quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Portal Fator Brasil

29/09/2010 - 08:40

Insuficiência renal crônica: à espera do transplante

Cerca de 75 mil pacientes estão no programa de tratamento dialítico e 40% deste total aguarda por um novo órgão na fila pelo transplante.

A Insuficiência Renal Crônica (IRC) já é considerada pelos nefrologistas uma epidemia que precisa e deve ser controlada. O paciente é diagnosticado com IRC, com necessidade de terapia substitutiva renal, quando a função dos rins é menor do que 10% e não pode ser mantida com a terapia conservadora, praticada com medicação e dieta. Neste caso, será necessária a substituição da função do rim com tratamento dialítico ou transplante renal. Em crianças ou diabéticos, esse tratamento substitutivo pode ser indicado com função renal abaixo de 15%.

De acordo com Valter Duro Garcia, chefe do Serviço de Transplante Renal da Santa Casa de Porto Alegre, as manifestações da IRC fase urêmica (quando há um acumulo de uréia no sangue), são cansaço, náusea, perda de apetite, anemia, hipertensão, palidez, urina clara e aparecem de forma progressiva. “Hoje estão em tratamento dialítico no Brasil em torno de 75 mil pacientes, uma prevalência de 400 por milhão de população (pmp), com ingresso anual de cerca de 22 mil pacientes. A estimativa é que 40% da prevalência necessite de transplantes, ou seja, cerca de 30 mil pacientes”, afirma o especialista.

Dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) mostram que no Brasil são feitos quase 5 mil transplantes renais por ano. Em números absolutos, o país deve ocupar o segundo ou terceiro lugar no ranking mundial de transplantes renais realizados anualmente, atrás apenas dos Estados Unidos e China. Porém, de acordo com José Osmar Medina, diretor do serviço de transplante renal do Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp, ainda há o desafio de aumentar o número de doações. “Em resumo, nos últimos 2,5 anos crescemos quase 60% nesta área, talvez o maior crescimento do mundo nesse período. Entretanto, comparando com outros países desenvolvidos a taxa de doadores ainda é baixa e devemos continuar trabalhando para o seu aumento”, completa Medina.

Parte do crescimento nas doações deve-se ao número de doadores falecidos porque a maioria das famílias brasileiras já se conscientizou e autoriza a doação. Em São Paulo, somente uma em cada cinco famílias se nega a realizá-la. “Entretanto, o número de doadores vivos entre familiares poderia ser maior. Fazemos em torno de oito a nove transplantes de rim com doador vivo e a meta é atingir 20, a exemplo dos Estados Unidos e alguns países nórdicos”, acrescenta Medina.

Em média, o paciente espera quatro anos na fila do transplante com doador falecido. “Isso acontece porque a locação do órgão é baseada na compatibilidade. Sendo assim, algumas pessoas são transplantadas em poucos meses, enquanto outras aguardam muito tempo por um rim compatível e permanecem em diálise por anos. Quando se tem um doador vivo familiar não há espera pelo transplante, e se o diagnóstico é precoce a intervenção cirúrgica pode ser feita antes do início da diálise, o que garante um resultado melhor”, diz Medina.

Após realizar o transplante, o paciente renal precisa seguir alguns cuidados para evitar que o organismo rejeite o órgão tais como: não fumar, não beber, manter atividade física regular e dieta equilibrada, comparecer às consultas rotineiras e realizar exames laboratoriais periodicamente. Além dos cuidados gerais, também é importante tomar adequadamente a medicação imunossupressora prescrita, a exemplo do sirolimus, um inibidor específico da mTOR, que combinado aos demais medicamentos garante uma melhor qualidade de vida ao transplantado.

O especialista Valter Garcia explica que os inibidores da mTOR parecem ter um efeito anticancerígeno, diminuindo a incidência de tumores em pacientes que o utilizam. Portanto, pacientes que desenvolveram câncer pós-transplante, tiveram câncer no passado ou doador com esse histórico, se beneficiam com o uso desta medicação. “Para resumir, o paciente transplantado que não seguir as orientações e interromper o uso dos medicamentos imunossupressores perde o rim. E isso é fato”, finaliza Garcia.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Notícias ATX-BA

27 de SETEMBRO "DIA NACIONAL DO DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS" 

Um transplante, muitas vezes, é a única solução para sanar uma falha irreversível do rim, fígado, coração, pulmão, córneas, ou de outra parte do corpo. Se esta é a sua situação ou de alguém que você gosta, é muito importante saber que, cada vez mais, a melhor rota de resgate de pessoas em fase terminal ou cronicamente incapacitadas é através do transplante.

