terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Saúde do Transplantado

Saúde do Transplantado - GAT Grupo de Apoio aos Transplantados (ABTO)

Mensagem aos Familiares

Se você tem na sua família alguém transplantado ou que irá passar por um transplante, nós temos algo a lhe dizer.

A família é nosso referencial é nela que aprendemos tudo o que precisamos para viver como: andar, falar, comer, amar, valores, comportamentos, compartilhamos sentimentos. Mas é na família também onde compartilhamos dificuldades e conflitos. Afinal somos humanos, diferentes e a vida em grupo requer muita flexibilidade, amor e compreensão. Resumindo, a vida em família traz emoções gratificantes, mas traz também momentos difíceis. Quando tudo isso se soma a uma situação de doença a tendência é complicar.

A doença pode trazer à tona conflitos familiares que estavam adormecidos, criando estados de confusão na dinâmica familiar. É como aumentar a chama da panela, certamente a água vai ferver. A pergunta é: como oferecer tranqüilidade, apoio e compreensão ao nosso familiar doente, diante de uma situação de desequilíbrio?

Partindo do pressuposto que conflitos estarão presentes, algumas dicas são interessantes:
- conversar sobre as dificuldades demonstrando interesse em modificá -las e resolvê-las, traz sensação de segurança e confiança a todos.
- aceitar a doença e viver este momento como uma oportunidade de mudança e não como um empecilho para o crescimento individual e familiar, pode amenizar a ansiedade e os sentimentos de culpa.
- buscar ajuda externa de preferência de um profissional, é valioso.

Muitas vezes estamos mergulhados nos problemas e não enxergamos soluções, alguém de fora pode contribuir com um outro olhar.
- ser honesto um com o outro falar francamente, possibilita soluções e evitam-se fantasias.
- esclarecer dúvidas com a equipe diminui fantasias e propicia melhores recursos para lidar com a realidade.

Além disso, é importante lembrar também que todos devem contribuir, principalmente se o paciente depende de cuidados básicos.


Geralmente os cuidados ficam sob a responsabilidade de uma pessoa, o que pode resultar em desânimo, cansaço, sentimento de culpa, impotência. O paciente percebe e se sente um peso para a família e para aquele que cuida. Não podemos esquecer que todos podem ajudar, esta troca vai possibilitar a todos a continuidade de suas atividades individuais, o crescimento da família e conforto do paciente.
Promover uma situação familiar natural onde todos possam continuar trabalhando, estudando, passeando, namorando, etc., é extremamente importante e saudável. Cada um precisa estar se sentindo bem, com disposição, energia, confiança, segurança, alegria... Para oferecer ajuda ao seu ente querido e aos demais familiares. Lembre-se ninguém pode dar aquilo que não tem.
Finalmente é fundamental acreditar que vocês têm condições para lidar com a situação!

Rosana Trindade Santos RodriguesPsicóloga Programa De Transplante HepáticoSanta Casa de São Paulo
Desmistificando o Transplante
A realização do transplante geralmente é cercada de muitas expectativas, sobretudo quando a pessoa está severamente doente.
Sabemos que o transplante proporciona melhora na qualidade de vida de quem o realiza, conforme já comprovado por inúmeras pesquisas.
Para algumas pessoas, portadoras de certas doenças mais graves, a cirurgia representa, inclusive, a única chance de sobrevivência.
Apesar desses benefícios evidentes, queremos abordar aqui algumas questões importantes para você que é candidato ao transplante.
A idealização da cirurgia é bastante comum. O indivíduo doente muito freqüentemente atribui grande importância ao transplante, julgando que este poderá resolver boa parte de seus problemas atuais. Não é raro que alguns pacientes se voltem totalmente para a cirurgia, adiando todos os planos que têm para depois do transplante.
Enquanto você aguarda pela cirurgia, sempre que possível procure pensar em projetos de vida que possam ser colocados em prática na atualidade. Dê preferência aos planos que possam ser de fato, concretizados, com um começo, meio e fim e que estejam dentro do seu alcance. Agindo assim, você se sentirá mais satisfeito consigo.

Tente encarar a espera pelo transplante como algo que pode lhe trazer benefícios. Lembre-se que nesse tempo você poderá se preparar melhor, não só fisicamente, mas também do ponto de vista emocional.

