terça-feira, 14 de dezembro de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

www.hepato.com

WWW.HEPATO.COM

Agência de Notícias das Hepatites
30/11/2010

AIDS, Hepatite C e Tuberculose no Dia Mundial da AIDS

Muitos estarão perguntando por que estou escrevendo sobre AIDS em uma página de hepatites, mas amanhã, 1° de dezembro, é o Dia Mundial da AIDS e a luta e resultados conseguidos nessa epidemia merecem uma reflexão. Acredito que o dialogo, a troca de experiências, as ações de governo e da sociedade civil podem ser beneficiadas ao comparar alguns dados.

Para os que não conhecem os conceitos da epidemia de AIDS é importante esclarecer que existem pessoas que não precisam de tratamento, pois são simplesmente portadores do vírus HIV não existindo ataque ao sistema imunológico já, quando o HIV ataca o sistema imunológico o individuo passa a estar doente de AIDS.

Poderão então os epidemiologistas afirmar que o perigo da AIDS se transformar em uma pandemia não mais existe, passando então a ser uma epidemia. Isso resultou do excelente trabalho de pesquisas em relação ao conhecimento do vírus, a excelente divulgação que foi dada em todo o mundo, a preocupação das autoridades e ao engajamento da sociedade civil organizada no enfrentamento de uma doença mortal, mas com tudo isso novos casos de infecção não param de aparecer. Comemoramos que os casos de AIDS estão descendo, mas é muito preocupante que os diagnósticos de HIV estão aumentando. O que está acontecendo?

A AIDS, com o tratamento antirretroviral deixou de ser uma doença mortal para se transformar em doença crônica, levando um considerável número de pessoas a acreditar que tendo tratamento deixou de ser perigosa e por tanto pode se relaxar em relação à prevenção, inclusive, por ser o preservativo a melhor forma de prevenção alguns fazem uma verdadeira “roleta russa” e ignoram o uso para ver se ficam, ou não, contaminados. A psicologia deveria pesquisar o porquê dessa mudança de comportamento na sociedade. Foi a massificação das informações, foi o sucesso dos medicamentos que evitam a morte, continua sendo o estigma do fato que usar o preservativo poderia indicar ao parceiro que “estou” infectado?

Existem outros fatores muito preocupantes. A AIDS foi por muitos anos estigmatizada como uma doença de homossexuais, mas hoje em muitos países a maioria das novas infecções corresponde a heterossexuais, também, já é observado que a idade das pessoas diagnosticadas está aumentando, indicando provavelmente que tais pessoas ao desconhecer sua condição estão disseminando a doença. Fica aqui perguntar por que as pessoas deixam de procurar a realização do teste, pode ser por medo de saber ou por medo de se identificar e com isso ficarem estigmatizadas. Um ponto que deve ser repensado, pois provavelmente o teste anônimo como era ao inicio da epidemia tenha sido a estratégia ideal.

E falando em mortes. Será que ninguém mais morre pela AIDS como é divulgado na mídia. OK é possível chegar aos 70 anos tomando antirretrovirais, porém hoje as maiores causas de mortes em indivíduos com AIDS são a tuberculose e a hepatite C, esta última em maior prevalência.

Diversas pesquisas indicam que entre 8 e 10% dos infectados com HIV estão com tuberculose e, entre 20 e 30% co-infectados com a hepatite C. A AIDS diminui as defesas do organismo o que facilita a ação do bacilo da tuberculose e, o tratamento antirretroviral prejudica o fígado, ocasião em que o vírus da hepatite C aproveita para destruí-lo totalmente. Indivíduos co-infectados com AIDS e hepatite C morrem muito jovens, mal chegando aos 50 anos se não diagnosticados precocemente e corretamente tratados da hepatite C.

É nesse ponto que fico altamente preocupado, motivo deste texto. Semana passada fui convidado a participar de uma mesa para explicar as hepatites durante o 15° VIVENDO AIDS. A platéia era de ativistas e voluntários na luta contra a AIDS, mas o desconhecimento dos estragos que a hepatite pode causar era muito grande. Alguns infectados nada sabiam e, outros, moradores do interior do Brasil, relatavam o atendimento médico que estavam recebendo, se é assim que podemos chamar isso de atendimento, pois ouvi coisas de arrepiar. Saí de lá pensando no triste prognostico que esses infectados possuem, de como irão morrer ainda na fase mais produtiva da sua vida.

Com este texto, sem nexo nem cabeça, onde fui colocando pensamentos variados, sem nenhuma ordem e do qual não farei releitura nem correções, espero abrir discussões sobre a necessidade de pensarmos se tudo o que realizamos nestas quase três décadas de enfrentamento da AIDS deu certo ou errado. Com certeza muita coisa deu certo e devemos aplaudir, mas criteriosamente devemos avaliar, também, o que deu errado e consertar antes que o caminho continue errado. A experiência é fantástica e pode ser melhorada ainda mais.

Carlos Varaldo

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Portal Infonet

Liminar obriga o Estado e o Município de Aracaju a cadastrar novas clínias de transplante
O MP através da Promotoria da Saúde promoveu uma ação pública de pedido liminar a favor de denúncias de pacientes que necessitam de transplantes de córnea.
22/11/2010


A promotora Euza Missano ressalta a longa fila de espera de transplantes (Foto: Portal Infonet)


O Ministério Público do Estado (MP), através da Promotoria da Saúde, conseguiu liminar a favor de denúncias de pacientes que necessitam de transplantes de córnea e não são atendidos devido ao baixo número de cirurgias oferecidas pelas clínicas credenciadas no Estado.                           

De acordo com a promotora Euza Missano, a liminar pede que o Estado e o Município de Aracaju apresentem em 48 horas a lista de cidadãos que estão na fila para transplante, promovendo o pagamento do Tratamento Fora do Domicílio (TFD) para que realizem os procedimentos em outros locais.

Ela explica que muitas vezes há córneas disponíveis para transplante, mas o procedimento não é realizado, pois as clínicas habilitadas não têm um teto suficiente para fazer. “O que ocorre é que esses órgãos acabam sendo enviados para outros Estados, sendo que temos uma longa fila de 300 pessoas à espera”, disse.

No entanto, a sistemática do TFD acaba gerando prejuízo ao cidadão. “As pessoas que necessitam do transplante recebem do Estado antecipadamente as passagens. Já as diárias de hospedagem são pagas depois que o cidadão retorna”, explica a promotora Euza Missano. Por isso, acrescenta ela, muitas vezes o cidadão deixa de viajar porque não tem dinheiro para pagar a estadia.

Decisão

A liminar determina, ainda, que o Município mantenha o limite de 20 cirurgias por mês nos dois locais que já realizam os procedimentos e que em 30 dias cadastre novas clínicas considerando o caráter emergencial de contratação. Nesses novos contratos devem ser realizadas ao menos 10 cirurgias por mês. caso haja descumprimento será aplicada uma multa de R$ 1 mil por dia. A decisão foi expedida pela juíza de direito Simone de Oliveira Fraga, pela 3ª Vara Cível da Comarca de Aracaju.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Notícias ATX-BA

Agência doa campanha para associação de doação de orgãos.


'Você sempre doou o que não lhe servia mais. Faça o mesmo com seus órgãos'

A Abril todos os anos premia grandes talentos da publicidade. Em 2008, um dos prêmios me chamou muito a atenção. Foi uma criação da agência Propeg, sobre doação de orgãos da ATX-BA. Uma campanha adorável, o prêmio realmente foi merecido, hoje o que essa agência fez, é incomum.

Que agência doaria uma campanha, quando a maioria quer ultrapassar as outras agências e simplesmente lucrar?


Quero associar essa campanha com a frase de Murray que vi no blog do admirável JJ.

"A publicidade é o único negócio
onde os clientes que tem mais
dinheiro podem fazer exigências
até que obtenham da agência
o seu pior produto, enquanto que o
cliente pequeno, com pouco dinheiro,
deve covardemente aceitar o que
a agência faz de melhor."


Thomas D. Murray

"Aceitar o que a agência faz de melhor:" A propeg doou a campanha para a Associação de Pacientes Transplantados da Bahia. Adorei o ato, adorei a campanha.

