sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009


SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 26 de fevereiro de 2009
CAMPANHA DE INCENTIVO À DOAÇÃO DE ÓRGÃOS CHEGA AO ESTÁDIO DE PITUAÇU
Uma parceria entre a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), através do Sistema Estadual de Transplantes (Coset), e a Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) possibilitará a divulgação, na noite de hoje (26), no estádio de Pituaçu, durante a partida entre o Esporte Clube Bahia e o Colo-Colo, de Ilhéus, informações sobre a importância da doação de órgãos. Serão mostrados o jingle e o vídeo da campanha de incentivo à doação de órgãos antes e no intervalo da partida de futebol. Segundo explicou Eraldo Moura, coordenador da Coset, o superintendente da Sudesb, Raimundo Nonato, foi bastante receptivo ao permitir a divulgação da campanha em Pituaçu. Todo o material a ser utilizado no estádio foi entregue à Sudesb pela técnica da Sesab, Sandra Behrens.
No ano passado, foram realizados 363 transplantes no estado, representando um aumento de 28% em relação a 2007. Em 2008, a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) contabilizou 46 doações de múltiplos órgãos, quatro doações a mais que no ano anterior. Este ano, durante o mês de janeiro, foram autorizadas três doações de múltiplos órgãos, nos hospitais: Geral do Estado (HGE), Roberto Santos e do Oeste (Barreiras). Para Eraldo Moura, em 2009, será necessário investir bastante em ações educativas a fim de conscientizar a população da importância da doação.
L.S./M.Tb.909-Ba Central de Transplante/Pituaçu
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos – ABTO
EDITORIAL Ano de 2008
Finalmente, após três anos, sendo dois de queda seguido por um de estagnação, observa-se um crescimento significativo nas taxas de doação (15%) e de transplante no país, embora a taxa de doadores efetivos (7,2 pmp) tenha apenas se aproximado daquela obtida em 2004 (7,3 pmp). Entretanto, alguns recordes foram obtidos e devem ser devidamente salientados, o mais significativo foi que pela primeira vez um estado ultrapassou a barreira dos 15 doadores pmp (Santa Catarina com 16,7 pmp), também, de forma inédita foram realizados mais do que 3.500 transplantes renais e com doador falecido, foram superados os 2.000 transplantes de rim e os 1.000 de fígado.
Houve aumento de 9,2% nos transplantes renais, as custas principalmente do emprego de doador falecido (16,1%) com mínimo aumento do transplante com doador vivo (2,2%) e de 15,8% nos transplantes hepáticos, com incremento de 21,7% nos transplantes com doador falecido e queda de 18,8% nos com doador vivo, o quenão é de se lamentar. Também, ocorreu aumento nos transplantes de coração (25%), de pulmão (15,2%) e combinado de rim e pâncreas (9,8%), entretanto, a taxa desses transplantes é desproporcionalmente pequena quando analisada em relação ao número de doadores efetivos. Está havendo uma queda nos transplantes de pâncreas isolado, revelando um critério mais restrito para a indicação dessa modalidade de transplante, o que é louvável, tendo sido realizados apenas 166 transplantes, a grande maioria em São Paulo.
Em relação aos estados, observou-se um acréscimo nas taxas de doação no Espírito Santo (65%), Pernambuco (44%), Minas Gerais (39%), São Paulo (29%), Goiás (27%), Ceará (19%), Rio Grande do Norte (18%), Paraíba (17%). Santa Catarina (13%), Pará (13%), Distrito Federal
(5%) e Bahia (2%), e queda no Mato Grosso (33%), Paraná (15%), Rio de Janeiro (13%), Maranhão (9%), Rio Grande do Sul (10%) e Mato Grasso do Sul (10%).
No transplante renal, Santa Catarina (37,3 pmp) e São Paulo (37,1 pmp) se destacaram, mas ao analisar os transplantes com doador vivo, São Paulo (19,4 pmp) e Paraná (17,9 pmp) foram os mais ativos, muito acima da média do Brasil (9,5 pmp) e próximos da meta para o país em 10 anos (20 pmp), enquanto que com doador falecido os estados mais atuantes foram Santa Catarina (29,5 pmp) e Rio Grande do Sul (19,7 pmp), muito superiores que a média do Brasil (11 pmp) e Santa Catarina quase atingindo o objetivo previsto em 10 anos (35 pmp).
No transplante hepático destacaram-se Santa Catarina (15,5 pmp) e São Paulo (13,2 pmp), sendo que em São Paulo foram realizados 11,2 pmp com doador falecido e 2,0 pmp com doadror vivo, sendo o mais ativo nessa modalidade de transplante, seguido pelo Rio de Janeiro (1,8 pmp).
No transplantes de coração destacam-se como no ano passado, apenas invertendo a ordem, o Ceará (3,8 pmp) e o Paraná (3,3 pmp), distante dos demais estados e da média brasileira (1,1 pmp), enquanto que os transplantes pulmonares são realizados, na prática, apenas no Rio Grande do Sul (2,5 pmp) e em São Paulo (0,6 pm).
Os transplantes simultâneos de rim e pâncreas são realizados principalmente em São Paulo (2,2 pmp) e Paraná (1,8 pmp).
Com relação aos transplantes de córneas houve um crescimento de 12% e a taxa obtida (72,4 pmp) é em torno de 82% da prevista para atender a necessidade do país (90 pmp). São Paulo (153 pmp), Distrito Federal (146 pmp), Minas Gerais (102 pmp) e Paraná (97 pmp) realizaram mais transplantes que a necessidade prevista, entretanto, apenas São Paulo está se aproximando da “lista zero”. Devem ser analisadas detidamente nesse ano o grande número de pacientes em lista de espera, desproporcional ao número de transplantes realizados e à necessidade prevista e, principalmente, a baixa taxa de efetivação de transplantes em relação ao número de córneas removidas em alguns estados.
Enfim, 2008 foi um ano positivo para os transplantes no país, e a ABTO está consciente de que participou dessa retomada, assim como outras entidades, pois atuou efetivamente em 14 estados através de seus programas educacionais, e nesse ano propoe-se a atuar em pelo menos 20 em estados, que buscarem o seu apoio, para obter no final de 2009 o seu objetivo (8,5 doadores pmp).
Valter Duro Garcia
Editor RBT
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos – ABTO • www.abto.org.br

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

DOBRA O NÚMERO DE TRANSPLANTES NO BRASIL

Brasil Dobra o número de transplantes, mas 69 mil ainda aguardam na fila
São Paulo
/ Agênciaseditoria@ilustrado.com.br
O número de transplantes realizados anualmente no Brasil mais do que dobrou em dez anos.
Só no ano passado, foram feitos 5.373 procedimentos – contra 2.362 realizados em 1998.
Os números fazem parte do último relatório divulgado pela ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos). Em dez anos, foram feitos 45.955 transplantes de órgãos no país. Apesar do avanço, o Brasil está longe de atender a todos os que precisam de um novo órgão. A cada ano, a lista de espera aumenta. São quase 69 mil pessoas na fila.
Em 2001, já eram mais de 43,5 mil.De acordo com o vice-presidente da ABTO, o cirurgião Ben-Hur Ferraz Neto, o aumento da fila ocorre porque a cada ano mais pessoas buscam o tratamento por meio de transplantes. "O Brasil é vítima do próprio sucesso. Há dez anos, o sistema não era tão desenvolvido como é hoje. Por isso há uma procura e uma indicação maior por esse serviço".
Para o presidente da ONG Adote do Rio, Rafael Paim Cunha Santos, estudos mostram que essa tendência ocorre porque a velocidade de crescimento da lista -que, além dos atuais pacientes, recebe novas inscrições a cada dia- é maior do que a de transplantes.Paim, no entanto, diz que há uma evolução. "Não digo que já se possa comemorar, mas toda evolução é bem vista. Se a gente comparar com o que acontece em outros países que incentivam a doação, no entanto, o Brasil ainda está longe", afirma. "A média de doadores por milhão chega a ser cinco vezes maior em um país como a Espanha. Há muito espaço para melhorar", diz.
Entre os problemas atuais, ele destaca a subnotificação dos casos de morte encefálica e a ausência de neurologistas nos hospitais.
Em 2008, a taxa de doações, segundo a ABTO, cresceu 15%. O número de doadores por milhão de habitantes chegou a 7,2. A meta, para este ano, é elevar o índice para 8,5.
Segundo a ABTO, enquanto no Piauí há 0,3 doador por milhão de habitantes, em Santa Catarina o índice chega a 16,7 – é a primeira vez em que um Estado consegue superar o índice de 15 doadores por milhão. A maioria dos transplantes realizados no país é de rim. Foram 3.780 em 2008 – um recorde. Há, porém, cerca de 34 mil à espera de um rim, hoje. Os transplantes de córnea também ultrapassaram a marca de 2.000 (mas são hoje 26 mil pessoas na fila).
No final do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou um pacote para aumentar ainda mais o número de transplantes e aperfeiçoar o sistema no país. O cadastro de pacientes pela internet e o acompanhamento do andamento da fila pela rede foram algumas das medidas divulgadas.

Estado atinge índices históricos em captação de órgãos para transplantes.
24 de Fevereiro de 2009

RECORDE
Não é de hoje que o Estado de Santa Catarina vem se destacando nos transplantes de órgãos e, no ano que passou, atingiu mais uma marca histórica em termos de doações.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), pela primeira vez um estado ultrapassou a barreira dos 15 doadores por milhão de população (pmp).
Santa Catarina ficou em primeiro lugar nacional em número de doadores por milhão de habitantes com a marca de 16,7 pmp, seguido de Rio Grande do Sul (12,2 pmp) e São Paulo (12,0 pmp).

