CFM orienta que médicos peçam exames de
hepatites B e C, sífilis e HIV
DIAGNÓSTICO
PRECOCE
O médico
deve orientar seus pacientes a realizarem os exames de hepatites B e C, sífilis
e HIV. Este é foco da Recomendação nº 2/2016, aprovada pelo plenário do
Conselho Federal de Medicina CFM) com o objetivo de ajudar no diagnóstico em
tempo oportuno dessas doenças infectocontagiosas. A Recomendação foi publicada
no site do CFM, nesta quarta-feira (15/3), e enviada aos médicos brasileiros,
passando a valer a partir desta data.
“No Brasil,
cerca de 25% dos casos de HIV são diagnosticados quando o paciente já apresenta
contagem de linfócitos CD-4 abaixo de 200 células por mm3, o que significa
estado avançado de imunossupressão. É necessário facilitar a realização desses
exames para aumentar a detecção em tempo oportuno dessas infecções, o que
possibilitará a indicação do tratamento adequado. Isto terá impacto na
qualidade de vida daqueles que forem diagnosticados, impactará na diminuição do
risco de transmissão e ajudará na prevenção”, argumenta o infectologista Dirceu
Greco.
O presidente
do CFM, Carlos Vital, espera que a partir de agora os médicos façam a doutrina
da prevenção no que diz respeito a assuntos ligados à sexualidade. “Queremos
que tanto médicos, quanto pacientes, percam a inibição de falar sobre o
assunto. Ainda temos um universo grande de pessoas que sofrem com essas doenças
e não estão diagnosticadas. Esperamos que, num médio prazo, aumente o número de
diagnósticos e tratamentos”, afirmou. Os serviços de saúde dos Estados Unidos e
da Comunidade Europeia, também orientam seus médicos a oferecerem testagem para
o HIV.
A
Recomendação nº 2/2016, proposta pela Câmara Técnica de Bioética do CFM, é
dirigida a todos os médicos. “Esta recomendação visa facilitar a abordagem do
médico para o tema importante das infecções sexualmente transmissíveis,
introduzindo-o durante a consulta. Caso os testes, ou a vacinação não tenham
sido realizados, o médico orientará o paciente, conforme o caso, sobre a necessidade,
oportunidade ou conveniência de sua execução”, explicou Greco.
Em nenhuma
circunstância a realização do exame será compulsória, ou seja, obrigatória.
Quando alguma dessas infecções for detectada, deverá ser feita notificação à
Secretaria Estadual de Saúde, respeitando-se e garantindo-se, sempre, a
privacidade, o sigilo e a confidencialidade.
“Esta é uma
recomendação importantíssima, que vai ao encontro da missão do CFM: cuidar da
saúde das pessoas”, ressalta o conselheiro federal pelo Ceará, Lúcio Flávio
Gonzaga Silva. “O acatamento dessa norma pelos médicos terá um significativo
impacto individual, evitando-se a progressão da infecção, e coletivo,
diminuindo-se o risco da disseminação da doença”, argumenta o relator da
Recomendação 2/2016, José Hiran Gallo, que também é coordenador da Comissão de
Ginecologia e Obstetrícia do CFM.
A
Recomendação também foi elogiada pelo conselheiro federal por São Paulo, Jorge
Curi, que chamou atenção para o impacto financeiro da solicitação de mais
exames dentro da rede pública. Salientou-se durante o debate que se trata de um
gasto positivo. “Este é um investimento que vale a pena, já que, ao fazer o
diagnóstico e oferecer o tratamento, serão beneficiadas milhares de pessoas.
Inclusive, para aqueles com o teste negativo, este será um momento ótimo para
discutir prevenção”, disse Greco.
Dados epidemiológicos são muito
preocupantes
O
crescimento da epidemia de HIV entre os jovens brasileiros é um dos fatores que
mais preocupa a autoridades sanitárias do País. Entre pessoas com 15 a 24 anos,
houve aumento de 36,5% nos últimos 10 anos. Só em 2014, o Ministério registrou
4.669 notificações nessa faixa etária, o que justifica a necessidade de mais
atenção. Essa situação mostra-se mais crítica quando se comparam os indivíduos
nascidos nas décadas de 1960, 1970 e 1980 com a geração atual, nascida a partir
de 1990: há cerca de três vezes mais jovens vivendo com HIV/aids na geração
atual quando comparada às anteriores.
Esta
situação específica ocorre dentro de um contexto onde o número de novos casos
de aids no Brasil diminuiu em 2014 em relação a 2013, depois de ter aumentado
em anos anteriores, Segundo o Ministério da Saúde (MS), em 2014 houve 39.951
notificações, contra 41.814 em 2013.
Nos últimos
cinco anos, o Brasil tem registrado, anualmente, uma média de 40,6 mil casos de
aids. A região Norte apresenta uma média de 3,8 mil casos ao ano; o Nordeste,
8,2 mil; o Sudeste, 17,0 mil; o Sul, 8,6 mil; e o Centro-Oeste, 2,7 mil. Os
estados do Amazonas e do Rio Grande do Sul apresentam as maiores taxas de
detecção, 39,2 e 38,3 casos por 100 mil habitantes, respectivamente.
Faixa etária - A maior concentração dos casos de
aids no Brasil está entre as pessoas com idade entre 25 e 39 anos para ambos os
sexos. Entre os homens, observa-se aumento da taxa de detecção principalmente
entre aqueles com 15 a 19 anos, 20 a 24 anos e 60 anos ou mais nos últimos 10
anos. Destaca-se o aumento em jovens de 15 a 24 anos, sendo que de 2005 para
2014 a taxa entre aqueles com 15 a 19 anos mais que triplicou (de 2,1 para 6,7
casos por 100 mil habitantes) e entre os de 20 a 24, quase dobrou (de 16,0 para
30,3 casos por 100 mil habitantes).
Entre
aqueles com 35 a 39 anos e 40 a 44 anos, observa-se tendência de queda,
representando 10,2% e 24,3% de queda de 2005 para 2014, respectivamente. No
decorrer dos últimos 10 anos observa-se nas demais faixas etárias, exceto na de
crianças com até nove anos (que também vem apresentando queda), estabilização
nas taxas, sendo que em 2014 a maior taxa observada foi entre aqueles com 35 a
39 anos (57,8 casos para cada 100 mil habitantes).
Nas pessoas
com mais de 13 anos, a principal via de transmissão da aids é a sexual. Em
2014, esse tipo de transmissão foi responsável por 95,4% dos casos em homens e
de 97,1% em mulheres. Entre os homens, 43,5% dos casos se deram por relações
heterossexuais e 24,5% por relações homossexuais. Relações bissexuais foram
relatadas em 7,7% dos casos. Vale acentuar que o Brasil disponibiliza no SUS os
testes para o diagnóstico e toda a medicação necessária para o tratamento da
infecção pelo HIV/aids.
90-90-90 – Em 2014, a
ONU, por meio do UNAIDS (Programa das Nações Unidas sobre HIV/AIDS), definiu
como objetivo que até 2020 devem ser diagnósticas 90% das pessoas com aids.
Deste percentual, 90% receberão tratamento com antirretrovirais, sendo que 90%
desse grupo passarão por tratamento e terão supressão viral.
O objetivo é
que mais pessoas sejam diagnosticadas antes da contagem de linfócitos CD4 ficar
abaixo de 200 células por mm3. Elas são células de defesa do organismo e o
principal alvo do HIV. Considera–se normal no adulto a contagem acima de 500
células por mm3.
No Brasil,
segundo o Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2015,
40% dos soropositivos foram diagnosticas com CD4 maior do que 500; 18% com CD4
entre 350 a 499; 17%, entre 200 a 349 e 25% com menos de 200 CD4 por mm3.
Os homens
são os que mais tardiamente têm a infecção diagnosticada. Em 2015,este tipo de
situação ocorria com mais frequência nos estados do Norte e Nordeste. Nestas
regiões, o pior resultado foi no Maranhão e os melhores, no Mato Grosso, Amapá
e Roraima.
No Brasil,
em 2014, a estimativa era de que 781 mil pessoais viviam com o HIV. Dessas, 83%
(649 mil) haviam sido diagnosticadas, das quais 80% começaram o tratamento e
66% continuaram. Ou seja, existem perto de 150 mil pessoas no Brasil que vivem
com HIV/aids e não sabem. Pesquisa realizada em 2013 pelo Ministério da Saúde
constatou que 33,5% da população entre 15 a 64 anos havia realizado o teste do
HIV/aids. A maioria era de mulheres.
Quanto
mais rápido o vírus é detectado maiores as chances de melhor resposta ao
tratamento. Como o objetivo final do tratamento é a supressão da carga viral, o
que evita as doenças oportunistas e a transmissão do HIV, a preocupação é fazer
a detecção do contágio quanto os níveis de CD4 ainda forem altos,
permitindo o início rápido do tratamento. Em 2015, cerca de 41% das
pessoas que começaram o tratamento tinham CD4 acima de 500. Vale acentuar que o
Brasil disponibiliza no SUS os testes para o diagnóstico e toda a medicação
necessária para o tratamento da infecção pelo HIV/Aids.
Sífilis – Gestantes
e crianças são as únicas populações nas quais a sífilis deve ser
compulsoriamente notificada no Brasil. Não há, portanto, números confiáveis
sobre o número de casos da doença adquirida no País. Mas, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde, existem no mundo 12 milhões de pessoas com esse
vírus adquirido. Por ano, há 714 mil novos casos.
Outro problema é o aumento da sífilis congênita (transmitida da mãe para o filho na gestação), conforme dados do Ministério da Saúde. De 1998 a junho de 2014, foram notificados 104.853 casos deste tipo em crianças menores de um ano da idade. Quase metade ocorreu na região Sudeste (45,8%), seguida pelo Nordeste (31,4%), Sul (8,5%), Norte (8,4%) e Centro-Oeste (5,9%). Em 2013, o aumento variou entre 14,8% (Nordeste) e 44,7% (Sul).
Outro problema é o aumento da sífilis congênita (transmitida da mãe para o filho na gestação), conforme dados do Ministério da Saúde. De 1998 a junho de 2014, foram notificados 104.853 casos deste tipo em crianças menores de um ano da idade. Quase metade ocorreu na região Sudeste (45,8%), seguida pelo Nordeste (31,4%), Sul (8,5%), Norte (8,4%) e Centro-Oeste (5,9%). Em 2013, o aumento variou entre 14,8% (Nordeste) e 44,7% (Sul).
Se em 2004 a razão era de 1,7 casos para cada
1000 nascidos vivos, em 2013 o número subiu para 4,7 por 1000 nascidos vivos.
Entre as grávidas, a detecção da infecção saltou de 1.863, em 2005, para
28.226, em 2013, alta de mais de 1.000%. Já o número de bebês nascidos com
sífilis passou de 5.754, em 2008, para 16.266, em 2014. Os exames para o
diagnóstico da infecção por sífilis estão disponíveis no pré-natal e nos postos
de saúde. Do mesmo modo, tratamento eficaz com penicilina também é garantido
pelo SUS.
Hepatites – Os últimos dados do Ministério da Saúde sobre hepatites no Brasil são de 2011. De 1999 até então, haviam sido notificados 343.853 casos da doença (dos tipos A,B,C, D e E), com média de 40 mil novos casos/ano. Hepatites A e B concentram o maior número de casos. As duas principais vias de transmissão da infecção são uso de drogas venosas e contato com sangue.
Hepatites – Os últimos dados do Ministério da Saúde sobre hepatites no Brasil são de 2011. De 1999 até então, haviam sido notificados 343.853 casos da doença (dos tipos A,B,C, D e E), com média de 40 mil novos casos/ano. Hepatites A e B concentram o maior número de casos. As duas principais vias de transmissão da infecção são uso de drogas venosas e contato com sangue.
De acordo
com o estudo Inquérito Nacional de Prevalência de Hepatites Virais, realizado
pela Universidade de Pernambuco e o Instituto Adolfo Lutz, estima-se a
existência, no Brasil, de 3,5 milhões de pessoas com as formas crônicas de
hepatites, sendo cerca de 800 mil com hepatites B e 2,7 milhões com hepatites
C. A estimativa é de um crescimento de 10 mil casos de hepatites C notificados
por ano.
De acordo
com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a hepatite C é responsável por 31% a
50% dos transplantes de fígado em adultos. A hepatite B apresenta cerca de 17
mil casos confirmados por ano. A estimativa é que cerca de 14 milhões de
brasileiros (aproximadamente 7,4% da população) já tenha sido exposta ao vírus
da Hepatite B.
Entre 90 e 95% dos adultos infectados irão eliminar o vírus de forma espontânea e os restantes 5 a 10% dos infectados se tornarão doentes crônicohttp://jornaldiadia.com.br/cfm-orienta-que-medicos-pecam-exames-de-hepatites-b-e-c-sifilis-e-hiv/s, informa o Ministério. Nos casos mais graves, pode levar à cirrose hepática e ao câncer de fígado. Apesar da possibilidade de cura espontânea, o vírus da hepatite bem tem maior transmissibilidade que o HIV.
Entre 90 e 95% dos adultos infectados irão eliminar o vírus de forma espontânea e os restantes 5 a 10% dos infectados se tornarão doentes crônicohttp://jornaldiadia.com.br/cfm-orienta-que-medicos-pecam-exames-de-hepatites-b-e-c-sifilis-e-hiv/s, informa o Ministério. Nos casos mais graves, pode levar à cirrose hepática e ao câncer de fígado. Apesar da possibilidade de cura espontânea, o vírus da hepatite bem tem maior transmissibilidade que o HIV.
ASSESSORIA DE IMPRENSA DO CFM
FONTE:
http://jornaldiadia.com.br/cfm-orienta-que-medicos-pecam-exames-de-hepatites-b-e-c-sifilis-e-hiv/
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