quarta-feira, 20 de maio de 2009

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TRANSPLANTES


PORTAL CAPARAÓ
Doação de órgãos e transplantes são temas de curso na Faculdade do Futuro
aciamffuturo2009maio032Profissionais da área de saúde, acadêmicos de Enfermagem, Farmácia e de Ciências Biológicas da Faculdade do Futuro participaram durante esta segunda e terça-feira do curso de Formação de Coordenadores Educacionais de Transplantes. Promovida pela instituição de ensino superior e a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a ação quer fomentar mais doações de órgãos e conscientizar a sociedade da importância de políticas públicas sobre transplantes.

Durante os dois dias de cursos, o responsável pela capacitação dos multiplicadores foi o Presidente da ABTO, o médico Valter Garcia. Um dos maiores especialistas no assunto no mundo e principal responsável pela divulgação do tema doação de órgãos e transplantes pelo país.

Para ele, o panorama da doação de órgãos evoluiu muito no Brasil nos últimos dez anos. Ele considera que ainda é preciso dobrar os números atuais. "Nós melhoramos muito, mas ainda tem bastante gente na fila. Para se ter uma idéia, passamos de 6,2 doadores por milhãopara 7,0.

Aumentou 15 ou 16%. Planejamos chegar daqui a dez anos a 20 doadores por milhão, o que significa um aumento de 12 a 15%. Hoje os EUA têm 24 doadores por milhão. A maioria dos países europeus tem de 15 a 25, mas a Espanha já passou dos 30, o que nos mostra que o nosso caminho é muito longo".

Para ele, a iniciativa de promover o curso em Manhuaçu ajuda a vencer esses obstáculos. Durante a palestra, Vargas mostrou muitos mitos que ainda prevalecem na sociedade sobre a questão da doação de órgãos e os transplantes. Falou sobre religião e o papel da mídia.

Com os dois dias de curso, garante que todos os profissionais participantes saem capacitados para informar as pessoas e com uma bagagem de conhecimento muito ampla.

DESAFIOS

aciamffuturo2009maio020Valter Garcia mostrou que dos quatro desafios da doação de órgãos no Brasil, dois pilares já estão bem resolvidos. "O sistema público financia 95% dos transplantes. É o maior sistema público de transplantes do mundo. A outra questão é do ponto de vista legal. Temos a lei de 1997, aprimorada em 2001, que controla todo o processo de transplante. Nesses dois itens estamos muito bem", detalha o médico palestrante.

Do ponto de vista de conscientização, Vargas mostra que o país ainda é dividido. Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo lideram em números de doações. Enquanto as outras regiões estão muito atrás.

Os dois pilares ainda deficientes são a educação da sociedade e a estrutura organizacional de saúde. "Temos que melhorar a organização do sistema. Nesses três estados, o sistema está relativamente bem organizado. Possuem neurologistas e equipamentos para diagnosticar e documentar a morte encefálica. Há condições de fazer a sorologia do doador em três ou quatro horas e há equipes 24 horas disponíveis para buscar o órgão em qualquer lugar, mas em muitos estados isso ainda não funciona bem, então se perdem doadores".

Na questão da conscientização, o professor elogiou a iniciativa do curso em Manhuaçu e disse que esse é o caminho da mudança: "Devemos trabalhar muito para melhorar essa logística e também com relação à educação em diferentes níveis: com os profissionais de saúde, nas ONGs, na mídia e em faculdades, como aqui em Manhuaçu. Todo mundo tem que entender o que é morte encefálica, qual é a opinião da sua religião sobre os transplantes, como é que fica o corpo após a doação, como são alocados esses órgãos".aciamffuturo2009maio021

A coordenadora do curso de Enfermagem, Tatiana Vasquez, considerou o curso muito esclarecedor. "Nossos alunos serão grandes multiplicadores desse conhecimento. Fiquei muito feliz com a forma como ele abordou o tema, quebrando muitos mitos e fortalecendo a consciência de todo o público participante".

Carlos Henrique Cruz - 20/05/09 - 08:15 -
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