Criadores da campanha: Ana na Luisa Almeida, Ariston Quadros, Lilian Cavalcante. Fotografia ?: Saulo Kainuma, Ary Falcão. Agência:

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DIA MUNDIAL DA DIABETE

Em 14 de novembro é comemorado o Dia Mundial do Diabetes. A data foi definida pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), e introduzida no calendário em 1991, como resposta ao alarmante crescimento do diabetes em todo o mundo.

Em 2007, a Assembléia-Geral da ONU aprovou a Resolução nº 61/225, considerando o diabetes um problema de saúde pública e conclamando os países a divulgarem esse dia como forma de alerta e os governos a definirem políticas e suporte adequados para os portadores da doença.

Por coincidência, também em 2007, entrou em vigor, no Brasil, a Lei nº 11.347/2006 de autoria do ex-senador José Eduardo Dutra, que dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos, e materiais necessários à sua aplicação, para o tratamento de portadores de diabetes, reforçando, assim, a garantia constitucional do Sistema Único de Saúde (SUS) de atendimento universal e equânime.

A LOGO MUNDIAL Logo Diabetes


O símbolo global do diabetes é o círculo azul. Criado como parte da campanha mundial de conscientização “Unidos pelo Diabetes”, ele foi adotado em 2007. O círculo simboliza a vida e a saúde, e o azul reflete o céu que une todas as nações. A junção do círculo com a cor azul significa a unidade da comunidade global em resposta à epidemia do diabetes e funciona como um estímulo para a união da luta de controle da doença em todas as nações.

Fonte: Portal da Saúde/MS

sábado, 30 de outubro de 2010

Notícias ATX-BA

Pra todos os médicos e pacientes transplantados ou não tomarem conhecimento da portaria abaixo:

PORTARIA Nº 2981 DE 26 DE NOVEMBRO DE 2009 (*)
Aprova o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

A - Da solicitação

Art. 30. A solicitação de medicamentos corresponde ao pleito do paciente ou seu responsável na unidade designada pelo gestor estadual conforme art. 27 desta Portaria. Para a solicitação dos medicamentos serão obrigatórios os seguintes documentos do paciente:
I - cópia do Cartão Nacional de Saúde (CNS);
II - cópia de documento de identidade – caberá ao responsável pelo recebimento da solicitação atestar a autenticidade de acordo com o documento original;
III - Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do Componente especializado da Assistência Farmacêutica (LME), adequadamente preenchido;
IV - prescrição médica devidamente preenchida;
V - documentos exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados na versão final pelo Ministério da Saúde, conforme a doença e o medicamento solicitado; e
VI - cópia do comprovante de residência.

Art. 31. No processo de solicitação, o paciente poderá designar representante(s) para a retirada do medicamento. Para o cadastro de representante(s) serão exigidos os seguintes documentos, que deverão ser apresentados e inseridos junto com os documentos para a solicitação: declaração autorizadora, nome e endereço completos, cópia do documento de identidade e número de telefone da pessoa autorizada.

Parágrafo único. Fica dispensada a presença dos pacientes aqueles considerados incapazes, conforme arts. 3º e 4º do Código Civil, e devidamente caracterizados no LME, pelo médico prescritor.

Art. 32. Cada usuário deverá ter apenas um único cadastro no Componente, independente do número de LME vigentes.

B - Da avaliação

Art. 33. O avaliador deverá ser um profissional de saúde com ensino superior completo, registrado em seu devido conselho de classe e designado pelo gestor estadual.

Art. 34. Para a avaliação técnica da solicitação dos medicamentos, deverão ser considerados os documentos exigidos no art. 30, observando-se:
I - Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (LME), adequadamente preenchido, de acordo com as instruções apresentadas no Anexo V a esta Portaria;
II - prescrição médica contendo as informações exigidas na legislação vigente; e
III - todos os documentos exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados na versão final pelo Ministério da Saúde, conforme a doença e o medicamento solicitado.

Parágrafo único. A análise técnica da solicitação deve ser realizada considerando os campos referentes à avaliação descrita no LME, conforme as instruções apresentadas no Anexo V a esta Portaria.

CAPÍTULO VIII - DO LAUDO PARA SOLICITAÇÃO, AVALIAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS DO COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Art. 70. O Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (LME) é o instrumento que deve ser utilizado para execução deste Componente.

Art. 71. O modelo do LME que deverá ser utilizado no âmbito deste Componente e as instruções para o adequado preenchimento estão descritos no Anexo V a esta Portaria.
§ 1º O LME estará estruturado para que seja preenchido com informações sobre a solicitação, avaliação e autorização do procedimento.
§ 2º O preenchimento da solicitação deverá ser realizado pelo médico solicitante. Os campos relativos aos dados complementares do paciente poderão ser preenchidos por outro profissional, desde que cadastrado no mesmo estabelecimento de saúde do médico solicitante.

Art. 72. Para cada doença, definida de acordo com a Classificação Estatística Internacional de doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), haverá a necessidade de preenchimento de um LME.
§ 1º Cada LME corresponderá a uma única APAC.
§2º Em caso de solicitação de mais de cinco medicamentos para a mesma doença (CID-10), o mesmo médico deverá preencher mais de um LME. Nesse caso, deverá ser emitido apenas um número de APAC.
§ 3º Durante o período de vigência da APAC de um LME será permitido o ajuste da solicitação da seguinte forma: substituição, inclusão ou exclusão de procedimentos para o tratamento da mesma doença (CID-10) ou alteração da quantidade solicitada pelo médico, caracterizando adequação do LME.
§ 4º Nos casos em que o medicamento não tiver indicação para utilização contínua, deverá ser emitida APAC única, que corresponderá apenas ao mês de atendimento.

Art. 73. Será permitida a emissão de mais de uma APAC dentro do mesmo período de vigência, nos casos de pacientes diagnosticados com mais de uma doença (CID-10).

Art. 74. O LME terá sessenta (60) dias de validade para solicitação do medicamento, a partir de sua data de preenchimento pelo médico solicitante.

Art. 75. Para cada LME deverá ser emitido um parecer do avaliador.

Parágrafo único. Caso seja solicitado mais de um medicamento no mesmo LME, a avaliação poderá possuir mais de um parecer.

Art. 76. O LME será assinado somente pelo autorizador nos casos de deferimento de um medicamento pelo avaliador.

Art. 77. Esta Portaria entrará em vigor após noventa (90) dias da sua publicação.

(*)
Publicada no Diário Oficial da União n° 228 de 30 de novembro de 2009, Seção I, página 725
Republicada no Diário Oficial da União n° 229 de 01 de dezembro de 2009, Seção I, página 71
Alterada pela Portaria GM/MS nº 343 de 22 de fevereiro de 2010, publicada no Diário Oficial da União n° 36 de 24 de fevereiro de 2010, Seção I, página 55, retificada no Diário Oficial da União n° 41 de 03 de março de 2010, Seção I, página 82



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Estadão.com.br

ESTADÃO.COM.BR/Opinião
Presente e futuro do transplante de órgãos

27 de outubro de 2010 0h 00
Silvano Raia - O Estado de S.Paulo

Com o apoio irrestrito do Ministério da Saúde, o programa de transplante de órgãos acompanhou o marcante desenvolvimento ocorrido na última década em outros setores do Brasil. Somos o país com o maior programa público - o investimento em 2001 foi de R$ 250 milhões, enquanto o de 2009 foi de mais de R$ 1 bilhão; e de 3.957 transplantes de órgãos sólidos realizados em 2001 passamos a 6.456 em 2010. O número de doadores efetivos por ano passou de 5,4 para 9,9 por milhão de habitantes. Sobressaíram os transplantes de rim e fígado, que atenderam, respectivamente, a 37,3% e 34,7% da demanda teórica total do País.

