22 de setembro de 2009 às 10h35m
Doar órgãos, o divisor entre a vida e a morte
Mais de 1.100 pessoas estão na fila de espera por um órgão no Ceará. Destes ,13 são crianças. No Brasil, são 60 mil.
Difícil decidir pela doação de órgãos e tecidos, quando um ente querido morre. Foi, no entanto, o gesto de solidariedade de uma família desconhecida que salvou a vida de Nívia Maria Castro Alves, quando a menina tinha apenas três anos. Ontem, ela completou nove anos de idade e cinco de transplantada do coração. Com a mãe, Francisca Alves, a garota foi uma das homenageadas no lançamento da a Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos 2009.
As estatísticas revelam, no entanto, que o número de doadores vem crescendo. A solidariedade humana se reflete no aumento de 19,57% no número de transplantes no Ceará de 2007 para 2008. Só no primeiro semestre de 2009, foram realizados 501.
Na fila de espera da Central de Transplantes do Estado estão 1.135 pessoas, sendo 13 crianças como Nívia de Castro que esperam pela doação para sobreviver ou melhorar a qualidade de vida.
Em todo o Brasil, são mais de 60 mil pessoas à espera de um transplante. O vice-presidente da ABTO, Ben-Hur Ferraz Neto, que veio à Fortaleza para fazer o lançamento oficial da campanha 2009, disse que o número de doadores cresceu 40%, atingindo 8,6 por milhão da população em 2009, contra seis doadores por milhão da população, de 2006. "O Ceará deu uma forte contribuição nessa conquista, é o quarto estado do País em número de doadores, com 11,7 doadores por milhão de habitantes", enfatizou Ferraz Neto.O vice-presidente da ABTO admite, no entanto, que o número de doadores ainda é insuficiente para atender a demanda na fila de espera. O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar o número ideal de 20 doadores por milhão de habitantes.
Mais próximo dessa meta estão os estados de São Paulo, com 16,9 doadores por milhão de população, e Santa Catarina, com 16,8 doadores por milhão de pessoas.Anualmente 12 mil brasileiros apresentam morte encefálica (é a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro), 50% deles poderiam ser doares, "mas apenas 1.317 se tornaram doadores efetivos em 2008", aponta Ferra Neto.As estatísticas do primeiro semestre deste ano também não são diferentes. Haviam 3.212 doadores em potenciais, somente 818 tiveram os órgãos e tecidos doados.
No Ceará, os dados da ABTO, mostram que dos 116 pessoas que poderiam ser doadores, somente 49 tiveram os órgãos transplantados. Com a campanha, ele espera incentivar a doação, que salva vidas.
DOE DE CORAÇÃO
Campanha é referência no País a favor de mais doações
Em sua sétima edição, o movimento Doe de Coração, da Fundação Edson Queiroz, tem como meta em 2009 repetir a mobilização de anos anteriores, quando se registrou considerável aumento no número de doação de órgãos no Ceará.
Conforme o presidente da Fundação Edson Queiroz, Airton Queiroz, "a conscientização sobre a importância da doação voluntária de órgãos esclarece e sensibiliza todos os segmentos da sociedade".A Fundação Edson Queiroz iniciou o movimento Doe de Coração em 2003. Atualmente, a campanha é uma referência no País na conscientização e sensibilização a favor da doação de órgãos.
No ano passado, a iniciativa foi reconhecida pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e agraciada com o Prêmio Amigo do Transplante.Cartazes, anúncios de jornal, VT em emissoras de televisão aberta e fechada, contando com o apoio do Sistema Verdes Mares, levam a mensagem da campanha Doe de Coração para milhares de pessoas. A camiseta oficial tornou-se um ícone do movimento, sendo utilizada tanto em clínicas e hospitais de Fortaleza quanto em lojas de produtos e serviços os mais diversos, em dezenas de estabelecimentos da cidade.
A Universidade de Fortaleza (Unifor) encampa o movimento promovendo ações, envolvendo especialistas da instituição, por meio de eventos em seu campus e palestras sobre o tema.
Fonte: Diario on line