Mesmo esta não sendo sua situação, acreditamos que também seja importante saber que o transplante, muito além de uma intervenção médica, é a terapia que mais mobiliza emoções e atitudes de boa vontade de muitas pessoas ao mesmo tempo. Esta prática somente é possível com os avanços da medicina, que a torna viável e com a participação de um personagem fundamental: o doador.

Por mais evoluída que seja a tecnologia médica disponível e o funcionamento da estrutura hospitalar, não existe transplante sem o envolvimento da sociedade em todas as etapas do processo: quer seja no apoio às campanhas de esclarecimento público e de estímulo à doação de órgãos, no acompanhamento e controle das listas de espera, quer seja na compreensão e aceitação - desde que obedecidos os limites das fronteiras da bioética - dos avanços científicos que beneficiam a humanidade.

Ao falarmos do envolvimento da sociedade não estamos nos referindo a algo abstrato. Estamos falando de nós próprios, pois somos nós, em última instância, os doadores de órgãos.

Existem poucas situações mais angustiantes do que esperar por um transplante. A lista formada pelas pessoas que precisam de um transplante para voltar a ter uma vida normal, ou para sobreviverem, não pára de crescer. E cresce também, felizmente, a quantidade de doadores. Estima-se que no Brasil esse crescimento seja da ordem de 20% desde que entrou em vigor a atual “lei dos transplantes”, como resultado de várias medidas do poder público no que diz respeito à organização do sistema de captação de órgãos, treinamento dos profissionais e financiamento dos procedimentos. Atualmente, mais de 80% dos transplantes são pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através do Fundo Nacional de Transplante. Esse aparente privilégio concedido a uma terapia é necessário, porque os transplantes constituem da boa vontade da sociedade para que ela própria seja beneficiada.

A despeito do mencionado crescimento do número de doadores, é preciso que esse número seja ainda maior, porque, como já foi dito, a “fila” de espera não pára de crescer. Existem pedras no caminho. Por um lado, a cada ano no Brasil seria possível a alocação de dez mil potenciais doadores, mas menos da metade chega ao conhecimento das Centrais de Transplantes. Por outro, para uma importante parcela dos potenciais doadores, as Centrais de Transplantes recebe um NÃO dos familiares.

Sub-notificação da Morte Encefálica e negativa familiar são as principais pedras no caminho dos transplantes.

A remoção desses entraves não depende apenas de leis e de financiamento. Depende de um intenso e contínuo trabalho de educação e informação de toda a sociedade, sem deixar de contar com o incentivo para atitudes de boa vontade de todos, em especial dos profissionais da área de educação, principal elo da cadeia doação-transplante.

Neste sentido, ser doador é um ato de boa vontade que não significa apenas permitir que uma parte de nós, seja em vida ou depois da morte, passe a integrar o corpo de outrem. É também doar as nossas aptidões pessoais e profissionais para tornar a vida - através dos transplantes – possível.

A pessoa que, consciente e espontâneamente, toma a decisão de doar uma parte do seu corpo em vida à outra pessoa querida, ou de destina, após a morte o seu coração, fígado, pulmão, rim, etc., para um desconhecido está praticando um ato de generosidade que transcende os limites do compromisso ou dever formal.

Em nome da Associação de Pacientes Transplantados da Bahia (ATX-BA), nós pacientes transplantados queremos agradecer  aos "DOADORES", que doaram "VIDA" e "QUALIDADE DE VIDA" à milhares de pessoas

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

NOTÍCIAS ATX-BA

FUI!*

"Meu irmão,
cada gota de sangue em teu sangue
é sangue bom..."

Pior que não era; não no final dos anos 70, onde essa história começa. No carro, iam Kakalo, Inácio e Tupiara, os três nos seus 20 e poucos anos, ninguém de cinto de segurança, que não era obrigatório (nem existia!). Na pancada violenta com outro carro que atravessou a estrada e parou, Kakalo foi arremessado contra o vidro, jugular e aorta seccionadas, a vida se esvaindo rapidamente na hemorragia. Deu a sorte de encontrar uma pessoa solidária, que abriu lugar no banco de trás do seu carro e o levou para um hospital de beira-estrada ali de São Gonçalo. Deu a sorte de encontrar um médico adoravelmente louco, discípulo de Pitanguy, que acreditou nas suas poucas chances de sobrevivência e caprichou na sutura. Saiu daquela com bem disfarçados 360 pontos no rosto e pescoço e seis litros de sangue novinho no corpo.

