quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A doação de órgãos no Brasil

Só no Estado de São Paulo, no ano de 2008, o transplante de órgãos atingiu recorde histórico. Até 15 de dezembro, foram 1.386 cirurgias, superando em 23% o ano passado. Foram 72 transplantes de coração, 117 de pâncreas, 752 de rim, 400 de fígado e 45 de pulmão. Esses são dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Inclusive, São Paulo registra quase um transplante por hora.
Mas, o que ainda faz com que o número de órgãos e de doadores seja insuficiente?
A resistência familiar é um entrave. O potencial doador tem que ter morte cerebral que ocorre como conseqüência de acidentes graves. A família fica tão perplexa diante da tragédia, que racionalmente não consegue analisar o fato com a frieza necessária para decidir e optar pela doação.
Um problema que pode impedir a doação é o paciente sofrer uma parada cardíaca durante a cirurgia, o que inviabiliza a retirada de alguns órgãos para doação. Além disso; resultados de sorologia positiva para HIV e outras doenças infecciosas, também tornam os órgãos inviáveis para o transplante.
Quanto à medula óssea, um acontecimento que vem favorecer a localização de um doador compatível; é a participação do Brasil na maior rede de registros de doadores de medula óssea do mundo; a americana National Marrow Donor Program (NMDP). Isso aumenta consideravelmente as chances de quem está à espera de um doador compatível. Só ela agrega 7 milhões de americanos cadastrados e mais 3 milhões de pessoas de outros países. O banco brasileiro tem 800 mil.
O nosso banco de dados também passa a fazer parte, porque agora a qualidade dos nossos registros e do sistema de busca, coleta e armazenamento foram reconhecidos. Essa parceria legitima internacionalmente a excelência do sistema brasileiro. O próximo país a participar deve ser a Alemanha.
Isso amplia a possibilidade de pacientes brasileiros encontrarem um doador compatível fora do país, com um custo muito menor, já que cerca de 45% deles já recorrem a bancos estrangeiros.
Os custos são altos e o SUS financia a identificação internacional de doadores, que chega a custar R$ 50 mil. Com essa troca entre banco de dados; o que for arrecadado com o envio de células-tronco de doadores brasileiros para outros países, será utilizado nos gastos para a busca internacional de doadores.
Quem faz essa busca é o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME ).
Outra informação animadora é a de que São Paulo zerou a fila de transplantes de córnea na capital. A tendência é de que esse fato ocorra em outras capitais e quem sabe no país inteiro.
Uma medida polêmica, decidida pelo Ministério da Saúde, pode beneficiar pessoas que estão na fila à espera de um transplante. São os órgãos “limítrofes”, aqueles que não estão em condições ideais para transplante, mas que no caso de extrema necessidade podem ter certa eficácia. Esses órgãos “limítrofes” são aqueles que viriam de doadores com doenças infecciosas, como a hepatite B,C, doença de Chagas, etc. O sistema será semelhante ao existente em São Paulo, onde pacientes e médicos decidem sobre o uso de órgãos não ideais antes do cadastro na fila.
O receptor teria que consentir. As entidades que representam os interesses dos pacientes estão preocupadas com essa medida. A receptora recebe o órgão, que tanto necessita, mas também pode receber a doença que o doador possuía. A questão é avaliar se o risco compensa. Nessa hora, o médico junto com o paciente tem que ponderar os prós e contras e tomar a decisão.
Esses órgãos serão oferecidos ao primeiro da fila, que se não aceitar será oferecido ao próximo e assim por diante. Certamente é mais uma opção, mas a polêmica vai gerar debates que podem trazer esclarecimentos e uma abordagem segura para esse procedimento, sendo mais uma esperança para aqueles que já não tem nenhuma.
Essa nova regra deverá ser publicada em março/2009.
O que pode ser doado:
1) Antes da parada cardíaca
• Coração (retirado do doador e mantido fora do corpo por no máximo 6 horas)
• Pulmão (retirados do doador e mantidos fora do corpo por no máximo 6 horas)
• Fígado (retirado do doador e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas)
• Pâncreas (retirado do doador e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas)
2) Depois da parada cardíaca
• Córneas (retiradas do doador até 6 horas e mantidas fora do corpo por até 7 dias)
• Rins (retirados do doador até 30 minutos e mantidos fora do corpo até 48 horas)
• Ossos (retirados do doador até 6 horas e mantidos fora do corpo por até 5 anos)
• Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue)
• Pele
• Válvulas Cardíacas.
3) Órgãos que podem ser doados em vida:
• Rim (apenas um)
• Pâncreas (uma parte)
• Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue)
• Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%)
• Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais)
Campanhas para incentivar a doação de órgãos para transplantes têm acontecido pelo país e em propagandas na TV.
O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo de ser doador. Não é necessário deixar nada por escrito. A doação de órgãos pode ocorrer a partir do momento da constatação da morte encefálica. Em alguns casos, a doação em vida também pode ser realizada, em caso de parentesco até 4ºgrau ou com autorização judicial (não parentes).
Fonte: Ministério da Saúde
A doação de órgãos é um ato louvável. Muitos ainda são resistentes por pura falta de informação. Quem morre não vai mais usar seus órgãos. Por outro lado, quem os recebe recupera sua qualidade de vida e saúde.

"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada, Caminhando e semeando, no fim terás o que colher".(Cora Coralina)
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