sábado, 30 de outubro de 2010

Notícias ATX-BA

Pra todos os médicos e pacientes transplantados ou não tomarem conhecimento da portaria abaixo:

PORTARIA Nº 2981 DE 26 DE NOVEMBRO DE 2009 (*)
Aprova o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

A - Da solicitação

Art. 30. A solicitação de medicamentos corresponde ao pleito do paciente ou seu responsável na unidade designada pelo gestor estadual conforme art. 27 desta Portaria. Para a solicitação dos medicamentos serão obrigatórios os seguintes documentos do paciente:
I - cópia do Cartão Nacional de Saúde (CNS);
II - cópia de documento de identidade – caberá ao responsável pelo recebimento da solicitação atestar a autenticidade de acordo com o documento original;
III - Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do Componente especializado da Assistência Farmacêutica (LME), adequadamente preenchido;
IV - prescrição médica devidamente preenchida;
V - documentos exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados na versão final pelo Ministério da Saúde, conforme a doença e o medicamento solicitado; e
VI - cópia do comprovante de residência.

Art. 31. No processo de solicitação, o paciente poderá designar representante(s) para a retirada do medicamento. Para o cadastro de representante(s) serão exigidos os seguintes documentos, que deverão ser apresentados e inseridos junto com os documentos para a solicitação: declaração autorizadora, nome e endereço completos, cópia do documento de identidade e número de telefone da pessoa autorizada.

Parágrafo único. Fica dispensada a presença dos pacientes aqueles considerados incapazes, conforme arts. 3º e 4º do Código Civil, e devidamente caracterizados no LME, pelo médico prescritor.

Art. 32. Cada usuário deverá ter apenas um único cadastro no Componente, independente do número de LME vigentes.

B - Da avaliação

Art. 33. O avaliador deverá ser um profissional de saúde com ensino superior completo, registrado em seu devido conselho de classe e designado pelo gestor estadual.

Art. 34. Para a avaliação técnica da solicitação dos medicamentos, deverão ser considerados os documentos exigidos no art. 30, observando-se:
I - Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (LME), adequadamente preenchido, de acordo com as instruções apresentadas no Anexo V a esta Portaria;
II - prescrição médica contendo as informações exigidas na legislação vigente; e
III - todos os documentos exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados na versão final pelo Ministério da Saúde, conforme a doença e o medicamento solicitado.

Parágrafo único. A análise técnica da solicitação deve ser realizada considerando os campos referentes à avaliação descrita no LME, conforme as instruções apresentadas no Anexo V a esta Portaria.

CAPÍTULO VIII - DO LAUDO PARA SOLICITAÇÃO, AVALIAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS DO COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Art. 70. O Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (LME) é o instrumento que deve ser utilizado para execução deste Componente.

Art. 71. O modelo do LME que deverá ser utilizado no âmbito deste Componente e as instruções para o adequado preenchimento estão descritos no Anexo V a esta Portaria.
§ 1º O LME estará estruturado para que seja preenchido com informações sobre a solicitação, avaliação e autorização do procedimento.
§ 2º O preenchimento da solicitação deverá ser realizado pelo médico solicitante. Os campos relativos aos dados complementares do paciente poderão ser preenchidos por outro profissional, desde que cadastrado no mesmo estabelecimento de saúde do médico solicitante.

Art. 72. Para cada doença, definida de acordo com a Classificação Estatística Internacional de doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), haverá a necessidade de preenchimento de um LME.
§ 1º Cada LME corresponderá a uma única APAC.
§2º Em caso de solicitação de mais de cinco medicamentos para a mesma doença (CID-10), o mesmo médico deverá preencher mais de um LME. Nesse caso, deverá ser emitido apenas um número de APAC.
§ 3º Durante o período de vigência da APAC de um LME será permitido o ajuste da solicitação da seguinte forma: substituição, inclusão ou exclusão de procedimentos para o tratamento da mesma doença (CID-10) ou alteração da quantidade solicitada pelo médico, caracterizando adequação do LME.
§ 4º Nos casos em que o medicamento não tiver indicação para utilização contínua, deverá ser emitida APAC única, que corresponderá apenas ao mês de atendimento.

Art. 73. Será permitida a emissão de mais de uma APAC dentro do mesmo período de vigência, nos casos de pacientes diagnosticados com mais de uma doença (CID-10).

Art. 74. O LME terá sessenta (60) dias de validade para solicitação do medicamento, a partir de sua data de preenchimento pelo médico solicitante.