Vinte e cinco de agosto de 2010. Às 11 da noite, em choque hipovolêmico, causado por uma brutal hemorragia digestiva, Kakalo dá entrada no Hospital da Lagoa. Foi encontrado pela manhã, em Saquarema, e levado a um hospital de Bacaxá, onde eram nulas as possibilidades de atendimento. A transferência para o Rio soou para nós, seus irmãos, como um alívio. Ia dar tudo certo. Mais uma vez - seria a terceira -, Kakalo ia driblar a "velha senhora".

Depois das providências iniciais - que incluíram a reposição do sangue perdido, plasma para combater a falta de coagulação, noraadrelanina para estabilizar a pressão e ene outros procedimentos -, os médicos levantaram a hipótese de uma doença grave e antiga do fígado. Diante da nossa perplexidade, perguntaram se ele bebia. Claro que sim; era, como nós, boêmio. Mas daí a ter uma hepatopatia grave! Mas, quem sabe?. Nenhum de nós se lembrou do acidente.

No dia seguinte, a hipótese se confirmou em um diagnóstico mais atemorizante: o fígado estava destruído pela cirrose; o esôfago, tomado por grossas e frágeis varizes; os rins tinham parado. Mais perplexidade. Até um pouco de raiva do Kakalo, que nunca comentou o problema, nunca reclamou de uma dorzinha no fígado, que nunca deu uma dica de que estava mal. Nenhum de nós se lembrou do acidente.

Como uma prece, o caçula, Mariozinho, fez o samba cuja introdução melódica reproduzia os sons do CTI e os versos chamavam Kakalo para a vida, exaltando o sangue bom que se sobrepunha à hemorragia.

"Meu irmão,
cada gota de sangue em teu sangue
é sangue bom..."

Nos 20 dias de internação, não sei exatamente quando um de nós (que também não sei qual foi) se lembrou do acidente e dos salvadores seis litros de sangue daqueles idos de 1977. A charada começava a ser desfeita.

Até 1992, quem se via obrigado a tomar uma transfusão ou plasma ficava exposto a uma sortida variedade de vírus, da Aids às hepatites B e C. Entrava para um grupo de altíssimo risco. Mas ninguém sabia disso; não havia controle do sangue doado. Para o Kakalo, coube o vírus da Hepatite C (HCV), que se desenvolveu nele como na maioria dos portadores: silenciosamente, sem desconfortos, sem sinais.

A grande maioria dos pacientes de Hepatite C não apresenta sintomas; a fase aguda passa despercebida. Às vezes, tem alguma coisa, mas parece uma gripe forte. Assim, mais de 80% dos contaminados desenvolverão Hepatite C crônica e suas sequelas. Só descobrirão ao tentarem doar sangue ou quando, por alguma razão ou sorte, um médico solicitar o exame de Marcadores de Hepatite. O mais provável é que a descoberta só aconteça junto com as devastadoras complicações da doença, como a cirrose e o câncer de fígado.

Essas complicações podem aparecer décadas após a contaminação e, pior, também se desenvolver lenta e silenciosamente. Cerca de 40% dos pacientes com cirrose são assintomáticos. Quando surgem os sinais, a doença já está em fase muito avançada.

Segundo o site www.hepcentro.com.br, apesar dos esforços em conter a epidemia, especialmente com a realização de exames específicos em sangue doado, a hepatite C é uma ameaça crescente, que exige medidas adicionais de prevenção e tratamento.

Não sei quais as medidas preconizadas pelo site, mas tenho uma sugestão: que, na anamnese de seus pacientes, os profissionais da saúde (alopatas, homeopatas, dentistas, médicos do trabalho, terapeutas etc.) incluam a pergunta 'Tomou transfusão de sangue antes de 1992?'. Sem o questionamento direto, acho difícil que antigos transfundidos tragam o assunto à baila - quem vai se lembrar?; quem vai imaginar que umas gotas de sangue pingadas na veia há 30 anos possam matar?