A média nacional fechou em 7,2 pmp. Parte destas estatísticas é resultado do comprometimento de equipes multidisciplinares como a d o Hospital Santa Isabel, em Blumenau, que é uma referência estadual tanto na captação como no implante de órgãos.
Mais informações: (47) 3321.1139 – Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Hospital Santa Isabel.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

BRINQUE O CARNAVAL COM SEGURANÇA. SE DEFENDA .

A hepatite C
é causada por um vírus que ataca o fígado de forma lenta e silenciosa, inicialmente sem sintomas físicos para o portador. O vírus pode danificar o fígado da pessoa contaminada, ocasionando, às vezes, cirrose e câncer do fígado.
A evolução do dano ao fígado é diferente para cada indivíduo, podendo levar entre 20 e 30 anos, quando 1 de cada 4 infectados evolui para cirrose ou câncer no fígado.
O portador de hepatite C que desconhece estar infectado aparentemente leva uma vida totalmente normal, pois a doença na maioria dos casos não apresenta sintomas e os riscos de contágio na vida social, na família ou no trabalho são pequenos quando tomadas algumas precauções. Mas silenciosamente pode estar perdendo o seu fígado!
A maior fonte de contaminação aconteceu no passado com as transfusões
sanguíneas, possibilidade hoje muito reduzida pelos testes de sangue realizados nos hemocentros.
O compartilhamento de seringas e agulhas de injeção por uso médico também é coisa do passado, já que hoje se emprega material descartável.

Atualmente, os maiores fatores de risco de contaminação são o compartilhamento de utensílios empregados para o uso de drogas injetáveis, que representa dois terços das novas infecções, e acidentes com instrumentos cortantes, inclusive com instrumentos de manicure ou pedicure.

A prevenção é importante, porém é muito importante detectar os milhões de infectados existentes e evitar que evoluam para danos irreversíveis na sua saúde. É muito importante que você realize o teste de detecção, caso faça parte dos grupos de maior risco de já estarem contaminados, que são:
• pessoas que receberam transfusão de sangue, antes de 1993;
• usuários de drogas injetáveis ou inaladas, inclusive aqueles que o fizeram só uma vez, em qualquer época da vida;
• filhos de mães contaminadas com a hepatite C;
• pessoas em tratamento de hemodiálise;
• hemofílicos;
• pessoas contaminadas pelo HIV;
• pessoas com múltiplos parceiros sexuais ou com histórico de doenças sexualmente transmissíveis;
• pessoas com tatuagens ou piercings.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A doação de órgãos no Brasil

Só no Estado de São Paulo, no ano de 2008, o transplante de órgãos atingiu recorde histórico. Até 15 de dezembro, foram 1.386 cirurgias, superando em 23% o ano passado. Foram 72 transplantes de coração, 117 de pâncreas, 752 de rim, 400 de fígado e 45 de pulmão. Esses são dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Inclusive, São Paulo registra quase um transplante por hora.
Mas, o que ainda faz com que o número de órgãos e de doadores seja insuficiente?
A resistência familiar é um entrave. O potencial doador tem que ter morte cerebral que ocorre como conseqüência de acidentes graves. A família fica tão perplexa diante da tragédia, que racionalmente não consegue analisar o fato com a frieza necessária para decidir e optar pela doação.
Um problema que pode impedir a doação é o paciente sofrer uma parada cardíaca durante a cirurgia, o que inviabiliza a retirada de alguns órgãos para doação. Além disso; resultados de sorologia positiva para HIV e outras doenças infecciosas, também tornam os órgãos inviáveis para o transplante.
Quanto à medula óssea, um acontecimento que vem favorecer a localização de um doador compatível; é a participação do Brasil na maior rede de registros de doadores de medula óssea do mundo; a americana National Marrow Donor Program (NMDP). Isso aumenta consideravelmente as chances de quem está à espera de um doador compatível. Só ela agrega 7 milhões de americanos cadastrados e mais 3 milhões de pessoas de outros países. O banco brasileiro tem 800 mil.
O nosso banco de dados também passa a fazer parte, porque agora a qualidade dos nossos registros e do sistema de busca, coleta e armazenamento foram reconhecidos. Essa parceria legitima internacionalmente a excelência do sistema brasileiro. O próximo país a participar deve ser a Alemanha.
Isso amplia a possibilidade de pacientes brasileiros encontrarem um doador compatível fora do país, com um custo muito menor, já que cerca de 45% deles já recorrem a bancos estrangeiros.
Os custos são altos e o SUS financia a identificação internacional de doadores, que chega a custar R$ 50 mil. Com essa troca entre banco de dados; o que for arrecadado com o envio de células-tronco de doadores brasileiros para outros países, será utilizado nos gastos para a busca internacional de doadores.
Quem faz essa busca é o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME ).
Outra informação animadora é a de que São Paulo zerou a fila de transplantes de córnea na capital. A tendência é de que esse fato ocorra em outras capitais e quem sabe no país inteiro.
Uma medida polêmica, decidida pelo Ministério da Saúde, pode beneficiar pessoas que estão na fila à espera de um transplante. São os órgãos “limítrofes”, aqueles que não estão em condições ideais para transplante, mas que no caso de extrema necessidade podem ter certa eficácia. Esses órgãos “limítrofes” são aqueles que viriam de doadores com doenças infecciosas, como a hepatite B,C, doença de Chagas, etc. O sistema será semelhante ao existente em São Paulo, onde pacientes e médicos decidem sobre o uso de órgãos não ideais antes do cadastro na fila.
O receptor teria que consentir. As entidades que representam os interesses dos pacientes estão preocupadas com essa medida. A receptora recebe o órgão, que tanto necessita, mas também pode receber a doença que o doador possuía. A questão é avaliar se o risco compensa. Nessa hora, o médico junto com o paciente tem que ponderar os prós e contras e tomar a decisão.
Esses órgãos serão oferecidos ao primeiro da fila, que se não aceitar será oferecido ao próximo e assim por diante. Certamente é mais uma opção, mas a polêmica vai gerar debates que podem trazer esclarecimentos e uma abordagem segura para esse procedimento, sendo mais uma esperança para aqueles que já não tem nenhuma.
Essa nova regra deverá ser publicada em março/2009.
O que pode ser doado:
1) Antes da parada cardíaca
• Coração (retirado do doador e mantido fora do corpo por no máximo 6 horas)
• Pulmão (retirados do doador e mantidos fora do corpo por no máximo 6 horas)
• Fígado (retirado do doador e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas)
• Pâncreas (retirado do doador e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas)
2) Depois da parada cardíaca
• Córneas (retiradas do doador até 6 horas e mantidas fora do corpo por até 7 dias)
• Rins (retirados do doador até 30 minutos e mantidos fora do corpo até 48 horas)
• Ossos (retirados do doador até 6 horas e mantidos fora do corpo por até 5 anos)
• Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue)
• Pele
• Válvulas Cardíacas.
3) Órgãos que podem ser doados em vida:
• Rim (apenas um)
• Pâncreas (uma parte)
• Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue)
• Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%)
• Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais)
Campanhas para incentivar a doação de órgãos para transplantes têm acontecido pelo país e em propagandas na TV.
O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo de ser doador. Não é necessário deixar nada por escrito. A doação de órgãos pode ocorrer a partir do momento da constatação da morte encefálica. Em alguns casos, a doação em vida também pode ser realizada, em caso de parentesco até 4ºgrau ou com autorização judicial (não parentes).
Fonte: Ministério da Saúde
A doação de órgãos é um ato louvável. Muitos ainda são resistentes por pura falta de informação. Quem morre não vai mais usar seus órgãos. Por outro lado, quem os recebe recupera sua qualidade de vida e saúde.

"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada, Caminhando e semeando, no fim terás o que colher".(Cora Coralina)
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009



ALIANÇA INDEPENDENTE DOS GRUPOS DE APOIO - AIGAAliança Brasileira pelos Direitos Humanos e o Controle Social nas Hepatites
www.aigabrasil.orgaigabrasil@aigabrasil.org

Os princípios na formação e estrutura da AIGA
1) A necessidade e o objetivo da criação do movimento:
O Objetivo principal da criação da ALIANÇA INDEPENDENTE PELOS DIREITOS HUMANOS E PELO CONTROLE SOCIAL NAS HEPATITES - "AIGA" (Aliança Independente de Grupos de Apoio), e capacitar ONGs ensinando os diversos mecanismos disponíveis para realizar o papel fundamental da sociedade civil, que é o de fazer com que o estado cumpra o que está determinado na Constituição Federal. A "AIGA" objetiva reunir ONGs e associações de pacientes que queiram assumir o compromisso de trabalhar nessa linha de independência com sustentabilidade e representatividade. Por serem associações de pacientes devem obrigatoriamente ter como forma de atuação a defesa dos pacientes como principal objetivo, sem interesses outros que venham prejudicar seus associados.

Todos os associados serão avaliados semestralmente em relação ao trabalho desenvolvido e forma de atuação e somente com a aprovação e aval de 60% do total de associados poderão permanecer na AIGA. O objetivo da formação da "AIGA" e evitar que por falta de capacitação e conhecimento as ONGs fiquem atreladas aos interesses dos agentes financiadores, públicos ou privados, se afastando do papel de mobilização social e cobrança das atribuições do Estado e da iniciativa privada.

Questões polêmicas que não agradam aos financiadores são omitidas por essas ONGs, para não pôr em risco o suporte monetário. Esta prática revela a despolitização e a falta de comprometimento dos militantes, que ao verem a possibilidade do financiamento, fazem qualquer negócio. Os financiamentos devem proporcionar não só a estruturação física, mas principalmente incentivo às ONGs para conquistar espaços na disputa de poder e representatividade. Cabe às ONGs, e somente a elas, lutar por novos projetos sociais.

É necessário evitar que os representantes do Estado falem como se fossem movimento social, e ONGs, falem como se fossem o próprio Estado. Para avançarmos em relação aos direitos humanos é preciso que a sociedade civil se manifeste com todas as suas demandas.

É preciso abrir espaços de discussões políticas, em que estejam contemplados os pensamentos e desejos da sociedade. O confronto de idéias é de fundamental importância, pois é através dele que as contradições aparecem, bem como é instância em que se conquista poder político e se amplia a noção do que é de responsabilidade do coletivo e do indivíduo. Se o estado tenta ignorar ou censurar a discussão meios públicos (mídia, judiciário e legislativo) podem ser acionados para tornar públicas as deficiências. As pessoas que têm seus direitos negados, como é o caso dos infectados pelas hepatites, ao organizarem-se se tornam visíveis para a sociedade. Caso contrário, não existindo como sujeitos, não vão ser agentes do processo, e continuarão como reféns.

Quando a sociedade civil é o agente do processo, todos podem se apropriar das mudanças, dando mais legitimidade e garantia para que estas mudanças realmente ocorram.

2) Sobre a forma de atuação da Aliança Independente pelos Direitos Humanos e pelo Controle Social nas Hepatites - "AIGA" (Aliança Independente de Grupos de Apoio) A Aliança Independente pelos Direitos Humanos e pelo Controle Social nas Hepatites
"AIGA" (Aliança Independente de Grupos de Apoio) é uma iniciativa das ONGs com maior experiência na área do controle social, dos direitos humanos e do "advocacy*" com o objetivo principal de capacitar e estruturar outras ONGs para conseguir representatividade e sustentabilidade nos seus objetivos.
* ADVOCACY é uma palavra da língua inglesa que pode ser traduzida como "defesa", se constituindo num processo mediante o qual um grupo de pessoas se organiza e capacita para reclamar seus direitos.
O objetivo é estruturar diversas ONGs para que atuando de forma independente possam conseguir a formulação e execução de políticas públicas em prol da divulgação, prevenção, detecção e tratamento das hepatites, seja por meio de proposituras ou acompanhamento de matérias no Congresso, buscando influenciá-las positivamente, seja mobilizando a sociedade civil, seja participando e atuando em eventos relacionados às hepatites ou divulgando informações na tentativa de formar opinião favorável à causa.
Os objetivos acima são considerados pelo controle social como ações de advocacy podendo acontecer nos níveis local, nacional e internacional lutando contra a discriminação e estigma social, acesso a serviços e tratamentos e mudanças de atitudes, práticas, leis e políticas de saúde, discriminatórias ou que colocam pessoas em um risco maior em relação à transmissão das hepatites. O advocacy é um processo que visa trazer mudanças nas atitudes, práticas, políticas e leis de indivíduos, grupos e instituições influentes. Um alvo-chave para o trabalho do Controle Social são as pessoas que criam políticas, mas mudanças consideráveis, também, podem ser estimuladas se o alvo forem as pessoas "influenciadoras" de políticas, aqueles que aconselham os formuladores de políticas. Influenciar politicamente e publicamente por meio da mídia, da sociedade civil ou pelo Judiciário nos comitês de políticas e grupos de trabalho governamentais é um dos mecanismos mais eficientes para a realização direta de mudanças. Resumindo, as ONGs participantes da "AIGA" receberão capacitação em tudo o que é referente à sua estruturação interna, na parte jurídica, na mobilização dos associados, do voluntariado, na captação de recursos, na assessoria de imprensa e até no fornecimento de material para campanhas.
A capacitação em diversas áreas será fornecida inicialmente pelas mais experientes ONGs que atuam nas hepatites as quais apresentam resultados bem sucedidos. ONGs de outras patologias com experiências de sucesso também serão convidadas a apresentar o seu trabalho especifico. Profissionais, como advogados, administradores, jornalistas, promotores, procuradores, juizes, legisladores, gestores públicos, médicos, sociedades médicas, etc., poderão atuar voluntariamente ensinando as ONGs a trabalhar de forma profissional. É necessário, também, se capacitar para aprender como "vender" uma matéria jornalística, como montar uma assessoria jurídica que facilite a vida dos associados de cada grupo. Resumindo, a Aliança pelos Direitos Humanos e Controle Social nas Hepatites atuará no sentido de fortalecer os grupos que a integram, os capacitando para que eles atendam os associados.
A Aliança não atenderá portadores. Eles deverão se dirigir aos grupos que fazem parte da Aliança, para dessa forma os fortalecer localmente. Inicialmente a experiência da ONG C Tem que Saber C Tem que Curar na área de parcerias com prefeituras, 112 nos últimos 3 anos (sendo 62 no ano de 2008) com o objetivo da realização de campanhas de testagem (cerca de 21 mil testes entre janeiro de 2007 a setembro de 2008) e de convênios com instituições como a OAB, será transmitida aos integrantes da Aliança. A experiência do GADA de São José do Rio Preto será mostrada para entender como é possível realizar convênios a nível municipal, estadual e federal e ao mesmo tempo realizar denúncias ao ministério público sem medo de perder os convênios ou sofrer represálias. Ainda, a experiência do GADA na fundação do RNP será um exemplo a ser seguido pela Aliança. A integração existente em Osasco entre o GAPHOR, o município, o estado, a farmácia de alto custo, CTA, laboratório, assistência médica privada e pública, pólo de medicação de aplicação multidisciplinar assistida e sociedades médicas será fundamental para se aprender como isso é possível de implementar em outros municípios.
O trabalho do Grupo Otimismo em relação ao levantamento de dados que possibilitam o controle dos gestores e a forma de motivar o ministério público e a defensoria em beneficio dos portadores, assim como a abertura de ações judiciais contra os planos de saúde, quando necessário, são caminhos pelos quais os grupos poderão se fortalecer.

3) Quem pode fazer parte da Aliança e como se associar A Aliança Independente pelos Direitos Humanos e pelo Controle Social nas Hepatites
"AIGA" (Aliança Independente de Grupos de Apoio) está sendo inicialmente formada e estruturada pelo Grupo Otimismo, o GAPHOR, a ONG C Tem que Saber e o GADA-SJRP. As ONGs interessadas em participar da "AIGA" deverão realizar a solicitação a um dos quatro grupos fundadores para avaliação da sua aceitação. Está depende de 60% mais 1 do total de Membros Fundadores e Efetivos que integrem a Aliança na ocasião da solicitação. As ONGs que solicitarem sua participação até o dia 28 de fevereiro de 2009 serão consideradas como associados fundadores.

4) O porquê da Aliança Independente pelos Direitos Humanos e pelo Controle Social nas Hepatites - "AIGA" (Aliança Independente de Grupos de Apoio)
Inspirados no sucesso do movimento social na AIDS, onde convivem pacificamente diversos movimentos (RNP, GADA, GAPA, GLS, PelaVidda, etc. etc.) onde todos eles se encontram legitimamente representados nos diversos programas municipais, estaduais e nacional, enxergamos uma forma de dar a oportunidade para que cada grupo de hepatites também tenha a liberdade de escolher seu caminho objetivando o fortalecimento, a independência e a sustentabilidade. O programa brasileiro de DST/AIDS é reconhecido e elogiado mundialmente. Isso só foi possível de se conseguir porque a pressão da sociedade civil, com reivindicações, manifestações, denuncias e ações judiciais conseguiram a atenção da opinião pública e do governo.
Os primeiros responsáveis pelo Programa DST/AIDS tiveram a visão de enxergar que o grande número de movimentos, com interesses específicos e diversos, seriam os instrumentos para conseguir a atenção e as verbas necessárias. Em vez de tentar abafar ou cooptar esses movimentos eles foram capacitados pelo próprio programa DST/AIDS a se organizarem profissionalmente, com o qual os gestores podiam defender o aumento das verbas no sistema público da saúde. Era necessário atender a gritaria! Será possível existirem algum dia nas hepatites inúmeras e diversas tendências no movimento das hepatites, todas com representação no programa nacional, mas cada uma lutando de forma independente pelos seus interesses específicos e, unidas sempre que o objetivo for comum a todos?
Pelo histórico parece que será difícil, pois fica evidente que o PNHV quer "controlar" o movimento social. Alegando que não existem recursos a estratégia do avestruz está sendo copiada, escondendo a cabeça e o problema debaixo da terra. O dia que conseguirmos formar grupos e tendências fortes à luta conseguirá avançar a passos acelerados e as hepatites receberam a atenção que merecem.
Trabalhar de qualquer outra forma será perda de tempo e enganação àqueles que pretendemos representar. Devemos lembrar que se um elefante incomoda muita gente trinta elefantes incomodam muito mais, sendo praticamente impossível alguém tentar calar ou dominar um movimento quando existem diferentes tendências internas, cada uma com sua própria palavra e seu próprio pensamento nos objetivos de luta.

5) O porquê da proposta de uma Aliança e não um Movimento de Adesão?
Existe uma diferença entre adesão e aliança. Aderir transforma mecanicamente os associados em aceitar tacitamente as determinações de quem for eleito. Aliança e a união de iguais, onde todos devem decidir os rumos, as determinações e até a indicação de integrantes para comporem comissões, comitês, etc., sempre pela opinião e voto democrático da maioria. Cabe a cada grupo discutir internamente nos próximos dias qual será a linha a seguir, de qual movimento ou aliança deseja participar. A escolha para ser democrática deve ser livre sem pressão ou marketing, pois não está se vendendo um produto.

CONTATOS:
Para informações e solicitação de adesão:- ONG C Tem que Saber C Tem que Curar - Francisco Martucci - atilaerosi@uol.com.br - Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite - Carlos Varaldo - hepato@hepato.com - GADA de São José do Rio Preto - Julio Caetano - gada@terra.com.br - GAPHOR - Dra. Marilia Gaboardi - mariliagaboardi@hotmail.com












domingo, 15 de fevereiro de 2009

Doação de Órgãos

Doação de Órgãos
Doe órgaos! A vida pode continuar
!


