FOLHA ONLINE 28/02/2011 13h19
"Eu só faço o transplante, quem define o critério é a sociedade", diz o nefrologista José Medina Pestana, chefe do setor de transplantes renais do Hospital do Rim da Unifesp.
Segundo ele, a discussão sobre a norma que deve prevalecer contrapõe duas visões filosóficas.
De um lado, uma visão utilitária, que vê no jovem a possibilidade de viver mais anos. De outro, uma visão humanista, que crê que os receptores mais velhos não podem ser preteridos depois de passarem anos contribuindo para a sociedade.
No Brasil, salvo quando o rim é de doador menor de 18 anos, a idade não define a preferência na fila de espera. Naquela hipótese, o rim do menor de idade é destinado a quem também tem menos de 18.
No caso dos rins, o que define a ordem do transplante é a compatibilidade; a ordem na fila é critério de desempate, o que permite a uma pessoa com mais de 60 receber o rim de um jovem e vice-versa.
Para o urologista William Nahas, chefe da unidade de transplante renal do Hospital das Clínicas, a proposta de adequar a doação à idade do receptor seria ideal, mas esbarra em problemas, como a necessidade de criar duas listas separadas.
"Isso poderia prejudicar a distribuição de rins. Teria que ser possível, mas sem quebrar o sistema."
Para Leonardo de Barros e Silva, coordenador do serviço de transplantes do Hospital das Clínicas, o problema é que, seja qual for o critério, há poucos rins para transplante.
"O ideal é que houvesse órgãos para todos, mas o número é pequeno. Alguém sempre sairá prejudicado. Não sei se esse seria o método mais justo."
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