Programa Nacional de Combate ao Câncer da Pele
SOCIEDADE DE DERMATOLOGIA
A exposição ao sol de forma inadequada pode trazer inúmeros prejuízos à saúde, além de ser responsável pelo câncer de maior incidência no Brasil, o câncer da pele. Preocupada com os números alarmantes da doença no país, a SBD criou, em 1999, o Programa Nacional de Controle do Câncer da Pele (PNCCP), que engloba diversas ações de combate à doença e leva aos brasileiros informação, diagnóstico e tratamento de qualidade, tudo gratuitamente. Desde a implantação da Câncer da Pele, foram atendidas mais de 518 mil pessoas em todo o Brasil, sendo mais de 40 mil detectadas com a doença e encaminhadas para tratamento gratuito.
Em 2012, a SBD estabeleceu o Dia Nacional de Combate ao Câncer da Pele, que em 2015 será celebrado em 7 de novembro e atende anualmente mais de 30 mil pessoas. Na ocasião, médicos da SBD realizam o exame preventivo em pacientes com suspeita da doença em serviços de saúde distribuídos por todo o Brasil. Na ação, a SBD promove também a realização de palestras informativas, distribuição de folders e protetores solares.
Em 2014, a SBD iniciou o movimento de combate ao câncer da pele denominado “Dezembro Laranja”, a fim de estimular a população na prevenção e no diagnóstico ao câncer da pele. Durante um mês inteiro, a entidade realizou ações para lembrar como evitar o câncer que mais atinge o país, convidando a população brasileira a compartilhar nas redes sociais uma foto vestindo uma peça de roupa laranja e publicá-la com a hashtag #dezembrolaranja. Os dermatologistas da SBD também se engajaram no movimento, reforçando sua importância no combate à doença.
Este ano, a entidade realiza o movimento pelo segundo ano consecutivo. Diversas ações estão sendo planejadas para acontecer durante todo o mês de dezembro, como a iluminação de importantes monumentos brasileiros e outras iniciativas de conscientização em praias e parques.
Os
transplantes de órgãos são feitos há quase 40 anos. Com o avanço da medicina e
o sucesso desse tratamento, a sobrevida dos pacientes transplantados tem
aumentado substancialmente nas duas últimas décadas. Como consequência, o tempo
de exposição desses pacientes aos imunossupressores praticamente dobrou.
As
doenças de pele são muito comuns em pacientes imunodeprimidos cronicamente,
tanto infecciosas, como tumorais.. Isto porque o nosso sistema imunológico é
fundamental no combate à infecções e no combate às células cancerígenas.
O
risco de câncer nesses pacientes é três a quarto vezes maior que o da população
geral. O câncer mais encontrado é o câncer de pele (um tumor que tem origem nas
células da pele que se transformaram e multiplicaram de forma desordenada),
sendo o carcinoma espinocelular o mais frequente. O risco de um paciente
transplantado desenvolver um carcinoma espinocelular é 65 a 250 vezes maior que
o da população geral, já para o carcinoma basocelular (outro tipo comum de
câncer de pele) o risco é estimado em 10 vezes maior que o da população geral.
Os
principais sinais do câncer de pele são:
1) manchas na pele que formam “cascas”
ou sangram com facilidade;
2) feridas que não cicatrizam em 4 semanas;
3)
pintas que mudam de tamanho, forma ou cor, ou que preechem a regra do ABCD
(A –
assimetria;
B-bordas que se tornam irregulars, angulosas ou chanfradas;
C- cor
que altera, como marrom para o negro, ou múltiplas cores;
D- diâmetro > 6mm
ou lesão que aumenta.
Assim
como no câncer de pele em indivíduos não transplantados, a exposição ao sol é
também um enorme fator de risco . Cerca de 90% destes tumores surgem em áreas
expostas ao sol. A idade e a pele clara são fatores de risco, tanto pelo efeito
cumulativo do sol com a idade, como a menor proteção contra a radiação
ultravioleta na pele clara. A imunossupressão é, no entanto, o principal fator
de risco dos pacientes transplantados e quanto mais intenso o esquema de
imunossupressão, maior o risco de desenvolver câncer de pele.
Pelo grande risco de desenvolver câncer de pele, os pacientes transplantados
devem adotar medidas de prevenção, como evitar o sol das 10h-16h, usar protetor
solar UVA/UVB com FPS no mínimo 30 diariamente em todas áreas expostas,
(reaplicar a cada duas horas), usar roupas de manga comprida, além de chapéus
ou bonés.
Além das medidas de prevenção descritas e da atenção aos
sinais, o acompanhamento com um dermatologista é fundamental, tanto para
identificação e tratamento de lesões pré-malignas (um estágio antes do câncer),
para diagnóstico e tratamento precoce de lesões já cancerosas, quanto para uso
de outras medidas de prevenção, como retinóide tópico, 5-fluoracil, peelings
químicos. É importante lembrar que o câncer de pele em transplantados é mais
agressivo e com crescimento mais rápido, portanto, é ainda mais importante o diagnóstico
precoce e acompanhamento regular.
Além
disso, também em consequência da terapia imunossupressora, as infecções
cutâneas são comuns nos transplantados e podem ter curso mais rápido e mais
agressivo que o usual. Podem ser causadas por bactérias, fungos, vírus ou
parasitas.
Infecção fúngica é a mais frequente (ex: micoses superficiais),
seguida por bacteriana (ex: furúnculo e foliculite), e virais (ex: verrugas
virais). A maioria das infecções de pele são diagnosticadas facilmente por um
dermatologista e tratadas adequadamente com tratamentos tópicos e/ou orais.
Contudo, há casos desafiadores, em que uma lesão cutânea inespecífica pode ser
o primeiro sinal de uma infeção oportunista mais séria.
A principal causa de
óbito dos transplantados no Brasil, ainda é infecção e o dermatologista muitas
vezes pode ser um dos primeiros especialistas a ser chamado no caso de infecção
nesse grupo de pacientes, uma vez que lesões de pele podem ser indício inicial
de infecção sistêmica, e a biópsia deve ser feita precocemente e em qualquer
situação de dúvida, tanto diagnóstica como terapêutica.
Logo,
todo paciente transplantado deve agendar consultas periódicas a um
dermatologista (no mínimo, anualmente) e ter toda a sua pele examinada.
Laís de Abreu Mutti
Médica
dermatologista com título de especialista pela Sociedade Brasileira de
Dermatologia
Residência
médica em dermatologia e especialização em cirurgia dermatológica na UNIFESP
Médica
colaboradora da UNIFESP
FONTE:http://transplantados.org.br/dermatologia-em-transplantados/