segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ATX-BA - Informando - SEGS

09Set2012

Cerca de 20% dos transplantes de córnea podem ser menos invasivos

 
Atenção: Este mês, o dia 27 de setembro é marcado na agenda nacional para sensibilizar pessoas ao fato de que as filas de transplante serão reduzidas na medida em que houver mais doadores e uma infraestrutura de captação dinâmica e atualizada no Brasil. É o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos. 
 
Cerca de 20% dos transplantes de córnea realizados atualmente, no Brasil, podem ser menos invasivos e garantir recuperação visual total para o paciente no período de um mês com a técnica de transplante endotelial.
 
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em 2011, foram realizados 14.182 transplantes de córnea no País.
 
Pouco conhecida no Brasil, a técnica de transplante endotelial da córnea trouxe benefícios a media em que somente a parte doente do tecido é transplantada e não a sua totalidade, explica o especialista em transplantes do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), oftalmologista Gilherme Rocha.
 
Interna - Esta técnica de transplante é válida para pacientes que estão com a camada mais interna da córnea doente, o endotélio.
 
Segundo o médico do HOB, a substituição desta camada de córnea faz-se necessária, porque quando o endotélio deixa de executar sua função com competência, permite que o humor aquoso (líquido transparente localizado entre a córnea e o cristalino) penetre nas camadas mais superficiais fazendo com que a córnea inche, doa e formem-se bolhas que “comprometem a visão a ponto de uma pessoa com esses sintomas não conseguir enxergar”. A córnea perde transparência quando o endotélio está doente e a luz que forma imagens no cérebro não penetra adequadamente nos olhos, assinala Rocha. “A função do endotélio é a de manter a transparência da córnea”, sublinha.
 
Causas - São basicamente duas as causas que levam ao desencadeamento de problemas no endotélio e são capazes de exigir um transplante. A distrofia de Fuchs que, segundo o médico do HOB, é uma desordem genética hereditária que acelera a perda de células do endotélio e, com o tempo, leva esta camada da córnea a perder sua funcionalidade.
 
A ceratopatia bolhosa é como outra causa que leva à perda de células do endotélio, destaca Rocha.
 
A título de ilustração, o especialista em transplantes de córnea informa que um adulto jovem tem em média 2.800 células endoteliais na córnea. “Menos do que este volume, consideramos a córnea frágil e o risco de uma disfunção do endotélio é real, porque há uma descompensação na córnea”, assinala.
 
Ganhos - A técnica do transplante endotelial foi desenvolvida há alguns anos, mas ainda é pouco difundida no Brasil apesar das vantagens que oferece ao paciente, pondera Rocha. Entre os ganhos, está a recuperação visual total em um mês, quando o transplante penetrante ou convencional que substitui toda a córnea, exige de seis meses a um ano do paciente.
 
Como a incisão feita na córnea para a substituição do endotélio doente é mínima, cerca 5 mm, a cicatrização também é mais rápida.
 
Rocha destaca, porém, que não é todo o paciente de transplante de córnea que é candidato ao procedimento endotelial. “Às vezes, constatamos que a córnea é frágil, e não resistiria a essa técnica, ou a descompensação do endotélio começou a ser tratada tardiamente, quando as outras camadas já estavam comprometidas”, explica o médico ao destacar que essas são algumas análises que o oftalmologista precisa fazer antes de planejar o transplante.
 
Realidade - Apesar dos avanços no processo de captação e de transplantes de córneas ainda há obstáculos para que o País chegue às condições ideais de atendimento à população de acordo com a demanda.
 
Guilherme Rocha diz que a situação dos transplantes de córnea de Brasília não reflete a realidade do Brasil. “Aqui, o paciente fica em média dois a três meses na fila, em outras localidades, o período é maior, chega a ser contado em anos. Mas o ideal seria não haver fila”, comenta.
 
Curiosidades – Algumas curiosidades sobre o cenário dos transplantes de córnea no País de acordo com o CBO:
 
- Aproximadamente 90% das córneas doadas são aceitas para transplantes
- A córnea pode ser preservada por até 15 idas após a retirada
- A taxa de êxito de transplante de córnea é de 90%
 
Sensibilização - Dia 27 de setembro é o Dia Nacional de Doação de Órgãos, marcado na agenda para sensibilizar pessoas para o fato de que as filas de transplante serão reduzidas na medida em quem houver mais doadores e uma infraestrutura de captação dinâmica e atualizada no Brasil.
 
Diante de um diagnóstico de necessidade de transplante de córnea, o paciente deve:
 
1)    Solicitar ao médico a indicação sobre onde encontrará o formulário para se inscrever no banco de olhos como receptor;
2)    Preenchido o formulário em instituição credenciada e assinado por médico também credenciado, o paciente deve levar o documento ao banco de olhos de seu estado e inscrever-se como candidato a receptor de córnea. A fila é única para cada estado;
3)    Uma vez inscrito e integrante da fila, o paciente deve aguardar o banco de olhos avisar ao hospital ou instituição de saúde que encaminhou a solicitação. Esta instituição é que irá avisar o paciente quando chegar a sua vez de realizar o transplante diante da disponibilidade de córnea.
 
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