O Ministério da Saúde determina que todos os hospitais públicos, privados e filatrópicos, com mais de 80 leitos, constituam uma "Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes".

A equipe de profissionais da Comissão do Hospital Tacchini atua desde 2002, tendo já realizado inúmeras captações de órgãos, com apoio permanente da comunidade local e regional, além da participação intensa de todos os colaboradores e médicos do Corpo Clínico do Hospital Tacchini.

Tirando suas dúvidas


1. Como posso me tornar um doador de órgãos?
O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica ou da parada cardio-respiratória, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.Há duas situações para ser um doador: aquela em que o doador morre da parada cardio-respiratória (o coração para de bater), é o doador de córneas e ossos; e a morte encefálica, é o doador para múltiplos órgaos.


2. Quais os requisitos para ser considerado um doador?
Ter identificação e registro hospitalar;
Ter a causa da morte estabelecida e conhecida;
Não apresentar hipotermia (temperatura do corpo inferior a 35ºC), hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do Sistema Nervoso Central;
Passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Esses exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante;
Submeter-se a exame complementar que demonstre morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral;
Estar comprovada a morte encefálica. Situação bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas.
Observação: Após diagnosticada a morte encefálica, o médico do paciente, da Unidade de Terapia Intensiva ou da equipe de captação de órgãos deve informar de forma clara e objetiva que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplante.


3. O que é morte encefálica?
É a morte do cérebro, incluindo tronco cerebral que desempenha funções vitais como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. Não podemos nos confundir com coma. Todo o processo pode ser acompanhado por um médico de confiança da família do doador. É fundamental que os órgãos sejam aproveitados para a doação enquanto ainda há circulação sangüínea irrigando-os, ou seja, antes que o coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do paciente. Mas se o coração parar, só poderão ser doadas as córneas.


4. Quero ser um doador de órgãos. O que eu posso doar?
a) CÓRNEAS - retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias.

b) CORAÇÃO - retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas.

c) PULMÕES - retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas.

d) RINS - retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas.

e) FÍGADO - retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas.

f) PÂNCREAS - retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas.

g) OSSOS - retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos.

h) MEDULA ÓSSEA - se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue.

i) PELE.

h) VALVAS CARDÍACAS.


5. Para doar córneas é preciso estar em morte encefálica?
Não somente. As córneas podem ser retiradas até 6 hs após a parada do coração. O limite de idade é de 2 a 80 anos.

6. Quem não pode doar?
Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular.
Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados.
Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas.
Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas.


7. Quem recebe os órgãos e/ou tecidos doados?
Quando é reconhecido um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando um órgão. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade entre o doador e o receptor. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a receber o órgão.


8. Como garantir que meus órgãos não serão vendidos?
As centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde controlam todo o processo, desde a retirada dos órgãos até a indicação do receptor. Assim, as centrais de transplantes controlam o destino de todos os órgãos doados e retirados.


9. A retirada dos órgãos deforma o corpo?
Não. A diferença não dá para perceber. Aparentemente o corpo fica igualzinho. Aliás, a lei é clara quanto a isso: os hospitais autorizados a retirar os órgãos têm que recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da retirada. Para quem doa não faz diferença, mas para quem recebe sim!


10. Quem arca com os custos de doação?
Todas as despesas são pagas pelo Sistema Único de Saúde. (SUS)


11. Posso doar meus órgãos em vida?
Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sangüínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa. Para doar órgãos em vida é necessário:

Ser um cidadão juridicamente capaz; Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;
Apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;
Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando;
Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante;
Ser parente de até quarto grau ou cônjuge.

No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.


12. Que órgãos e tecidos podem ser doados em vida:
Rim
Medula Óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue)
Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%)
Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais)


Fontes: www.abto.org.br - www.saude.gov.br

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Dia das Hepatites foi aceito para discussão na OMS

Recebemos do Ministério da Saúde a confirmação de que na reunião do Comitê Executivo da Organização Mundial da Saúde para preparação da pauta com os temas que serão discutidos durante a Assembléia Geral que acontece no mês de maio, foi aceita a proposta realizada pelo representante brasileiro, Dr. Paulo Buss, para que seja discutida e votada a instituição do dia 19 de maio como o Dia Mundial das Hepatites.
Agradecemos a todos os integrantes do ministério da saúde que possibilitaram para que isso acontecesse. A troca de e-mails, algumas brigas, etc. faz parte da discussão democrática, com troca de opiniões divergentes, com tempos e ansiedades diferentes, mas todas elas sejam de que lado fosse tinham um objetivo final e igual, que era conseguir que o Comitê Executivo aceitasse a inclusão na pauta da Assembléia Geral da OMS.
Mas a luta não acabou é agora será necessário dar visibilidade ao tema para que no mês de maio os representantes de todos os países aprovem a proposta. Em nome do Grupo Otimismo, da World Hepatitis Alliance e das ONGs que se engajaram nesta luta agradeço a todos os que colaboraram para superar mais este degrau no reconhecimento das hepatites como uma epidemia mundial. Carlos VaraldoGrupo OtimismoWorld Hepatitis Alliance - WHA
Segue e-mail recebido do PNHV: Como é do conhecimento de todos, aconteceu em Genebra, na última semana, a Reunião do Conselho Executivo (CE) que antecede a Assembléia Mundial da Saúde.
O governo brasileiro, em parceria com as Organizações da Sociedade Civil e as Frentes Parlamentares da Saúde e das Hepatites Virais, apresentou, com total apoio do Senhor Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a proposta brasileira para a discussão do tema hepatites virais, incluindo a instituição do dia 19 de maio como o "DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA AS HEPATITES VIRAIS", para que todas as nações do mundo desenvolvam ações que visem à promoção a saúde, à prevenção e ao controle desse relevante problema de saúde pública.
Este PNHV compartilha com seus parceiros a oportunidade dada pelo CE para o Brasil incluir e defender tal proposta na Assembléia Mundial da Saúde (AMS), nos dias 18 a 27 de maio, em Genebra.
Para a aprovação na AMS é imprescindível que tracemos como estratégia uma intensa articulação com as instituições- governos e sociedades civis- dos demais países. Obrigado pelo apoio e continuamos juntos pela instituição do DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA AS HEPATITES VIRAIS, para que a data seja lembrada mundialmente como o grande dia de mobilização e alerta ao sério problema que são as hepatites virais. Abraços,
Ricardo Gadelha de Abreu
Coordenador do Programa Nacional para Prevenção e Controle das Hepatites ViraisDepartamento de Vigilância Epidemiológica Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúdericardo.gadelha@saude.gov.br(61) 3213.8293

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Médico da USP apresenta projeto de transplantes de órgãos

(10/02/2009 16:57)
A disciplina de nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) promoveu, na noite da última segunda-feira, 9 de fevereiro, a conferência “Progresso Científico: Ética - Prática Médica”. Na oportunidade, o professor e hepatologista da USP, Silvano Raia, apresentou também um projeto do Hospital Sírio Libanês na área de transplantes que deverá ser implantado em Alagoas num prazo de 60 dias.
O número de transplantes no Brasil é superado apenas pelos Estados Unidos. Devido a essa grande demanda, o professor Silvano Raia comenta que “esta é uma área que merece muita atenção dos órgãos estatais competentes, porém, a falta de órgãos e a concentração dos centros de transplantes em apenas 9 estados brasileiros têm dificultado muito a vida daqueles que estão nas fila à espera de um órgão”.
A partir de 2008, o sistema de doações feitas pelo Ministério da Saúde a hospitais que realizam este tipo de procedimento foi modificado, mudando a realidade nacional. “Esta mudança efetuada pelo SUS beneficia substancialmente o atendimento na área de transplantes para os pacientes usuários do SUS”, informa Raia. Agora, o SUS encaminha verbas a projetos direcionados ao atendimento da população menos favorecida e usuária do SUS.
O projeto apresentado pelo médico Silvano Raia na Uncisal intitula-se: ‘Qualificação em Captação e Transplante de Órgãos’. “Esta é uma nova forma de filantropia e pretende estimular e apoiar o desenvolvimento de centros de transplantes de órgãos nos estados que não possuem estes serviços”, afirma o professor. A implementação constitui-se de um grupo de trabalho que é coordenado pelo próprio Silvano Raia cujo pólo central está no Hospital Sírio Libanês e conta com médicos especialistas em transplantes de diversos órgãos em outras unidades de saúde, além de um coordenador de distribuição de órgãos e de técnicas de captação. O projeto ‘Qualificação em Captação e Transplante de Órgãos’ tem também ações integradas que são: avaliação das condições locais, entrevistas de candidatos a estágios, conferências sobre temas relacionados à área, estruturação de uma rede de telemedicina, entre outras atividades. Após a conferência, o professor Silvano Raia e o doutor Ronny Mitsuoaka participaram de uma reunião junto com o reitor da Uncisal e doutor em nefrologia, André Falcão, a médica e professora da Uncisal, Maria do Carmo Borges, e o vice-governador do Estado e médico, José Wanderley Neto, onde acordaram que num prazo de sessenta dias acontecerá o início dos estágios e da rede de telemedicina, onde serão realizadas as conferências de cada setor específico. Silvano Raia acredita que “em Maceió o projeto deverá ter um desenvolvimento muito rápido devido ao interesse dos médicos da área de transplantes locais, assim como pelo apoio do vice-governador, que também é médico da área de transplantes”, comentou o médico da USP. Silvano Raia é ex-diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e professor emérito da USP. Pioneiro em transplantes de fígados no Brasil, ele coordenou o primeiro transplante de fígado bem-sucedido na América Latina, realizado no dia 1º de setembro de 1985, pela equipe da Unidade de Fígado do Hospital das Clínicas.
Silvano Raia também realizou o primeiro transplante do mundo entre pacientes inter-vivos no qual uma parte do fígado de uma mulher foi transplantado com sucesso para seu filho de aproximadamente três anos de idade. O evento aconteceu no miniauditório Emil Burihan, que fica na Uncisal, no Trapiche da Barra.
FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE RENAIS E
TRANSPLANTADOS DO BRASIL



