sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O POVOonline

Pacientes renais transplantados

Associação reclama de falta de remédio

07 Jan 2010 - 00h51min


O medicamento Micofenolato Sódico (Myfortic, no nome comercial) esteve em falta durante a última semana no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). O comprimido é tomado diariamente por pacientes transplantados para evitar que o organismo rejeite o órgão, e não é vendido nas farmácias. A reclamação é da Associação Cearense dos Renais e Transplantados (Acret), que tem cerca de 75 associados e enviou ofícios ao gabinete do governador e ao Ministério Público informando que o atraso na entrega de remédios imunosupressores ocorreu três vezes só no ano passado.

A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) reconheceu que o Micofenolato Sódico esteve em falta por dois dias, em agosto de 2009, além de outros imunosupressores terem sido entregues com atraso; mas informou que os estoques já estão normalizados. ``O HGF recebeu 36 mil comprimidos do Micofenolato Sódico. O medicamento não está em falta. O que pode acontecer são atrasos curtos, de um ou dois dias, mas a reposição é constante``, disse o secretário executivo Arruda Bastos, sem especificar a data em que o lote chegou ao hospital.

O presidente da Acret, Agnel Conde Neto, afirmou que foi ao HGF no fim da tarde da última terça-feira (5), e foi informado que o remédio estava faltando. O POVO entrou em contato com a farmácia do hospital, por telefone, no fim da manhã de ontem (6). A funcionária explicou que o medicamento tinha ``acabado de chegar``. Agnel afirmou que vai pedir ao Ministério Público uma auditoria junto à Coordenadoria de Assistência Farmacêutica da Sesa (Coasf).

``Meu filho toma o remédio duas vezes por dia, há 14 anos, desde que fez o transplante de rim. Ele precisa ser tomado durante toda a vida, pro paciente não perder o órgão recebido``, relatou Agnel Conde. O filho Alfredo Conde recebe a cada mês uma caixa com 60 comprimidos, para um mês de tratamento. Agnel ressalta a dificuldade dos pacientes que moram no Interior e precisam viajar a Fortaleza para buscar o remédio, mas não soube informar quantos pacientes estariam aguardando a entrega.

O secretário garantiu que a programação está sendo corrigida e disse que não houve queixas de outras instituições. Ele esclarece que os medicamentos de alto custo estão sujeitos a atrasos, devido às especificidades das compras: alguns são importados, e as compras por licitação devem obedecer aos prazos.

E-MAIS

> O secretário executivo Arruda Bastos admitiu que podem ocorrer ``problemas na distribuição`` dos medicamentos para transplantados.

> Ele explica que até o ano passado era utilizado o Micofenolato Mofetil, substituído pelo Micofenolato Sódico por melhor aceitação clínica. ``Por isso o estoque (do segundo) ainda não estava programado para a demanda. O atraso pode ser devido ao período de fim de ano``.

> Arruda afirmou que a Sesa estuda meios de fazer a distribuição dos medicamentos por meio das secretarias municipais da Saúde, para que os pacientes não precisem viajar à Capital.

> Em 2009, a Sesa empregou R$ 211,416 milhões na compra de medicamentos, sendo mais de 54% desse valor usado na compra dos medicamentos excepcionais.

> Segundo o chefe do setor de transplantes do HGF, o cirurgião Ronaldo Esmeraldo, o paciente transplantado deve tomar o medicamento pelo resto da vida, para não perder o enxerto (órgão transplantado).

> Caso deixe de tomar os comprimidos, o paciente pode sentir os efeitos a partir de 15 dias, quando começam as alterações na função do órgão.

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