segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O POVOonline

Transplantados chamam atenção para doação de órgãos
Os mitos em torno da doação de órgãos diminuem, dizem médicos e transplantados. Mas ainda é preciso falar sobre o assunto.
Caminhada na Beira Mar mostrou o poder da doação
Mariana Toniattimariana@opovo.com.br 28 Set 2009 - 00h45min
Eles sabem a data e a hora precisa do transplante. ``Faz um ano e dois dias``. ``Foi no dia 8 de novembro de 1995``. ``1h15min eu estava pronta``. É como um segundo aniversário. Naquele instante começa uma nova vida. ``Muda tudo``, resume Fábio de Oliveira Costa, 39, transplantado há seis meses. Com um novo rim, os cinco anos de hemodiálise ficaram para trás. ``Agora converso com meus amigos, digo da importância da doação e faço questão de estar aqui``, diz Fábio. Ele percorreu a avenida Beira Mar, do começo até a Praça dos Estressados, acompanhando a Caminhada Pela Doação, parte da XI Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, realizada ontem de manhã. Abilenes Gomes Duarte, 32, também foi.
Com um novo coração há um ano, ela ainda chora, mas agora de alegria, ao contar sua história. ``Cada respiração, cada passo que dava dentro da UTI era como se estivesse começando tudo de novo. Como se tivesse nascido de novo mesmo``, conta. A doença de Chagas inchou seu coração até Abilenes não ter forças para comer e tomar banho. Hoje, tudo é prazer e festa. A amiga Sivone de Souza Barbosa, 35, também ``tem sua vida de volta``. Depois de três anos tentando curar o coração lesionado durante a gravidez, o transplante foi a única saída. Com um mês na fila, ``nas últimas``, como conta o marido Adailton Barbosa, 34, ela recebeu o órgão. ``Hoje tenho uma vida regrada, nada de sal, açúcar, essas coisas que todo mundo deveria fazer e não faz, mas cuido da casa, do marido e da filha``. As pessoas não acreditam que Sivone passou por um transplante de coração. Na fila do banco, para evitar aglomerações, ela tem que provar mostrando a carteirinha de transplantada. As histórias de superação se repetem. Lucineide Ferreira, 42, nasceu de novo há 14 anos ao receber um rim da irmã depois de 12 anos na fila.
O médico João David de Souza, coordenador do Transplante Cardíaco do Hospital de Messejana, concorda com Lucineide. As campanhas de conscientização e as reportagens veiculadas na imprensa ajudaram a desmistificar a doação e a aumentar o número de transplantes realizados. ``O problema é a dificuldade de identificar o doador nos hospitais de trauma``, diz João David. Faltam pessoal e equipamento para identificar e manter o doador até a captação.
E-Mais >Das 159 pessoas que esperam por um transplante de fígado hoje no Ceará, 57 são portadoras de hepatite C.
Como a doença é assintomática - pode passar 20, 30 anos sem se manifestar - o paciente, em muitos casos, nem sabe que é portador. Quando descobre, a hepatite já avançou, causando danos mais sérios como cirrose ou câncer de fígado.
> Descoberta cedo, a hepatite tem tratamento e cura. Agrimeire Leite, do Grupo ABC de Apoio ao Portador de Hepatite, tratou com medicamentos uma hepatite B e há cinco anos ficou boa. Participando da caminhada ontem, ela aproveitou para reiterar a importância de manter em dia os exames que fazem o diagnóstico da hepatite. ``E é bom reforçar também a importância de se vacinar contra a hepatite B que pode ser também sexualmente transmissível``, lembra. A vacina gratuita é aplicada em três doses.
FILA >Córnea: 654
>Coração: 10
>Fígado: 159
>Rim: 283
>Medula Óssea: 29
Total: 1.135

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