Realizou-se nos dias 4 e 5 de fevereiro a primeira reunião do GT de Transplantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em Brasília, onde tivemos a oportunidade de fazer uma primeira análise da atual conjuntura dos transplantes no Brasil, a partir de dados que foram previamente pesquisados e apresentados ao grupo por médicos experientes, envolvidos diretamente com o assunto e que vivenciam no cotidiano as dificuldades que o programa de transplantes apresenta, em unidades de saúde públicas e privadas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). O texto "CONSIDERAÇÕES SOBRE O NOVO REGULAMENTO TÉCNICO DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTES", que foi apresentado ao Pleno do CNS no dia 13 novembro de 2008 (19 dias antes do término do prazo da Consulta Pública que estava no site do Ministério da Saúde), cujo encaminhamento foi a recondução do mesmo para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, somente foi remetido para o gabinete do ministro no dia 1/12/2008.

Até a presente data, não obtivemos nenhuma resposta, fora o fato de que o documento não foi encaminhado, em tempo hábil ao órgão competente, segundo explicações da atual secretaria executiva do CNS. Independente do acontecido, cabe lembrar que consegui inserir todas as "Considerações" dentro do prazo regular. A reunião foi muito produtiva e foram feitos vários encaminhamentos que trarão contribuições importantes aos usuários do SUS, candidatos a transplantes e a população em geral, sobre todos os aspectos e informações relativas a este procedimento de alta complexidade e que poderá ser melhor compreendido a partir do trabalho deste GT do CNS, em parceria com outras instituições de classe, sociedade civil e setores técnicos do MS.

Lembrando que já são 66 entidades que estão acompanhando este movimento, o qual esperamos contribuir para a mudança da cultura de transplantes no Brasil. A imprensa também já está acompanhando esta matéria, como coadjuvante na divulgação de todas as informações, no sentido de sensibilizar a sociedade civil e aos órgãos governamentais para este assunto de alta relevância, que envolve mais de 70 mil cidadãos que sofrem à espera de um transplante de órgãos em todo o país.


Rosangela Santos Conselheira Nacional de SaúdePresidente da FARBRA Contatos: RJ - (21) 2252-2134 * (21) 9263-6912

Brasília (61) 9196-439 arerj@br.inter.net



Matéria - O Estado de São Paulo - Publicada no dia 6-2-2008


Saúde vai liberar órgãos não ideais para transplantes. Medida, que deve ser publicada em março, agrada a médicos, mas preocupa pacientes.

Fabiane Leite


O Ministério da Saúde decidiu as situações em que as equipes médicas poderão utilizar órgãos "limítrofes", aqueles que não estão em condições ideais para transplantes. Órgãos de doadores com doenças infecciosas como a hepatite C, por exemplo, poderão ser utilizados desde que haja consentimento assinado do receptor e que ele também seja portador da doença.

Veja a evolução no número de transplantes no Brasil http://www.estadao.com.br/geral/not_ger319370,0.htm

Atualmente grande parte dos órgãos para doação tem algum tipo de problema e as equipes adotam estratégias próprias para aproveitá-los. Não havia, porém, uma regulamentação nacional sobre o assunto.

A nova regra deverá ser publicada em março, dentro de um pacote com outras mudanças para o setor. O objetivo do ministério é diminuir o prazo de espera nas filas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes - atualmente 58.634 pessoas estão na fila de transplantes no País.


O sistema será semelhante ao existente em São Paulo, onde pacientes e médicos decidem sobre o uso de órgãos não ideais antes do cadastro na fila.
Representantes dos pacientes, no entanto, manifestaram preocupação, principalmente por causa de temores sobre os resultados deste tipo de transplante para os receptores dos órgãos e a capacidade dos doentes para decidir sobre a utilização de enxertos não ideais. "São 66 entidades solicitando extensão do prazo de discussão.


"Hoje os pacientes não são informados de forma que entendam o risco que estão correndo. Além disso, não se sabe os níveis de qualificação das equipes médicas e não há dados sobre os resultados dos transplantes para ajudar o paciente a decidir", afirmou Rosangela Santos, presidente da Federação das Associações dos Renais Crônicos e Transplantados do Brasil.

A pasta já encerrou a consulta pública lançada em setembro do ano passado sobre as novas regras para o setor de transplantes e, segundo informou o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, as orientações para o uso dos órgãos limítrofes são definitivas e serão encaminhadas para autorização do ministro José Gomes Temporão.


Elas permitem que médicos e pacientes decidam juntos, por exemplo, se aceitarão órgãos com problemas como hepatite C, B e doença de Chagas, mas só nos casos em que o receptor do órgão também tiver esses problemas. Assim, se o primeiro da fila não tiver aceitado o órgão limítrofe, o enxerto poderá passar para o próximo da fila que tiver concordado com as condições.

Órgãos de doadores com histórico de sífilis, infecção pelo citomegalovírus e toxoplasmose também poderão ser aceitos, independentemente de o receptor ter ou não sofrido dos problemas, isto porque para essas doenças há tratamentos eficientes. "É importante passar uma mensagem de segurança.


A regra é baseada em consentimento livre e informado, em um conjunto de informações fornecidas ao paciente, na franqueza da relação médico-paciente", disse Beltrame, que destaca ainda que há embasamento científico na regulamentação. Segundo Paulo Massarollo, integrante da câmara técnica de fígado do ministério, os critérios para doação vêm sendo expandidos nos últimos anos por causa do aprimoramento do transplantes. "Antes o limite eram doadores mais jovens, mas isto tem sido expandido com a melhoria da técnica. E com resultados cada vez melhores", enfatiza.

Atualmente a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) finaliza, juntamente com a Associação Médica Brasileira, diretrizes mais específicas sobre o uso de órgãos limítrofes, baseada em revisão de literatura científica. No entanto, o trabalho só deverá ficar pronto no fim do semestre.

Segundo Maria Cristina Ribeiro, coordenadora do projeto, há poucos estudos relevantes sobre o uso de órgãos limítrofes, pois a maioria observou poucos pacientes. "Se por um lado é benéfico para muitos, para outros implica riscos e temos de lidar com isto. Existem estudos, por exemplo, que mostram que mesmo que o receptor já tenha hepatite C ele corre o risco de adquirir um outro tipo de vírus da doença."
COLABOROU ALEXANDRE RODRIGUES

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Projeto - 09/02/2009
SUS poderá fornecer gratuitamente medicamentos contra hepatite C.
Bernardo Hélio

Eduardo Sciarra argumenta que o tratamento da doença é muito caro.
A Câmara analisa o Projeto de Lei 4514/08, do deputado Eduardo Sciarra (DEM-PR), que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a fornecer gratuitamente os medicamentos para tratamento dos portadores de hepatite C.
A hepatite C é causada por um vírus transmitido principalmente pelo sangue contaminado. O portador do vírus pode desenvolver uma forma crônica da doença que leva a cirrose (lesões no fígado) e câncer hepático. Em geral, a doença não revela sintomas até que atinja estágios mais avançados.
Tratamento caro
Eduardo Sciarra argumenta que o tratamento da doença é muito caro e que a maioria dos brasileiros não tem condições de custeá-lo. Segundo o projeto, o Ministério da Saúde padronizará os remédios a serem utilizados em cada forma e estágio da doença. O texto determina ainda que as despesas decorrentes da implementação da medida estarão previstas nos orçamentos da União, dos estados e dos municípios.
Tramitação
O projeto será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.Íntegra da proposta:- PL-4514/2008

