Tire suas dúvidas sobre a doação de órgãos
Transplantes no Brasil registram crescimento de 12,7% no primeiro semestre de 2012
Por Ariane Donegati
O Dia Nacional da Doação de Órgãos é lembrado neste dia 27 de setembro com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do transplante de órgãos. Atualmente, o Brasil possui o maior sistema público de transplante do mundo, com 548 hospitais e 1.376 equipes médicas, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério da Saúde. Segundo levantamento do Ministério, o Brasil realizou 12.287 transplantes, um crescimento de 12,7% em relação ao mesmo período em 2011, com 10.905 procedimentos. Mesmo assim os números poderiam ser maiores.
O médico gastroenterologista do Grupo de Transplantes da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Wangles Soler, lembra que para o processo de doação ter início, o doador deve ter tido morte encefálica, o que representa entre 5% e 10% das mortes. Porém, apenas um em cada cinco casos são notificados, reduzindo-se ainda mais as chances de se encontrar um doador.
"Essa é uma luta eterna. O percentual de mortes encefálicas seria suficiente para sanar a lista de espera, mas desse total, apenas 30% são doadores. Além disso, em muitos casos não há notificação da morte cerebral". O assunto ainda envolve questões pessoais, por isso deve ser tratado com bastante atenção. Saiba a resposta para as dúvidas mais comuns sobre a doação de órgãos:
O médico gastroenterologista do Grupo de Transplantes da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Wangles Soler, lembra que para o processo de doação ter início, o doador deve ter tido morte encefálica, o que representa entre 5% e 10% das mortes. Porém, apenas um em cada cinco casos são notificados, reduzindo-se ainda mais as chances de se encontrar um doador.
"Essa é uma luta eterna. O percentual de mortes encefálicas seria suficiente para sanar a lista de espera, mas desse total, apenas 30% são doadores. Além disso, em muitos casos não há notificação da morte cerebral". O assunto ainda envolve questões pessoais, por isso deve ser tratado com bastante atenção. Saiba a resposta para as dúvidas mais comuns sobre a doação de órgãos:
Por que é importante doar?
A doação de órgãos pode prolongar a vida ou melhorar a qualidade de vida do transplantado. "A família do paciente que registrou morte encefálica pode optar pela doação e, com isso, saber que está beneficiando outras pessoas. E, se um dia, alguém precisar de uma doação poderá saber que terá o retorno de uma sociedade mais consciente", explica o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, José Osmar Medina.
Como posso me tornar um doador de órgãos?
Todos podem se tornar doadores. A restrição fica por conta de pacientes com Aids, com tumores no órgão a ser doado ou infecção generalizada. Segundo o gastroenterologista Wangles Soler, a doação é baseada na vontade do indivíduo e de seus familiares. "Não há necessidade de um documento que comprove a intenção da pessoa, basta que ela deixe isso claro entre seus familiares, ou que estes estejam de acordo com o procedimento". Muitas pessoas deixam de manifestar sua vontade de ser doador, dificultando a tomada de decisão da família. Pessoas de todas as idades podem ser consideradas potenciais doadoras, desde que haja uma boa condição do órgão a ser transplantado.
Somente coração, fígado e rins podem ser doados?
Não. Dentre os órgão vascularizados pode haver doação de coração, pulmão, fígado, rim, pâncreas e intestino. Entre os tecidos, podem-se doar as córneas, pele, ossos e vasos sanguíneos. Além da medula óssea, que mais se assemelha com a doação de sangue, já que o doador se cadastra em um banco medula e só é chamado para fazer a doação quando houver compatibilidade do paciente. Segundo dados do Ministério da Saúde, atualmente a principal fila de espera é para o transplante de rim.
Devo mudar alguns dos meus hábitos para ser um doador?
Não necessariamente. Na ocasião da morte, os médicos especializados irão conferir o histórico médico do doador para determinar os órgãos que poderão ser aproveitados. Muitas vezes, a pessoa era fumante e o estado do pulmão não está nas melhores condições para ser doado, mas outros órgãos estão com ótima capacidade.
Qual o risco de rejeição de um órgão?
Alguns órgãos têm um índice de rejeição maior que outros. O intestino, por exemplo, é um dos órgãos que apresenta o maior volume de rejeição, já o fígado apresenta uma boa aceitação. Mas, a descoberta de imunossupressores mais precisos ainda nos anos 1980 aumentou consideravelmente a sobrevida dos receptores de órgãos. Esses remédios devem ser tomados por toda a vida e oferecem algumas reações adversas. Por isso, é importante haver uma grande compatibilidade entre doador e receptor.
Quem receberá os órgãos doados?
Há um Sistema de Lista Única baseado em critérios específicos de distribuição para cada tipo de órgão de doadores com morte encefálica. No cadastro, são levados em conta tempo de espera e urgência do procedimento, além da compatibilidade entre o doador e o receptor. Vale lembrar que nem posição social ou poder econômico são fatores levados em conta na lista de espera por um transplante. No caso da doação em vida, o doador tem opção de escolher quem será o receptor. São levados em conta outros fatores, como grau de parentesco entre doador e receptor do órgão.
O corpo do doador fica deformado após a retirada dos órgãos?
Não. Muitas famílias têm receio de autorizar a doação de órgãos de um ente querido que faleceu, porque não aceitam ideia da deformação do corpo da pessoa com a possível retirada dos órgãos. Segundo o nefrologista José Medina, os órgãos são removidos com técnicas cirúrgicas e, em alguns casos, logo após a retirada dos órgãos é feita uma prótese para que o corpo mantenha-se caracterizado.
Posso doar alguns órgãos em vida?
Sim. Há dois tipos de doações feitas em vida: são órgãos duplos, como pulmão e rins; ou órgãos que podem ser fragmentados, como o fígado. No entanto, a lei brasileira autoriza a doação em vida ao cônjuge, familiares até o quatro grau, ou pessoas sem grau de parentesco. Neste último caso é preciso haver a autorização judicial a fim de evitar a venda de órgãos. Além disso, há de se levar em conta a compatibilidade e eventuais riscos da doação. O especialista José Medina lembra que, hoje, o risco para o doador em vida é mínimo, mas há sempre que se considerar a grandeza de um transplante e suas decorrências. Por isso, é importante avaliar sempre a relação entre doador e receptor.
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