SAÚDE 19/06/2011 19:45
Mais de 40 mil pacientes esperam por um órgão no Brasil
Falta de informação impede que mais famílias autorizem doação
Derla Cardoso
Agência BOM DIA
O caminho para o sucesso das doações de órgãos passa pelo caminho da informação. Mesmo com Segundo o Ministério da Saúde, em 31 de dezembro de 2010, cerca de 47 mil pessoas estavam na fila de espera aguardando um coração, pulmão, rim, córnea, pâncreas e fígado. No estado de São Paulo, o número chegava, no último levantamento, a 12 mil.
Brasil sendo o segundo país do mundo onde mais se faz transplantes por ano, as dúvidas sobre procedimentos impedem o crescimento das operações.
De acordo com o presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), Ben-Hur Ferraz, a ausência de conhecimento da população sobre o que é morte cerebral é um dos fatores que travam o aumento das doações. “As pessoas precisam entender que a morte encefálica é irreversível. As famílias não compreendem que o ente está morto mesmo com o coração batendo às custas de aparelhos. Nesta hora, a compreensão da morte fica mais difícil, mas é nesse momento que temos que pensar que há uma oportunidade do nosso familiar ajudar alguém mesmo após a morte.”
Para Ferraz, outro complicador é o fato de algumas pessoas serem contra a doação por acreditarem que vão precisar dos órgãos na outra vida. “É preciso ter a consciência de que nenhum destes órgãos se manterá vivo para outro plano e que há pacientes vivos que poderiam viver com eles”.
O médico ainda afirma que o esclarecimento dos familiares é fundamental, pois são eles que decidirão se a doação acontecerá ou não. “Se a pessoa tem vontade de doar, deve avisar e conversar com todos em vida, pois no momento da decisão será mais fácil aceitar a doação”, orientou o profissional.
Solidariedade
Mobilização. Foi o que o grupo de amigos de Murilo Monção fizeram nos últimos meses. O jovem descobriu que tinha leucemia em junho do ano passado e morreu em março de 2011. Durante o período em que o paciente esteve internado, os colegas, familiares e conhecidos mergulharam nas campanhas de doação de medula óssea na tentativa de encontrar um doador para o rapaz.
Para uma das amigas e militantes da causa, Carolina Maceira, as pessoas não fazem o cadastro para se tornarem doadoras por medo e falta de informação. “Doar medula é simples e se as pessoas fossem mais instruídas mais gente teria a vida salva. Acho que nas escolas deveria haver mais explicações com relação ao tema. Para quem doa não vai fazer tanta diferença, mas para quem recebe é toda a diferença do mundo”, defendeu a publicitária.
Outro amigo que participou das mobilizações para tentar salvar a vida de Murilo foi o analista de logística Denis Gustavo Paschoal, de 29 anos. O jovem contou que os amigos ajudaram numa campanha que chegou a ter 1,4 mil pessoas inscritas para doar medula, mas que nenhuma era compatível com o paciente. “Ele até conseguiu um cordão umbilical compatível nos Estados Unidos, mas teve complicações, pegou uma infecção e veio a óbito antes de receber o transplante. Mesmo assim, nós nos tornamos voluntários da causa e continuamos a participar das campanhas para ajudar outras pessoas.”
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