08/12/2009
Família de bauruense à espera de transplante pede doações
Ieda Rodrigues
Desde que descobriu que tinha câncer, há cinco anos, a vida do bauruense Diego Gonçalves Cintra tem sido uma luta.
Passou por cirurgia, mas a doença voltou atingindo a medula óssea. Aos 27 anos, o metalúrgico e estudante de engenharia alterna dias em casa, em Taubaté (SP), onde mora e trabalha, e no hospital para sessões de quimioterapia.
A única esperança para retomar uma vida normal é o transplante de medula óssea. Mas como é raro encontrar doador compatível – a estimativa é que haja um doador compatível para cada grupo de 100 mil – a família de Diego, que mora em Bauru, está fazendo uma campanha para incentivar a doação de medula óssea.
A mãe de Diego, Zelanir Rodrigues, e o padrasto Livaldo Oliveira Mores têm visitado órgãos de imprensa de Bauru e região distribuindo cartaz da campanha “Me ajude a continuar sorrindo”, que pede às pessoas que tornem-se doadoras da medula óssea. “Tenho câncer na medula óssea. Minha única esperança de vida é que Deus coloque um doador no meu caminho”, diz trecho do cartaz.
A expectativa da família é que à medida em que aumentem os doadores, surja um compatível com Diego.
Quem se dispõe a doar medula óssea integra o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), uma lista nacional administrado pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Redome tem mais de 300 mil doadores cadastrados e responde por 70% dos doadores em casos de transplantes realizados.
Não há lista de espera por ordem de inscrição, mas é preciso encontrar doador compatível, o que é bastante difícil, explica a médica Telma Cristina de Freitas, coordenadora do Hemonúcleo de Bauru que, além de receber doações de sangue, também faz cadastro de pessoas interessadas em doar medula óssea. Funcionando desde agosto de 2006, Hemonúcleo de Bauru tem 4.128 pessoas cadastradas. Todas elas cederam amostras da medula, coletada no próprio órgão por um processo bastante simples, cujos dados foram repassados ao Ministério da Saúde, em Brasília, explica Telma. “Entre parentes diretos, como irmãos, é mais fácil encontrar doador compatível. Mas entre os não-parentes a média é de uma pessoa com medula compatível para cada 100 mil”, frisa.Familiares de Diego já fizeram o exame e nenhum deles tem medula óssea compatível, o que facilitaria o transplante. “Então, por isso, estamos fazendo esta campanha. Esperamos que aumentando o número de doadores possa surgir algum compatível”, ressalta Livaldo.
Em todo o Brasil, funcionam 42 centros para transplantes entre familiares e oito para transplantes com doadores não-aparentados, entre eles o Hospital Amaral Carvalho, de Jaú. De acordo com a médica Telma Cristina de Freitas, duas pessoas que integram o banco do Hemonúcleo de Bauru foram chamadas pelo Redome para confirmar se realmente queriam doar a medula óssea porque surgiram pacientes compatíveis com suas características.“Mas não sabemos se a doação foi efetivada porque o procedimento a partir daí é coordenado pelo Ministério da Saúde”, diz.
Como se cadastrar
Para se cadastrar, o candidato a doador deverá procurar o hemocentro, onde será agendada entrevista para esclarecer dúvidas a respeito das doações e, em seguida, será feita a coleta de uma amostra de sangue para a tipagem de HLA (características genéticas importantes para a seleção de um doador).
Os dados do doador são inseridos no cadastro do o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada.
Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação. A doação da medula óssea é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana. Os pacientes que precisam de transplante de medula óssea são os com doenças de sangue, como anemia aplástica e leucemia.
• Serviço
O Hemonúcleo de Bauru, que faz cadastro de doadores de medula óssea, fica na rua Monsenhor Claro, 8-88.