sábado, 7 de fevereiro de 2009

DEMORA QUE ANGUSTIA
Escassez de leitos amplia o drama da leucemia
A falta de leitos está atrasando a realização de transplantes de medula óssea no Brasil e prejudicando a saúde de pacientes que têm a sorte de encontrar um doador compatível. No Rio Grande do Sul, a espera por uma vaga para a realização do procedimento costuma se prolongar de dois a quatro meses – o que é muito tempo para pacientes com leucemia por comprometer as chances já modestas de cura (ao redor de 50% dos casos).Hoje, esse é um dos principais obstáculos enfrentados por vítimas da doença, como o filho do deputado federal gaúcho Beto Albuquerque, Pietro, morto ontem aos 19 anos, e a jogadora de basquete Michelle Splitter, de mesma idade, que morreu na noite de segunda-feira. Ambos não resistiram à leucemia mesmo depois de terem se submetido a transplantes de células-tronco, que costumam ser chamadas genérica e popularmente de medula óssea, embora possam ser encontradas, também, em cordões umbilicais e no sangue. Pietro, porém, teve de viajar a São Paulo, porque não havia vaga no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Entenda a leucemia e saiba como doar medula óssea
A dificuldade em conseguir lugar em um hospital vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) faz com que, em média, 200 pacientes em todo o país e 15 no Rio Grande do Sul mantenham-se na espera pelo tratamento, mesmo já tendo encontrado um doador compatível.Isso aumenta muito a angústia da família. Primeiro, é a luta para encontrar um doador a tempo. Depois, ainda tem de esperar por um leito – lamenta a presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Merula Steagall.O problema não é só o aumento no grau de ansiedade de vítimas e parentes. Enquanto aguardam, a condição de saúde tende a se agravar. Isso piora a situação do doente. O ideal seria que o transplante fosse feito assim que possível – garante a hematologista Lucia Silla, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do serviço de transplante de medula óssea do Clínicas.A chefe do serviço do Clínicas, Liane Daudt, afirma que a unidade conta com seis leitos para transplante de medula em que o doador é uma outra pessoa (em alguns casos, o próprio paciente pode retirar uma porção de sua medula, fazer um tratamento e reintroduzi-la no organismo). Dessas vagas, apenas três se destinam a doações de não-aparentados. O ideal é que tivéssemos pelo menos o dobro disso – observa.Isso faz com que a falta de estrutura nos hospitais seja o grande gargalo para as vítimas da leucemia no país. Até então, o Brasil concentrava esforços na ampliação do registro de possíveis doadores. Nos últimos anos, mediante uma eficaz mobilização do Instituto Nacional de Câncer (Inca), essa lista explodiu. Em 2007, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) contava 500 mil voluntários dispostos a salvar a vida de um desconhecido. No mês passado, o contingente de doadores já atingia 960 mil e deverá alcançar a marca histórica de um milhão de cadastros nos próximos dois meses, mantido o ritmo atual. O problema é que o número de transplantes não acompanha esse crescimento vertiginoso – lamenta Merula.Os dados do Inca confirmam. Em 2007, foram realizados 135 procedimentos. No ano passado, apesar de um crescimento de 88% na lista do Redome, a realização de transplantes entre não-aparentados se manteve estagnada – 133 doentes foram beneficiados.Um dos grandes motivos disso é a falta de leitos. Dados do Ministério da Saúde de junho do ano passado apontam a existência de 30 leitos em 14 instituições destinadas especificamente à realização de transplantes de medula entre pessoas que não têm relação de parentesco no Brasil – o último recurso para quem não encontra cura nos tratamentos convencionais ou um doador entre a família.
MARCELO GONZATTO E MAURO GRAEFF JÚNIOR
Por que é um procedimento complexo
A pouca oferta de leitos para transplante entre pessoas que não são parentes pode ser explicada pela necessidade de preparo das equipes e de infraestrutura:
> Ao ser internado, o paciente que vai receber as células é submetido a altas doses de quimio ou radioterapia para destruir a medula doente.
> O leito em que ele é instalado deve se localizar em uma ala própria, com isolamento do ambiente. No Clínicas, por exemplo, todo o ar em circulação entra por um filtro e sai por outro, a fim de manter o local livre de contaminações.
> A equipe médica e de enfermagem que vai fazer o transplante precisa receber treinamento especial para lidar com a doação de não-aparentados, uma vez que as ameaças de rejeição e complicações são muito maiores, devido às diferenças genéticas entre doador e receptor.
> O transplante é feito na forma de uma infusão que dura aproximadamente duas horas.
> Devidos aos riscos, o paciente costuma ficar internado de 40 a 60 dias, e por pelo menos três meses deve permanecer próximo ao hospital.
> O risco do transplante – de rejeição ou recaída da leucemia – se estende por cerca de dois anos.
> Isso faz com que a chance de sucesso fique em aproximadamente 50%.
marcelo.gonzatto@zerohora.com.br mauro.graeff@zerohora.com.br

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Saúde vai liberar órgãos não ideais para transplantes

Medida, que deve ser publicada em março, agrada a médicos, mas preocupa pacientes.
Fabiane Leite

O Ministério da Saúde decidiu as situações em que as equipes médicas poderão utilizar órgãos "limítrofes", aqueles que não estão em condições ideais para transplantes. Órgãos de doadores com doenças infecciosas como a hepatite C, por exemplo, poderão ser utilizados desde que haja consentimento assinado do receptor e que ele também seja portador da doença.

Veja a evolução no número de transplantes no Brasil.

Atualmente grande parte dos órgãos para doação tem algum tipo de problema e as equipes adotam estratégias próprias para aproveitá-los. Não havia, porém, uma regulamentação nacional sobre o assunto.

A nova regra deverá ser publicada em março, dentro de um pacote com outras mudanças para o setor. O objetivo do ministério é diminuir o prazo de espera nas filas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes - atualmente 58.634 pessoas estão na fila de transplantes no País. O sistema será semelhante ao existente em São Paulo, onde pacientes e médicos decidem sobre o uso de órgãos não ideais antes do cadastro na fila.

Representantes dos pacientes, no entanto, manifestaram preocupação, principalmente por causa de temores sobre os resultados deste tipo de transplante para os receptores dos órgãos e a capacidade dos doentes para decidir sobre a utilização de enxertos não ideais. "São 66 entidades solicitando extensão do prazo de discussão. Hoje os pacientes não são informados de forma que entendam o risco que estão correndo. Além disso, não se sabe os níveis de qualificação das equipes médicas e não há dados sobre os resultados dos transplantes para ajudar o paciente a decidir", afirmou Rosangela Santos, presidente da Federação das Associações dos Renais Crônicos e Transplantados do Brasil.

A pasta já encerrou a consulta pública lançada em setembro do ano passado sobre as novas regras para o setor de transplantes e, segundo informou o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, as orientações para o uso dos órgãos limítrofes são definitivas e serão encaminhadas para autorização do ministro José Gomes Temporão. Elas permitem que médicos e pacientes decidam juntos, por exemplo, se aceitarão órgãos com problemas como hepatite C, B e doença de Chagas, mas só nos casos em que o receptor do órgão também tiver esses problemas. Assim, se o primeiro da fila não tiver aceitado o órgão limítrofe, o enxerto poderá passar para o próximo da fila que tiver concordado com as condições.

Órgãos de doadores com histórico de sífilis, infecção pelo citomegalovírus e toxoplasmose também poderão ser aceitos, independentemente de o receptor ter ou não sofrido dos problemas, isto porque para essas doenças há tratamentos eficientes. "É importante passar uma mensagem de segurança. A regra é baseada em consentimento livre e informado, em um conjunto de informações fornecidas ao paciente, na franqueza da relação médico-paciente", disse Beltrame, que destaca ainda que há embasamento científico na regulamentação. Segundo Paulo Massarollo, integrante da câmara técnica de fígado do ministério, os critérios para doação vêm sendo expandidos nos últimos anos por causa do aprimoramento do transplantes. "Antes o limite eram doadores mais jovens, mas isto tem sido expandido com a melhoria da técnica. E com resultados cada vez melhores", enfatiza.

Atualmente a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) finaliza, juntamente com a Associação Médica Brasileira, diretrizes mais específicas sobre o uso de órgãos limítrofes, baseada em revisão de literatura científica. No entanto, o trabalho só deverá ficar pronto no fim do semestre. Segundo Maria Cristina Ribeiro, coordenadora do projeto, há poucos estudos relevantes sobre o uso de órgãos limítrofes, pois a maioria observou poucos pacientes. "Se por um lado é benéfico para muitos, para outros implica riscos e temos de lidar com isto. Existem estudos, por exemplo, que mostram que mesmo que o receptor já tenha hepatite C ele corre o risco de adquirir um outro tipo de vírus da doença."

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Saúde do Transplantado

Saúde do Transplantado - GAT Grupo de Apoio aos Transplantados (ABTO)

Mensagem aos Familiares

Se você tem na sua família alguém transplantado ou que irá passar por um transplante, nós temos algo a lhe dizer.

A família é nosso referencial é nela que aprendemos tudo o que precisamos para viver como: andar, falar, comer, amar, valores, comportamentos, compartilhamos sentimentos. Mas é na família também onde compartilhamos dificuldades e conflitos. Afinal somos humanos, diferentes e a vida em grupo requer muita flexibilidade, amor e compreensão. Resumindo, a vida em família traz emoções gratificantes, mas traz também momentos difíceis. Quando tudo isso se soma a uma situação de doença a tendência é complicar.

A doença pode trazer à tona conflitos familiares que estavam adormecidos, criando estados de confusão na dinâmica familiar. É como aumentar a chama da panela, certamente a água vai ferver. A pergunta é: como oferecer tranqüilidade, apoio e compreensão ao nosso familiar doente, diante de uma situação de desequilíbrio?

Partindo do pressuposto que conflitos estarão presentes, algumas dicas são interessantes:
- conversar sobre as dificuldades demonstrando interesse em modificá -las e resolvê-las, traz sensação de segurança e confiança a todos.
- aceitar a doença e viver este momento como uma oportunidade de mudança e não como um empecilho para o crescimento individual e familiar, pode amenizar a ansiedade e os sentimentos de culpa.
- buscar ajuda externa de preferência de um profissional, é valioso.

Muitas vezes estamos mergulhados nos problemas e não enxergamos soluções, alguém de fora pode contribuir com um outro olhar.
- ser honesto um com o outro falar francamente, possibilita soluções e evitam-se fantasias.
- esclarecer dúvidas com a equipe diminui fantasias e propicia melhores recursos para lidar com a realidade.

Além disso, é importante lembrar também que todos devem contribuir, principalmente se o paciente depende de cuidados básicos.


Geralmente os cuidados ficam sob a responsabilidade de uma pessoa, o que pode resultar em desânimo, cansaço, sentimento de culpa, impotência. O paciente percebe e se sente um peso para a família e para aquele que cuida. Não podemos esquecer que todos podem ajudar, esta troca vai possibilitar a todos a continuidade de suas atividades individuais, o crescimento da família e conforto do paciente.
Promover uma situação familiar natural onde todos possam continuar trabalhando, estudando, passeando, namorando, etc., é extremamente importante e saudável. Cada um precisa estar se sentindo bem, com disposição, energia, confiança, segurança, alegria... Para oferecer ajuda ao seu ente querido e aos demais familiares. Lembre-se ninguém pode dar aquilo que não tem.
Finalmente é fundamental acreditar que vocês têm condições para lidar com a situação!