O outro erro a ser evitado é descuidar de seu estado físico. É comum que alguns pacientes digam que hoje em dia cometem alguns abusos, mas que depois da cirurgia “tudo vai mudar”.

Antes do transplante é essencial que você cuide de sua saúde e que colabore com o tratamento. Saiba que quanto mais seu organismo estiver equilibrado, maiores as chances de que a cirurgia seja bem sucedida.

Na fase pós-transplante é importante ter em mente que o organismo leva um tempo para se recuperar. É um momento no qual seu corpo precisará se acostumar com o novo órgão e com os remédios (imunossupressores) que você passará a usar rotineiramente. Alguns pacientes, por idealizarem demais o transplante, demonstram contrariedade e impaciência, ficam ansiosos ou deprimidos com a hospitalização e a recuperação mais prolongada.

Complicações pós-cirúrgicas podem acontecer inclusive à rejeição do órgão, perspectiva esta que você deve também levar em consideração.

É importante ressaltar, porém, que a equipe de saúde que o atende estará preparada para contornar os problemas que venham a ocorrer e que todo esforço será feito para que o transplante seja bem sucedido.

Após o transplante é importante que você evite se expor ao risco de contrair infecções que podem levar à rejeição do órgão. Você será orientado sobre isso, mas, se ainda tiver dúvidas a respeito, não se acanhe: informe-se com a equipe de saúde que o acompanha.

Aos poucos, você se sentirá em condição de retomar sua rotina e é importante que isso aconteça, logo que for possível.

O transplante deve ser encarado como algo que deve trazer benefícios em sua qualidade de vida. Evite ficar demasiadamente apegado à idéia de que, sendo transplantado, está impossibilitado de realizar coisas que, na verdade, está totalmente apto a fazer.

Isso não significa que você poderá cometer abusos. Vale lembrar que muitos casos de rejeição estão ligados à falta de colaboração do paciente com o tratamento e que este risco aumenta com o passar dos anos. Pacientes transplantados há mais tempo são os que correm maior risco de “relaxar” com o tratamento, mas isso pode também ocorrer com os recém-transplantados.

Lembre-se que o transplante é uma forma de melhorar sua saúde e sua qualidade de vida, mas que a cirurgia ou a equipe de saúde, sozinhas, n ã o poder ã o proporcionar isso a você, sem que haja sua participação.

Tenha em mente que o transplante é um “caminho” que pode ser percorrido de diversas maneiras. Muito do que acontece nesse percurso depende exclusivamente de você!

Sandra AmorimPsicóloga do Serviço de Nefrologia e Ambulatório de Transplante Renal Santa Casa de São Paulo.
Email:sandra-amorim@uol.com.br


Medicamentos Imunossupressores


Os imunossupressores são medicamentos que evitam a rejeição do órgão transplantado.

O nosso sistema imunológico reconhece, defende e protege o nosso organismo contra infecções, e rejeitam tudo o que é estranho, o órgão transplantado é visto pelo sistema imune como algo estranho não pertencente ao “seu organismo”. Por isso é de extrema importância o uso dos imunossupressores, que irá ajudar a “enfraquecer” o sistema imunológico para que este não rejeite o órgão.

Para o sucesso do seu transplante é importante que as medicações sejam tomadas da forma prescrita pelo seu médico, seguindo os horários e as orientações determinadas.

A dosagem deve ser exata, pois ao ingerir uma quantidade maior, o seu organismo pode ficar mais susceptível às infecções e a toxicidade, e ao ingerir uma quantidade menor o seu organismo poderá rejeitar o órgão transplantado.

Os impressos para aquisição dos imunossupressores são preenchidos pelo médico durante a internação hospitalar. Os medicamentos são retirados em locais específicos indicados pela equipe que o acompanha e são de responsabilidade do paciente/familiar. É importante que a medicação seja bem controlada para que não falte no uso diário. E devem ser retirados mensalmente mediante receituário médico.