Art. 75. Para cada LME deverá ser emitido um parecer do avaliador.

Parágrafo único. Caso seja solicitado mais de um medicamento no mesmo LME, a avaliação poderá possuir mais de um parecer.

Art. 76. O LME será assinado somente pelo autorizador nos casos de deferimento de um medicamento pelo avaliador.

Art. 77. Esta Portaria entrará em vigor após noventa (90) dias da sua publicação.

(*)
Publicada no Diário Oficial da União n° 228 de 30 de novembro de 2009, Seção I, página 725
Republicada no Diário Oficial da União n° 229 de 01 de dezembro de 2009, Seção I, página 71
Alterada pela Portaria GM/MS nº 343 de 22 de fevereiro de 2010, publicada no Diário Oficial da União n° 36 de 24 de fevereiro de 2010, Seção I, página 55, retificada no Diário Oficial da União n° 41 de 03 de março de 2010, Seção I, página 82



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Estadão.com.br

ESTADÃO.COM.BR/Opinião
Presente e futuro do transplante de órgãos

27 de outubro de 2010 0h 00
Silvano Raia - O Estado de S.Paulo

Com o apoio irrestrito do Ministério da Saúde, o programa de transplante de órgãos acompanhou o marcante desenvolvimento ocorrido na última década em outros setores do Brasil. Somos o país com o maior programa público - o investimento em 2001 foi de R$ 250 milhões, enquanto o de 2009 foi de mais de R$ 1 bilhão; e de 3.957 transplantes de órgãos sólidos realizados em 2001 passamos a 6.456 em 2010. O número de doadores efetivos por ano passou de 5,4 para 9,9 por milhão de habitantes. Sobressaíram os transplantes de rim e fígado, que atenderam, respectivamente, a 37,3% e 34,7% da demanda teórica total do País.

Se as curvas de crescimento da captação e dos transplantes de rim e fígado mantiverem a mesma inclinação dos últimos anos, atingiremos, teoricamente, o atendimento completo entre 2020 e 2025. Entretanto, esse objetivo auspicioso só poderá ser atingindo se forem desenvolvidos centros de transplante também nos 15 Estados (polos locais), com cerca de 60 milhões de habitantes, que ainda não realizam transplantes. De fato, seria inútil aumentar o programa dos Estados litorâneos onde se localizam atualmente os centros transplantadores. Além da dificuldade logística do translado dos receptores, essa hipótese não resolve a questão, já que não inclui o diagnóstico e a indicação, que deverão ser realizados obrigatoriamente nos polos locais. A solução desse problema ético, médico e social depende da distribuição uniforme de centros transplantadores em todo o País.

Representa, entretanto, uma tarefa difícil e inédita, qual seja, a de induzir a formação de centros de medicina de ponta em Estados ainda deles desprovidos. Trata-se de sensibilizar os governos estaduais para destinar recursos e formar equipes ex novo pela capacitação de todos os seus futuros componentes. Essa iniciativa é muito diferente daquela que visa a aperfeiçoar grupos já em atividade. A criação ex novo de equipes seria muito difícil de realizar com a sistemática habitual de aplicação de recursos públicos, que, bem fazendo, exige como pré-requisito uma infraestrutura adequada já disponível.

Desde 2008, porém, a nova regulamentação da filantropia para hospitais de excelência permite que projetos desse tipo sejam implementados. A contrapartida exigida não é mais representada pela realização de procedimentos pontuais de alta complexidade, mas, sim, pela coordenação e pelo financiamento de projetos de desenvolvimento previamente aprovados pelo Ministério da Saúde.

Em 2009, o Hospital Sírio-Libanês deu o exemplo associando-se a três universidades, USP, Federal de São Paulo e Santa Casa para constituir um grupo de trabalho com a finalidade específica de atingir esse objetivo.

O projeto inclui uma visita inicial do coordenador aos polos locais e ações de capacitação, manutenção (apoio) e atualização. A capacitação baseia-se na vinda remunerada de estagiários para centros com grande experiência em São Paulo (polos centrais) durante períodos de 1 a 12 meses e inclui captação de órgãos e sua distribuição ou o transplante propriamente dito. A capacitação em captação e distribuição é realizada, respectivamente, na Santa Casa, no Hospital do Rim e na Central de Transplantes da Secretaria Estadual da Saúde, considerados paradigmas nesse tipo de tecnologia. A capacitação em transplante de rim e pâncreas é realizada no Hospital do Rim; a de fígado, no Hospital das Clinicas, no Hospital Sírio-Libanês e na Santa Casa; e a de coração e pulmão, no Incor. A manutenção (apoio) das novas equipes, após sua volta ao local de origem, é feita por meio de visitas de acompanhamento do coordenador e, nos primeiros transplantes, pela assistência de cirurgiões seniores. A atualização se fará, para cada órgão, pela discussão conjunta de casos em tempo real por meio de uma rede de teleconferência entre o polo central e os polos locais.

O coordenador já visitou 15 polos locais (AC, AM, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, MS, DF, ES, PR e SC) e já foram realizados 12 estágios na Central de Transplantes, 34 no serviço de captação da Santa Casa, 20 estágios em Neurologia, 6 estágios no Hospital do Rim, 1 no Hospital das Clínicas (fígado adulto), 1 no Incor e 2 no Hospital Sírio-Libanês (fígado pediátrico), 22 estagiários OPO/CIDOHTT, 18 estágios curso de perfusão e extração e 2 de Anatomia Patológica.

No total, 120 estagiários estiveram ou ainda estão em São Paulo, perfazendo uma média de 8 estagiários por Estado. Alguns resultados preliminares já podem ser citados, como a captação de múltiplos órgãos de 22 doadores este ano no Rio Grande do Norte, captação nitidamente superior à do ano passado, de apenas 8 doadores; e no Acre, onde a captação não era realizada e desde o fim do ano passado já foram captados 6 órgãos.

No conjunto, aprendemos que a capacitação concomitante de vários profissionais relacionados à captação e ao transplante de órgãos de polos locais, acrescida do interesse dos governos estaduais, incentivado pela visita do coordenador do projeto, é capaz de criar uma massa crítica de intenções suficiente para que seja desenvolvida a infraestrutura necessária à captação e ao transplante de órgãos. No início, os órgãos captados nos novos centros têm sido enviados a outros polos que já realizam transplante. Temos observado, porém, que a demanda reprimida nos polos locais exerce forte pressão para que os jovens capacitados em São Paulo iniciem sua atividade, transplantando os órgãos captados localmente e abrindo um novo polo de transplante. A sistemática atual da filantropia permite aplicar recursos de tal maneira a confirmar a impressão de que, em algumas circunstâncias, o investimento em capacitação pode preceder o investimento em infraestrutura, que surge, a seguir, como resposta à pressão exercida sobre os governos estaduais pela sociedade em geral e pela mídia do polo em questão.

MÉDICO, PH.D. PELA UNIVERSIDADE DE LONDRES, É PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP E PIONEIRO DO TRANSPLANTE DE FÍGADO NO BRASIL

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

diário de São Paulo

Batalha 24/10/2010 15h37
DIÁRIO acompanha a história de dez pessoas que precisam de transplante de fígado
Conheça a rotina de quem aguarda por um órgão
Fernanda Cirenza

Elas foram surpreendidas por doenças de nomes complicados e assustadores: ascite, encefalopatia, carcinoma, paramiloidose, cirrose, câncer.
O fígado dessas pessoas está comprometido, e elas precisam de um transplante para sobreviver. Vivem no aguardo de um telefonema do Hospital das Clínicas, em São Paulo, anunciando a morte cerebral de um doador.
A angústia é grande. "Dependo da doação de um cadáver", diz a cantora Debye Ventura Trombim, 47 anos. Debye é uma das mil pessoas que estão na fila do transplante de fígado do HC. O caso dela é delicado porque precisa também de um rim. Ela não sabe quando isso vai acontecer. Pela regra, os pacientes seguem para o transplante conforme a gravidade, e não pela ordem de chegada.

A situação da dona de casa Eunice Suely Consoloni, 61 anos, era grave. Ela ocupava o primeiro lugar na fila. Já tinha passado por um tratamento de combate a um tumor no fígado, mas dependia de um transplante para viver.
No dia 11 de outubro, ela disse à reportagem do DIÁRIO que estava na expectativa da operação, mas se sentia tranquila. "A gente nunca sabe o dia de amanhã. Tenho que confiar nos médicos e em Deus." Só que não apareceu um órgão compatível com o organismo de Eunice. Ela morreu no dia 18. Desde setembro, a reportagem faz visitas recorrentes ao HC na tentativa de acompanhar o drama de pacientes como Eunice e Debye. É no prédio dos ambulatórios que eles se encontram para receber medicação e orientação, além de trocar experiências.

São assistidos pelos médicos e por uma equipe de enfermagem, nutrição e psicologia. Adriana Cortez Rizzon é a coordenadora. Ela sabe quem é quem na sala de espera barulhenta do hospital e, não raro, faz cobranças. "Por que você não veio fazer o exame de sangue na semana passada?"

A partir de hoje, você vai conhecer a história de dez pessoas que estão na fila do transplante de fígado. Elas relatam como descobriram suas doenças, a reação que tiveram com a notícia e o que têm feito a partir dela. Daqui para frente, a reportagem vai estar ao lado desses pacientes até que uma solução para cada caso seja encontrada. A seguir, eles falam sobre seus dias nesta espera pela vida.

Um irmão morreu com a mesma doença
José Fernando Pereira de Oliveira, 24 anos, ajudante de motorista de caminhão
Ele tem hepatomegalia (fígado aumentado). Quando criança, fez tratamento com medicação e melhorou. O tempo passou, José Fernando virou adolescente e começou a beber cerveja todo fim de semana. Foi, então, que o problema se agravou. Ele começou a ter febre, dores abdominais e pneumonia. Há quatro meses, sofreu uma hemorragia digestiva e foi internado no Hospital Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP). "Ele ficou mal", diz Solange Pereira de Oliveira, 42 anos, irmã do paciente. "Não dá para deixá-lo sozinho, porque a doença causa confusões mentais." Em tratamento no HC, ele não se queixa muito, apenas da dieta rigorosa que tem de seguir. "Nossa vida mudou. Adotei meu irmão como um filho", diz Solange. Na fila pelo transplante, ele espera por um telefonema do hospital. "Já perdi um irmão com esse mesmo problema. Ele tinha 25 anos", diz.

Bebida causou o problema
José Milton da Silva, 42 anos, motorista, descobriu que tem cirrose hepática há um ano. Está na fila do transplante há cerca de dois meses
Depois que se separou da mulher, José Milton começou a abusar das noites. A sensação de liberdade misturada à desolação amorosa foi a combinação perfeita para uma vida meio desregulada em termos de alimentação e bebidas alcoólicas. No fim do ano passado, o corpo de José Milton baqueou. Ele começou a inchar e tudo o que comia fazia mal. "Não tinha nem apetite e sentia muito cansaço." Pensou que eram sinais das noites mal dormidas. Mas, em dezembro, teve de ser internado às pressas no HC. José Milton se queixa das restrições que passou a ter no dia a dia. "Tomo remédios, vou ao hospital sempre e não posso comer carne nem sal." Às vezes, confessa dar umas escorregadas. "Meu fígado perdeu um pouco a potência. Só que ninguém é de ferro." Quando faz esse tipo de comentário na frente de Valdecy Miranda Barbosa, enfermeira da coordenação do transplante do HC, leva bronca. Morador de Cotia, na Grande São Paulo, José Milton se ressente da nova realidade. "Fiquei mais medroso com a doença. Não saio mais para dançar, namorar. Isso é meio chato", diz. Por outro lado, ele está tranquilo com a ideia do transplante. "Ele é o remédio para a cura da minha doença."

A dúvida é algo torturante
Célia Maria Queiroz Santiago, 61 anos, ex-enfermeira, teve um diagnóstico de câncer em maio e desde então está na fila do transplante
Baiana de Cruz das Almas, Célia carrega um sotaque nordestino gostoso e três nódulos nocivos no fígado. Antes de descobrir a doença, submeteu-se a um teste gratuito para o diagnóstico de hepatite C. Deu positivo. Era uma iniciativa de um laboratório farmacêutico, que a encaminhou para outro de exames clínicos para a contraprova. O resultado, então, foi negativo. "Eu sosseguei, até porque não sentia nada. Ainda não sinto, aliás", diz. Depois de uns seis meses, durante uma madrugada, Célia acordou indisposta, sentindo-se pesada, inchada. Foi então que teve a primeira hemorragia digestiva. Levada para o Hospital Penteado, na Zona Norte, passou cinco dias internada. Eram varizes no esôfago, mas o médico deu um sinal de alerta. Célia precisava investigar. De lá, foi para o HC, para uma série de avaliações, até receber a notícia dos tumores. "Foi um choque violento. Quando o médico diz que você tem câncer, é assustador." Ela está em tratamento para conter o progresso dos nódulos no Instituto do Câncer e há quase seis meses espera por um fígado bom. "Meu desejo é que tudo seja rápido. A dúvida se vai dar certo ou não é torturante."

Ele tem cirrose mas só bebia socialmente
Altemar Linton de Oliveira, 47 anos, comerciante, descobriu a doença no ano passado
Em 2009, Altemar se sentiu mal e foi para um pronto-socorro perto de casa, em São Miguel Paulista, Zona Leste. Foi encaminhado para um hospital da região, mas também lá não houve diagnóstico preciso. Recebeu só medicação. Uma semana depois, à noite, começou a ficar agitado. A mulher, Alice, achou estranho, mas pensou que era efeito dos remédios. A sorte foi que Alice acreditou em sua intuição e, no dia seguinte, levou o marido ao hospital. Não deu outra: Altemar havia tido uma crise de encefalopatia, uma confusão mental - como se a pessoa estivesse drogada? devido a complicações hepáticas. Altemar tem cirrose criptogênica (causa desconhecida). "Bebia socialmente, nada abusivo", ele diz. Alice confirma. Como o problema pode ser hereditário, os filhos do casal, de 19 e 13 anos, também serão investigados. É uma atitude preventiva. "Se eles tiverem alguma indicação, que comecem a se tratar desde já", diz o pai. A vida da família mudou radicalmente. O negócio, um açougue, está na mão de um cunhado e de funcionários. "Quando acontece uma coisa dessas, todo mundo adoece junto."

Mais um transplante, sem perder a alegria
Debye Ventura Trombim, 47 anos, cantora, tem câncer e está à espera de um fígado e de um rim
Aos 18 anos, Debye perdeu os dois rins em decorrência de uma pielonefrite (infecção do trato urinário). Sobreviveu à custa da doação de um dos rins do pai, José Maria Trombim. Deu tudo certo e, por anos, viveu sem preocupações. Depois de outros 18 anos, o rim transplantado começou a dar sinais de rejeição. Foi nessa ocasião, em meio a exames, que ela descobriu também uma hepatite C, possivelmente adquirida numa transfusão de sangue. "Meu mundo desabou. Essa doença tem progressão rápida." A hepatite de Debye evoluiu para cirrose e, por fim, para um câncer. Por um tempo, manteve a saúde à base de medicação. Mas já faz quatro anos que obrigatoriamente precisa se submeter três vezes por semana à diálise. "Fico ansiosa, porque vai ser uma cirurgia de grande porte e de riscos. Eu já assinei um documento em que afirmo estar ciente dos problemas que ainda podem acontecer, como a rejeição dos órgãos e, na pior das hipóteses, morrer." Enquanto aguarda por um chamado, Debye leva a vida cantando. Ela anima casamentos e eventos corporativos ao lado do pai, que é militar aposentado e pianista. "Mesmo com as limitações, procuro me divertir para celebrar a vida."

O cardiologista virou paciente
Murilo Mendes Soares, 59 anos, cardiologista, descobriu um tumor há dois anos
Em 2001, Murilo vomitou coágulos de sangue. Em um hospital, foi tratado e achou que levaria a vida à base de dietas e remédios. Mas, no ano retrasado, teve hemorragia digestiva e foi internado mais uma vez. Foi duro. "Eu tinha comprado passagens para a Europa para mim e para a minha mulher. Era a nossa primeira viagem para lá." De volta, Murilo começou a apresentar sintomas estranhos: ascite (retenção de água nas pernas e no abdômen) e encefalopatia (função cerebral alterada). Foi levado para uma consulta no HC e o diagnóstico foi claro: um nódulo no fígado. "Recebi umas substâncias para atacar o tumor. Ele diminuiu, mas ainda está lá." Há cerca de um mês, o celular de Murilo tocou. Era o pessoal do HC, avisando que havia um fígado. "Fui internado, vesti o pijama azul e coloquei até a pulseira no pulso. Mas os médicos avaliaram que aquele fígado não servia pra mim." Ele diz não estar muito ansioso para a cirurgia. Só não quer sofrer muito. "Procuro amenizar o problema. A coisa que mais me preocupa é a morte."

Uma década de luta e 16 quilos a menos
Augusto Gennari Neto, 51 anos, ex-empresário, luta há dez anos contra doenças hepáticas
O périplo de Augusto começou com uma hepatite C tratada à base de medicação. "Fiquei seis meses em tratamento, melhorei e fui liberado pelo médico." Mas a alegria durou só oito meses. Quando voltou a se tratar da mesma hepatite, descobriu que o fígado tinha descompensado. Mais uma bateria de tratamento e remédios. Há quatro anos, foi internado e entrou na lista dos transplantes. Mas se recuperou. Recebeu alta e uma boa notícia: já podia viver com o próprio fígado. Por dois anos, levou uma vida comum, embora com limitações. Só que o fígado dele não resistiu. A hepatite evoluiu para uma cirrose que virou um câncer. Está novamente à espera de um doador. Evidentemente abatido, 16 quilos mais magro, Augusto está sempre no HC para fazer os controles. Pai de três filhos, ele luta por mais uma chance para a vida.

Apavorado, sem medo de admitir
Luiz Cesar Pedroso Eusébio, 55 anos, comerciante, há dois meses na fila do transplante
Há três anos, o gaúcho de Porto Alegre Luiz Cesar sofreu uma cirurgia para tratar de uma úlcera perfurada. Ele achava que era um procedimento simples e que, depois de alguns dias, estaria em casa. Enganou-se. Do hospital da Universidade de São Paulo, seguiu para o HC para um tratamento à base de quimioterapia. Foram cinco sessões para conter nódulos no fígado. "Todos sumiram, e eu não sinto nada." Mas o fato é que ele tem um carcinoma hepático. Meio inconformado com o problema, ele justifica: "Nunca tive uma doença desse tamanho." Ele está apavorado com o dia da cirurgia. "Até agora, não me chamaram. Mas eu tive que assinar um documento em que afirmo que sei de todas as coisas que podem acontecer comigo na mesa de operação. Posso ter uma infecção, pegar sífilis, Chagas. Posso morrer de qualquer coisa."

A barriga fica enorme por causa da doença
Joaquim Carlos Serra Coser, 56 anos, prestador de serviços, doente desde 2004
O primeiro encontro de Joaquim Carlos com a reportagem do DIÁRIO foi no HC. Ele fazia drenagem para esvaziar a barriga. Ele tem cirrose e sofre de ascite (edema na região do abdômen). Por isso, não arruma posição na cama na hora de dormir. "Eu bebia todos os dias." Está arrependido? "Arrependido não. Mas a gente nunca acha que as coisas vão acontecer." Não raro, Joaquim sente falta de ar. Tem ainda crises recorrentes de encefalopatia. "Meu corpo não consegue mais liberar as toxinas dos alimentos. Então, se excedo um pouco, a encefalopatia ataca. Fico confuso, fora de mim." Ele soube da doença em 2004, quando começou a se tratar. "Recebi a notícia sem grande espanto porque não sentia dor. Achava que ia tomar remédios e pronto." Mas não foi bem assim. O organismo começou a dar outros sinais de alerta. Hoje, ele toma oito comprimidos por dia. Além disso, está com duas artérias comprometidas. Na semana que vem, ele volta ao HC para mais uma sessão de drenagem. "Minha barriga está enorme."

Ela tem um problema genético
Cristiane Aparecida de Moraes, 35 anos, funcionária de uma escola, tem um mal crônico, progressivo e mortal Mãe de Sofia, uma garotinha de 3 anos, Cristiane sofre do que os médicos resumem por PAF (Paramiloidose Familiar), um mal genético, mortal, crônico e progressivo. "Só soube da doença quatro meses atrás. Mas faz quatro anos que investigo o que tenho", diz. Ela passou por vários médicos antes do diagnóstico. Perdeu peso, tem diarreias e não sente as pernas. "Vivo em outra realidade, mas não penso muito para não morrer antes da hora." Tudo o que ela quer é condições de ver a filha crescer. "O transplante é um risco. Mas preciso ter coragem."

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

e-Band/Jornalismo

Terça-feira, 12 de outubro de 2010 - 21h32 


Prefeito de Recife deixa a UTI após transplante renal Da Redação
brasil@eband.com.br

O prefeito de Recife, João da Costa Bezerra Filho, que foi submetido a um transplante de rim em São Paulo, deixou a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) nesta terça-feira. Bezerra Filho recebeu o órgão doado pelo seu irmão, Joselito Bezerra.

De acordo com um boletim do Hospital Samaritano, ambos passam bem e se recuperam na companhia de familiares. A mulher do prefeito, Marília Bezerra, também está na capital paulista para acompanhar a recuperação do marido. Ainda não há previsão de alta.

O prefeito deve ficar afastado por 60 dias do cargo. Neste período, o vice-prefeito Milton Coelho fica à frente do executivo de Recife. Antes da cirurgia, Bezerra Filho informou que seus problemas renais iniciaram após uma crise hipertensiva aos 26 anos.
Redator: Marielly Campos

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Diário de Pernambuco

10/10/2010

12h40
Esclarecimento
Menores de 18 podem se vacinar contra hepatite B sem autorização

Jovens com menos de 18 anos de idade não precisam da autorização dos pais para tomar a vacina contra hepatite B em campanha realizada na escola. É o que prevê uma nota técnica do Ministério da Saúde com orientação ao serviços de saúde e instituições de ensino que promovam campanha de imunização contra a doença.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que o adolescente pode ser imunizado, quando procurar o serviço por iniciativa própria e desde que receba esclarecimento sobre a vacina. “Os adolescentes são responsáveis por seu atos quando a procura se faz de forma espontânea, desde que devidamente orientados pelos profissionais de saúde sobre o procedimento, sua importância e riscos”, diz a nota. A recomendação é que a escola avise os pais da data e hora da vacinação.

Segundo o Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais do ministério, a nota técnica visa a facilitar o acesso dos jovens à vacina. Outra recomendação é que o jovem esteja com a caderneta de vacinação em mãos para que o profissional de saúde possa atualizá-la. Mas a falta do cartão não impede o profissional de aplicar a vacina, inclusive nos casos em que a criança e o adolescente estão sob a guarda do Estado ou quando não é possível saber o histórico vacinal.

O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério informou não ter levantamento do número de escolas em que já foram feitas campanhas desse tipo, pois são iniciativas das equipes de saúde em âmbito regional.

A transmissão da hepatite B pode ocorrer pela relação sexual sem camisinha, da mãe infectada para o filho e ao compartilhar seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha, material para colocar piercing e fazer tatuagem e demais objetos que furam ou cortam. A maioria dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. No entanto, os mais frequentes são: cansaço, tontura, enjoo, vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. O tempo entre a infecção e o surgimento dos primeiros sinais varia de um a seis meses.

O ministério aponta a vacina como uma das formas mais eficazes de prevenir a doença. É necessário tomar três doses para que a pessoa fique imune à doença. As doses são oferecidas nos postos de saúde.
Da Agência Brasil

Gazetaweb

SAÚDE
09.10.2010

10h15
Novo exame não invasivo substitui biópsia no fígado

Procedimento permite investigar com mais precisão o grau de fibrose no fígado
Folha.com

Um novo equipamento poderá substituir biópsias de fígado, em especial nos casos de hepatites. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de dar o aval para sua importação.

O exame, cujo nome é elastografia hepática transitória, permite diagnosticar a fibrose no fígado (grau de cicatrização do órgão) com mais precisão do que a biópsia.

A formação dessas cicatrizes decorre de agressões por doenças crônicas, por exemplo as hepatites.

O exame capta as imagens do fígado por ultrassom, e também transmite uma onda de baixa frequência.

A vibração se propaga e mede a elasticidade do tecido hepático. Quanto mais endurecido, mais veloz é a propagação da onda. O resultado sai em cinco minutos.

Avaliar o grau de fibrose é crucial no tratamento de doenças do fígado. É isso o que vai determinar uso de um ou outro medicamento.

"É um avanço enorme. É possível que o exame substitua a biópsia hepática, não somente no diagnóstico, mas no acompanhamento das hepatites crônicas em futuro próximo", diz o médico hepatologista Hoel Sette Júnior, pesquisador do hospital Oswaldo Cruz.

A biópsia é um procedimento invasivo que requer hospitalização. Ela é feita com a inserção de uma agulha para a retirada de um pedaço de tecido, o que aumenta o risco de sangramentos.

Além disso, o fragmento colhido em biópsia pode não ser adequado para análise que depende da interpretação do patologista.

CUSTO
Ainda não se sabe quanto custará uma elastografia, mas os especialistas acreditam que o valor deverá ser menor do que o da biópsia.

Exames convencionais de imagem, como tomografia e ressonância magnética, são mais utilizados só nas fases avançadas da doença.

"Acho que a grande indicação é para pacientes com hepatite C que já estão diagnosticados. Pode ser útil para acompanhar o tratamento", diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

As estimativas oficiais apontam três milhões de brasileiros infectados pela hepatite C - mas os médicos afirmam que essa população é subestimada. Quase a metade dos transplantes de fígado está relacionada à doença.

