humanização da medicina. Como o senhor acha que nossos estudantes são formados em relação a isso?
Henry Campos - Não é só a medicina, mas também do profissional em geral. É muito interessante você parar em determinado momento da sua vida e fazer uma reflexão sobre o que você vem fazendo ao longo dos anos. Isso aconteceu quando eu já estava como diretor da Faculdade de Medicina. Nós nos defrontávamos com essa questão e achei que era hora de começarmos a enfrentar essa discussão que já vinha há dez anos. Mas percebi também que precisa me preparar para isso. Ai fui fazer um período de estudos de educação médica nos Estados Unidos. Fiz isso em 2002 e aí é que a gente entra nessa questão da importância da clareza da missão de professor e nos perguntarmos: será que estamos realmente educando para uma profissão? As profissões da saúde, a medicina principalmente, acho que estão bem a frente nessa discussão. Porque como esses profissionais lidam mais diretamente com a vida humana, há uma clareza também de que se as escolas formadoras não assumirem este compromisso de repensar essa formação a coisa só vai se agravar. Aumenta-se custo, incorpora-se tecnologia, no entanto, o que se vê na prática são as pessoas se referindo a medicina desumana, impessoal, onde você não é escutado, supervalorizando a questão dos procedimentos. As pessoas estranham até quando vão ao médico e ele não pede exames. E a resposta na maioria das vezes não está aí. Existem estudos, documentos, tudo mais indicando que a grande maioria das situações são diagnosticadas a partir de um exame clínico competente, de uma conversa com o paciente. E essa relação está desvalorizada. E a formação para o enfrentamento dessa realidade é um desafio, porque é bem mais confortável o útero morno e aconchegante da academia, do que ir lá para fora e enfrentar o caos, o buraco negro, a pobreza. Essas questões precisam estar presentes na formação.
OP - O senhor acha que com a descentralização do ensino, ao se levar as instituições para o Interior, caminha nessa direção?
Henry Campos - Com certeza. Na hora que a universidade se expande, pensa no potencial de desenvolvimento do Estado. Procura ouvir a sociedade, cria cursos onde não há, articula-se com a secretaria de Educação do Estado na formação de professores. Esse dia-a-dia tem que estar dentro da universidade. Temos que estar preparados para esse desafio que não é só do governador, da secretaria, mas sobretudo da universidade, que tem o dever de trazer essas coisas para a agenda das pessoas que estamos formando. A mesma coisa é com a saúde. Está havendo uma transformação do Ceará e a universidade tem muito a ver com isso. Temos um desafio enorme. Precisamos formar 70 mil profissionais para termos uma cobertura completa do Programa Saúde da Família, precisamos formar cerca de 110 mil gestores nos diferentes níveis do sistema de saúde. Então precisamos formar profissionais para o mundo do trabalho. E formar para o mundo do trabalho é formar com elementos de realidade, preparar para os desafios do dia-a-dia. Tenho que formar um médico que tenha competência para sair da faculdade e resolver aqueles problemas prevalentes que são muitos na população. Ao invés de ter um cara pensando na especialização, nisso, naquilo. Mas que seja antes de tudo um bom médico, e isso se estende para as demais profissões.
A entrevista com Henry Campos foi realizada no final da tarde de uma quarta-feira no gabinete do vice-reitor, no prédio da reitoria, no Benfica. Da janela aberta, quase sem barulho, era possível ter uma visão da Concha Acústica. Ao se referir à Vila Santana, na rua ao lado da universidade, onde o médico morou com a família quando criança, o próprio Henry se surpreendeu ao lembrar-se do seu primeiro contato com a UFC.
Outro momento da entrevista marcado pela coincidência deu-se quando falou sobre sua primeira viagem para fora de Fortaleza, que foi a cidade de Sobral. Anos depois, coube a ele conduzir o processo de criação da primeira universidade de medicina daquela cidade, tendo recebido o título de Doutor Honoris Causa por isso .
Henry Campos fez questão de citar alguns nomes de professores que atuaram como pioneiros no Ceará nessa questão dos transplantes, destacando as figuras de Lacerda Machado, João Evangelista, Roberto Marques, João Evangelista Júnior. Em 1985 a UFC criou um programa de transplante com doador cadáver e uma rede de transplante no Nordeste.
Henry Campos confessou que está estudando a possibilidade de voltar a exercer a antiga função médica que ocupava antes de assumir um cargo na administração da universidade. “Quando a gente envereda pela área administrativa vai deixando um pouco de lado essa idade (nefrologia). Mas esta semana mesmo eu discuti com alguns colegas a possibilidade de pelo menos dois dias por semana me voltar mais a nefrologia”.
Nascido em Fortaleza, Henry Campos é filho do ex-jornalista Pádua Campos, que atuou no O POVO e foi presidente do Sindicato dos Jornalistas. Dos seis irmãos, dois também seguiram a carreira médica. Ele tem Doutorado em Medicina (Nefrologia) pela Universidade Federal de São Paulo, e Pós-Doutorado pela Université de Paris V.
Formado pela UFC em 1975, Henry foi em seguida fazer residência no Rio de Janeiro, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em nefrologia. Concluiu mestrado em 1980 e voltou para Fortaleza quando prestou concurso para área docente. Entrou como professor assistente da Faculdade de Medicina, no Departamento de Medicina Clínica. Nessa época, ganhou uma bolsa de estudos para a França onde passou quatro anos e meio, de 1991 a 1995, principalmente trabalhando na área de transplante renal e na parte de imunologia de transplantes.