Mas, se algum antigo transfundido leu este texto até o fim, aconselho que procure um médico e peça o exame de Marcadores de Hepatite. É uma providência que vale ouro; ou vale vida. Kakalo era de pouco ir ao médico. Mas, certamente, teria uma outra história se há quatro anos, quando sofreu um AVC e se viu forçado a encarar um tratamento especializado, o neurologista tivesse feito a pergunta que levaria à descoberta da hepatite C. Por falta dela, e apesar de todo o aporte oferecido e do empenho de médicos, enfermeiros e demais profissionais do Hospital da Lagoa, Kakalo morreu no dia 14 de setembro, aos 57 anos, depois de quatro hemorragias causadas pela cirrose. Trinta anos depois, a hepatite C fez barulho e cobrou a conta.

*"Fui!" era uma expressão característica do nosso irmão Kakalo, registrado em cartório como Luiz Carlos. Que saudade!

Graça Maria Lago


Este texto foi escrito pela filha do poeta e compositor Mario Lago, Graça Maria Lago, relatando a absurda morte de seu irmão Kakalo (Luiz Carlos Lago) por decorrência da hepatite C, denunciando que por falta de campanhas de alerta e detecção, pelo menos em quem recebeu transfusão de sangue antes de 1993, os infectados estão morrendo sem saber que estavam com uma doença potencialmente fatal.

Mario Lago foi o autor de sambas populares como "Ai, que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra". Graça, espero que o texto seja a "primeira pedra" que atinja em cheio os responsáveis pela vigilância epidemiológica deste nosso Brasil para que, independentemente do partido político que estiver no poder deixe de existir a omissão em relação à falta de campanhas de detecção dos mais de três milhões de brasileiros infectados nas hepatites e que não sabem que estão doentes, como aconteceu estupidamente com teu irmão.

PS: este texto foi enviado por Carlos Varaldo, Presidente do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite. hepato@hepato.com

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Revista Espaço Aberto

Revista 80
Por Circe Bonatelli






Não existe nenhum documento, comprovante ou mecanismo legal para garantir nossa vontade de ser ou não um doador. Só a família pode autorizar a doação e decidir se acata ou não a vontade do falecido.Segundo o artigo 4º da lei 9.434/97, “A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte”. Veja na íntegra a lei 9.434.Quando foi promulgada, em 1997, essa lei presumia que todo brasileiro era doador, salvo manifestações contrárias. Em 2002, o código foi reajustado: agora a família tem o poder de escolha acima de qualquer um, inclusive acima do falecido.

De acordo com a interpretação de Rachel Sztajn, professora da Faculdade de Direito da USP, é mais valiosa a atenção a quem fica do que a quem se foi. “Tanto no Direito quanto na Bioética, existe uma enorme consideração à autonomia do indivíduo. Mas, morto não tem vontade. E de quem é o corpo? O corpo é da família e a lei respeita a autonomia dos familiares. Se o corpo fosse do Estado, caberia à lei presumir a doação.”
O vice-coordenador da OPO (Organização para Procura de Órgãos), Edvaldo Leal, concorda que a legislação atende aos requerimentos éticos populares. “A doação depende do consentimento da família, mas é raríssimo alguém ir contra a vontade do falecido. No nosso país, respeitar o desejo de quem morreu é algo que as pessoas levam muito a sério, mesmo que contrarie as convicções próprias.”
Conforme disse Leal, é rara uma decisão diferente da vontade do falecido. Mas pode acontecer, como é o caso de Janaína Ronaneli. Ela e o marido já se declaram doadores, mas esbarram na posição da sogra. “Ela tem um apego muito grande ao filho e não iria permitir que mexessem no corpo dele”, conta Janaína, supondo uma situação de tragédia. “E eu acataria a decisão dela para não ter um clima ruim depois. Com certeza ela ficaria muito mal. E estou sendo muito imparcial, porque se eu fosse levar em conta a minha profissão [enfermeira], pensaria na importância de doar os órgãos ao invés de deixar que se decomponham enterrados.”

Como os casos de morte cerebral são abruptos e inesperados, é comum a família ter dificuldades em decidir. Nesses casos, a orientação geral dos profissionais da saúde é para os parentes pensarem qual era a vontade do falecido. Portanto, é também muito útil deixar claro para a sua família se é doador ou não-doador.