Rosana Trindade Santos RodriguesPsicóloga Programa De Transplante HepáticoSanta Casa de São Paulo
Desmistificando o Transplante
A realização do transplante geralmente é cercada de muitas expectativas, sobretudo quando a pessoa está severamente doente.
Sabemos que o transplante proporciona melhora na qualidade de vida de quem o realiza, conforme já comprovado por inúmeras pesquisas.
Para algumas pessoas, portadoras de certas doenças mais graves, a cirurgia representa, inclusive, a única chance de sobrevivência.
Apesar desses benefícios evidentes, queremos abordar aqui algumas questões importantes para você que é candidato ao transplante.
A idealização da cirurgia é bastante comum. O indivíduo doente muito freqüentemente atribui grande importância ao transplante, julgando que este poderá resolver boa parte de seus problemas atuais. Não é raro que alguns pacientes se voltem totalmente para a cirurgia, adiando todos os planos que têm para depois do transplante.
Enquanto você aguarda pela cirurgia, sempre que possível procure pensar em projetos de vida que possam ser colocados em prática na atualidade. Dê preferência aos planos que possam ser de fato, concretizados, com um começo, meio e fim e que estejam dentro do seu alcance. Agindo assim, você se sentirá mais satisfeito consigo.

Tente encarar a espera pelo transplante como algo que pode lhe trazer benefícios. Lembre-se que nesse tempo você poderá se preparar melhor, não só fisicamente, mas também do ponto de vista emocional.

O outro erro a ser evitado é descuidar de seu estado físico. É comum que alguns pacientes digam que hoje em dia cometem alguns abusos, mas que depois da cirurgia “tudo vai mudar”.

Antes do transplante é essencial que você cuide de sua saúde e que colabore com o tratamento. Saiba que quanto mais seu organismo estiver equilibrado, maiores as chances de que a cirurgia seja bem sucedida.

Na fase pós-transplante é importante ter em mente que o organismo leva um tempo para se recuperar. É um momento no qual seu corpo precisará se acostumar com o novo órgão e com os remédios (imunossupressores) que você passará a usar rotineiramente. Alguns pacientes, por idealizarem demais o transplante, demonstram contrariedade e impaciência, ficam ansiosos ou deprimidos com a hospitalização e a recuperação mais prolongada.

Complicações pós-cirúrgicas podem acontecer inclusive à rejeição do órgão, perspectiva esta que você deve também levar em consideração.

É importante ressaltar, porém, que a equipe de saúde que o atende estará preparada para contornar os problemas que venham a ocorrer e que todo esforço será feito para que o transplante seja bem sucedido.

Após o transplante é importante que você evite se expor ao risco de contrair infecções que podem levar à rejeição do órgão. Você será orientado sobre isso, mas, se ainda tiver dúvidas a respeito, não se acanhe: informe-se com a equipe de saúde que o acompanha.

Aos poucos, você se sentirá em condição de retomar sua rotina e é importante que isso aconteça, logo que for possível.

O transplante deve ser encarado como algo que deve trazer benefícios em sua qualidade de vida. Evite ficar demasiadamente apegado à idéia de que, sendo transplantado, está impossibilitado de realizar coisas que, na verdade, está totalmente apto a fazer.

Isso não significa que você poderá cometer abusos. Vale lembrar que muitos casos de rejeição estão ligados à falta de colaboração do paciente com o tratamento e que este risco aumenta com o passar dos anos. Pacientes transplantados há mais tempo são os que correm maior risco de “relaxar” com o tratamento, mas isso pode também ocorrer com os recém-transplantados.

Lembre-se que o transplante é uma forma de melhorar sua saúde e sua qualidade de vida, mas que a cirurgia ou a equipe de saúde, sozinhas, n ã o poder ã o proporcionar isso a você, sem que haja sua participação.

Tenha em mente que o transplante é um “caminho” que pode ser percorrido de diversas maneiras. Muito do que acontece nesse percurso depende exclusivamente de você!

Sandra AmorimPsicóloga do Serviço de Nefrologia e Ambulatório de Transplante Renal Santa Casa de São Paulo.
Email:sandra-amorim@uol.com.br


Medicamentos Imunossupressores


Os imunossupressores são medicamentos que evitam a rejeição do órgão transplantado.

O nosso sistema imunológico reconhece, defende e protege o nosso organismo contra infecções, e rejeitam tudo o que é estranho, o órgão transplantado é visto pelo sistema imune como algo estranho não pertencente ao “seu organismo”. Por isso é de extrema importância o uso dos imunossupressores, que irá ajudar a “enfraquecer” o sistema imunológico para que este não rejeite o órgão.

Para o sucesso do seu transplante é importante que as medicações sejam tomadas da forma prescrita pelo seu médico, seguindo os horários e as orientações determinadas.

A dosagem deve ser exata, pois ao ingerir uma quantidade maior, o seu organismo pode ficar mais susceptível às infecções e a toxicidade, e ao ingerir uma quantidade menor o seu organismo poderá rejeitar o órgão transplantado.

Os impressos para aquisição dos imunossupressores são preenchidos pelo médico durante a internação hospitalar. Os medicamentos são retirados em locais específicos indicados pela equipe que o acompanha e são de responsabilidade do paciente/familiar. É importante que a medicação seja bem controlada para que não falte no uso diário. E devem ser retirados mensalmente mediante receituário médico.

Cuidado com as medicações:
Guardar todas as medicações em lugar fresco, arejado, longe do sol e do alcance das crianças.
Manter consigo a lista dos medicamentos que está tomando.
Tomar somente as medicações prescritas e autorizadas pelo seu médico e consultá-lo sempre que houver necessidade de utilizar outros medicamentos (vacinas, por exemplo).
Repor as medicações, para evitar que faltem, principalmente antes dos feriados prolongados.
Nunca aumentar ou diminuir a dose de uma medicação sem a clara orientação do seu médico.
Tomar as medicações nos mesmos horários para garantir uma regularidade nos intervalos.
Não tomar os imunossupressores antes das coletas de sangue para exames laboratoriais.
Estas são as medicações imunossupressoras geralmente utilizadas:
a) Ciclosporina - Sandimun Neoral®
b) Prednisona – Meticorten®
c) Tacrolimus – Prograf®
d) Micofenolato Mofetil – Cellcept®
e) Rapamune – Sirolimus
Como toda medicação, os imunossupressores podem dar algum tipo de efeito colateral, se acontecer com você, não suspenda o uso, nem altere a dosagem, procure seu médico.
É importante adquirir o hábito de tomar a medicação, para isto você pode criar estratégias que irão ajudá-lo a não esquecer. Alguns pacientes utilizam o alarme do relógio, outros deixam bilhetes, lembretes na porta da geladeira. Crie o seu, isto o ajudará!!!

Bartira de Aguiar RozaEnfermeiraHospital Israelita Albert Einstein
Auto-Estima e Auto-Imagem


As formas como nós nos percebemos e como vemos nosso corpo e o mundo é uma conseqüência do nosso desenvolvimento físico e mental.
Começamos a formar uma imagem de nós mesmos a partir da relação que estabelecemos primeiramente com a nossa mãe e posteriormente com nosso pai, avós, irmãos, amigos e outros. Esses olhares influenciam a nossa maneira de vermos e nos relacionarmos.

Os olhares que tivemos ao longo da nossa vida vão formando conceitos ao nosso próprio respeito e estes são elementos que constituem “uma lente” com a qual iremos nos reagir e enxergar o mundo a nós mesmos.

Durante o decorrer de nossas vidas fazemos “negociações”, isto é, ao escolhermos uma determinada coisa, perdemos outras. Esta situação é vivenciada intensamente num tratamento médico. Podemos ganhar um pouco mais de bem estar físico-emocional com o tratamento e também perdermos a nossa aparência, na nossa social e profissional.


Se nos permitirmos ampliar a nossa “lente” sobre o mundo, poderemos identificar ganhos e até descobrirmos novas situações que antes desconhecíamos.

O transplante se apresenta como “bilhete de loteria”. Imaginamos que toda a nossa vida vá se modificar. Entretanto o transplante é apenas uma possibilidade de uma melhor qualidade de vida e vai implicar em grandes negociações, tais como aderir ao tratamento médico, medicamentoso, as restrições necessárias e conviver com os efeitos colaterais e alterações corporais.

A forma como negociamos os benefícios e as perdas com o transplante, poderá favorecer ou não uma maior auto-estima, por exemplo: após o transplante podemos ter ganho de peso devido à medicação, mas em contrapartida ganhamos mais autonomia e independência, o que favorecerá uma maior participação social. Se focarmos o nosso olhar apenas no ganho de peso perdemos a perspectiva de aproveitar dessa nova condição de vida. Portanto a nossa auto-estima como também a nossa auto-imagem dependerá de como fazemos as “negociações” e de como usamos a nossa “lente”.

Silvia Ribeiro Brescia (psicóloga OPO/HC) silviariber@yahoo.com.br
Maria Lúcia Livramento (psicóloga UTR/HC) livrame@zipmail.com.br

Orientação para pais


Seu filho está em programação de transplante ou já foi transplantado?

Lembre-se que conversar com as crianças sobre seus pensamentos e sentimentos é sempre muito importante, principalmente em relação às dificuldades que elas enfrentam. Apesar de normalmente essas conversas não tratarem de assuntos tranqüilos de serem falados, trazem resultados confortáveis para os interlocutores.

A criança se sente apoiada quando as pessoas mais importantes de sua vida, em geral os pais, demonstram interesse sobre o “estado de espírito” em que ela se encontra. E não é difícil imaginar que a situação de transplante pode provocar perturbações, medos, ansiedades, irritabilidade, desânimo, etc.