Se as curvas de crescimento da captação e dos transplantes de rim e fígado mantiverem a mesma inclinação dos últimos anos, atingiremos, teoricamente, o atendimento completo entre 2020 e 2025. Entretanto, esse objetivo auspicioso só poderá ser atingindo se forem desenvolvidos centros de transplante também nos 15 Estados (polos locais), com cerca de 60 milhões de habitantes, que ainda não realizam transplantes. De fato, seria inútil aumentar o programa dos Estados litorâneos onde se localizam atualmente os centros transplantadores. Além da dificuldade logística do translado dos receptores, essa hipótese não resolve a questão, já que não inclui o diagnóstico e a indicação, que deverão ser realizados obrigatoriamente nos polos locais. A solução desse problema ético, médico e social depende da distribuição uniforme de centros transplantadores em todo o País.

Representa, entretanto, uma tarefa difícil e inédita, qual seja, a de induzir a formação de centros de medicina de ponta em Estados ainda deles desprovidos. Trata-se de sensibilizar os governos estaduais para destinar recursos e formar equipes ex novo pela capacitação de todos os seus futuros componentes. Essa iniciativa é muito diferente daquela que visa a aperfeiçoar grupos já em atividade. A criação ex novo de equipes seria muito difícil de realizar com a sistemática habitual de aplicação de recursos públicos, que, bem fazendo, exige como pré-requisito uma infraestrutura adequada já disponível.

Desde 2008, porém, a nova regulamentação da filantropia para hospitais de excelência permite que projetos desse tipo sejam implementados. A contrapartida exigida não é mais representada pela realização de procedimentos pontuais de alta complexidade, mas, sim, pela coordenação e pelo financiamento de projetos de desenvolvimento previamente aprovados pelo Ministério da Saúde.

Em 2009, o Hospital Sírio-Libanês deu o exemplo associando-se a três universidades, USP, Federal de São Paulo e Santa Casa para constituir um grupo de trabalho com a finalidade específica de atingir esse objetivo.

O projeto inclui uma visita inicial do coordenador aos polos locais e ações de capacitação, manutenção (apoio) e atualização. A capacitação baseia-se na vinda remunerada de estagiários para centros com grande experiência em São Paulo (polos centrais) durante períodos de 1 a 12 meses e inclui captação de órgãos e sua distribuição ou o transplante propriamente dito. A capacitação em captação e distribuição é realizada, respectivamente, na Santa Casa, no Hospital do Rim e na Central de Transplantes da Secretaria Estadual da Saúde, considerados paradigmas nesse tipo de tecnologia. A capacitação em transplante de rim e pâncreas é realizada no Hospital do Rim; a de fígado, no Hospital das Clinicas, no Hospital Sírio-Libanês e na Santa Casa; e a de coração e pulmão, no Incor. A manutenção (apoio) das novas equipes, após sua volta ao local de origem, é feita por meio de visitas de acompanhamento do coordenador e, nos primeiros transplantes, pela assistência de cirurgiões seniores. A atualização se fará, para cada órgão, pela discussão conjunta de casos em tempo real por meio de uma rede de teleconferência entre o polo central e os polos locais.

O coordenador já visitou 15 polos locais (AC, AM, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, MS, DF, ES, PR e SC) e já foram realizados 12 estágios na Central de Transplantes, 34 no serviço de captação da Santa Casa, 20 estágios em Neurologia, 6 estágios no Hospital do Rim, 1 no Hospital das Clínicas (fígado adulto), 1 no Incor e 2 no Hospital Sírio-Libanês (fígado pediátrico), 22 estagiários OPO/CIDOHTT, 18 estágios curso de perfusão e extração e 2 de Anatomia Patológica.

No total, 120 estagiários estiveram ou ainda estão em São Paulo, perfazendo uma média de 8 estagiários por Estado. Alguns resultados preliminares já podem ser citados, como a captação de múltiplos órgãos de 22 doadores este ano no Rio Grande do Norte, captação nitidamente superior à do ano passado, de apenas 8 doadores; e no Acre, onde a captação não era realizada e desde o fim do ano passado já foram captados 6 órgãos.

No conjunto, aprendemos que a capacitação concomitante de vários profissionais relacionados à captação e ao transplante de órgãos de polos locais, acrescida do interesse dos governos estaduais, incentivado pela visita do coordenador do projeto, é capaz de criar uma massa crítica de intenções suficiente para que seja desenvolvida a infraestrutura necessária à captação e ao transplante de órgãos. No início, os órgãos captados nos novos centros têm sido enviados a outros polos que já realizam transplante. Temos observado, porém, que a demanda reprimida nos polos locais exerce forte pressão para que os jovens capacitados em São Paulo iniciem sua atividade, transplantando os órgãos captados localmente e abrindo um novo polo de transplante. A sistemática atual da filantropia permite aplicar recursos de tal maneira a confirmar a impressão de que, em algumas circunstâncias, o investimento em capacitação pode preceder o investimento em infraestrutura, que surge, a seguir, como resposta à pressão exercida sobre os governos estaduais pela sociedade em geral e pela mídia do polo em questão.

MÉDICO, PH.D. PELA UNIVERSIDADE DE LONDRES, É PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP E PIONEIRO DO TRANSPLANTE DE FÍGADO NO BRASIL

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

diário de São Paulo

Batalha 24/10/2010 15h37
DIÁRIO acompanha a história de dez pessoas que precisam de transplante de fígado
Conheça a rotina de quem aguarda por um órgão
Fernanda Cirenza

Elas foram surpreendidas por doenças de nomes complicados e assustadores: ascite, encefalopatia, carcinoma, paramiloidose, cirrose, câncer.
O fígado dessas pessoas está comprometido, e elas precisam de um transplante para sobreviver. Vivem no aguardo de um telefonema do Hospital das Clínicas, em São Paulo, anunciando a morte cerebral de um doador.
A angústia é grande. "Dependo da doação de um cadáver", diz a cantora Debye Ventura Trombim, 47 anos. Debye é uma das mil pessoas que estão na fila do transplante de fígado do HC. O caso dela é delicado porque precisa também de um rim. Ela não sabe quando isso vai acontecer. Pela regra, os pacientes seguem para o transplante conforme a gravidade, e não pela ordem de chegada.

A situação da dona de casa Eunice Suely Consoloni, 61 anos, era grave. Ela ocupava o primeiro lugar na fila. Já tinha passado por um tratamento de combate a um tumor no fígado, mas dependia de um transplante para viver.
No dia 11 de outubro, ela disse à reportagem do DIÁRIO que estava na expectativa da operação, mas se sentia tranquila. "A gente nunca sabe o dia de amanhã. Tenho que confiar nos médicos e em Deus." Só que não apareceu um órgão compatível com o organismo de Eunice. Ela morreu no dia 18. Desde setembro, a reportagem faz visitas recorrentes ao HC na tentativa de acompanhar o drama de pacientes como Eunice e Debye. É no prédio dos ambulatórios que eles se encontram para receber medicação e orientação, além de trocar experiências.

São assistidos pelos médicos e por uma equipe de enfermagem, nutrição e psicologia. Adriana Cortez Rizzon é a coordenadora. Ela sabe quem é quem na sala de espera barulhenta do hospital e, não raro, faz cobranças. "Por que você não veio fazer o exame de sangue na semana passada?"

A partir de hoje, você vai conhecer a história de dez pessoas que estão na fila do transplante de fígado. Elas relatam como descobriram suas doenças, a reação que tiveram com a notícia e o que têm feito a partir dela. Daqui para frente, a reportagem vai estar ao lado desses pacientes até que uma solução para cada caso seja encontrada. A seguir, eles falam sobre seus dias nesta espera pela vida.

Um irmão morreu com a mesma doença
José Fernando Pereira de Oliveira, 24 anos, ajudante de motorista de caminhão
Ele tem hepatomegalia (fígado aumentado). Quando criança, fez tratamento com medicação e melhorou. O tempo passou, José Fernando virou adolescente e começou a beber cerveja todo fim de semana. Foi, então, que o problema se agravou. Ele começou a ter febre, dores abdominais e pneumonia. Há quatro meses, sofreu uma hemorragia digestiva e foi internado no Hospital Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP). "Ele ficou mal", diz Solange Pereira de Oliveira, 42 anos, irmã do paciente. "Não dá para deixá-lo sozinho, porque a doença causa confusões mentais." Em tratamento no HC, ele não se queixa muito, apenas da dieta rigorosa que tem de seguir. "Nossa vida mudou. Adotei meu irmão como um filho", diz Solange. Na fila pelo transplante, ele espera por um telefonema do hospital. "Já perdi um irmão com esse mesmo problema. Ele tinha 25 anos", diz.

Bebida causou o problema
José Milton da Silva, 42 anos, motorista, descobriu que tem cirrose hepática há um ano. Está na fila do transplante há cerca de dois meses
Depois que se separou da mulher, José Milton começou a abusar das noites. A sensação de liberdade misturada à desolação amorosa foi a combinação perfeita para uma vida meio desregulada em termos de alimentação e bebidas alcoólicas. No fim do ano passado, o corpo de José Milton baqueou. Ele começou a inchar e tudo o que comia fazia mal. "Não tinha nem apetite e sentia muito cansaço." Pensou que eram sinais das noites mal dormidas. Mas, em dezembro, teve de ser internado às pressas no HC. José Milton se queixa das restrições que passou a ter no dia a dia. "Tomo remédios, vou ao hospital sempre e não posso comer carne nem sal." Às vezes, confessa dar umas escorregadas. "Meu fígado perdeu um pouco a potência. Só que ninguém é de ferro." Quando faz esse tipo de comentário na frente de Valdecy Miranda Barbosa, enfermeira da coordenação do transplante do HC, leva bronca. Morador de Cotia, na Grande São Paulo, José Milton se ressente da nova realidade. "Fiquei mais medroso com a doença. Não saio mais para dançar, namorar. Isso é meio chato", diz. Por outro lado, ele está tranquilo com a ideia do transplante. "Ele é o remédio para a cura da minha doença."

A dúvida é algo torturante
Célia Maria Queiroz Santiago, 61 anos, ex-enfermeira, teve um diagnóstico de câncer em maio e desde então está na fila do transplante
Baiana de Cruz das Almas, Célia carrega um sotaque nordestino gostoso e três nódulos nocivos no fígado. Antes de descobrir a doença, submeteu-se a um teste gratuito para o diagnóstico de hepatite C. Deu positivo. Era uma iniciativa de um laboratório farmacêutico, que a encaminhou para outro de exames clínicos para a contraprova. O resultado, então, foi negativo. "Eu sosseguei, até porque não sentia nada. Ainda não sinto, aliás", diz. Depois de uns seis meses, durante uma madrugada, Célia acordou indisposta, sentindo-se pesada, inchada. Foi então que teve a primeira hemorragia digestiva. Levada para o Hospital Penteado, na Zona Norte, passou cinco dias internada. Eram varizes no esôfago, mas o médico deu um sinal de alerta. Célia precisava investigar. De lá, foi para o HC, para uma série de avaliações, até receber a notícia dos tumores. "Foi um choque violento. Quando o médico diz que você tem câncer, é assustador." Ela está em tratamento para conter o progresso dos nódulos no Instituto do Câncer e há quase seis meses espera por um fígado bom. "Meu desejo é que tudo seja rápido. A dúvida se vai dar certo ou não é torturante."

Ele tem cirrose mas só bebia socialmente
Altemar Linton de Oliveira, 47 anos, comerciante, descobriu a doença no ano passado
Em 2009, Altemar se sentiu mal e foi para um pronto-socorro perto de casa, em São Miguel Paulista, Zona Leste. Foi encaminhado para um hospital da região, mas também lá não houve diagnóstico preciso. Recebeu só medicação. Uma semana depois, à noite, começou a ficar agitado. A mulher, Alice, achou estranho, mas pensou que era efeito dos remédios. A sorte foi que Alice acreditou em sua intuição e, no dia seguinte, levou o marido ao hospital. Não deu outra: Altemar havia tido uma crise de encefalopatia, uma confusão mental - como se a pessoa estivesse drogada? devido a complicações hepáticas. Altemar tem cirrose criptogênica (causa desconhecida). "Bebia socialmente, nada abusivo", ele diz. Alice confirma. Como o problema pode ser hereditário, os filhos do casal, de 19 e 13 anos, também serão investigados. É uma atitude preventiva. "Se eles tiverem alguma indicação, que comecem a se tratar desde já", diz o pai. A vida da família mudou radicalmente. O negócio, um açougue, está na mão de um cunhado e de funcionários. "Quando acontece uma coisa dessas, todo mundo adoece junto."

Mais um transplante, sem perder a alegria
Debye Ventura Trombim, 47 anos, cantora, tem câncer e está à espera de um fígado e de um rim
Aos 18 anos, Debye perdeu os dois rins em decorrência de uma pielonefrite (infecção do trato urinário). Sobreviveu à custa da doação de um dos rins do pai, José Maria Trombim. Deu tudo certo e, por anos, viveu sem preocupações. Depois de outros 18 anos, o rim transplantado começou a dar sinais de rejeição. Foi nessa ocasião, em meio a exames, que ela descobriu também uma hepatite C, possivelmente adquirida numa transfusão de sangue. "Meu mundo desabou. Essa doença tem progressão rápida." A hepatite de Debye evoluiu para cirrose e, por fim, para um câncer. Por um tempo, manteve a saúde à base de medicação. Mas já faz quatro anos que obrigatoriamente precisa se submeter três vezes por semana à diálise. "Fico ansiosa, porque vai ser uma cirurgia de grande porte e de riscos. Eu já assinei um documento em que afirmo estar ciente dos problemas que ainda podem acontecer, como a rejeição dos órgãos e, na pior das hipóteses, morrer." Enquanto aguarda por um chamado, Debye leva a vida cantando. Ela anima casamentos e eventos corporativos ao lado do pai, que é militar aposentado e pianista. "Mesmo com as limitações, procuro me divertir para celebrar a vida."

O cardiologista virou paciente
Murilo Mendes Soares, 59 anos, cardiologista, descobriu um tumor há dois anos
Em 2001, Murilo vomitou coágulos de sangue. Em um hospital, foi tratado e achou que levaria a vida à base de dietas e remédios. Mas, no ano retrasado, teve hemorragia digestiva e foi internado mais uma vez. Foi duro. "Eu tinha comprado passagens para a Europa para mim e para a minha mulher. Era a nossa primeira viagem para lá." De volta, Murilo começou a apresentar sintomas estranhos: ascite (retenção de água nas pernas e no abdômen) e encefalopatia (função cerebral alterada). Foi levado para uma consulta no HC e o diagnóstico foi claro: um nódulo no fígado. "Recebi umas substâncias para atacar o tumor. Ele diminuiu, mas ainda está lá." Há cerca de um mês, o celular de Murilo tocou. Era o pessoal do HC, avisando que havia um fígado. "Fui internado, vesti o pijama azul e coloquei até a pulseira no pulso. Mas os médicos avaliaram que aquele fígado não servia pra mim." Ele diz não estar muito ansioso para a cirurgia. Só não quer sofrer muito. "Procuro amenizar o problema. A coisa que mais me preocupa é a morte."

Uma década de luta e 16 quilos a menos
Augusto Gennari Neto, 51 anos, ex-empresário, luta há dez anos contra doenças hepáticas
O périplo de Augusto começou com uma hepatite C tratada à base de medicação. "Fiquei seis meses em tratamento, melhorei e fui liberado pelo médico." Mas a alegria durou só oito meses. Quando voltou a se tratar da mesma hepatite, descobriu que o fígado tinha descompensado. Mais uma bateria de tratamento e remédios. Há quatro anos, foi internado e entrou na lista dos transplantes. Mas se recuperou. Recebeu alta e uma boa notícia: já podia viver com o próprio fígado. Por dois anos, levou uma vida comum, embora com limitações. Só que o fígado dele não resistiu. A hepatite evoluiu para uma cirrose que virou um câncer. Está novamente à espera de um doador. Evidentemente abatido, 16 quilos mais magro, Augusto está sempre no HC para fazer os controles. Pai de três filhos, ele luta por mais uma chance para a vida.