Nós dizemos que a família precisa chegar a um consenso após a tragédia. Se, de cinco irmãos, quatro decidem doar os órgãos do pai morto, mas um não concorda, o HC respeita a posição desse um. A explicação é que procuramos evitar problemas posteriores na família, como troca de acusações, culpa pela morte e outros conflitos”, afirma Leonardo Borges, coordenador da OPO no HC.
www.usp.br/espaçoaberto

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Último Segundo - iG

Hepatite faz com que 40% das córneas doadas sejam descartadas


Doença é o principal motivo para tecidos não serem aproveitados em transplantes oculares
Fernanda Aranda, iG São Paulo 04/08/2010 12:51


Um relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), produzido pela primeira vez, mostra como o vácuo no diagnóstico das hepatites B e C pode impactar na realização de transplantes de córneas.
Segundo a Anvisa, durante o ano de 2009, os bancos de olhos espalhados pelo País captaram 21.012 córneas para serem utilizadas em transplantes, cirurgia que é capaz de fazer com que os pacientes com doenças oculares voltem a enxergar. Do total de tecidos, 10.635 ou 51% foram descartadas.
O principal motivo para a não utilização de quase metade das córneas, diz a Anvisa, foi a Hepatite B e a Hepatite C, problemas de saúde que impedem a utilização do material e responsável por 38,9% dos descartes. A má qualidade do tecido ocular doado também resultou na inutilização do tecido em 30% dos casos.

Queda de doadores
A Associação Brasileira de Transplante de órgãos (ABTO) mostra mesmo que o número de doadores de córneas está em queda no País, na contramão das estatísticas sobre doadores de órgãos.

Em 2009, foram 67 doadores de córneas por milhão de habitantes contra 72,4 em 2008. Já de órgãos, o número subiu de 20,2 para 22,2 doadores por milhão no mesmo período.
Fila de espera
Diminuir a incidência de Hepatite B pode repercutir na diminuição da fila de espera para o transplante de córneas. No início deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo anunciou que passou a exportar córneas para outros Estados do País, justamente para tentar equilibrar o fato da captação paulista exceder a necessidade de cirurgias e de, em outros locais, como Rio de Janeiro, faltar material para o transplante.
Dos 5.686 transplantes de córnea realizados no Estado de São Paulo em 2009, 24,7% eram de pessoas residentes em outros estados. Só o Rio de Janeiro respondeu por 10,5% das cirurgias.
Plano contra hepatite
Na semana passada, o Ministério da Saúde lançou o primeiro plano nacional contra a Hepatite B e Hepatite C. A iniciativa quer lutar contra a falta de diagnóstico na população. Muitos passam anos com o vírus, sem relacionar seus sintomas com a doença e distante do tratamento adequado para ela.
Os dados nacionais mapeados mostram que 96 mil casos novos foram diagnosticados de Hepatite B apenas no ano passado. Além do sexo sem proteção, o compartilhamento de seringas e alicates de unhas também podem servir como mecanismos de contaminação.
Pesquisa do Instituto Adolfo Lutz feita com manicures da capital paulista mostrou que 10% delas estavam infectadas.
Uma das estratégias para diminuir a contaminação da população é ampliar a faixa etária que pode receber a vacina gratuita contra a hepatite B nos postos de saúde. Atualmente, fazem parte do calendário gratuito de imunização a população entre 0 e 19 anos. Ano que vem, serão incluídos os entre 20 e 24 anos e em 2012 somadas as pessoas entre 25 e 29 anos.