Um caminho para suavizar esses possíveis desajustes observados é a proximidade afetiva entre criança e família, como se essa proximidade funcionasse como um “pára-raios” para as perturbações da criança. É muito tranqüilizador para essa última, por exemplo, se num momento de choro intenso puder contar com o suporte emocional que o adulto freqüentemente tem mais condições de oferecer. Frases do tipo “não chora, você deve ser corajoso” não permitem que a criança dê vazão ao próprio sentimento. Em contrapartida, abraçar a criança e dizer-lhe “que ela é amada e a tristeza dela compreendida” traz a sensação de divisão do sofrimento, como se o adulto pudesse ajudá-la a transformar uma parte da angústia em algo mais tolerável.

Muitas vezes os adultos entendem que não falar sobre assuntos difíceis é um jeito de proteger as crianças. Mas na verdade, a criança sente-se muito solitária se não encontrar possibilidade de expressar seus sentimentos e pensamentos. Quando não existe diálogo, a criança fica a mercê dos próprios recursos para enfrentar situações difíceis, o que se torna muito estressante para ela. É claro que uma “filtragem” de como conversar sempre é necessária, mas isso não significa que assuntos que expressam sofrimento sejam proibidos.

Não tenha receio! Aproxime-se de seu filho, ajudando-o a dividir as angústias! E se tiver dúvidas ou precisar de orientação, busque ajuda.

Maria das Graças S. LimaPsicóloga do Departamento de Pediatria Santa Casa de São Paulo

Os inimigos silenciosos: Doenças Periodontais

As doenças periodontais (DP) são respostas inflamatórias contra infecções causadas por bactérias. Esta resposta inflamatória pode ser inicialmente da gengiva (gengivite), ou envolver a gengiva, as fibras que ligam o dente no osso, e o osso propriamente dito (periodontite). Cada uma destas DP atinge graus variados, de leve a grave, e podem ocorrer em uma região bem localizada, ou atingir toda a extensão dos tecidos ao redor dos dentes.

A gengivite geralmente ocorre quando, por falha na higiene oral, permitimos o acúmulo de bactérias na superfície dos dentes, que formam a placa bacteriana, e esta, por sua vez, elimina uma série de substâncias tóxicas nesta região, gerando então a resposta inflamatória em defesa do organismo. Assim, uma gengiva inflamada se torna avermelhada, inchada, e que sangra ao toque. Este processo pode ser aumentado pelo acúmulo de cálculo salivar (tártaro) sobre os dentes.

Quando a gengivite não é devidamente tratada e controlada, com o tempo esta doença pode evoluir para uma periodontite. Na periodontite, o processo inflamatório é mais intenso, causando a destruição das fibras ou ligamentos periodontais e, por fim, do osso de sustentação do dente. Podemos notar que houve destruição do osso quando, além dos sinais da gengivite, ocorre mobilidade dental. A periodontite pode gerar gosto ruim na boca e mau hálito. Uma das piores características das DP é que elas são indolores. Somente quando a inflamação é muito intensa, ou em períodos de “baixa resistência”, pode ocorrer dor, inchaço e liberação de pus na região acometida.

Em indivíduos que receberam ou receberão um transplante, no entanto, a presença de DP é muito perigosa. Estas manifestações, tanto inflamatórias quanto infecciosas, são prejudiciais ao organismo do paciente, podendo agravar doenças associadas à doença renal (diabetes, hipertensão, anemia), bem como causar problemas ao órgão transplantado.

O tratamento das DP envolve alguns fatores:
- melhorar a qualidade da higiene oral (escovação e uso do fio dental);
- modificar dieta (deve-se reduzir o consumo de açucares e alimentos industrializados entre as refeições);
- remoção pelo dentista de cálculo salivar e placa bacteriana da superfície dental;
- consultas periódicas ao dentista para manutenção e reavaliação da saúde bucal.

Não permita que este inimigo silencioso atrapalhe sua saúde. O controle da gengivite e da periodontite inicial é simples de se realizar; as periodontites mais graves exigem maior acompanhamento, mas também poder ser curadas. E você mesmo pode fazer um auto-exame da saúde bucal. Se notar algum sinal de gengivite descrito acima ou presença de tártaro, visite o dentista para orientações e tratamento adequado. Você ganhará não só saúde bucal, mas também melhor qualidade de vida.

Roberto Brasil Lima, Cirurgião DentistaPaulo Sérgio da Silva Santos, Cirurgião DentistaFale conosco: ls_odontologia@yahoo.com.br

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Número de transplantes no Brasil tem o maior aumento em 4 anos

Coração e fígado são os que mais crescem; resultado das cirurgias e perfil dos transplantados são desconhecidos.


Fabiane Leite e Lígia Formenti, BRASÍLIA.


Os transplantes de coração e fígado foram os que mais cresceram no País no ano passado - 29% e 14%, respectivamente - segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde. No total, o aumento dos transplantes foi de 10%, passando de 17.428 cirurgias em 2007 para 19.125 no ano passado.
Apesar do desempenho no número de cirurgias - o maior aumento nos últimos quatro anos -, os resultados dos transplantes e o perfil dos transplantados ainda não são conhecidos.

Estudo feito pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) sobre dez anos da atividade no País (1995-2004) mostra que apenas 34% das equipes ativas no fim da pesquisa informaram voluntariamente dados a respeito dos doadores e resultados. Mesmo assim, as informações não abrangeram o total de transplantes realizados pelos grupos, mas só 45% deles.
Foram solicitados pela ABTO dados como idade, gênero, doença de base e cor do receptor, além do tipo de transplante realizado, remédios utilizados após a cirurgia, taxas de sobrevivência e causas de óbito dos pacientes.

Atualmente, a maioria esmagadora dos transplantes no Brasil é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que mantém o maior programa público do mundo, mas o País tem apenas dados numéricos sobre os procedimentos.

"Qual é o benefício? Não é o transplante somente. É o resultado. As pessoas estão vivendo com mais qualidade? Os resultados são semelhantes aos internacionais? São perguntas que precisamos responder", afirma Valter Duro Garcia, presidente da ABTO.

O Sistema Nacional de Transplantes promete transformar em obrigatoriedade a informação sobre os resultados dos procedimentos. A ideia é que as equipes só possam cadastrar novos pacientes nas listas de espera de órgãos depois de abastecerem um sistema online sobre os resultados das operações realizadas, semelhante ao que já funciona em São Paulo. "O Sistema Nacional de Transplantes é um processo em construção, tem dez anos e vem sendo aperfeiçoado", afirma o secretário de Assistência à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, que promete que a obrigatoriedade de informar resultados estará nas novas regras para o sistema, em discussão hoje.

Segundo o hepatologista Silvano Raia, que encabeça uma iniciativa para a qualificação dos transplantes, saber os resultados permitirá ao ministério, no futuro, descredenciar equipes com desempenhos ruins ou unir aquelas com produção muito pequena para garantir maior eficiência com o escasso número de órgãos disponíveis no País. "Não sabemos se as equipes que não informaram dados não o fizeram por negligência ou por resultados ruins."

Apesar de ainda não serem representativos, os resultados do trabalho da ABTO permitem esboçar o perfil dos receptores nos dez anos avaliados. Os resultados, que abrangem transplantes de coração, fígado, pâncreas, rim e pulmão, indicam que a maioria dos receptores é homem, branco e com idade entre 40 e 60 anos. A faixa etária é a mesma em que se manifestam algumas das principais doenças que levam a transplantes, destaca Garcia. As taxas de sobrevivência foram em geral semelhantes às registradas internacionalmente, exceto no caso de transplante duplo de rim e pâncreas. Dos que morreram, a maioria teve como causa doenças infecciosas, resultado que precisa ser melhor estudado.

DADOS GERAIS
19.125 transplantes foram realizados no ano passado no Brasil, incluindo todos os tipos de órgãos e tecidos.
29% foi o aumento do número de transplantes de coração registrado no País entre 2007 e 2008.
58.634 pessoas estão na fila de espera por transplantes, segundo o Ministério da Saúde.
14% foi o crescimento das cirurgias de fígado no Brasil entre 2007 e o ano passado.

Há mais centros especializados, Secretário também destaca papel das campanhas. O secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, comemora o aumento de transplantes, mas admite haver "um vazio assistencial" na área. "É preciso capilarizar o atendimento. Muitos Estados não têm capacidade instalada para executar esse tipo de procedimento", completa.
Para ele, o crescimento do número de cirurgias tem vários fatores. Em primeiro lugar, o aumento no número de centros capacitados para a realização da cirurgia que entre 2007 e 2008 passou de 892 para 942. Além do maior número de centros habilitados, Beltrame cita o impacto de campanhas de esclarecimento.
Apesar da melhora, o secretário admite haver ainda uma série de entraves para reduzir a lista de espera por um órgão, que atualmente reúne 58.634 pessoas. O principal deles, em sua avaliação, é o número proporcionalmente baixo de doadores. Na Espanha, o número é significativamente maior: 36 para cada 1 milhão de pessoas. Beltrame diz que, se houvesse um número maior de doadores, o de transplantes poderia ser maior. "Quanto mais transplantes fazemos, mais pessoas se mobilizam para doar órgãos."
Beltrame atribuiu o baixo índice de doações a fatores culturais. "Em certos casos, é preciso que familiares tomem a decisão logo que o diagnóstico de morte cerebral ocorre." Para melhorar os números, complementa, seria preciso "ganhar corações e mentes", algo que teria de ser feito com uma abordagem de profissionais de saúde capacitados.
Embora a falta de doadores seja a primeira dificuldade, há uma série de desafios. Como oferecer o serviço onde ainda não há capacidade instalada. O problema, afirmou, não se resolve apenas com dinheiro, mas também com capacitação de pessoal.