Apavorado, sem medo de admitir
Luiz Cesar Pedroso Eusébio, 55 anos, comerciante, há dois meses na fila do transplante
Há três anos, o gaúcho de Porto Alegre Luiz Cesar sofreu uma cirurgia para tratar de uma úlcera perfurada. Ele achava que era um procedimento simples e que, depois de alguns dias, estaria em casa. Enganou-se. Do hospital da Universidade de São Paulo, seguiu para o HC para um tratamento à base de quimioterapia. Foram cinco sessões para conter nódulos no fígado. "Todos sumiram, e eu não sinto nada." Mas o fato é que ele tem um carcinoma hepático. Meio inconformado com o problema, ele justifica: "Nunca tive uma doença desse tamanho." Ele está apavorado com o dia da cirurgia. "Até agora, não me chamaram. Mas eu tive que assinar um documento em que afirmo que sei de todas as coisas que podem acontecer comigo na mesa de operação. Posso ter uma infecção, pegar sífilis, Chagas. Posso morrer de qualquer coisa."

A barriga fica enorme por causa da doença
Joaquim Carlos Serra Coser, 56 anos, prestador de serviços, doente desde 2004
O primeiro encontro de Joaquim Carlos com a reportagem do DIÁRIO foi no HC. Ele fazia drenagem para esvaziar a barriga. Ele tem cirrose e sofre de ascite (edema na região do abdômen). Por isso, não arruma posição na cama na hora de dormir. "Eu bebia todos os dias." Está arrependido? "Arrependido não. Mas a gente nunca acha que as coisas vão acontecer." Não raro, Joaquim sente falta de ar. Tem ainda crises recorrentes de encefalopatia. "Meu corpo não consegue mais liberar as toxinas dos alimentos. Então, se excedo um pouco, a encefalopatia ataca. Fico confuso, fora de mim." Ele soube da doença em 2004, quando começou a se tratar. "Recebi a notícia sem grande espanto porque não sentia dor. Achava que ia tomar remédios e pronto." Mas não foi bem assim. O organismo começou a dar outros sinais de alerta. Hoje, ele toma oito comprimidos por dia. Além disso, está com duas artérias comprometidas. Na semana que vem, ele volta ao HC para mais uma sessão de drenagem. "Minha barriga está enorme."

Ela tem um problema genético
Cristiane Aparecida de Moraes, 35 anos, funcionária de uma escola, tem um mal crônico, progressivo e mortal Mãe de Sofia, uma garotinha de 3 anos, Cristiane sofre do que os médicos resumem por PAF (Paramiloidose Familiar), um mal genético, mortal, crônico e progressivo. "Só soube da doença quatro meses atrás. Mas faz quatro anos que investigo o que tenho", diz. Ela passou por vários médicos antes do diagnóstico. Perdeu peso, tem diarreias e não sente as pernas. "Vivo em outra realidade, mas não penso muito para não morrer antes da hora." Tudo o que ela quer é condições de ver a filha crescer. "O transplante é um risco. Mas preciso ter coragem."

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

e-Band/Jornalismo

Terça-feira, 12 de outubro de 2010 - 21h32 


Prefeito de Recife deixa a UTI após transplante renal Da Redação
brasil@eband.com.br

O prefeito de Recife, João da Costa Bezerra Filho, que foi submetido a um transplante de rim em São Paulo, deixou a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) nesta terça-feira. Bezerra Filho recebeu o órgão doado pelo seu irmão, Joselito Bezerra.

De acordo com um boletim do Hospital Samaritano, ambos passam bem e se recuperam na companhia de familiares. A mulher do prefeito, Marília Bezerra, também está na capital paulista para acompanhar a recuperação do marido. Ainda não há previsão de alta.

O prefeito deve ficar afastado por 60 dias do cargo. Neste período, o vice-prefeito Milton Coelho fica à frente do executivo de Recife. Antes da cirurgia, Bezerra Filho informou que seus problemas renais iniciaram após uma crise hipertensiva aos 26 anos.
Redator: Marielly Campos

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Diário de Pernambuco

10/10/2010

12h40
Esclarecimento
Menores de 18 podem se vacinar contra hepatite B sem autorização

Jovens com menos de 18 anos de idade não precisam da autorização dos pais para tomar a vacina contra hepatite B em campanha realizada na escola. É o que prevê uma nota técnica do Ministério da Saúde com orientação ao serviços de saúde e instituições de ensino que promovam campanha de imunização contra a doença.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que o adolescente pode ser imunizado, quando procurar o serviço por iniciativa própria e desde que receba esclarecimento sobre a vacina. “Os adolescentes são responsáveis por seu atos quando a procura se faz de forma espontânea, desde que devidamente orientados pelos profissionais de saúde sobre o procedimento, sua importância e riscos”, diz a nota. A recomendação é que a escola avise os pais da data e hora da vacinação.

Segundo o Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais do ministério, a nota técnica visa a facilitar o acesso dos jovens à vacina. Outra recomendação é que o jovem esteja com a caderneta de vacinação em mãos para que o profissional de saúde possa atualizá-la. Mas a falta do cartão não impede o profissional de aplicar a vacina, inclusive nos casos em que a criança e o adolescente estão sob a guarda do Estado ou quando não é possível saber o histórico vacinal.

O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério informou não ter levantamento do número de escolas em que já foram feitas campanhas desse tipo, pois são iniciativas das equipes de saúde em âmbito regional.

A transmissão da hepatite B pode ocorrer pela relação sexual sem camisinha, da mãe infectada para o filho e ao compartilhar seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha, material para colocar piercing e fazer tatuagem e demais objetos que furam ou cortam. A maioria dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. No entanto, os mais frequentes são: cansaço, tontura, enjoo, vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. O tempo entre a infecção e o surgimento dos primeiros sinais varia de um a seis meses.

O ministério aponta a vacina como uma das formas mais eficazes de prevenir a doença. É necessário tomar três doses para que a pessoa fique imune à doença. As doses são oferecidas nos postos de saúde.
Da Agência Brasil

Gazetaweb

SAÚDE
09.10.2010

10h15
Novo exame não invasivo substitui biópsia no fígado

Procedimento permite investigar com mais precisão o grau de fibrose no fígado
Folha.com

Um novo equipamento poderá substituir biópsias de fígado, em especial nos casos de hepatites. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de dar o aval para sua importação.

O exame, cujo nome é elastografia hepática transitória, permite diagnosticar a fibrose no fígado (grau de cicatrização do órgão) com mais precisão do que a biópsia.

A formação dessas cicatrizes decorre de agressões por doenças crônicas, por exemplo as hepatites.

O exame capta as imagens do fígado por ultrassom, e também transmite uma onda de baixa frequência.

A vibração se propaga e mede a elasticidade do tecido hepático. Quanto mais endurecido, mais veloz é a propagação da onda. O resultado sai em cinco minutos.

Avaliar o grau de fibrose é crucial no tratamento de doenças do fígado. É isso o que vai determinar uso de um ou outro medicamento.

"É um avanço enorme. É possível que o exame substitua a biópsia hepática, não somente no diagnóstico, mas no acompanhamento das hepatites crônicas em futuro próximo", diz o médico hepatologista Hoel Sette Júnior, pesquisador do hospital Oswaldo Cruz.

A biópsia é um procedimento invasivo que requer hospitalização. Ela é feita com a inserção de uma agulha para a retirada de um pedaço de tecido, o que aumenta o risco de sangramentos.

Além disso, o fragmento colhido em biópsia pode não ser adequado para análise que depende da interpretação do patologista.

CUSTO
Ainda não se sabe quanto custará uma elastografia, mas os especialistas acreditam que o valor deverá ser menor do que o da biópsia.

Exames convencionais de imagem, como tomografia e ressonância magnética, são mais utilizados só nas fases avançadas da doença.

"Acho que a grande indicação é para pacientes com hepatite C que já estão diagnosticados. Pode ser útil para acompanhar o tratamento", diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

As estimativas oficiais apontam três milhões de brasileiros infectados pela hepatite C - mas os médicos afirmam que essa população é subestimada. Quase a metade dos transplantes de fígado está relacionada à doença.

Embora a maioria das pesquisas tenham sido feitas com portadores de hepatites, o exame vem sendo estudado para outras doenças.

O aparelho também poderá ser útil nos casos de cirrose por excesso de álcool ou nos pacientes que passaram por transplante hepático.

Desenvolvido na França, o equipamento já vem sendo usado na Europa e está em processo de aprovação pelo FDA (órgão americano que regulamenta remédios).

