11/11/2014
14h30 - Atualizado em 11/11/2014 14h41
Brasil e Espanha firmam parceria para ampliar atuação em transplantes
Acordo
prevê intercâmbio de profissionais para ensino de novas técnicas.
Foco inicial é na cirurgia de intestino e no transplante com 'o coração
parado'.
Eduardo Carvalho Do G1, em São Paulo
Os governos do Brasil e da Espanha vão firmar nesta terça-feira (11) um
acordo que permite a transferência de conhecimento na área de transplante de
órgãos entre os dois países. A ideia do Ministério da Saúde é preencher lacunas
existentes no sistema brasileiro de doação de órgãos e dar os primeiros passos
para a criação de uma política pública voltada à formação de profissionais.
A cooperação técnica prevê o envio de brasileiros a Espanha para atuação
em hospitais, onde aprenderão técnicas não aplicadas por aqui. Há previsão também
da vinda de especialistas da Espanha. As ações se iniciam em 2015.
O governo brasileiro manteve desde 2004 um convênio informal com o país
europeu, que permitiu o envio de até oito profissionais por ano para um treinamento específico na área.
De acordo com Heder Murari, coordenador do Sistema Brasileiro de
Transplantes, agora, uma das prioridades será adquirir mais informações sobre
transplantes de intestino, primeiro passo para a realização da cirurgia
multivisceral – a mais complexa do sistema digestivo por envolver a
substituição de vários órgãos de uma só vez.
Por ano, segundo o ministério, são registrados dez pedidos de
transplante de intestino, a maioria em crianças (70%). “É uma lacuna que temos
no nosso sistema. Muitas crianças precisam dele e o Brasil nunca o realizou em
larga escala”, disse.
Ainda
sobre as doações multiviscerais, o Brasil vai firmar em breve parceria com duas
instituições, uma dos Estados Unidos e outra da Argentina, para que
profissionais sejam trazidos desses países e auxiliem em operações deste porte.
Segundo Murari, os acordos devem ser assinados em breve.
Técnica do
coração parado
Outro interesse do Ministério da Saúde na parceria com a Espanha é na
técnica chamada "morte circulatória", que consiste no uso de um
equipamento que atua como um coração artificial em casos de óbito por parada
cardíaca. O método mantém a irrigação corporal por mais algumas horas, até que
os órgãos aptos para doação sejam retirados.
No Brasil, a captação de órgãos só acontece quando a morte cerebral é
constatada e há autorização da família para a doação. A intenção do ministério
não é implantar de uma só vez o método, mas testá-lo em um projeto piloto que
seria implantado em alguma capital.
“A técnica reduziria a fila de espera pelo transplante de pulmão, que
normalmente fica danificado quando o doador permanece internado por muito tempo
e tem a morte encefálica constatada”, explica.
Autorização
da família ainda é entrave
De acordo com o ministério, no primeiro semestre deste ano foram realizados
11,4 mil transplantes. Desse total, 6,6 mil foram cirurgias de córnea, 3,7 mil
de órgãos sólidos (coração, fígado, rim, pâncreas, rim/pâncreas e pulmão) e 965
de medula óssea. Em 2013, o Brasil fechou o ano com 23.457 transplantes
realizados.
Mesmo com mais de mil equipes distribuídas pelo Brasil e 400 unidades prontas
para atuarem nessa área, ainda há uma grande dificuldade em aumentar números no
país: a falta de autorização da família para a cirurgia.
“O
índice de doação no Brasil é de 13,5 por milhão de pessoas. Na Espanha, é de 37
por milhão. Queremos melhorar nossa gestão e chegar a 30 por milhão de
pessoas”, finaliza Murari.
FONTE: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/11/brasil-e-espanha-firmam-parceria-para-ampliar-atuacao-em-transplantes.html
Acordo prevê intercâmbio de profissionais para ensino de novas técnicas. Foco inicial é na cirurgia de intestino e no transplante com 'o coração...