Sáb
, 29/09/2012 às 19:33
| Atualizado em: 29/09/2012
às 19:55
Associação faz campanha de incentivo à doação de órgãos
Davi Lemos e Agência Brasil
Para quebrar a resistência à doação de órgãos no país, a Associação
Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) lançou uma campanha. O
objetivo é estimular o diálogo sobre o tema. Em Salvador e no interior
da Bahia, hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também
participam de ações para conscientizar pacientes e familiares sobre a
importância de doar órgãos.
O coordenador estadual de transplantes da Secretaria da Saúde do Estado
da Bahia (Sesab), Eraldo Moura, diz que o objetivo é envolver os
profissionais de saúde no processo de informação. "Com informações, a doação se torna muito mais tranquila", disse Moura.
A ideia da campanha é que as pessoas informem os parentes sobre o
desejo de ser doador de órgãos. Segundo José Medina Pestana, presidente
da ABTO, a campanha será promovida durante a realização de eventos
religiosos e por meio de caminhadas temáticas.
Será também realizado um trabalho de motivação com as equipes de
transplante. Está ainda previsto um convênio com a Confederação
Brasileira de Futebol (CBF). O papel da CBF será permitir a exibição de
faixas em favor da campanha durante jogos do Campeonato Brasileiro.
Desinformação - Medina apontou como principal fator da
recusa das famílias em autorizar a doação de órgãos o fato de o
potencial doador não ter informado em vida se queria ou não o
procedimento. "Não costuma ser baseado em um dogma religioso ou
cultural", explica.
Mas, de acordo com o presidente da ABTO, a doação do órgão pode trazer
equilíbrio para os parentes que vivem o momento delicado da morte de
alguém querido. "A família vai poder satisfazer o último desejo daquela
pessoa", argumenta Medina.
Segundo a ABTO, cerca de 30,5 mil brasileiros aguardam a doação de um
órgão ou tecido. Outro objetivo da campanha é reduzir as disparidades
geográficas no País quanto à doação de órgãos.
Estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e
Santa Catarina apresentam desempenhos que são considerados
extraordinários.
A avaliação é de José Medina. Nesses lugares, de acordo com
levantamento da ABTO, a aceitação entre os potenciais doadores fica
entre 26 e 15 pessoas por grupo de um milhão da população.
Porém, em estados como Bahia, Amazônia e Mato Grosso, o índice é muito inferior: fica entre 0,6 e 6,1.
Modelo - No Estado de São Paulo, a taxa média de
doadores de órgãos foi 20,5 por milhão de pessoas em 2011, de acordo com
a Secretaria Estadual de Saúde - índice similar ao de países como
França (23,8) e Itália (21,6).
Na região metropolitana de São Paulo, a taxa é de 29 doadores por
milhão, número próximo ao da Espanha, considerado país-modelo de
transplantes no mundo.
Espera - Iara de Angeles Fortes Lobato, 47 anos,
moradora de Taubaté, São Paulo, foi uma das integrantes da fila de
espera que conseguiram um transplante. A professora aposentada sofre de
fibrose cística genética, doença que acabou por afetar seu pulmão.
Iara conta que esperou durante quase dois anos na fila. "Quando fala
que a gente está inscrito em fila e vem assinar os papéis, a cabeça
balança um pouco. A gente fica preocupada, triste. Às vezes entra até em
depressão", relata.
O período de espera, para ela, foi de bastante sofrimento. "Para a
situação que eu estava vivendo foi bem demorado, porque eu usava
oxigênio continuamente, estava totalmente debilitada, não conseguia
fazer nada".
Ela diz que chegou a imaginar como seria quando recebesse a tão
aguardada ligação de telefone avisando que faria o transplante de
pulmão. "Vivia totalmente preparada. Para todo lugar que ia, não podia
passar do limite de duas horas de viagem para chegar ao hospital",
conta.
http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/materias/1456809-associacao-faz-campanha-de-incentivo-a-doacao-de-orgaos