Qual será o próximo desafio do ministério da saúde na hepatite C?
Carlos Varaldo NOTÍCIAS - Saúde .02
Carlos Varaldo*
Conforme foi apresentado oficialmente pelo ministro da saúde a mortalidade por causa da hepatite C aumentou cinco vezes nos últimos dez anos, motivo pelo qual recomendou gritar para dar visibilidade ao problema e conseguir os recursos necessários ao enfrentamento da epidemia. A epidemia de hepatite C é uma bomba viral que, com o pavio acesso e começou a explodir!
Governo, sociedades médicas, meios de comunicação, legisladores e o judiciário devem entender que a hepatite C é considerada a grande assassina silenciosa, matando muitos mais brasileiros que a AIDS.
Não interessa se os brasileiros infectados são dois milhões como afirma o governo, ou se são 3,5 milhões como falam as ONGs ou até cinco milhões como estima a OMS. Qualquer uma das estimativas, errada ou correta, reflete um número impressionante, entre três e oito vezes maior que os infectados com HIV/AIDS.
A hepatite C desperta a cada dia maior atenção da mídia e cresce o espaço em jornais e revistas, como conseqüência um maior número de indivíduos estará procurando realizar o teste diagnostico e conseqüentemente descobrindo que está infectado, o que resultará em maior número de tratamentos.
Com a chegada de novos e revolucionários medicamentos para o tratamento da hepatite C, os inibidores de proteases já estão em uso no mundo todo e, muitos outros chegarão ainda nesta década, novos desafios deverão ser enfrentados pela saúde pública para atender a demanda crescente de tratamentos. O maior desafio será orçamentário e de infraestrutura de atendimento.
É por isso que estamos solicitando aos gestores da saúde e aos representantes do povo no legislativo que agora é o momento de concentrar esforços, não somente no desenvolvimento de ações estratégicas, mas também de incluir no orçamento de 2012 que neste momento se encontra em discussão para reservar recursos suficientes para enfrentar a maior epidemia que assola o Brasil.
No orçamento de 2011 foram disponibilizados quinhentos milhões de reais. Parece muito, mas é muito pouco se considerarmos quanto isso representa para cada infectado. Considerando o número otimista do governo vemos que para cada um dos dois milhões de infectados estão destinados duzentos e cinqüenta reais, ou cento e cinqüenta reais por infectado se for considerada a estimativa de infectados realizada pelas ONGs e diversos estudos médicos.
A título de comparação, apesar de que a hepatite C é cuidada pelo mesmo departamento do ministério da saúde, os recursos por infectado pela hepatite C representam somente 5% do reservado no orçamento para cada infectado com HIV/AIDS. Uma desigualdade sem qualquer explicação lógica.
Todos deveriam admitir publicamente que com tão magro recurso será muito difícil o diagnostico e tratamento de um número considerável de indivíduos. Não podemos aguardar muito tempo para aumentar as verbas, pois o avanço da hepatite na destruição do fígado pode ser silencioso, mas ele é inevitável, e leva o infectado a desenvolver cirrose, câncer e conseqüentemente o levará a morte. Se não diagnosticada e devidamente tratada, a cada quatro infectados um morrerá aproximadamente aos 57 anos de idade, perdendo 17 anos de vida. Um custo social e moral impossível de aceitar quando o Brasil já é uma das maiores economias do mundo.
Não enfrentar com recursos suficientes a epidemia de hepatite C no Brasil poderá resultar em até 1.000.000 de casos de cirroses na próxima década. Se detectada precocemente, até 600.000 mortes poderão ser evitadas. "Não saber é ruim, não querer saber é pior, mas não se preocupar com as conseqüências dessa omissão é imperdoável".
*Carlos Varaldo é presidente do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite
http://www.segs.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=54301:qual-sera-o-proximo-desafio-do-ministerio-da-saude-na-hepatite-c&catid=47:cat-saude&Itemid=328
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