Brasil espera aumentar taxa de doação de órgãos em 2010
Karina Gomes cidades@eband.com.br
O número de doações de órgãos no Brasil se mantém estável desde junho deste ano, quando foi registrado um aumento de 24,3% nas doações após a morte. Foram 2.099 transplantes de órgãos entre janeiro e junho, a maioria de rim (30,28%) e fígado (23,17%), de acordo com levantamento do Sistema Nacional de Transplantes. “Até setembro deste ano nós mantivemos esse aumento e se continuar assim será excelente. Temos uma boa taxa de doação no país, são 8,6 doadores por milhão”, disse de Recife ao eBand o presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), Valter Duro Garcia, que acompanhou nesta semana o 11º Congresso Brasileiro de Transplantes.
De acordo com Garcia, o Brasil registrou nos últimos dois anos o melhor índice de doações. De julho de 2007 até 2009, o aumento foi de 52%. “De 2005 até julho de 2007, tivemos uma queda de 35%, mas conseguimos superar essa diminuição nas doações”, afirmou. Em 2004, a taxa de doação era de 7,4 por milhão e, segundo o presidente da ABTO, a expectativa é de que, até 2010, o Brasil atinja a taxa dez doadores por milhão.
Os transplantes de rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão, doados por pessoas vivas ou mortas, subiram 16,31% entre janeiro e junho. O Ministério da Saúde espera que no segundo semestre haja um crescimento de 12,2% nas doações em relação a todo o ano de 2008.
Quando se compara o total de doações de órgãos e tecidos, no entanto, o aumento foi menor. Entre janeiro e junho de 2009, foram 9.664 cirurgias de transplante, apenas 2,83% a mais do que em 2008, de acordo com dados divulgados em setembro pelo Ministério da Saúde.
Congresso
Garcia afirmou que no congresso em Recife os problemas das centrais estaduais estão sendo analisados. “Estamos projetando planos para torná-las mais ágeis”, disse. Segundo ele, novos marcadores serão implantados no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2010 para uniformizar os padrões de classificação dos doadores no país. A OMS (Organização Mundial da Saúde) está usando nova metodologia de análise do processo de doação e quer implantá-la em todos os países.
Com essa nova metodologia, o paciente que está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) será classificado como um “potencial doador”. Se o resultado para morte encefálica for positivo, o paciente é considerado “possível doador”. Caso o resultado de exame médico não apresente contraindicações, ele se torna um “doador elegível”. Após a autorização dos familiares para a doação dos órgãos, a central de transplantes estadual é notificada e o paciente é classificado como “doador efetivo”.
“O paciente só será notificado como doador efetivo se, de fato, os órgãos retirados forem utilizados, porque podem ocorrer problemas como inutilização do órgão antes do transplante”, afirmou. “Isso irá otimizar a sistematização dos dados e mostrar realmente os índices de doação no país. Por falta de uniformidade de classificação entre os países, há várias discrepâncias que, muitas vezes, não são reais”.
O 11º Congresso Brasileiro de Transplantes será realizado até sexta-feira, dia 16, e trará discussões importantes para que o processo de doação seja mais rápido e efetivo no país. “Estamos discutindo técnicas de entrevista familiar, novas ferramentas, e estamos preparando as centrais para aumentar a taxa de efetivação da doação, que atualmente no Brasil é de 40%. E até novos aspectos técnicos como a possibilidade de doadores sem batimentos cardíacos”.
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