Diario de Pernambuco

Saúde // 65 mil estão na fila do transplante


Placar apertado mas vitorioso para aqueles cuja única chance de cura está em um transplante.
Foram 809 "não" contra 963 "sim" vindos de famílias questionadas, no primeiro semestre deste ano, sobre a vontade de doar os órgãos de um parente que havia acabado de falecer.
O número poderia ser maior, reconhece Alberto Beltrame, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. "Embora a lei diga que a notificação da morte encefálica antes da parada cardíaca é obrigatória, só registramos 50% dos óbitos nessa condições no Brasil.
Ainda assim, estamos andando a passos largos nessa área", afirma. Falta de comissões dentro dos hospitais voltadas para a área, desinformação por parte da população e a pouca agilidade do sistema que interliga as instituições envolvidas são fatores que atrapalham o atendimento das cerca de 65 mil pessoas atualmente registradas no cadastro nacional à espera de um órgão.
A maior demanda é por rins e córneas - representando cerca de 85% dos órgãos e tecidos esperados.
Antonio Augusto dos Santos aguarda um rim há oito anos. Seus órgãos apresentaram problema quando ele passou por um distúrbio nervoso, ao ser assaltado, com a mulher e a filha, em casa. "Morávamos em Águas Lindas (GO), ficamos amarrados, foi terrível. Minha pressão subiu tanto que tive um infarto e meus rins pararam", conta. Quatro anos depois de fazer acompanhamento ambulatorial, teve que começar a hemodiálise. Por duas vezes, pensou que conseguiria o tranplante. Chegando ao hospital, foi informado de que não seria possível. "A gente fica tão esperançoso, é difícil voltar para a casa", diz ele.São muitos os problemas que inviabilizam cirurgias como a de Antonio, 46 anos.
Dos 3.421 potenciais doadores identificados nos seis primeiros meses de 2010, 15 não tiveram a doação efetivada por falta de infra-estrutura adequada e 657 por terem tido parada respiratória antes do processo ser efetivado, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Presidente da entidade, Ben-Hur Ferraz Neto aponta a necessidade da implantação de uma efetiva política de doação de órgãos nos estados. "Especialmente no que diz respeito à formação de recursos humanos, de profissionais que saibam diagnosticar morte encefálica, de equipes que façam a abordagem da família e, claro, de campanhas esclarecedoras", opina o médico.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Notícias ATX-BA

CAMPANHA DE MEDULA ÓSSEA DO COMPLEXO HUPES


Por que participar?

Porque é muito difícil encontrar um doador de medula compatível, mesmo na própria família. Em nosso país a mistura racial é muito grande, e isso dificulta ainda mais a procura do doador ideal.

Na Bahia, muitos pacientes aguardam por um doador compatível não aparentado. Você pode ajudar a reduzir essa estimativa.

Como participar?
Os voluntários devem se dirigir ao setor de Oncohematologia do Complexo HUPES (Hospital das Clínicas) nos dias 15 e 16 de setembro, das 08 às 12h e 13 às 17h, munidos da documentação: RG, CPF e cartão nacional do SUS, caso possua.


Para se tornar um doador:
• Você deve ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde;
• Preencher um formulário com dados pessoais e realizar a coleta de uma amostra de sangue (5ml) para testes de compatibilidade;
• Os dados pessoais e os resultados dos testes serão armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com os dados dos pacientes que estão necessitando do transplante;
. Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado para realizar exames complementares e a doação.
A retirada da medula é feita por meio de punções no osso da bacia ou pela veia com a utilização da máquina de aférese. Nos dois procedimentos a medula se recompõe em 15 dias.

Existem riscos para o doador?
Os riscos são praticamente inexistentes. Até hoje não há relato de nenhum acidente grave devido a este procedimento.

Mais informações: 3283-8177 – Serviço de Oncohematologia do Complexo HUPES

A doação de medula óssea é um gesto de solidariedade e amor ao próximo.

Difícil não é doar. Difícil é precisar.

COMPLEXO HUPES SERVIÇO DE ONCOHEMATOLOGIA ASCOM HEMOBA

Notícias ATX-BA

Depoimento de Antônio Pereira
Decida você - 27 de setembro. Dia do doador de órgãos
Desde que nascemos, uma única e inexorável certeza nos acompanha: todos iremos morrer. Apesar dessa inegável realidade, evitamos falar desse assunto, como se assim pudéssemos retardar ou fugir do inevitável.
Em se tratando de doação de órgãos, é extremamente importante a discussão do tema, uma decisão precisará ser tomada: agora por você, de forma consciente e serena, ou por seus familiares, que em meio a dor da sua partida, ainda se depararão com a delicada questão de doar ou não os seus órgãos. Decida você! Comunique a todos a sua opção.
E qual é a sua escolha? Vai doar ou não? do ponto de vista religioso, não há nenhum impedimento, pois em todas as crenças, é o espírito quem sobrevive, transcende ao túmulo.
Se você acredita na ressurreição, sabe que ela se dará num "corpo espiritual" e que "nem carne, nem sangue entrarão no reino dos céus"; se você crê na reencarnação, é sabedor que os "laços" que unem seu perispírito, duplo etéreo ou algo que o valha, se "desfazem" de forma irreparável no processo de desencarne.
Sendo muito apegado à matéria, essa é uma boa oportunidade para modificar-se, pois a doação dos órgãos (para uma alma apegada ao corpo), não será mais dolorosa do que a decomposição do sepulcro ou o fogo da cremação.Materialista? não tem absolutamente nada a perder, se a morte é o fim de tudo...
Já decidiu? Não se esconda atrás de um medo que não se justifica, doando o que não lhe tem mais utilidade, vidas serão salvas, caso você não doe, tudo isso logo logo será literalmente perdido, só restarão: despojos, restos mortais. Já parou para pensar nisso? Já pensou nas pessoas que padecem nas filas de transplante? Nos familiares e amigos delas? Já se imaginou, precisando de uma doação para continuar vivo? E se quem necessitasse fosse alguém muito próximo? ... ... ...
27 de setembro, é apenas mais um dos 365 dias do doador de órgãos, pois todos os dias, milhares de seres humanos como nós e aqueles que os amam, esperam angustiosamente por uma oportunidade de seguir vivendo. Chegará o dia em que você poderá protagonizar o ressurgir da esperança e da alegria de gente que sonha, sente, pensa... ... ... Você pode fazer a diferença ou simplesmente morrer e pronto.