Cuidado com as medicações:
Guardar todas as medicações em lugar fresco, arejado, longe do sol e do alcance das crianças.
Manter consigo a lista dos medicamentos que está tomando.
Tomar somente as medicações prescritas e autorizadas pelo seu médico e consultá-lo sempre que houver necessidade de utilizar outros medicamentos (vacinas, por exemplo).
Repor as medicações, para evitar que faltem, principalmente antes dos feriados prolongados.
Nunca aumentar ou diminuir a dose de uma medicação sem a clara orientação do seu médico.
Tomar as medicações nos mesmos horários para garantir uma regularidade nos intervalos.
Não tomar os imunossupressores antes das coletas de sangue para exames laboratoriais.
Estas são as medicações imunossupressoras geralmente utilizadas:
a) Ciclosporina - Sandimun Neoral®
b) Prednisona – Meticorten®
c) Tacrolimus – Prograf®
d) Micofenolato Mofetil – Cellcept®
e) Rapamune – Sirolimus
Como toda medicação, os imunossupressores podem dar algum tipo de efeito colateral, se acontecer com você, não suspenda o uso, nem altere a dosagem, procure seu médico.
É importante adquirir o hábito de tomar a medicação, para isto você pode criar estratégias que irão ajudá-lo a não esquecer. Alguns pacientes utilizam o alarme do relógio, outros deixam bilhetes, lembretes na porta da geladeira. Crie o seu, isto o ajudará!!!

Bartira de Aguiar RozaEnfermeiraHospital Israelita Albert Einstein
Auto-Estima e Auto-Imagem


As formas como nós nos percebemos e como vemos nosso corpo e o mundo é uma conseqüência do nosso desenvolvimento físico e mental.
Começamos a formar uma imagem de nós mesmos a partir da relação que estabelecemos primeiramente com a nossa mãe e posteriormente com nosso pai, avós, irmãos, amigos e outros. Esses olhares influenciam a nossa maneira de vermos e nos relacionarmos.

Os olhares que tivemos ao longo da nossa vida vão formando conceitos ao nosso próprio respeito e estes são elementos que constituem “uma lente” com a qual iremos nos reagir e enxergar o mundo a nós mesmos.

Durante o decorrer de nossas vidas fazemos “negociações”, isto é, ao escolhermos uma determinada coisa, perdemos outras. Esta situação é vivenciada intensamente num tratamento médico. Podemos ganhar um pouco mais de bem estar físico-emocional com o tratamento e também perdermos a nossa aparência, na nossa social e profissional.


Se nos permitirmos ampliar a nossa “lente” sobre o mundo, poderemos identificar ganhos e até descobrirmos novas situações que antes desconhecíamos.

O transplante se apresenta como “bilhete de loteria”. Imaginamos que toda a nossa vida vá se modificar. Entretanto o transplante é apenas uma possibilidade de uma melhor qualidade de vida e vai implicar em grandes negociações, tais como aderir ao tratamento médico, medicamentoso, as restrições necessárias e conviver com os efeitos colaterais e alterações corporais.

A forma como negociamos os benefícios e as perdas com o transplante, poderá favorecer ou não uma maior auto-estima, por exemplo: após o transplante podemos ter ganho de peso devido à medicação, mas em contrapartida ganhamos mais autonomia e independência, o que favorecerá uma maior participação social. Se focarmos o nosso olhar apenas no ganho de peso perdemos a perspectiva de aproveitar dessa nova condição de vida. Portanto a nossa auto-estima como também a nossa auto-imagem dependerá de como fazemos as “negociações” e de como usamos a nossa “lente”.

Silvia Ribeiro Brescia (psicóloga OPO/HC) silviariber@yahoo.com.br
Maria Lúcia Livramento (psicóloga UTR/HC) livrame@zipmail.com.br

Orientação para pais


Seu filho está em programação de transplante ou já foi transplantado?

Lembre-se que conversar com as crianças sobre seus pensamentos e sentimentos é sempre muito importante, principalmente em relação às dificuldades que elas enfrentam. Apesar de normalmente essas conversas não tratarem de assuntos tranqüilos de serem falados, trazem resultados confortáveis para os interlocutores.

A criança se sente apoiada quando as pessoas mais importantes de sua vida, em geral os pais, demonstram interesse sobre o “estado de espírito” em que ela se encontra. E não é difícil imaginar que a situação de transplante pode provocar perturbações, medos, ansiedades, irritabilidade, desânimo, etc.

