Falando do preço dos novos medicamentos orais para hepatite C - EASL 2014
15/04/2014
O preço do primeiro medicamento aprovado nos Estados Unidos de 84.000.- dólares apavoraram governos, médicos e pacientes, mas passados poucos meses já se observa que tal preço não será único no mundo e, também, não será referencia para os outros novos medicamentos orais, livres de interferon, que estarão chegando nos próximos meses.
A guerra comercial com a chegada de outros medicamentos já começou. Em julho o FDA deverá aprovar a combinação da Gilead de Sofosbuvir com Ledipasvir, em agosto a EMEA deverá aprovar a combinação da Bristol-Myers Squibb de Assunapravir com Daclastavir e aproximadamente no final do ano Abbvie deverá ter a aprovação de seus tratamentos orais, isso sem contar que outras empresas deverão chegar ao mercado em 2015. Todas elas com tratamentos orais, sem interferon, e com duração entre 8 e 12 semanas (em alguns poucos casos chegando as 24 semanas de tratamento) e atendendo todos os genotipos, graus de fibrose e cirrose, co-infectados e inclusive já em estudos avançados de transplantados.
Em curto espaço de tempo teremos umas quatro ou cinco empresas farmacêuticas com medicamentos compatíveis lutando pelos mesmos pacientes que por enquanto não são os 170 milhões de infectados que tanto se fala, pois a grande maioria ainda não foi diagnosticada, por tanto, não poderão receber medicamentos. Diagnosticar entre 50% e 70% dos infectados poderá levar sete anos aproximadamente, isso se forem deflagradas grandes campanhas de alerta e diagnostico.
Durante o congresso de Londres ficou muito claro que o preço de cada medicamento será diferente para cada país. Países com compra centralizada, como é o caso do Brasil, terão maior poder de barganha já que se o governo compra somente um dos medicamentos para os outros quedará somente o mercado privado, que é mínimo. Países onde as diferentes regiões compram separadamente perderão o poder de negociar preços devido a quantidades pequenas de medicamentos adquiridos. Países com maiores recursos pagarão mais caro que países mais pobres.
Isso vai levar a oferecer preços atrativos para cada empresa tentar dominar regiões do mundo. Estimo que já em 2015 o custo do tratamento com os medicamentos orais seja igual ou inferior que o tratamento atual com interferon peguilado e ribavirina, consequentemente muitas vezes menor que com os inibidores de proteases boceprevir e telaprevir. Todos os tratamentos que necessitam do interferon peguilado injetável serão paulatinamente abandonados, em alguns países rapidamente em outros poderão sobreviver por algum período mais longo, dependendo da vontade política e da pressão da sociedade civil.
Correu um rumor durante o congresso, em conversas reservadas, que a Gilead deverá ter uma política de preços específica, chamada de "compassiva", para Índia, Egito e Brasil, garantindo o acesso a Sofosbuvir/Ledipasvir, mas como tudo rumor foi impossível de confirmar com os executivos de Gilead. Em Egito o acordo já foi assinado e serão ofertados em cinco anos 1 milhão de tratamentos ao custo de 330.- dólares mensais, um desconto de 99% sobre o preço dos Estados Unidos.
A ideia de lutar por quebra de patentes, licenciamento compulsório ou transferência de tecnologias já nasceu morta. A manifestação marcada na porta de congresso fracassou. Quando se transfere tecnologia ou se quebra patente o medicamento demora em chegar aos pacientes entre 2 e 3 anos, pois é necessário se preparar para fabricar, fazer o ensaio clínico de bioequivalência e registrar o medicamento nas agencias reguladoras. Como serão vários fabricantes é mais inteligente negociar reduções drásticas de preços e, se acertado um preço condicente o medicamento chega no dia seguinte aos pacientes. Porque demorar até 3 anos para ter um medicamento similar se pode ser negociado um preço para atender imediatamente os pacientes com o medicamento original?
O preço do primeiro medicamento aprovado nos Estados Unidos de 84.000.- dólares apavoraram governos, médicos e pacientes, mas passados poucos meses já se observa que tal preço não será único no mundo e, também, não será referencia para os outros novos medicamentos orais, livres de interferon, que estarão chegando nos próximos meses.
A guerra comercial com a chegada de outros medicamentos já começou. Em julho o FDA deverá aprovar a combinação da Gilead de Sofosbuvir com Ledipasvir, em agosto a EMEA deverá aprovar a combinação da Bristol-Myers Squibb de Assunapravir com Daclastavir e aproximadamente no final do ano Abbvie deverá ter a aprovação de seus tratamentos orais, isso sem contar que outras empresas deverão chegar ao mercado em 2015. Todas elas com tratamentos orais, sem interferon, e com duração entre 8 e 12 semanas (em alguns poucos casos chegando as 24 semanas de tratamento) e atendendo todos os genotipos, graus de fibrose e cirrose, co-infectados e inclusive já em estudos avançados de transplantados.
Em curto espaço de tempo teremos umas quatro ou cinco empresas farmacêuticas com medicamentos compatíveis lutando pelos mesmos pacientes que por enquanto não são os 170 milhões de infectados que tanto se fala, pois a grande maioria ainda não foi diagnosticada, por tanto, não poderão receber medicamentos. Diagnosticar entre 50% e 70% dos infectados poderá levar sete anos aproximadamente, isso se forem deflagradas grandes campanhas de alerta e diagnostico.
Durante o congresso de Londres ficou muito claro que o preço de cada medicamento será diferente para cada país. Países com compra centralizada, como é o caso do Brasil, terão maior poder de barganha já que se o governo compra somente um dos medicamentos para os outros quedará somente o mercado privado, que é mínimo. Países onde as diferentes regiões compram separadamente perderão o poder de negociar preços devido a quantidades pequenas de medicamentos adquiridos. Países com maiores recursos pagarão mais caro que países mais pobres.
Isso vai levar a oferecer preços atrativos para cada empresa tentar dominar regiões do mundo. Estimo que já em 2015 o custo do tratamento com os medicamentos orais seja igual ou inferior que o tratamento atual com interferon peguilado e ribavirina, consequentemente muitas vezes menor que com os inibidores de proteases boceprevir e telaprevir. Todos os tratamentos que necessitam do interferon peguilado injetável serão paulatinamente abandonados, em alguns países rapidamente em outros poderão sobreviver por algum período mais longo, dependendo da vontade política e da pressão da sociedade civil.
Correu um rumor durante o congresso, em conversas reservadas, que a Gilead deverá ter uma política de preços específica, chamada de "compassiva", para Índia, Egito e Brasil, garantindo o acesso a Sofosbuvir/Ledipasvir, mas como tudo rumor foi impossível de confirmar com os executivos de Gilead. Em Egito o acordo já foi assinado e serão ofertados em cinco anos 1 milhão de tratamentos ao custo de 330.- dólares mensais, um desconto de 99% sobre o preço dos Estados Unidos.
A ideia de lutar por quebra de patentes, licenciamento compulsório ou transferência de tecnologias já nasceu morta. A manifestação marcada na porta de congresso fracassou. Quando se transfere tecnologia ou se quebra patente o medicamento demora em chegar aos pacientes entre 2 e 3 anos, pois é necessário se preparar para fabricar, fazer o ensaio clínico de bioequivalência e registrar o medicamento nas agencias reguladoras. Como serão vários fabricantes é mais inteligente negociar reduções drásticas de preços e, se acertado um preço condicente o medicamento chega no dia seguinte aos pacientes. Porque demorar até 3 anos para ter um medicamento similar se pode ser negociado um preço para atender imediatamente os pacientes com o medicamento original?
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