Nova forma de biópsia
Tecnologia de ponta Método criado pela USP usa laser para checagem de fígado para transplante ganha o mundo
DANIELLE CASTRO
DANIELLE CASTRO
Gazeta de Ribeirãodanielle.castro@gazetaderibeirao.com.br
A biópsia ótica, método desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto para agilizar a checagem de fígados para transplante, deve se tornar procedimento padrão no Hospital das Clínicas da cidade a partir do ano que vem.
O trabalho pioneiro de checagem de órgão sem cortes (feito com a ajuda de um laser) tem chamado a atenção da comunidade científica no exterior e ganhou destaque na revista Liver International, uma das mais importantes da área.
Duas etapas do estudo já foram aceitas pela publicação, sendo que as revelações dos testes em animais saem na edição de agosto. Além disso, os convites para divulgar a tecnologia têm aumentado: só neste ano o trabalho foi apresentado nos EUA e na Espanha, sendo que ainda neste semestre será levado à China.
O pesquisador e gastrocirurgião Gustavo Ribeiro de Oliveira, que iniciou o projeto do laser em 2002, disse que a proposta era descobrir uma tecnologia que viabilizasse um laudo objetivo sobre a quantidade de gordura no fígado do doador. "A gordura é um a critério decisivo para um transplante, pois o excesso pode inviabilizar o órgão. Hoje, essa avaliação é feita no 'olho', contando com a experiência do cirurgião, mas isso pode ter erro", disse Oliveira.
O resultado é dado a partir da reação do contato da luz do laser com o tecido do fígado e foi inspirado nos diagnósticos de câncer de pele e cáries, que também usam essa tecnologia. O custo para implantação do laser é baixo, de acordo com o gastrocirurgião, e tem como vantagem o resultado em tempo real, que evita a perda de órgãos durante a espera por uma biópsia tradicional.
O cirurgião e doutorando Rodrigo Borges Correa, que tem conduzido desde 2005 os testes em humanos, disse que ao longo do estudo o equipamento também evoluiu, permitindo mais facilidade de instalação e transporte. "Hoje levamos só o nootebook e, além da gordura, identificamos com o laser se o órgão teve algum sofrimento por doença ou falta de oxigênio, o que influencia na qualidade e no sucesso da doação", disse Corrêa.
Parceria entre RP e São Carlos
O laser usado pelo Grupo Integrado de Transplante de Fígado do HC de Ribeirão Preto foi desenvolvido por meio de uma parceria como o Instituto de Física da USP de São Carlos. A previsão é de que futuramente o feixe de luz possa ser usado para atestar a qualidade de qualquer tecido candidato a transplante. O teste em humanos foi feito com 40 pacientes e os resultados da biópsia ótica teve 70% de equivalência com os dados obtidos por exames físico (observação) e cirúrgico (biópsia tradicional).
A avaliação é feita em três momentos: dentro do corpo do doador, logo após o transporte e no corpo do receptor. Os resultados serão qualificados na próxima semana e defendidos em janeiro pelo cirurgião Rodrigo Correa. Só em 2009, o HC de Ribeirão Preto realizou 23 transplantes de fígado. A fila de espera desse órgão é de 120 pacientes ordenados conforme a gravidade do caso. (DC)
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