Embora a maioria das pesquisas tenham sido feitas com portadores de hepatites, o exame vem sendo estudado para outras doenças.

O aparelho também poderá ser útil nos casos de cirrose por excesso de álcool ou nos pacientes que passaram por transplante hepático.

Desenvolvido na França, o equipamento já vem sendo usado na Europa e está em processo de aprovação pelo FDA (órgão americano que regulamenta remédios).

No entanto, a elastografia não vai significar o fim das biópsias de fígado, porque em alguns casos ela não pode ser feita: "Quando há acúmulo de água na barriga ou excesso de gordura no fígado, o exame não se aplica", ilustra a médica gastroenterologista Bianca Della Guardia, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O aparelho já está disponível em algumas clínicas e hospitais do país -até aqui era usado apenas para pesquisa, em várias instituições.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Correio Braziliense

Mulher poderá doar rim ainda em vida à paciente de outra família

Estado de Minas
Luana Cruz
Publicação: 06/10/2010 19:41

A Justiça concedeu um alvará para que a uma mulher possa doar o rim ainda em vida. Isso significa que a doadora poderá concretizar o gesto nobre da doação de órgãos para uma pessoa que não é um familiar direto da dela. A decisão foi na juíza da 35ª Vara Cível de Belo Horizonte do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Luzia Divina de Paula Peixoto.

A voluntária provou ser casada com um sobrinho da esposa de um paciente portador de insuficiência renal que necessita de transplante. Segundo o TJMG, depois de constatada a compatibilidade, a mulher resolveu, por livre e espontânea vontade, doar um de seus rins. A doadora informou à Justiça que, do ponto de vista clínico, foi comprovado que não haveria contraindicação caso a cirurgia de doação seja feita.

De acordo com o TJMG, a lei 9.434/97, estabelece que a doação de órgãos só pode ser feita livremente entre familiares até o quarto grau. Se a doação for feita por outra pessoa, há necessidade de autorização judicial e que o órgão seja duplo. A juíza entendeu que, diante da compatibilidade entre doadora e receptor e em observação aos princípios da preservação da vida, o pedido de autorização judicial para o transplante renal deve ser acolhido.

OBS ATX-BA:
Portaria N. 2.600, de 21 de outubro de 2009 - Aprova o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes - CAP VI - Seção I
" Art. 50. É permitida a doação de um rim de doador vivo juridicamente capaz, atendidos os preceitos legais quanto à doação intervivos, que tenha sido submetido à rigorosa investigação clínica, laboratorial e de imagem, e esteja em condições satisfatórias de saúde, possibilitando que a doação seja realizada dentro de um limite de risco aceitável.

§ 1º Sempre que as doações previstas no caput envolverem doadores não aparentados deverão ser submetidas, previamente à autorização judicial, à aprovação da Comissão de Ética do estabelecimento de saúde transplantador e da CNCDO, assim como comunicadas ao Ministério Público.

§ 2º Ao doador vivo de rim que eventualmente venha a necessitar de transplante deste órgão, regularmente inscrito em lista de espera para rim de doador falecido, será atribuída pontuação adicional no cômputo final para fins de alocação do órgão doado, de maneira a ser priorizado em relação aos demais candidatos, exceção feita a potenciais receptores que apresentem identidade completa no sistema HLA (acréscimo de 10 pontos)."

terça-feira, 5 de outubro de 2010

abcdt

Hospital do Rim e Hipertensão ganha o prêmio “Destaque na Promoção da Doação de Órgãos 2010 – Pessoa Jurídica”


Ter, 05 de Outubro de 2010 11:27

O Hospital do Rim e Hipertensão recebeu o prêmio “Destaque na Promoção da Doação de Órgãos 2010 – Pessoa Jurídica”, promovido pelo Ministério da Saúde e a Secretaria de Atenção a Saúde/Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplante, juntamente com as Centrais de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos Estaduais.

A instituição foi homenageada pelos relatos dos acontecimentos considerados importantes para o incentivo a doação de órgãos com o Prêmio Anual.

O Prêmio foi entregue pelo Exmo Sr. Ministro da Saúde Dr. José Gomes Temporão, em solenidade realizada na segunda-feira, 27 de setembro, às 15h no auditório Emílio Ribas no Térreo do Edifício Sede – Ministério da Saúde – Esplanada dos Ministérios – Bloco G – Brasília/DF.

Fonte: Unifesp Comunicação – 5/10/2010