No meu caso, talvez a córnea que eu precisava para voltar a ver, tenha chegado com um ano de atraso. Esse atraso para quem precisa de um coração, um fígado, rim... pode significar uma sentença de morte.
Fale sobre doação, faça sua escolha pela vida, passe essa mensagem adiante, ajude a formarmos um "círculo virtuoso" em torno da doação de órgãos e tecidos, a decisão é sua!
autor original: Antonio Pereira (Apon) site http://www.aponarte.com.br).

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Notícias ATX-BA


O projeto da ATX-BA "EDUCAR PARA DOAR" , visa criar uma cultura sobre doação de órgãos e tecidos. Fazendo parte do projeto várias atividades serão desenvolvidas pela a ATX-BA.

Durante o mês de setembro de 2010 estaremos publicando informações sobre doação de órgãos e tecidos, transplantes, notícias e depoimentos sobre o tema.

Neste mês, no dia 27 é comemorado em todo país o "DIA NACIONAL do DOADOR de ÓRGÃOS" .

Participem: queremos saber sua opinião, tire suas dúvidas ou dê seu depoimento.

O transplante de órgãos e tecidos é um ato médico social, portanto, é necessário a participação de toda sociedade para que se realize.

Você não faz parte do problema. Mas pode fazer parte da solução.

Transplante de Órgãos :
Perguntas e Respostas

O que é transplante?
É um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo ou morto.

Quem pode e quem não pode ser doador?
A doação pressupõe critérios mínimos de seleção. A idade, o diagnóstico que levou à morte clínica e o tipo sangüíneo são itens estudados do provável doador para saber se há receptor compatível.

Não existe restrição absoluta à doação de órgãos a não ser para portadores de HIV/aids e pessoas com doenças infecciosas ativas. Em geral, fumantes não são doadores de pulmão.

• Por que existem poucos doadores? Temos medo de doar?
É uma das razões, porque temos medo da morte e não queremos nos preocupar com este tema em vida.

É muito mais cômodo não pensarmos sobre isso, seja porque "não acontece comigo ou com a minha família" ou "isso só acontece com os outros e eles que decidam".

Quando podemos doar?
A doação de órgãos como rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em vida. Em geral, nos tornamos doadores em situação de morte encefálica e quando a nossa família autoriza a retirada dos órgãos.

• Quero ser doador. O que devo fazer?
Todos nós somos doadores, desde que a nossa família autorize. Portanto, a atitude mais importante é comunicar para a sua família o seu desejo de ser doador.

• Quantas partes do corpo podem ser aproveitadas para transplante?
O mais freqüente: 2 rins, 2 pulmões, coração, fígado e pâncreas, 2 córneas, 3 válvulas cardíacas, ossos do ouvido interno, cartilagem costal, crista ilíaca, cabeça do fêmur, tendão da patela, ossos longos, fascia lata, veia safena, pele.

Mais recentemente foram realizados transplantes de uma mão completa. Um único doador tem a chance de salvar, ou melhorar a qualidade de vida, de pelo menos 25 pessoas.

• Podemos escolher o receptor?
Nem o doador, nem a família podem escolher o receptor. Este será sempre indicado pela Central de Transplantes. A não ser no caso de doação em vida.

Fonte: Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos