midiamax
28/05/2009 09:00
Sem transplante de pele, queimados não chegam à recuperação plena
Jacqueline Lopes
Alessandra Carvalho
Presença da mãe faz parte do processo de cura de criança vítima de queimaduras
Vítima da combustão do álcool, Lorrane, 5, teve queimaduras de 3º e 4º graus por todo o corpo. Está há 27 dias internada no setor de queimados da Santa Casa de Campo Grande. A criança é um dos 16 pacientes do 2º andar, no setor onde ficam as vítimas de traumas térmicos.
O histórico da menina é de recuperação. As marcas no corpo poderão acompanhá-la, mas tecnologias para transplantes de pele já existem. Porém, não em Campo Grande.
“Se tiver condições de levar minha filha para fora e for para o bem dela eu faço de tudo”, diz a mãe, a servente industrial Viviane Aparecida Xavier da Silva, 26.
Um dos desafios no tratamento das crianças em fase de crescimento é de que forma recuperar a pele destruída pelo fogo para que o órgão acompanhe a evolução do corpo.
A Santa Casa tem condições de retirar pele, córnea, rim, coração e osso de doadores, mas ainda falta estrutura para transplantar a ‘própria roupa natural’ do ser humano: a pele.
Hoje, a referência no Brasil em transplante de pele é São Paulo. Aliás, segundo o médico cirurgião intensivista da Comissão de Captação de Órgãos da Santa Casa, Luiz Alberto Kanamura, a capital paulista tem sido referência em todos os tipos de transplantes
Caso Lorrane
Há 27 dias no local, a menina de Dourados recebe medicamentos à base de morfina, antiinflamatórios, curativos e carinho, tanto da equipe especializada como da mãe.
Lorrane dorme muito, talvez assim o tempo passa rápido. Viviane prefere se concentrar no restabelecimento da saúde da filha. Enquanto a criança pega no sono e segura a mão dela, a mãe conta como foi o acidente.
Viviane trabalha todos os dias até meia-noite. Os filhos têm 5, 8 e 10 meses e ficam com a avó materna, na casa onde moram as crianças e a mãe.
O acidente aconteceu num fim da tarde. Um vizinho tinha varrido o quintal e posto fogo no lixo. Um amiguinho de Lorrane, irmão do garoto que ateou fogo nos entulhos, jogou o resto do álcool na menina que brincava no quintal de vestidinho.
Quando a menina se aproximou do fogo, o álcool da sua roupa respondeu imediatamente ao contato. Ela foi tomada pelas labaredas, a avó correu para socorrê-la e jogou água no corpo da menina.
Chorando muito, Lorrane foi levada pela avó para o hospital. A mãe deixou o trabalho e ficou com a criança que no mesmo dia foi trazida para a Santa Casa.
Na enfermaria, com o corpo todo enfaixado, com exceção do rostinho e parte da cabeça, a menininha dorme e chora quando não vê a mãe por perto.
Viviane não sabe do paradeiro do marido, tem licença médica de dois meses, deixou os outros filhos em Dourados e diz que irá até o fim para garantir a recuperação da filha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário