A disciplina de nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) promoveu, na noite da última segunda-feira, 9 de fevereiro, a conferência “Progresso Científico: Ética - Prática Médica”. Na oportunidade, o professor e hepatologista da USP, Silvano Raia, apresentou também um projeto do Hospital Sírio Libanês na área de transplantes que deverá ser implantado em Alagoas num prazo de 60 dias.
O número de transplantes no Brasil é superado apenas pelos Estados Unidos. Devido a essa grande demanda, o professor Silvano Raia comenta que “esta é uma área que merece muita atenção dos órgãos estatais competentes, porém, a falta de órgãos e a concentração dos centros de transplantes em apenas 9 estados brasileiros têm dificultado muito a vida daqueles que estão nas fila à espera de um órgão”.
A partir de 2008, o sistema de doações feitas pelo Ministério da Saúde a hospitais que realizam este tipo de procedimento foi modificado, mudando a realidade nacional. “Esta mudança efetuada pelo SUS beneficia substancialmente o atendimento na área de transplantes para os pacientes usuários do SUS”, informa Raia. Agora, o SUS encaminha verbas a projetos direcionados ao atendimento da população menos favorecida e usuária do SUS.
O projeto apresentado pelo médico Silvano Raia na Uncisal intitula-se: ‘Qualificação em Captação e Transplante de Órgãos’. “Esta é uma nova forma de filantropia e pretende estimular e apoiar o desenvolvimento de centros de transplantes de órgãos nos estados que não possuem estes serviços”, afirma o professor. A implementação constitui-se de um grupo de trabalho que é coordenado pelo próprio Silvano Raia cujo pólo central está no Hospital Sírio Libanês e conta com médicos especialistas em transplantes de diversos órgãos em outras unidades de saúde, além de um coordenador de distribuição de órgãos e de técnicas de captação. O projeto ‘Qualificação em Captação e Transplante de Órgãos’ tem também ações integradas que são: avaliação das condições locais, entrevistas de candidatos a estágios, conferências sobre temas relacionados à área, estruturação de uma rede de telemedicina, entre outras atividades. Após a conferência, o professor Silvano Raia e o doutor Ronny Mitsuoaka participaram de uma reunião junto com o reitor da Uncisal e doutor em nefrologia, André Falcão, a médica e professora da Uncisal, Maria do Carmo Borges, e o vice-governador do Estado e médico, José Wanderley Neto, onde acordaram que num prazo de sessenta dias acontecerá o início dos estágios e da rede de telemedicina, onde serão realizadas as conferências de cada setor específico. Silvano Raia acredita que “em Maceió o projeto deverá ter um desenvolvimento muito rápido devido ao interesse dos médicos da área de transplantes locais, assim como pelo apoio do vice-governador, que também é médico da área de transplantes”, comentou o médico da USP. Silvano Raia é ex-diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e professor emérito da USP. Pioneiro em transplantes de fígados no Brasil, ele coordenou o primeiro transplante de fígado bem-sucedido na América Latina, realizado no dia 1º de setembro de 1985, pela equipe da Unidade de Fígado do Hospital das Clínicas.
Silvano Raia também realizou o primeiro transplante do mundo entre pacientes inter-vivos no qual uma parte do fígado de uma mulher foi transplantado com sucesso para seu filho de aproximadamente três anos de idade. O evento aconteceu no miniauditório Emil Burihan, que fica na Uncisal, no Trapiche da Barra.
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