Saúde - 29/10/2009 - 13:00
"Falta solidariedade" diz presidente da Associação de Renais Crônicos em relação aos transplantes.
O Ministério da Saúde anunciou na semana passada (21), mudanças nas regras para transplantes no país. As novas medidas tem como objetivo principal, agilizar a fila de mais de 64 mil pessoas que esperam por todos os tipos de órgãos.
Entre todas as medidas anunciadas, está a permissão para doação entre pessoas vivas sem vínculo de parentesco, o que antes era proibido. Nos casos de pessoas vivas, só é possível a doação de um rim, já que a pessoa possui dois, e uma parte do fígado, que se regenera, tanto para quem faz a doação, quanto para quem recebe. No entanto, a medida não é muito comum, mesmo entre os familiares do paciente, que não se dispõe a doar.
O Capital News visitou a Associação do Doentes Renais Crônicos e Transplantados de Mato Grosso do Sul, que cuida de pacientes da Capital e do interior que aguardam na fila o transplante e que também já conseguiram o órgão. A entidade foi criada em 1985 por pacientes e médicos e atende cerca de 350 pacientes carentes.
Lá são distribuídos medicamentos fornecidos pela Sesau (Secretaria de Estado de Saúde), cestas básicas, carne e leite, vindos de doação e compra feita por meio de convênio com a Prefeitura Municipal.
Na associação, todas as pessoas que participam da diretoria são renais crônicos ou transplantados. Uma dessas pessoas, é a presidente da Entidade, Maura Jorge Souza Trindade, que recebeu um rim novo há 13 anos. Ela explica que ficou três anos e três meses na hemodiálise, já que não tinha nenhum parente que podia doar, e os filhos eram menores de idade. “O meu rim veio de um cadáver”, disse ela.
Maura diz que a vida de uma pessoa na máquina de hemodiálise é muito difícil. “Você não pode fazer nada. São duas, três vezes por semana, quatro horas por dia. Não pode comer nada, e quando acaba, a vontade maior é de tomar água”, explica.
Segundo ela, muitas pessoas poderiam viver melhor se houvesse mais solidariedade. Maura afirmou que existem pacientes que além dos problemas renais possuem outras complicações e por isso não podem fazer transplante, porém existem muitos que estão com a saúde em dia só na espera de um órgão.
“Às vezes a pessoa tem doador vivo e a família não quer doar. Isso é muito triste. Nós temos um caso aqui, o moço está na máquina há oito anos já”, informa.
A presidente diz que a falta de informação da sociedade é um grande problema. “As pessoas pensam que se doar um rim vai morrer, vai ficar aleijado, igual a pessoa que está recebendo. E não é nada disso, vai viver bem, assim como eu, com um rim só”, destaca e agradece por nunca ter tido problemas com o órgão novo.
A mesma sorte, porém, não teve a tesoureira da entidade, Márcia Vanderléia Antunes, de 32 anos, que há 10 faz hemodiálise. Ela explica que começou a fazer com 22, e depois de oito anos conseguiu um transplante, também de um doador morto.
O transplante faz dois anos que aconteceu, porém não deu certo. “Fiquei quatro meses com ele [rim] trabalhando bem devagar, e aí com cinco meses eu tive que tirar”, explicou Márcia.
Ela revela que atualmente faz sessões três vezes por semana, e os médicos dizem que ela precisa de outro transplante. “Eles dizem que eu preciso, mas eu não estou preparada para isso. Sabe, nesse período que eu fiquei com o rim, eu sofri bastante”, afirmou.
Apesar das dificuldades, Márcia sempre sorridente, diz que já se adaptou com a rotina e com as limitações e leva uma vida normal. Segundo ela, falta muita orientação para as pessoas sobre transplante, principalmente entre pessoas vivas.
“Muita gente tem medo, devia ter palestras, falar sobre a doação de órgãos. Muitas pessoas com quem eu falo, não sabem nem o que é isso”, afirma.
Além de atendimento social, a entidade presta informações para pacientes que sofrem do mesmo problema, como tratamento e remédios. Para se cadastrar na Associação, é preciso levar CPF, RG, comprovante de residência e cartão do SUS. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira das 8h30 às 17 horas.
Por: Nadia Nadalon-estagiária (www.capitalnews.com.br)
Na associação, todas as pessoas que participam da diretoria são renais crônicos ou transplantados. Uma dessas pessoas, é a presidente da Entidade, Maura Jorge Souza Trindade, que recebeu um rim novo há 13 anos. Ela explica que ficou três anos e três meses na hemodiálise, já que não tinha nenhum parente que podia doar, e os filhos eram menores de idade. “O meu rim veio de um cadáver”, disse ela.
Maura diz que a vida de uma pessoa na máquina de hemodiálise é muito difícil. “Você não pode fazer nada. São duas, três vezes por semana, quatro horas por dia. Não pode comer nada, e quando acaba, a vontade maior é de tomar água”, explica.
Segundo ela, muitas pessoas poderiam viver melhor se houvesse mais solidariedade. Maura afirmou que existem pacientes que além dos problemas renais possuem outras complicações e por isso não podem fazer transplante, porém existem muitos que estão com a saúde em dia só na espera de um órgão.
“Às vezes a pessoa tem doador vivo e a família não quer doar. Isso é muito triste. Nós temos um caso aqui, o moço está na máquina há oito anos já”, informa.
A presidente diz que a falta de informação da sociedade é um grande problema. “As pessoas pensam que se doar um rim vai morrer, vai ficar aleijado, igual a pessoa que está recebendo. E não é nada disso, vai viver bem, assim como eu, com um rim só”, destaca e agradece por nunca ter tido problemas com o órgão novo.
A mesma sorte, porém, não teve a tesoureira da entidade, Márcia Vanderléia Antunes, de 32 anos, que há 10 faz hemodiálise. Ela explica que começou a fazer com 22, e depois de oito anos conseguiu um transplante, também de um doador morto.
O transplante faz dois anos que aconteceu, porém não deu certo. “Fiquei quatro meses com ele [rim] trabalhando bem devagar, e aí com cinco meses eu tive que tirar”, explicou Márcia.
Ela revela que atualmente faz sessões três vezes por semana, e os médicos dizem que ela precisa de outro transplante. “Eles dizem que eu preciso, mas eu não estou preparada para isso. Sabe, nesse período que eu fiquei com o rim, eu sofri bastante”, afirmou.
Apesar das dificuldades, Márcia sempre sorridente, diz que já se adaptou com a rotina e com as limitações e leva uma vida normal. Segundo ela, falta muita orientação para as pessoas sobre transplante, principalmente entre pessoas vivas.
“Muita gente tem medo, devia ter palestras, falar sobre a doação de órgãos. Muitas pessoas com quem eu falo, não sabem nem o que é isso”, afirma.
Além de atendimento social, a entidade presta informações para pacientes que sofrem do mesmo problema, como tratamento e remédios. Para se cadastrar na Associação, é preciso levar CPF, RG, comprovante de residência e cartão do SUS. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira das 8h30 às 17 horas.
Por: Nadia Nadalon-estagiária (www.capitalnews.com.br)
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