Um caminho para suavizar esses possíveis desajustes observados é a proximidade afetiva entre criança e família, como se essa proximidade funcionasse como um “pára-raios” para as perturbações da criança. É muito tranqüilizador para essa última, por exemplo, se num momento de choro intenso puder contar com o suporte emocional que o adulto freqüentemente tem mais condições de oferecer. Frases do tipo “não chora, você deve ser corajoso” não permitem que a criança dê vazão ao próprio sentimento. Em contrapartida, abraçar a criança e dizer-lhe “que ela é amada e a tristeza dela compreendida” traz a sensação de divisão do sofrimento, como se o adulto pudesse ajudá-la a transformar uma parte da angústia em algo mais tolerável.

Muitas vezes os adultos entendem que não falar sobre assuntos difíceis é um jeito de proteger as crianças. Mas na verdade, a criança sente-se muito solitária se não encontrar possibilidade de expressar seus sentimentos e pensamentos. Quando não existe diálogo, a criança fica a mercê dos próprios recursos para enfrentar situações difíceis, o que se torna muito estressante para ela. É claro que uma “filtragem” de como conversar sempre é necessária, mas isso não significa que assuntos que expressam sofrimento sejam proibidos.

Não tenha receio! Aproxime-se de seu filho, ajudando-o a dividir as angústias! E se tiver dúvidas ou precisar de orientação, busque ajuda.

Maria das Graças S. LimaPsicóloga do Departamento de Pediatria Santa Casa de São Paulo

Os inimigos silenciosos: Doenças Periodontais

As doenças periodontais (DP) são respostas inflamatórias contra infecções causadas por bactérias. Esta resposta inflamatória pode ser inicialmente da gengiva (gengivite), ou envolver a gengiva, as fibras que ligam o dente no osso, e o osso propriamente dito (periodontite). Cada uma destas DP atinge graus variados, de leve a grave, e podem ocorrer em uma região bem localizada, ou atingir toda a extensão dos tecidos ao redor dos dentes.

A gengivite geralmente ocorre quando, por falha na higiene oral, permitimos o acúmulo de bactérias na superfície dos dentes, que formam a placa bacteriana, e esta, por sua vez, elimina uma série de substâncias tóxicas nesta região, gerando então a resposta inflamatória em defesa do organismo. Assim, uma gengiva inflamada se torna avermelhada, inchada, e que sangra ao toque. Este processo pode ser aumentado pelo acúmulo de cálculo salivar (tártaro) sobre os dentes.

Quando a gengivite não é devidamente tratada e controlada, com o tempo esta doença pode evoluir para uma periodontite. Na periodontite, o processo inflamatório é mais intenso, causando a destruição das fibras ou ligamentos periodontais e, por fim, do osso de sustentação do dente. Podemos notar que houve destruição do osso quando, além dos sinais da gengivite, ocorre mobilidade dental. A periodontite pode gerar gosto ruim na boca e mau hálito. Uma das piores características das DP é que elas são indolores. Somente quando a inflamação é muito intensa, ou em períodos de “baixa resistência”, pode ocorrer dor, inchaço e liberação de pus na região acometida.

Em indivíduos que receberam ou receberão um transplante, no entanto, a presença de DP é muito perigosa. Estas manifestações, tanto inflamatórias quanto infecciosas, são prejudiciais ao organismo do paciente, podendo agravar doenças associadas à doença renal (diabetes, hipertensão, anemia), bem como causar problemas ao órgão transplantado.

O tratamento das DP envolve alguns fatores:
- melhorar a qualidade da higiene oral (escovação e uso do fio dental);
- modificar dieta (deve-se reduzir o consumo de açucares e alimentos industrializados entre as refeições);
- remoção pelo dentista de cálculo salivar e placa bacteriana da superfície dental;
- consultas periódicas ao dentista para manutenção e reavaliação da saúde bucal.

Não permita que este inimigo silencioso atrapalhe sua saúde. O controle da gengivite e da periodontite inicial é simples de se realizar; as periodontites mais graves exigem maior acompanhamento, mas também poder ser curadas. E você mesmo pode fazer um auto-exame da saúde bucal. Se notar algum sinal de gengivite descrito acima ou presença de tártaro, visite o dentista para orientações e tratamento adequado. Você ganhará não só saúde bucal, mas também melhor qualidade de vida.

Roberto Brasil Lima, Cirurgião DentistaPaulo Sérgio da Silva Santos, Cirurgião DentistaFale conosco: ls_odontologia@yahoo.com.br