Placar apertado mas vitorioso para aqueles cuja única chance de cura está em um transplante.
Foram 809 "não" contra 963 "sim" vindos de famílias questionadas, no primeiro semestre deste ano, sobre a vontade de doar os órgãos de um parente que havia acabado de falecer.
O número poderia ser maior, reconhece Alberto Beltrame, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. "Embora a lei diga que a notificação da morte encefálica antes da parada cardíaca é obrigatória, só registramos 50% dos óbitos nessa condições no Brasil.
Ainda assim, estamos andando a passos largos nessa área", afirma. Falta de comissões dentro dos hospitais voltadas para a área, desinformação por parte da população e a pouca agilidade do sistema que interliga as instituições envolvidas são fatores que atrapalham o atendimento das cerca de 65 mil pessoas atualmente registradas no cadastro nacional à espera de um órgão.
A maior demanda é por rins e córneas - representando cerca de 85% dos órgãos e tecidos esperados.
Antonio Augusto dos Santos aguarda um rim há oito anos. Seus órgãos apresentaram problema quando ele passou por um distúrbio nervoso, ao ser assaltado, com a mulher e a filha, em casa. "Morávamos em Águas Lindas (GO), ficamos amarrados, foi terrível. Minha pressão subiu tanto que tive um infarto e meus rins pararam", conta. Quatro anos depois de fazer acompanhamento ambulatorial, teve que começar a hemodiálise. Por duas vezes, pensou que conseguiria o tranplante. Chegando ao hospital, foi informado de que não seria possível. "A gente fica tão esperançoso, é difícil voltar para a casa", diz ele.São muitos os problemas que inviabilizam cirurgias como a de Antonio, 46 anos.
Dos 3.421 potenciais doadores identificados nos seis primeiros meses de 2010, 15 não tiveram a doação efetivada por falta de infra-estrutura adequada e 657 por terem tido parada respiratória antes do processo ser efetivado, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Presidente da entidade, Ben-Hur Ferraz Neto aponta a necessidade da implantação de uma efetiva política de doação de órgãos nos estados. "Especialmente no que diz respeito à formação de recursos humanos, de profissionais que saibam diagnosticar morte encefálica, de equipes que façam a abordagem da família e, claro, de campanhas esclarecedoras", opina o médico.
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