No entanto, a elastografia não vai significar o fim das biópsias de fígado, porque em alguns casos ela não pode ser feita: "Quando há acúmulo de água na barriga ou excesso de gordura no fígado, o exame não se aplica", ilustra a médica gastroenterologista Bianca Della Guardia, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O aparelho já está disponível em algumas clínicas e hospitais do país -até aqui era usado apenas para pesquisa, em várias instituições.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Correio Braziliense

Mulher poderá doar rim ainda em vida à paciente de outra família

Estado de Minas
Luana Cruz
Publicação: 06/10/2010 19:41

A Justiça concedeu um alvará para que a uma mulher possa doar o rim ainda em vida. Isso significa que a doadora poderá concretizar o gesto nobre da doação de órgãos para uma pessoa que não é um familiar direto da dela. A decisão foi na juíza da 35ª Vara Cível de Belo Horizonte do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Luzia Divina de Paula Peixoto.

A voluntária provou ser casada com um sobrinho da esposa de um paciente portador de insuficiência renal que necessita de transplante. Segundo o TJMG, depois de constatada a compatibilidade, a mulher resolveu, por livre e espontânea vontade, doar um de seus rins. A doadora informou à Justiça que, do ponto de vista clínico, foi comprovado que não haveria contraindicação caso a cirurgia de doação seja feita.

De acordo com o TJMG, a lei 9.434/97, estabelece que a doação de órgãos só pode ser feita livremente entre familiares até o quarto grau. Se a doação for feita por outra pessoa, há necessidade de autorização judicial e que o órgão seja duplo. A juíza entendeu que, diante da compatibilidade entre doadora e receptor e em observação aos princípios da preservação da vida, o pedido de autorização judicial para o transplante renal deve ser acolhido.

OBS ATX-BA:
Portaria N. 2.600, de 21 de outubro de 2009 - Aprova o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes - CAP VI - Seção I
" Art. 50. É permitida a doação de um rim de doador vivo juridicamente capaz, atendidos os preceitos legais quanto à doação intervivos, que tenha sido submetido à rigorosa investigação clínica, laboratorial e de imagem, e esteja em condições satisfatórias de saúde, possibilitando que a doação seja realizada dentro de um limite de risco aceitável.

§ 1º Sempre que as doações previstas no caput envolverem doadores não aparentados deverão ser submetidas, previamente à autorização judicial, à aprovação da Comissão de Ética do estabelecimento de saúde transplantador e da CNCDO, assim como comunicadas ao Ministério Público.

§ 2º Ao doador vivo de rim que eventualmente venha a necessitar de transplante deste órgão, regularmente inscrito em lista de espera para rim de doador falecido, será atribuída pontuação adicional no cômputo final para fins de alocação do órgão doado, de maneira a ser priorizado em relação aos demais candidatos, exceção feita a potenciais receptores que apresentem identidade completa no sistema HLA (acréscimo de 10 pontos)."

terça-feira, 5 de outubro de 2010

abcdt

Hospital do Rim e Hipertensão ganha o prêmio “Destaque na Promoção da Doação de Órgãos 2010 – Pessoa Jurídica”


Ter, 05 de Outubro de 2010 11:27

O Hospital do Rim e Hipertensão recebeu o prêmio “Destaque na Promoção da Doação de Órgãos 2010 – Pessoa Jurídica”, promovido pelo Ministério da Saúde e a Secretaria de Atenção a Saúde/Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplante, juntamente com as Centrais de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos Estaduais.

A instituição foi homenageada pelos relatos dos acontecimentos considerados importantes para o incentivo a doação de órgãos com o Prêmio Anual.

O Prêmio foi entregue pelo Exmo Sr. Ministro da Saúde Dr. José Gomes Temporão, em solenidade realizada na segunda-feira, 27 de setembro, às 15h no auditório Emílio Ribas no Térreo do Edifício Sede – Ministério da Saúde – Esplanada dos Ministérios – Bloco G – Brasília/DF.

Fonte: Unifesp Comunicação – 5/10/2010

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Portal Fator Brasil

29/09/2010 - 08:40

Insuficiência renal crônica: à espera do transplante

Cerca de 75 mil pacientes estão no programa de tratamento dialítico e 40% deste total aguarda por um novo órgão na fila pelo transplante.

A Insuficiência Renal Crônica (IRC) já é considerada pelos nefrologistas uma epidemia que precisa e deve ser controlada. O paciente é diagnosticado com IRC, com necessidade de terapia substitutiva renal, quando a função dos rins é menor do que 10% e não pode ser mantida com a terapia conservadora, praticada com medicação e dieta. Neste caso, será necessária a substituição da função do rim com tratamento dialítico ou transplante renal. Em crianças ou diabéticos, esse tratamento substitutivo pode ser indicado com função renal abaixo de 15%.

De acordo com Valter Duro Garcia, chefe do Serviço de Transplante Renal da Santa Casa de Porto Alegre, as manifestações da IRC fase urêmica (quando há um acumulo de uréia no sangue), são cansaço, náusea, perda de apetite, anemia, hipertensão, palidez, urina clara e aparecem de forma progressiva. “Hoje estão em tratamento dialítico no Brasil em torno de 75 mil pacientes, uma prevalência de 400 por milhão de população (pmp), com ingresso anual de cerca de 22 mil pacientes. A estimativa é que 40% da prevalência necessite de transplantes, ou seja, cerca de 30 mil pacientes”, afirma o especialista.

Dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) mostram que no Brasil são feitos quase 5 mil transplantes renais por ano. Em números absolutos, o país deve ocupar o segundo ou terceiro lugar no ranking mundial de transplantes renais realizados anualmente, atrás apenas dos Estados Unidos e China. Porém, de acordo com José Osmar Medina, diretor do serviço de transplante renal do Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp, ainda há o desafio de aumentar o número de doações. “Em resumo, nos últimos 2,5 anos crescemos quase 60% nesta área, talvez o maior crescimento do mundo nesse período. Entretanto, comparando com outros países desenvolvidos a taxa de doadores ainda é baixa e devemos continuar trabalhando para o seu aumento”, completa Medina.

Parte do crescimento nas doações deve-se ao número de doadores falecidos porque a maioria das famílias brasileiras já se conscientizou e autoriza a doação. Em São Paulo, somente uma em cada cinco famílias se nega a realizá-la. “Entretanto, o número de doadores vivos entre familiares poderia ser maior. Fazemos em torno de oito a nove transplantes de rim com doador vivo e a meta é atingir 20, a exemplo dos Estados Unidos e alguns países nórdicos”, acrescenta Medina.

Em média, o paciente espera quatro anos na fila do transplante com doador falecido. “Isso acontece porque a locação do órgão é baseada na compatibilidade. Sendo assim, algumas pessoas são transplantadas em poucos meses, enquanto outras aguardam muito tempo por um rim compatível e permanecem em diálise por anos. Quando se tem um doador vivo familiar não há espera pelo transplante, e se o diagnóstico é precoce a intervenção cirúrgica pode ser feita antes do início da diálise, o que garante um resultado melhor”, diz Medina.

Após realizar o transplante, o paciente renal precisa seguir alguns cuidados para evitar que o organismo rejeite o órgão tais como: não fumar, não beber, manter atividade física regular e dieta equilibrada, comparecer às consultas rotineiras e realizar exames laboratoriais periodicamente. Além dos cuidados gerais, também é importante tomar adequadamente a medicação imunossupressora prescrita, a exemplo do sirolimus, um inibidor específico da mTOR, que combinado aos demais medicamentos garante uma melhor qualidade de vida ao transplantado.

O especialista Valter Garcia explica que os inibidores da mTOR parecem ter um efeito anticancerígeno, diminuindo a incidência de tumores em pacientes que o utilizam. Portanto, pacientes que desenvolveram câncer pós-transplante, tiveram câncer no passado ou doador com esse histórico, se beneficiam com o uso desta medicação. “Para resumir, o paciente transplantado que não seguir as orientações e interromper o uso dos medicamentos imunossupressores perde o rim. E isso é fato”, finaliza Garcia.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Notícias ATX-BA

27 de SETEMBRO "DIA NACIONAL DO DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS" 

Um transplante, muitas vezes, é a única solução para sanar uma falha irreversível do rim, fígado, coração, pulmão, córneas, ou de outra parte do corpo. Se esta é a sua situação ou de alguém que você gosta, é muito importante saber que, cada vez mais, a melhor rota de resgate de pessoas em fase terminal ou cronicamente incapacitadas é através do transplante.

Mesmo esta não sendo sua situação, acreditamos que também seja importante saber que o transplante, muito além de uma intervenção médica, é a terapia que mais mobiliza emoções e atitudes de boa vontade de muitas pessoas ao mesmo tempo. Esta prática somente é possível com os avanços da medicina, que a torna viável e com a participação de um personagem fundamental: o doador.

Por mais evoluída que seja a tecnologia médica disponível e o funcionamento da estrutura hospitalar, não existe transplante sem o envolvimento da sociedade em todas as etapas do processo: quer seja no apoio às campanhas de esclarecimento público e de estímulo à doação de órgãos, no acompanhamento e controle das listas de espera, quer seja na compreensão e aceitação - desde que obedecidos os limites das fronteiras da bioética - dos avanços científicos que beneficiam a humanidade.

Ao falarmos do envolvimento da sociedade não estamos nos referindo a algo abstrato. Estamos falando de nós próprios, pois somos nós, em última instância, os doadores de órgãos.

Existem poucas situações mais angustiantes do que esperar por um transplante. A lista formada pelas pessoas que precisam de um transplante para voltar a ter uma vida normal, ou para sobreviverem, não pára de crescer. E cresce também, felizmente, a quantidade de doadores. Estima-se que no Brasil esse crescimento seja da ordem de 20% desde que entrou em vigor a atual “lei dos transplantes”, como resultado de várias medidas do poder público no que diz respeito à organização do sistema de captação de órgãos, treinamento dos profissionais e financiamento dos procedimentos. Atualmente, mais de 80% dos transplantes são pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através do Fundo Nacional de Transplante. Esse aparente privilégio concedido a uma terapia é necessário, porque os transplantes constituem da boa vontade da sociedade para que ela própria seja beneficiada.

A despeito do mencionado crescimento do número de doadores, é preciso que esse número seja ainda maior, porque, como já foi dito, a “fila” de espera não pára de crescer. Existem pedras no caminho. Por um lado, a cada ano no Brasil seria possível a alocação de dez mil potenciais doadores, mas menos da metade chega ao conhecimento das Centrais de Transplantes. Por outro, para uma importante parcela dos potenciais doadores, as Centrais de Transplantes recebe um NÃO dos familiares.

Sub-notificação da Morte Encefálica e negativa familiar são as principais pedras no caminho dos transplantes.

A remoção desses entraves não depende apenas de leis e de financiamento. Depende de um intenso e contínuo trabalho de educação e informação de toda a sociedade, sem deixar de contar com o incentivo para atitudes de boa vontade de todos, em especial dos profissionais da área de educação, principal elo da cadeia doação-transplante.

Neste sentido, ser doador é um ato de boa vontade que não significa apenas permitir que uma parte de nós, seja em vida ou depois da morte, passe a integrar o corpo de outrem. É também doar as nossas aptidões pessoais e profissionais para tornar a vida - através dos transplantes – possível.

A pessoa que, consciente e espontâneamente, toma a decisão de doar uma parte do seu corpo em vida à outra pessoa querida, ou de destina, após a morte o seu coração, fígado, pulmão, rim, etc., para um desconhecido está praticando um ato de generosidade que transcende os limites do compromisso ou dever formal.

Em nome da Associação de Pacientes Transplantados da Bahia (ATX-BA), nós pacientes transplantados queremos agradecer  aos "DOADORES", que doaram "VIDA" e "QUALIDADE DE VIDA" à milhares de pessoas

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

NOTÍCIAS ATX-BA

FUI!*

"Meu irmão,
cada gota de sangue em teu sangue
é sangue bom..."

Pior que não era; não no final dos anos 70, onde essa história começa. No carro, iam Kakalo, Inácio e Tupiara, os três nos seus 20 e poucos anos, ninguém de cinto de segurança, que não era obrigatório (nem existia!). Na pancada violenta com outro carro que atravessou a estrada e parou, Kakalo foi arremessado contra o vidro, jugular e aorta seccionadas, a vida se esvaindo rapidamente na hemorragia. Deu a sorte de encontrar uma pessoa solidária, que abriu lugar no banco de trás do seu carro e o levou para um hospital de beira-estrada ali de São Gonçalo. Deu a sorte de encontrar um médico adoravelmente louco, discípulo de Pitanguy, que acreditou nas suas poucas chances de sobrevivência e caprichou na sutura. Saiu daquela com bem disfarçados 360 pontos no rosto e pescoço e seis litros de sangue novinho no corpo.

Vinte e cinco de agosto de 2010. Às 11 da noite, em choque hipovolêmico, causado por uma brutal hemorragia digestiva, Kakalo dá entrada no Hospital da Lagoa. Foi encontrado pela manhã, em Saquarema, e levado a um hospital de Bacaxá, onde eram nulas as possibilidades de atendimento. A transferência para o Rio soou para nós, seus irmãos, como um alívio. Ia dar tudo certo. Mais uma vez - seria a terceira -, Kakalo ia driblar a "velha senhora".

Depois das providências iniciais - que incluíram a reposição do sangue perdido, plasma para combater a falta de coagulação, noraadrelanina para estabilizar a pressão e ene outros procedimentos -, os médicos levantaram a hipótese de uma doença grave e antiga do fígado. Diante da nossa perplexidade, perguntaram se ele bebia. Claro que sim; era, como nós, boêmio. Mas daí a ter uma hepatopatia grave! Mas, quem sabe?. Nenhum de nós se lembrou do acidente.

No dia seguinte, a hipótese se confirmou em um diagnóstico mais atemorizante: o fígado estava destruído pela cirrose; o esôfago, tomado por grossas e frágeis varizes; os rins tinham parado. Mais perplexidade. Até um pouco de raiva do Kakalo, que nunca comentou o problema, nunca reclamou de uma dorzinha no fígado, que nunca deu uma dica de que estava mal. Nenhum de nós se lembrou do acidente.

Como uma prece, o caçula, Mariozinho, fez o samba cuja introdução melódica reproduzia os sons do CTI e os versos chamavam Kakalo para a vida, exaltando o sangue bom que se sobrepunha à hemorragia.

"Meu irmão,
cada gota de sangue em teu sangue
é sangue bom..."

Nos 20 dias de internação, não sei exatamente quando um de nós (que também não sei qual foi) se lembrou do acidente e dos salvadores seis litros de sangue daqueles idos de 1977. A charada começava a ser desfeita.

Até 1992, quem se via obrigado a tomar uma transfusão ou plasma ficava exposto a uma sortida variedade de vírus, da Aids às hepatites B e C. Entrava para um grupo de altíssimo risco. Mas ninguém sabia disso; não havia controle do sangue doado. Para o Kakalo, coube o vírus da Hepatite C (HCV), que se desenvolveu nele como na maioria dos portadores: silenciosamente, sem desconfortos, sem sinais.

A grande maioria dos pacientes de Hepatite C não apresenta sintomas; a fase aguda passa despercebida. Às vezes, tem alguma coisa, mas parece uma gripe forte. Assim, mais de 80% dos contaminados desenvolverão Hepatite C crônica e suas sequelas. Só descobrirão ao tentarem doar sangue ou quando, por alguma razão ou sorte, um médico solicitar o exame de Marcadores de Hepatite. O mais provável é que a descoberta só aconteça junto com as devastadoras complicações da doença, como a cirrose e o câncer de fígado.

Essas complicações podem aparecer décadas após a contaminação e, pior, também se desenvolver lenta e silenciosamente. Cerca de 40% dos pacientes com cirrose são assintomáticos. Quando surgem os sinais, a doença já está em fase muito avançada.

Segundo o site www.hepcentro.com.br, apesar dos esforços em conter a epidemia, especialmente com a realização de exames específicos em sangue doado, a hepatite C é uma ameaça crescente, que exige medidas adicionais de prevenção e tratamento.

Não sei quais as medidas preconizadas pelo site, mas tenho uma sugestão: que, na anamnese de seus pacientes, os profissionais da saúde (alopatas, homeopatas, dentistas, médicos do trabalho, terapeutas etc.) incluam a pergunta 'Tomou transfusão de sangue antes de 1992?'. Sem o questionamento direto, acho difícil que antigos transfundidos tragam o assunto à baila - quem vai se lembrar?; quem vai imaginar que umas gotas de sangue pingadas na veia há 30 anos possam matar?

Mas, se algum antigo transfundido leu este texto até o fim, aconselho que procure um médico e peça o exame de Marcadores de Hepatite. É uma providência que vale ouro; ou vale vida. Kakalo era de pouco ir ao médico. Mas, certamente, teria uma outra história se há quatro anos, quando sofreu um AVC e se viu forçado a encarar um tratamento especializado, o neurologista tivesse feito a pergunta que levaria à descoberta da hepatite C. Por falta dela, e apesar de todo o aporte oferecido e do empenho de médicos, enfermeiros e demais profissionais do Hospital da Lagoa, Kakalo morreu no dia 14 de setembro, aos 57 anos, depois de quatro hemorragias causadas pela cirrose. Trinta anos depois, a hepatite C fez barulho e cobrou a conta.

*"Fui!" era uma expressão característica do nosso irmão Kakalo, registrado em cartório como Luiz Carlos. Que saudade!

Graça Maria Lago


Este texto foi escrito pela filha do poeta e compositor Mario Lago, Graça Maria Lago, relatando a absurda morte de seu irmão Kakalo (Luiz Carlos Lago) por decorrência da hepatite C, denunciando que por falta de campanhas de alerta e detecção, pelo menos em quem recebeu transfusão de sangue antes de 1993, os infectados estão morrendo sem saber que estavam com uma doença potencialmente fatal.

Mario Lago foi o autor de sambas populares como "Ai, que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra". Graça, espero que o texto seja a "primeira pedra" que atinja em cheio os responsáveis pela vigilância epidemiológica deste nosso Brasil para que, independentemente do partido político que estiver no poder deixe de existir a omissão em relação à falta de campanhas de detecção dos mais de três milhões de brasileiros infectados nas hepatites e que não sabem que estão doentes, como aconteceu estupidamente com teu irmão.

PS: este texto foi enviado por Carlos Varaldo, Presidente do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite. hepato@hepato.com

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Revista Espaço Aberto

Revista 80
Por Circe Bonatelli






Não existe nenhum documento, comprovante ou mecanismo legal para garantir nossa vontade de ser ou não um doador. Só a família pode autorizar a doação e decidir se acata ou não a vontade do falecido.Segundo o artigo 4º da lei 9.434/97, “A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte”. Veja na íntegra a lei 9.434.Quando foi promulgada, em 1997, essa lei presumia que todo brasileiro era doador, salvo manifestações contrárias. Em 2002, o código foi reajustado: agora a família tem o poder de escolha acima de qualquer um, inclusive acima do falecido.

De acordo com a interpretação de Rachel Sztajn, professora da Faculdade de Direito da USP, é mais valiosa a atenção a quem fica do que a quem se foi. “Tanto no Direito quanto na Bioética, existe uma enorme consideração à autonomia do indivíduo. Mas, morto não tem vontade. E de quem é o corpo? O corpo é da família e a lei respeita a autonomia dos familiares. Se o corpo fosse do Estado, caberia à lei presumir a doação.”
O vice-coordenador da OPO (Organização para Procura de Órgãos), Edvaldo Leal, concorda que a legislação atende aos requerimentos éticos populares. “A doação depende do consentimento da família, mas é raríssimo alguém ir contra a vontade do falecido. No nosso país, respeitar o desejo de quem morreu é algo que as pessoas levam muito a sério, mesmo que contrarie as convicções próprias.”
Conforme disse Leal, é rara uma decisão diferente da vontade do falecido. Mas pode acontecer, como é o caso de Janaína Ronaneli. Ela e o marido já se declaram doadores, mas esbarram na posição da sogra. “Ela tem um apego muito grande ao filho e não iria permitir que mexessem no corpo dele”, conta Janaína, supondo uma situação de tragédia. “E eu acataria a decisão dela para não ter um clima ruim depois. Com certeza ela ficaria muito mal. E estou sendo muito imparcial, porque se eu fosse levar em conta a minha profissão [enfermeira], pensaria na importância de doar os órgãos ao invés de deixar que se decomponham enterrados.”

Como os casos de morte cerebral são abruptos e inesperados, é comum a família ter dificuldades em decidir. Nesses casos, a orientação geral dos profissionais da saúde é para os parentes pensarem qual era a vontade do falecido. Portanto, é também muito útil deixar claro para a sua família se é doador ou não-doador.

Nós dizemos que a família precisa chegar a um consenso após a tragédia. Se, de cinco irmãos, quatro decidem doar os órgãos do pai morto, mas um não concorda, o HC respeita a posição desse um. A explicação é que procuramos evitar problemas posteriores na família, como troca de acusações, culpa pela morte e outros conflitos”, afirma Leonardo Borges, coordenador da OPO no HC.
www.usp.br/espaçoaberto

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Último Segundo - iG

Hepatite faz com que 40% das córneas doadas sejam descartadas


Doença é o principal motivo para tecidos não serem aproveitados em transplantes oculares
Fernanda Aranda, iG São Paulo 04/08/2010 12:51


Um relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), produzido pela primeira vez, mostra como o vácuo no diagnóstico das hepatites B e C pode impactar na realização de transplantes de córneas.
Segundo a Anvisa, durante o ano de 2009, os bancos de olhos espalhados pelo País captaram 21.012 córneas para serem utilizadas em transplantes, cirurgia que é capaz de fazer com que os pacientes com doenças oculares voltem a enxergar. Do total de tecidos, 10.635 ou 51% foram descartadas.
O principal motivo para a não utilização de quase metade das córneas, diz a Anvisa, foi a Hepatite B e a Hepatite C, problemas de saúde que impedem a utilização do material e responsável por 38,9% dos descartes. A má qualidade do tecido ocular doado também resultou na inutilização do tecido em 30% dos casos.

Queda de doadores
A Associação Brasileira de Transplante de órgãos (ABTO) mostra mesmo que o número de doadores de córneas está em queda no País, na contramão das estatísticas sobre doadores de órgãos.

Em 2009, foram 67 doadores de córneas por milhão de habitantes contra 72,4 em 2008. Já de órgãos, o número subiu de 20,2 para 22,2 doadores por milhão no mesmo período.
Fila de espera
Diminuir a incidência de Hepatite B pode repercutir na diminuição da fila de espera para o transplante de córneas. No início deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo anunciou que passou a exportar córneas para outros Estados do País, justamente para tentar equilibrar o fato da captação paulista exceder a necessidade de cirurgias e de, em outros locais, como Rio de Janeiro, faltar material para o transplante.
Dos 5.686 transplantes de córnea realizados no Estado de São Paulo em 2009, 24,7% eram de pessoas residentes em outros estados. Só o Rio de Janeiro respondeu por 10,5% das cirurgias.
Plano contra hepatite
Na semana passada, o Ministério da Saúde lançou o primeiro plano nacional contra a Hepatite B e Hepatite C. A iniciativa quer lutar contra a falta de diagnóstico na população. Muitos passam anos com o vírus, sem relacionar seus sintomas com a doença e distante do tratamento adequado para ela.
Os dados nacionais mapeados mostram que 96 mil casos novos foram diagnosticados de Hepatite B apenas no ano passado. Além do sexo sem proteção, o compartilhamento de seringas e alicates de unhas também podem servir como mecanismos de contaminação.
Pesquisa do Instituto Adolfo Lutz feita com manicures da capital paulista mostrou que 10% delas estavam infectadas.
Uma das estratégias para diminuir a contaminação da população é ampliar a faixa etária que pode receber a vacina gratuita contra a hepatite B nos postos de saúde. Atualmente, fazem parte do calendário gratuito de imunização a população entre 0 e 19 anos. Ano que vem, serão incluídos os entre 20 e 24 anos e em 2012 somadas as pessoas entre 25 e 29 anos.