sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Tarde On Line

BRASIL
24/02/2010 às 09:33

SUS oferece mais similar que genérico, diz pesquisa
Agência Estado

Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública alerta para o fato de que em um grupo de unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) havia mais oferta de medicamentos similares do que de genéricos. O estudo, que avaliou a disponibilidade de genéricos também em uma amostra de farmácias privadas, estimou ainda que os genéricos à venda competiam, em preço, entre si e com os medicamentos similares - e não com as drogas que copiam os medicamentos de referência, o que contraria política do setor.

O trabalho, inédito, foi realizado em maio de 2007 e verificou a disponibilidade de 28 genéricos em 182 farmácias públicas e privadas de 25 municípios de todas as regiões brasileiras. É considerado um retrato da realidade nacional, mas não é representativo para o País, segundo destacaram pesquisadores da escola, entidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que por sua vez é vinculada ao Ministério da Saúde.

De acordo com o estudo, publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, os genéricos estão presentes em 21% dos estabelecimentos públicos pesquisados. Já os similares foram achados em 30% dessas farmácias. Para a maioria das drogas buscadas, a oferta disponível em estabelecimentos públicos foi menor do que 10%. Das 28 drogas, 10 não foram achadas na forma genérica em nenhuma das regiões. O genérico do medicamento albendazol, contra parasitas intestinais, foi o mais encontrado.

"É digno de nota comentar que o setor público (...) deveria observar a lei 9.787 (dos genéricos), que reafirma, junto às demais resoluções relacionadas, estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, as diferenças adotadas pelo País entre genéricos e similares. Sendo assim, medicamentos diferentes não poderiam competir para abastecimento (...)", anotou o grupo de profissionais da escola, liderado pela farmacêutica Elaine Silva Miranda, pesquisadora visitante da Fiocruz.

A pesquisadora, procurada ontem por meio da assessoria de imprensa, não quis comentar os resultados. Também a Anvisa informou que não falaria sobre o trabalho, do qual participou também um funcionário da agência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://www.atarde.com.br/brasil/noticia.jsf?id=1394925

Yahoo Notícias

THE NEW YORK TIMES


Nova modalidade de cirurgia: órgãos transplantados fazem sua parte e desaparecem
Sex, 26 Fev, 03h35


Jonathan Nunez tinha 8 meses de idade quando um transplante de fígado salvou sua vida.
Três anos depois, seu corpo rejeitou o transplante, atacando-o de forma tão violenta que o órgão foi desgastado e desapareceu, mal deixando rastro.

Esse resultado, aparentemente um desastre, era exatamente o que os médicos esperavam. Eles tinham, propositadamente, interrompido o remédio anti-rejeição de Jonathan porque ele já não precisava mais do órgão transplantado.

Seu próprio fígado tinha se regenerado - exatamente como esperado.

Jonathan, um garotinho de 4 anos com um sorriso tímido e apaixonado por dinossauros, faz parte de um pequeno grupos de crianças nos Estados Unidos que passaram por um tipo bastante incomum de cirurgia de transplante, uma operação que - para as poucas pessoas elegíveis - oferece uma vantagem tremenda: uma vida normal, livre de remédios anti-rejeição, que suprimem o sistema imunológico e aumentam o risco de infecções, câncer e outros problemas.

Normalmente, pacientes de transplante devem tomar essas drogas poderosas por toda a vida.

Em transplantes dentro do padrão, o órgão doente é completamente removido e um novo é colocado em seu lugar.

A diferença na operação de Jonathan e outras crianças é que apenas uma parte do fígado do paciente é removida, e é substituída por uma parte do fígado do doador.
Primeiro, para evitar a rejeição, o paciente toma as drogas usuais.
Depois, os médicos observam e esperam.

O fígado tem uma capacidade extraordinária de se regenerar, especialmente em crianças, e a esperança é que, enquanto o transplante faz sua parte, o que resta do próprio fígado do paciente se regenera e começa a funcionar novamente.

O processo pode levar um ano ou mais; no caso de Jonathan, levou três anos.

Se o fígado se regenera e cresce o suficiente, os médicos começam a interromper os remédios anti-rejeição.

O sistema imunológico do paciente se reativa e, na maioria dos casos, destrói gradualmente o órgão transplantado, que já não é mais necessário.

A vida volta ao normal, livre do compromisso diário de tomar pílulas e arcar com seus riscos e custos.

"Acho que precisamos promover essa ideia", disse Dr. Tomoaki Kato, cirurgião de Jonathan.
Ele trabalha no NewYork-Presbyterian Hospital/Columbia University Medical Center, mas realizou o transplante de Jonathan em 2006 no Hospital Memorial Jackson/Universidade de Miami. "Grande parte da comunidade que trabalha com transplante está focada em libertar os pacientes da imunossupressão, e essa é uma forma de fazê-lo", acrescentou.

Porém, apenas uma fração mínima dos pacientes de transplante são candidatos à operação: certas crianças com insuficiência hepática aguda - provavelmente menos de 100 por ano nos Estados Unidos, onde 525 pessoas com menos de 18 anos se submeteram a transplantes no ano passado.

A operação é difícil. Ela é mais longa e mais arriscada do que o transplante padrão, e os cirurgiões alertam que os pacientes devem ser cuidadosamente selecionados, pois nem todos podem resistir à cirurgia.

A operação foi realizada pela primeira vez na Europa no início da década de 1990 e mais tarde nos Estados Unidos. No entanto, os resultados foram confusos - o fígado nem sempre se regenerou - e a cirurgia nunca foi realmente aceita (em jornais médicos, o procedimento é chamado de transplante auxiliar parcial ortotópico de fígado).

Kato afirmou que os resultados podem ter sido insatisfatórios porque as primeiras tentativas foram feitas com adultos. "Acho que o segredo são as crianças", disse ele.

Os melhores candidatos são crianças com insuficiência hepática aguda, uma condição mortal na qual o fígado para de funcionar de repente, muitas vezes por motivos desconhecidos.

Embora o fígado possa ser capaz de se recuperar, ele não o faz de forma rápida o suficiente para evitar danos cerebrais e morte pelas toxinas acumuladas.

A única forma de salvar a vida de alguém com essa condição é realizando um transplante de fígado - ou metade dele.

Esses transplantes parciais não funcionam nos casos de doenças hepáticas crônicas que causam cicatrizes, pois isso impede que o fígado se regenere.

Kato realizou a cirurgia em sete crianças, entre 8 meses (Jonathan) e 8 anos de idade, no Jackson Memorial.

Até o momento, o próprio fígado do paciente se recuperou em seis das sete crianças, e elas não precisam mais tomar drogas anti-rejeição, disse Kato. Ele espera que a necessidade dos remédios logo seja extinta para a sétima criança.

Em quatro delas, ele contou que o órgão transplantado "se derreteu" completamente sozinho, mas em dois outros casos, incluindo o de Jonathan, foi necessário remover um remanescente ou limpar uma infecção. O primeiro caso desse tipo de transplante realizado por Kato foi em 1997.

A criança passou três meses na UTI. "Não achamos que foi um sucesso", disse ele. Porém, depois de dois anos o fígado se recuperou completamente. "Isso nos fez acreditar que valia a pena", afirmou Kato.

Outros cirurgiões também já tentaram o processo. Dr. Alan Langnas, diretor de transplante de fígado do Nebraska Medical Center, afirmou ter realizado a cirurgia em cerca de dez pacientes, a maioria crianças, nos últimos 15 anos.

Em alguns casos, ele contou, o fígado do paciente não se regenerou. Pelo menos um caso exigiu um segundo transplante. "Acho que o sucesso sempre foi um pouco confuso", disse Langnas.
"Depende da seleção do paciente e do quão bem seu fígado natural se recupera. Mas é uma opção importante para alguns pacientes".

Dr. Simon Horslen, diretor medico de transplante de fígado e intestino do Hospital Infantil de Seattle, que estava no centro de Nebraska quando as operações foram realizadas ali, disse: "Nas mãos certas, é uma técnica maravilhosa." Cirurgiões do Kings College, em Londres, também realizaram a cirurgia nos últimos 20 anos, em 20 crianças, de 1 a 16 anos de idade.

Dezessete delas sobreviveram. Uma precisou de um segundo transplante, mas em 14 crianças seu próprio fígado se regenerou. Até o momento, 11 puderam interromper a medicação anti-rejeição.

Num artigo recente publicado num jornal médico, a equipe do Kings College afirmou que a operação deve ser considerada para crianças que precisam de transplante devido a uma insuficiência hepática aguda.

Entretanto, Dr. J. Michael Millis, chefe de transplantes do Centro Médico da Universidade de Chicago, disse: "Esse procedimento não tem tido muito sucesso na maioria dos casos que tentamos". Ele acrescentou: "Até mesmo na série de Kato, o tempo de operação é quase duas vezes maior, então os pacientes devem passar o dobro de tempo na sala de cirurgia, e acho que esse é o verdadeiro tendão de Aquiles" (um transplante de fígado geralmente leva cerca de seis horas).

Operações longas exigem que os pacientes recebam uma quantidade maior de líquido intravenoso, algo que as crianças com insuficiência hepática geralmente não toleram, disse Millis, explicando que o líquido causa um inchaço no cérebro que pode matá-las. "Há uma década espero que as crianças possam fazer isso", disse.

"Quando consigo um fígado adequado, elas já estão doentes demais. Elas têm que entrar e sair da sala de cirurgia e voltar para a UTI o mais rápido possível, com o mínimo de líquido".

Langnas tem preocupações similares. "Às vezes, essas crianças estão tão doentes que, literalmente, elas têm horas ou um dia de vida", disse ele. "Nessas circunstâncias, não queremos correr riscos".

Jonathan Nunez, cuja família vive em Miami, tinha um caso clássico de insuficiência hepática aguda. Aos 8 meses, ele era perfeitamente feliz e saudável, mas de repente passou a ficar ranzinza e sonolento. Ele chorava demais, comia pouco e começou a vomitar. O menino ficou amarelo, seu estômago e suas pernas incharam. O diagnóstico era insuficiência hepática aguda, causa desconhecida.

A única esperança era um transplante. No Jackson Memorial, Kato sugeriu um transplante parcial. A mãe de Jonathan, Yailin Nunez, afirmou que ela e o marido imediatamente concordaram, porque a cirurgia oferecia pelo menos uma chance de que Jonathan pudesse levar uma vida normal, sem imunossupressores.

Crianças com insuficiência hepática aguda estão no topo da lista, e Jonathan recebeu um transplante um dia depois de entrar na fila de espera. Ele teve uma recuperação bastante difícil, mais do que a maioria dos pacientes de Kato.

Episódios severos de rejeição exigiram altas doses de esteróides. Outras complicações o fizeram entrar e sair do hospital durante três meses. O menino ficou estável, mas seu próprio fígado não parecia estar se regenerando; certo momento, ele até encolheu.

Yailin Nunez jamais desistiu de ter esperanças, mas depois de dois anos Kato começou a duvidar que o fígado de Jonathan algum dia se recuperaria. O médico cogitou removê-lo para evitar problemas. Aí o fígado começou a crescer.

No último mês de setembro, o fígado de Jonathan já era grande o suficiente para funcionar sozinho. Ele já não precisava mais de transplante.

Os médicos começaram a diminuir as doses das drogas anti-rejeição e o sistema imunológico de Jonathan se encarregou do resto. Em setembro, o órgão transplantado estava visível em exames de tomografia computadorizada.

Em novembro, tinha desaparecido. Entretanto, o órgão transplantado tinha se atrofiado tão rapidamente que um local onde tinha se conectado ao intestino delgado não teve a chance de se fechar adequadamente. Um abscesso se formou, causando febres e deixando Jonathan bastante doente.

Ele precisou tomar antibiótico e passar por um procedimento para drenar a infecção. Dois meses depois, no dia 28 de janeiro, no NewYork-Presbyterian Morgan Stanley Children's Hospital, Kato operou o menino para remover completamente o abscesso.

Poucos dias depois, Jonathan e sua família voltaram para casa, em Miami. "No final de tudo, estou tão feliz", disse Yailin Nunez. "Sinto que tenho tanta sorte porque o fígado do meu filho se regenerou.

As complicações foram uma luta, e não saber o que causou a insuficiência hepática do meu filho me assombra até hoje. Mas ele pode levar uma vida normal, sem imunossupressores. Isso é o que importa. Há esperança mesmo quando se recebe notícias devastadoras".

"Quando funciona, é ótimo", disse Langnas. "Em Seattle, estão considerando o procedimento", afirmou Horslen.

© 2010 New York Times News Service Tradução: Gabriela d'Ávila


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Correio Braziliense

Cientistas descobrem o local exato do nascimento das células-tronco adultas hematopoéticas

O achado pode viabilizar uma espécie de autotransplante, diminuindo as chances de complicações Paloma Oliveto

Publicação: 23/02/2010 07:00 Atualização: 23/02/2010 12:54

Uma descoberta de cientistas norte-americanos pode significar, no futuro, a cura para doenças que atacam o plasma, como leucemia, diabetes tipo 2, mielomas múltiplos (tumores que atingem a medula óssea), linfomas e anemia falciforme. Pela primeira vez, eles conseguiram localizar a região onde os vertebrados produzem células-tronco adultas hematopoéticas (CTH), que têm apresentado os melhores resultados, até agora, nas terapias contra doenças autoimunes. Essas estruturas são aquelas com capacidade de se autorrenovar e se diferenciar em diversos tipos de células sanguíneas e do sistema imunológico Hoje, o grande problema para os pacientes é a dificuldade de encontrar doadores compatíveis, o que, muitas vezes, inviabiliza o transplante.

Com o experimento realizado no câmpus de San Diego da Universidade da Califórnia, a rejeição estaria descartada, já que as células-tronco poderiam ser retiradas do próprio indivíduo. Publicada na edição online da revista Nature, a pesquisa é apontada como o primeiro passo para o desenvolvimento de terapias mais seguras e efetivas.

Embora alguns cientistas já desconfiassem que as CTH seriam formadas na aorta dorsal, o processo do nascimento e desenvolvimento das células jamais havia sido observado. Para constatar que realmente é nessa região que elas surgem, os pesquisadores utilizaram o embrião de um peixe-zebra. Por ser bastante transparente, a estrutura permite uma boa visualização — a equipe conseguiu, inclusive, filmar o momento em que as CTH se desenvolvem. “Um grande número de estudos conflituosos já havia proposto diferentes locais de origem, o que deixava a questão controversa. Usando luz fosforescente sobre o tecido dos embriões do peixe-zebra, porém, conseguimos identificar o local exato do crescimento das células-tronco hematopoéticas , que ocorre diretamente na aorta dorsal”, disse ao Correio David Traver, professor de biologia e principal autor do estudo.

De acordo com ele, se for possível gerar CTHs saudáveis dos pacientes doentes e então transplantá-las para suas próprias medulas ósseas, muitas complicações poderiam ser evitadas. “Nossa descoberta é um passo importante para atingir esse objetivo, porque fornece um melhor entendimento sobre como as células-tronco hematopoéticas se tornam o que são. Com isso, será possível induzir as células-tronco pluripotentes, aquelas capazes em se transformar em qualquer tecido, a se transformarem em CTHs, algo que, atualmente, não acontece”, explica. “Em outras palavras, estamos um passo mais próximos de entender como gerar clinicamente as CTHs para uso terapêutico, a partir das células pluripotentes.”

Uma das grandes vantagens de uma terapia à base das próprias células do indivíduo é evitar a rejeição. Os transplantes atuais dependem da infusão das células-tronco de um doador na medula óssea do paciente, para gerar novas células saudáveis. Porém, o procedimento é frequentemente arriscado e pode resultar em complicações fatais, em parte, devido à “doença do transplante contra o hospedeiro”, que ocorre quando há rejeição, e os linfócitos T atacam os tecidos da pessoa que recebe as células.

Mais avanços
Outra pesquisa publicada neste mês no jornal da Federação Norte-americana das Sociedades para Biologia Experimental poderá combater também a rejeição do transplante de medula óssea. Usando células de ratos, cientistas dos Estados Unidos e do Irã descobriram uma nova estratégia para fazer os transplantes de células-tronco embrionárias menos suscetíveis à rejeição pelo sistema imunológico do receptor. A tecnologia consiste na fusão de células da medula com as embrionárias. Uma vez juntas, as células híbridas contêm o DNA tanto do doador quanto do receptor, aumentando a esperança de que não seja necessário o uso de medicações fortes para evitar que o organismo do paciente considere a doação um corpo estranho.

“Nosso estudo mostrou que as células transplantadas da medula óssea podem se fundir não apenas com as semelhantes, mas também com as não hematopoéticas, sugerindo que, se pudermos entender melhor o processo dessa fusão, talvez consigamos tratar várias doenças com as células-tronco da medula óssea do próprio paciente”, disse, no estudo, o pesquisador Nicholas Zavazava, da Universidade de Iowa. Ele lembra porém que, apesar de serem extremamente promissores para as futuras terapias com células-tronco embrionárias, os resultados podem demorar um longo tempo para serem colocados na prática.

O professor e os demais pesquisadores envolvidos usaram duas distensões musculares retiradas de ratos. Uma do doador e outra do receptor. Quando as células-tronco da medula óssea foram transplantadas, eles verificaram que, no organismo do camundongo que recebeu as estruturas, havia três diferentes tipos de células: a do doador, a do receptor e as fundidas, cujo DNA era composto por ambos os ratos. Os cientistas, então, descobriram que essas células podem se fundir com diferentes tipos, incluindo as dos rins, do coração, do fígado e do intestino. Embora seja preciso mais trabalho para determinar as utilidades clínicas da experiência, a descoberta aumenta a possibilidade de as células-tronco embrionárias se fundirem para transplantar órgãos de forma a evitar a rejeição. Outra possibilidade é fundi-las a órgãos em falência para ajudá-los a se regenerar.

“Diferentemente de máquinas, nas quais uma mesma peça pode ser usada para diferentes modelos e funções, os seres humanos são personalizados, e nosso sistema imune faz o controle de qualidade”, diz Gerald Weissmann, no editorial da publicação. “Como resultado, as partes do corpo ou os órgãos transplantados precisam ser muito parecidos com o padrão imunológico do receptor. Essa pesquisa usa células-tronco da medula óssea para fundi-las com tecidos do paciente, de forma que nada do que for transplantado possa seja rejeitado pelo sistema imunológico”, elogiou, no texto.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, neste ano deverão surgir 9.580 novos casos de leucemia no Brasil. Em dezembro de 2008, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) conseguiu cadastrar 960 mil doadores mas, apesar de crescente, o número é considerado insuficiente para atender a todos os pacientes que precisam do transplante, principalmente pelo fato de a probabilidade de se achar um doador transplante, principalmente pelo fato de a probabilidade de se achar um doador compatível no Brasil ser de um em 100 em mil.

Veja como funcionam as células-tronco

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ABTO - RBT

Registro Brasileiro de Transplantes
Veículo Oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos
Ano XV - no 4 - Janeiro/Dezembro 2009
RBT • ABTO
Jan/DEZ 2009



EDITORIAL Ano de 2009


O ano de 2009 foi positivo em termos de doação e transplante no país, tanto que as metas propostas – de 8,5 doadores efetivos por milhão de população (pmp), de 4.000 transplantes de rim e de 1.300 de fígado – foram superadas. Terminamos o ano com 1.658 doadores (8,7 pmp)
e com 4.259 transplantes renais e 1.322 hepáticos. Esses são os melhores resultados já obtidos no país e nos permitem antever que podemos alcançar em 2010 o nosso objetivo de 10 doadores pmp, de 4.800 transplantes renais e de 1.500 transplantes hepáticos, desde que se mantenha o empenho de todos os setores envolvidos.


Obtivemos um crescimento de 26% na taxa de doação, devido ao aumento de 16% na taxa de efetivação, que passou de 22% para 25,5% (ainda distante do nosso objetivo de 40%) e um aumento de 8% na taxa de notificação, que passou de 32,5 pmp para 34,2 pmp (também, ainda longe da meta prevista para 2017 de 50 notificações pmp).


Em relação à taxa de doação nos Estados, observamos duas situações que merecem uma análise um pouco mais detalhada, a dos Estados populosos com baixa taxa de doação e a dos Estados da região Norte. A primeira situação é a de Minas Gerais (7,4 doadores pmp), Rio de Janeiro (4,4 doadores pmp) e Bahia (3,8 doadores pmp), que juntos têm 25% da população do Brasil. Se estes tivessem obtido a taxa de doação do país (8,7 pmp), teríamos 9,6 doadores pmp, próximos da meta para 2010 (10 pmp). Um esforço concentrado nesses Estados pode ser uma estratégia interessante para esse ano.
A segunda situação e, seguramente, a mais trágica, é a da região Norte. Seus sete Estados concentram 40% do território nacional, 8,1% da população e uma taxa de doação ínfima (1 pmp). Somente o Acre e o Pará utilizam doadores falecidos, demonstrando a necessidade urgente de se desenvolver projetos de incentivo à doação e ao transplante nessa região, como uma estratégia, até, humanitária.


O fato a ser comemorado é que em apenas quatro Estados houve queda na doação (MG, RJ, RN e RS), em um houve estagnação (AL) e nos demais 16 Estados e no DF houve crescimento – destacando-se Santa Catarina que se aproxima dos 20 doadores pmp (19,8).

Os transplantes renais apresentaram um crescimento de 12% às custas do transplante com doador falecido, que aumentou 24,2%. Enquanto que o transplante renal com doador vivo diminuiu 2,4%. E essa queda foi de 10,7% no doador vivo não parente, que passou de 6,9% para 6,3%. Pela primeira vez, 60% dos transplantes renais foram obtidos de doador falecido.
Como nos últimos anos, a taxa de aproveitamento dos rins de doador falecido foi de 80%. São Paulo (42,8 pmp) e Santa Catarina (42,5 pmp) ultrapassaram os 40 transplantes renais pmp nesse ano.


Os transplantes hepáticos cresceram 12,4% às custas dos transplantes com doador falecido, que aumentaram 14%. Embora o número de transplantes com doador vivo tenha permanecido inalterado, pela primeira vez nos últimos nove anos a taxa ficou abaixo dos 10% (9,2%). Houve uma queda na taxa de aproveitamento do fígado, que passou de 84% em 2008 para 72% em 2009. Santa Catarina (16,2 pmp) e São Paulo (16,2 pmp) obtiveram taxa superior a 15 transplantes hepáticos pmp.


O número de transplantes cardíacos permaneceu inalterado, com uma taxa muito baixa no país (1,1 pmp). O aproveitamento do coração caiu de 15% em 2008 para 12% nesse ano. Apenas Ceará (3 pmp) e Distrito Federal (2,9 pmp) realizaram mais do que 2,5 transplantes cardíacos pmp. Já os transplantes pulmonares apresentaram um crescimento de 11,1%, mas o número é muito baixo: apenas 59 transplantes em 2009 (0,3 pmp). O aproveitamento dos pulmões é de somente 4% e apenas o Rio Grande do Sul (3,7 pmp) realizou mais que um transplante pmp.


Os transplantes de pâncreas vêm apresentando uma pequena queda desde 2004, tendo sido de 8,1% nesse ano. O aproveitamento do pâncreas caiu de 13% em 2008 para 10% dos doadores em 2009. Os transplantes de pâncreas isolado foram responsáveis por 10% e os transplantes de pâncreas após rim por 15% dos transplantes de pâncreas no país. Todos foram realizados em São Paulo (3,9 pmp).


Uma recomendação final: não se deve utilizar a taxa de doadores por milhão de população para as cidades. Essa medida deve ser apenas para Estados, regiões ou países. Pois, nas capitais a taxa
será invariavelmente mais alta – a população atendida pelos hospitais das capitais é maior que a população real.
Apenas como exemplo nesse ano, se utilizássemos esse indicador, que NÃO deve ser empregado, em Florianópolis teríamos 63,1 doadores pmp, Porto Alegre 38,5 pmp, Belo Horizonte 36,5 pmp, Fortaleza 32,5 pmp e São Paulo 30,3 pmp.


Vamos desde o início de 2010 aprimorar as medidas educacionais e organizacionais para que possamos novamente cumprir as metas propostas.
Bom ano a todos!
Valter Duro Garcia
Editor do RBT

Último Segundo

Muda o perfil do doador de órgãos do País
23/02 - 15:48 Fernanda Aranda, iG São Paulo

O País registrou recorde de doações de órgãos no ano passado e junto com os números nasceu um novo perfil de doador. Antes, o ponto de partida para salvar a vida de quem precisava de um novo coração, rim, pulmão ou fígado era mais bem mais trágico do que o atual.

As vidas salvas por um transplante iniciavam, em maioria, com um acidente de carro, um tiro, a queda de motocicleta ou outra morte violenta que transformava jovens com menos de 30 anos em doadores de órgãos. Agora, segundo dados divulgados hoje pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o quadro prevalente é outro.


Pela primeira vez, a faixa etária majoritária dos doadores do país ficou entre 41 e 60 anos (grupo que somou 41% nos dados), um pouco à frente da parcela entre 18 e 41 anos (40%). Também está diferente o motivo que prevaleceu nas causas de morte encefálica – as doações só podem ser feitas nestes casos, quando o cérebro para de funcionar, mas outros órgãos não. Os traumatismos, que já foram maioria, deram lugar para os acidentes vasculares cerebrais (AVC) – 48% contra 41%.

A identificação de que os doadores estão mais velhos e são, na maioria, vítimas de doenças crônicas abre espaço para que as mulheres ocupem mais espaço nos estatísticas de doadores. Hoje, o sexo masculino responde por 59% e o feminino por 41%. A diferença é explicada porque, com a violência predominante entre os motivos de doação, elas ficam atrás nos números, já que eles – afirma o Ministério da Saúde – são mais suscetíveis aos assaltos, acidentes de trânsito e brigas. Com o aumento do AVC nos casos, a tendência é de equilíbrio de gêneros. E este novo perfil é comemorado pelos grupos de transplante, que só conseguem alterar o destino de seus pacientes quando um órgão compatível aparece.

Na avaliação de Ben-Hur Ferraz Neto, novo presidente da ABTO e médico da área no Hospital Albert Einstein, o novo cenário faz com que as doações de órgãos não precisem ser fundamentadas apenas nas sequelas da violência urbana, as grandes fábricas de traumas. “É uma boa notícia para toda sociedade. No mundo ideal, não teríamos uma doação originada em um trauma”, afirma.

Novos desafios para novos doadores

Saber da mudança de característica dos 1.658 doadores que no ano passado foram a ponte para a realização de 5.998 transplantes (aumento de 26% em relação a 2008) impõe novos desafios a este tipo de cirurgia. Alfredo Inácio Fiorelli, responsável pelos transplantes do Instituto do Coração (Incor), lembra que quanto mais velho o doador maior é o cuidado necessário para o aproveitamento dos órgãos.

Maria Cristina Ribeiro de Castro, da área de transplantes do Hospital das Clínicas reitera que “é necessário um trabalho mais investigativo por parte da equipe médica para identificar um potencial doador” quando a origem da morte encefálica não é um trauma. “A vítima de violência urbana entra no hospital já com todas as evidências de que poderá doar seus órgãos. Já no caso de um AVC, é preciso um acompanhamento mais próximo”, completou.

Menos recusa familiar

Ainda que o perfil de doadores esteja mudando, “uma tendência já mundial agora acompanhada pelo Brasil” – nas palavras de Rosana Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplante do Ministério da Saúde – muitas histórias de transplantados cruzam com a de doadores em momentos de extrema violência. Um dos exemplos foi o da menina Eloá Pimentel, de 15 anos. Em outubro de 2008, ela foi assassinada pelo namorado após ser mantida em cárcere privado por quase três dias dentro de sua casa na grande São Paulo. Todo o sequestro foi acompanhado pela imprensa. Depois, a mídia noticiou que a morte da menina foi o início da “nova vida” de três pessoas que receberam seu coração, pâncreas e rim.

Para os especialistas em transplante, a prevalência de histórias como esta mostram que os médicos e equipes que atuam na captação de órgãos precisam ser treinados e estar preparados para abordar os parentes de potenciais doadores que chegam aos hospitais. É a forma de falar que pode reverter o índice atual de 21% de recusa familiar dentre os casos de insucesso da doação.

“Não importa se a morte encefálica foi motivada por um AVC ou um acidente de carro. É preciso saber acolher a família e capacitar os profissionais dos hospitais, saber dialogar”, afirma Ben-Hur, o presidente da ABTO. “Se a família não confia no sistema de saúde, não vai confiar na doação”, completa Alfredo Fiorelli, da área de transplante do Incor.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Diário de Pernambuco

Doação de órgãos bate recorde
Em Alta // Foram 1.658, ou 8,7 doadores por milhão da população. Isso representa crescimento de 26% em relação a 2008

São Paulo - O Brasil registrou em 2009 número recorde de doadores de órgãos. Foram 1.658, ou 8,7 doadores por milhão da população (ppm). Isso representa um crescimento de 26% em relação ao ano anterior (7,2 ppm) e supera a meta da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), que era de 8,5 ppm.

O número de transplantes de rim - órgão cuja fila de espera é a mais longa no país - também superou a meta. Foram 4.259 cirurgias, 12,5% a mais que em 2008. Os resultados, segundo a ABTO, são os melhores já alcançados. O balanço completo dos transplantes realizados em 2009 será divulgado pela entidade na terça-feira.

"Se for mantido o empenho de todos os setores envolvidos, podemos alcançar em 2010 a meta de 10 doadores por milhão e de 4.800 transplantes renais", afirma o presidente da ABTO, Ben-Hur Ferraz Neto. Ele atribui o avanço no número de doadores ao trabalho de capacitação que vem sendo realizado com os profissionais de saúde, principalmente com os médicos que fazem a identificação de possíveis doadores e o intermédio com a família.

Mas o crescimento ainda é pequeno para atender a demanda de mais de 60 mil brasileiros que esperam por um órgão. Na Espanha, por exemplo, o número de doadores chega a 36 ppp. Nos Estados Unidos é 26. "No Brasil as distorções regionais são imensas. Os estados de São Paulo e Santa Catarina têm índices de países desenvolvidos. Já na Região Norte, apenas Acre e Pará tiveram doadores falecidos em 2009", conta Ferraz Neto. Santa Catarina registrou o índice de 19,8 doadores ppm e São Paulo saltou de 12,2, em 2008, para 17,5 - alta de 43%. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul houve queda.

Doações em 2009: 1.658. Equivale a 8,7 doadores ppm
Doações em 2008: 7,2 doadores ppm
Meta para 2010: 10 ppm
Ppm= por milhão da população

Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Agência Câmara

18/02/2010 10:29
Projeto aperfeiçoa sistema de captação de órgãos para transplante

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 6686/09, do Senado, que torna obrigatória a criação, no âmbito do Sistema Nacional de Transplantes, de organizações de procura de órgãos ou tecidos para transplantes, de caráter intra ou inter-hospitalar, com a finalidade de identificar potenciais doadores
.

Conforme o projeto, essas organizações serão responsáveis pelo monitoramento das unidades notificadoras de doadores, de estabelecimentos públicos ou privados, existentes em determinada área geográfica e terão sua estrutura, composição e atividades definidas em regulamento.

Para a captação de córneas, poderão ser criadas organizações de procura de córneas, que deverão proceder à busca ativa de doadores com parada cardíaca irreversível, providenciar os exames sorológicos indicados, captar, preparar, avaliar e preservar as córneas, entre outras atribuições definidas em regulamento.

O objetivo das medidas propostas, segundo seu autor, senador Osmar Dias (PDT-PR), é dar mais efetividade ao Sistema Nacional de Transplantes, pelo aprimoramento da captação de órgãos e tecidos.

Atualmente, quando se identifica um potencial doador em unidade de terapia intensiva ou pronto-socorro, é obrigatória a notificação à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos (CNCDO), descentralizada em Organização de Procura de Órgãos (OPO). O projeto propõe a criação das comissões para zelar pelo cumprimento dessa obrigação.

Além disso, o projeto estabelece que as doações em caso de doador vivo, para transplantes em cônjuge ou parentes consangüíneos até o quarto grau, obedecerão às diretrizes estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina.

As diretrizes a serem observadas em caso de utilização de órgão sólido ou parte de órgão proveniente de doador vivo têm se aperfeiçoado ao longo do tempo. As novas regras atingem hoje também as doações inter vivos de doadores não aparentados. Atualmente, esse tipo de procedimento precisa ser autorizado pela Justiça.

De acordo com o novo regulamento, o transplante precisará passar pelo crivo de uma comissão de ética formada por funcionários do hospital onde será realizado o procedimento. Só com a aprovação dessa comissão é que o caso segue para análise judicial.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Reportagem - Rejane Xavier
Edição – Wilson Silveira

Agência Câmara de Notícias

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Diário da Saúde

10/02/2010
Após transplante de medula, pacientes voltam a fazer planos para o futuro
Paulo Roberto Andrade - Agência USP
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O tratamento com células-tronco é agressivo: os médicos retiram as células-tronco da medula óssea e aplicam uma carga intensa de quimioterápicos para destruir a medula que não funciona adequadamente, reimplantando depois as células-tronco. [Imagem: Ag.USP]



Esclerose múltipla

Pacientes com esclerose múltipla voltam a sonhar com um futuro promissor e retomam antigos projetos após o transplante de medula óssea.

Essa é a constatação do psicólogo Fabio Augusto Bronzi Guimarães que avaliou a qualidade de vida desses pacientes antes e depois do tratamento realizado com células-tronco.

Guimarães explica que a esclerose múltipla é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico passa a ter uma hiperatividade, atacando o sistema nervoso central.

"A doença causa inúmeros problemas em quase todas as funções motoras. É uma doença crônica e debilitante", esclarece. O tratamento convencional é feito com imunossupressores e imunomoduladores principalmente. Em casos mais graves, o tratamento não surte os efeitos esperados e a doença evolui.

Vida ativa

O estudo, desenvolvido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), revelou a recuperação de uma vida ativa em pacientes que estavam limitados pela doença, afastados do trabalho e dependentes de outras pessoas.

A pesquisa, concluída em dezembro último, teve como objetivo avaliar a qualidade de vida em pacientes que fizeram o transplante de células-tronco hematopoiéticas (produzidas pela medula óssea).

Eles foram entrevistados em três momentos: no pré-transplante, no pós-transplante imediato (30 dias após) e no pós-transplante tardio (um ano após). "A qualidade de vida é um bom indicador do impacto que a esclerose múltipla causa na vida da pessoa, assim como o impacto do tratamento para o paciente", ressalta o psicólogo.

Tratamento com células-tronco

O tratamento com células-tronco é agressivo. Primeiro, os médicos retiram as células-tronco da medula óssea e aplicam uma carga intensa de quimioterápicos, para destruir a medula que não funciona adequadamente. Por último, faz-se o transplante das células-tronco saudáveis, para que a nova medula funcione normalmente.

Guimarães utilizou uma amostra de 34 pacientes, todos internados no HCFMRP, aplicando um método híbrido de pesquisa, sendo uma parte quantitativa e outra qualitativa. As informações foram coletadas por meio de perguntas feitas diretamente aos pacientes, e não por meio de prontuários e entrevistas com médicos responsáveis, tendo, portanto, um caráter mais subjetivo.

Pesquisa qualitativa

Foi traçado um histórico da doença e os pacientes indagados sobre as expectativas com o transplante e o futuro. "As questões eram relativas ao antes e depois do adoecer, às mudanças após o surgimento da esclerose, ao tratamento com células-tronco, às fontes de apoio do paciente, mudanças percebidas após o transplante, às expectativas e planos para o futuro, entre outras", destaca Guimarães.

As entrevistas revelaram que, após o transplante, a maioria de pacientes reconheceu a evolução da saúde com o tratamento, conseguindo realizar pequenas tarefas do cotidiano. Uma minoria, porém, se demonstrou insatisfeita, pois tinham uma grande expectativa de melhora, mesmo com algumas evoluções e cessação de sintomas.

Diminuição da importância da religião

Nas entrevistas tardias (após um ano), Guimarães constatou que a maioria dos pacientes passou a sonhar novamente com um futuro mais promissor e retomaram antigos projetos. "As relações com familiares e amigos ficaram mais fáceis após o transplante, muitas amizades afastadas foram retomadas", conta.

Um fato curioso observado pelo psicólogo foi uma queda da importância da religião na vida dessas pessoas. "Conforme o tratamento avança e a saúde apresenta melhoras, as pessoas ficam mais distantes das crenças nas quais se apegavam antes do transplante", destaca.

Pesquisa quantitativa

O pesquisador utilizou um questionário internacional (SF-36) que avalia a qualidade de vida relacionada à saúde. Por ser um instrumento genérico, os formulários permitiram comparações com outros estudos do gênero.

"Fizemos uma comparação estatística entre os três momentos (o pré-transplante, o pós-transplante imediato e o pós tardio)", explica o pesquisador. O questionário abordou dois enfoques: a parte física do paciente, com perguntas sobre capacidade funcional, dor e estado geral de saúde; e questões mentais, como aspectos sociais, vitalidade, aspectos emocionais e saúde mental.

Antes do transplante, os resultados apontaram aspectos físicos bastante prejudicados e a saúde mental mais preservada, com pacientes esperançosos com o tratamento. No período pós-transplante imediato, não houve grandes alterações. E no período tardio foi verificada uma melhora significativa em todos os aspectos da qualidade de vida, demonstrando uma percepção de melhora desses pacientes.

Fonte:
Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Diário do Nordeste

Cidade
Cidade TRANSPLANTES (2/2/2010)

Doadores efetivos aumentam 26,6%
2/2/2010


No primeiro mês de 2010, o total de doações efetivas (aquelas que possibilitaram transplantes a partir do diagnóstico de morte cerebral) chegaram a 15. No mesmo período do ano passado, foram 11. Isso representa um aumento de 26,6%. A boa nova levou também a um acréscimo no número de transplantes. Em 2009, foram 72. Este ano, 80. As informações são da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa).

De acordo com os dados, o balanço positivo do primeiro mês do ano foi puxado, principalmente, por córnea e fígado. No segundo caso, 13 pessoas saíram da fila de espera por um fígado, enquanto que, em janeiro de 2009, oito pessoas receberam o órgão saudável. Com relação às córneas, foram 44 transplantes, superando os 39 realizados no ano passado.

Ranking

Os números fortalecem a posição do Ceará em relação ao Brasil. O Estado ocupa a quarta posição no ranking. Foram 11,5 doadores por um milhão de habitantes. Em primeiro lugar está Santa Catarina, com 17,1; seguido por São Paulo, com 16,6; e Rio Grande do Sul, com 12,1.

Os números colocam o Ceará na liderança em transplantes no Nordeste. Só para se ter uma ideia da diferença, Pernambuco, em segundo lugar, obteve apenas 8,4 por milhão de habitantes. Em terceira posição, a
Bahia, com 3,6.

Portal Nacional de Seguros - SEGS

Como o brasil pode melhorAR O Cenário dos Transplantes .
Ter, 02 de Fevereiro de 2010 16:39
Isadora Hofstaetter

NOTÍCIAS - Saude

Hoje, no Brasil, são mais de 63 mil pessoas na fila de espera de transplantes. Dentre os estados brasileiros, Santa Catarina é o melhor colocado quando se fala em aproveitamento de doadores efetivos: apresenta taxa de 17 doadores efetivos para cada milhão de população.

Doador efetivo é aquele cujos órgãos serão realmente transplantados e, para tal resultado, é preciso investir em diagnóstico. “Investindo em diagnóstico e com a criação de um cargo responsável por coordenar e unir os responsáveis pela efetivação do transplante, é possível conseguir atingir meta parecida com os índices europeus”, explica Marcelo Mion, biólogo da Biometrix Diagnóstica, empresa que pesquisa e comercializa produtos voltados para diagnósticos médicos.

Todo ano no Brasil aproximadamente 13 mil pessoas têm morte encefálica. São todos, a princípio, potenciais doadores, mas a falta de um diagnóstico preciso da morte encefálica e a demora na notificação de órgãos disponíveis às centrais de transplantes acaba transformando esse número em apenas 1,8 mil doações efetivas de rins, por exemplo”, completa. Exames simples podem auxiliar no desenvolvimento diagnóstico e melhorar os índices de transplantes no país.