segunda-feira, 28 de julho de 2014
domingo, 27 de julho de 2014
ATX-BA: Comentários na Hepatologia do Milênio 2014 - Novos medicamentos
Comentários na Hepatologia do Milênio 2014 - Novos medicamentos
26/07/2014
Emocionante é o mínimo que podemos falar sobre o que esta acontecendo com os novos medicamentos. Durante o congresso Hepatologia do Milênio em Salvador (BA) as surpresas aconteciam uma após outras, todas surpresas boas no relativo a guerra entre as empresas para chegar em primeiro ao Brasil.
Como coloquei no artigo sobre a similaridade dos novos medicamentos com a Copa do Mundo, o campeonato para saber quem será o vencedor ainda não acabou, estamos simplesmente chegando as oitavas ou quartas de final. Nos próximos dois ou três meses as equipes (empresas) melhor colocadas estarão entrando em campo para as partidas finais.
A semana começou com noticias do Congresso da AIDS na Austrália quando o Diretor do Departamento DST-AIDS-Hepatites, Dr. Fabio Mesquita na sua apresentação anunciou que as negociações no Brasil estavam adiantadas e confiante de se chegar a um bom ermo no relativo ao preço dos medicamentos para o SUS.
Durante o Hepatologia do Milênio cada empresa mostrou seus produtos e em "off`" se comentava quais seriam as estratégias os próximos passos, os quais por se tratar de estratégias comerciais não os posso publicar para evitar ser desmentido ou processado.
Mas posso adiantar que mais rápido daquilo imaginado os novos medicamentos estarão disponíveis no Brasil, inclusive no sistema publico e para um numero enorme de infectados.
Eu pessoalmente neste momento não entraria na Justiça para receber os medicamentos por Liminar correndo o risco do plano de saúde ou o governo recorrer em segunda instancia, perder e então ter que reembolsar o valor que foi gasto na importação. Se faltassem 10 meses para ter os medicamentos recorreria a Justiça, mas tenho certeza que antes disso teremos os tratamentos disponíveis no Brasil.
Carlos Varaldo
quarta-feira, 23 de julho de 2014
ATX-BA: Informando: Novo medicamento curou 95% de pacientes com hepatite C.
Novo
medicamento curou 95% dos pacientes com hepatite C
Por Elioenai
Paes - enviada especial a Salvador* | 22/07/2014 12:42 - Atualizada às 22/07/2014 12:43
Droga está em fase de aprovação pela Anvisa;
medicamento apresentou alta taxa de eficácia e efeitos colaterais mínimos
Estudos publicados no periódico científico New England Journal
of Medicine traz esperanças para portadores do vírus da hepatite C: um novo
medicamento testado em 2.300 pacientes promete curar até 95% das pessoas com
hepatite C. A droga foi submetida para aprovação da agência reguladora
brasileira, a Anvisa.
Resultado do uso de moléculas inovadoras e cerca de dez anos de
pesquisas, o medicamento – que ainda não tem nome – foi considerado mais eficaz
do que os outros que já estão no mercado, como interferon e boceprevir (usado
quando o interferon não tem sucesso).
Os
princípios ativos em aprovação precisam de cerca de 12 semanas para fazer o
efeito completo. Em pessoas com cirrose hepática, quando o fígado está
fibrosado, ele pode ser usado por 24 semanas (contra 48 semanas dos
medicamentos atuais). E o melhor: os efeitos colaterais são pequenos e foram
bem tolerados pelos pacientes. O relatado foram cefaleia, cansaço e fadiga,
contra anemias e distúrbios psiquiátricos (incluindo tendência ao suicídio) dos
outros medicamentos disponíveis, o que faz com que parte dos que fazem
tratamento abandonem a terapia.
Os
estudos foram feitos em vários países e, no Brasil, uma espécie de teste em
doentes terá andamento em 15 centros de pesquisa que ainda não foram
divulgados, pois estão em fase de aprovação.
É
importante saber, no entanto, que o novo medicamento não regride a doença. “Alguns
estudos dizem que, se a pessoa tiver cirrose, a doença vai regredir um pouco.
Outros estudos dizem que não, então é controverso ainda”, explica José Eduardo
Neres, diretor médico da farmacêutica Abbvie, sinalizando a importância do
diagnóstico precoce.
Histórico silencioso, mas
massivo
No
mundo, há 160 milhões de pessoas com o vírus. No Brasil, isso representa 2% da
população. Adquirida pelo sangue em transfusões, seringas contaminadas,
manicures, tratamentos odontológicos, tatuagem ou em qualquer outro local em
que não houver uma esterilização de materiais eficaz, a hepatice C é
silenciosa.
Ao
adquirir a doença, a maioria das pessoas tem um quadro viral comum, como uma
gripe: dores no corpo e febre. O problema é que, depois disso, até 85% das
pessoas não conseguem eliminar o vírus naturalmente, tornando-se pacientes
crônicos. E, silenciosamente, o vírus ataca o fígado e o lesa. Em uma média de
20 anos, pacientes podem chegar a um grau alto de cirrose hepática, dependendo
de transplante de fígado.
*
A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Hepatologia para
participar da 17.ª Edição do Congresso Hepatologia do Milênio.
Fonte: http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-07-22/novo-medicamento-curou-95-dos-pacientes-com-hepatite-c.html
HEPATOLOGIA DO MILÊNIO 2014 (23 a 25 de julho 2014)
MENSAGEM:
Prezados,
Já está tudo pronto para a XVII
Hepatologia do Milênio em 2014. Este programa de
educação médica em Hepatologia com ênfase nas Hepatites virais já está
consolidado no calendário dos eventos médicos da Gastroenterologia, Hepatologia
e Infectologia. Seremos fieis ao nosso modelo pedagógico de problematização,
todavia ampliaremos o escopo das atividades durante os três dias de imersão em
hepatologia.
Além das tradicionais mesas, da discussão interativa de casos
clínicos, dos simpósios patrocinados e dos simpósios satélites, teremos também
os jantares científicos e o café da manhã com especialista. Este último, com
uma proposta mais intimista, aproxima os nossos expertos da comunidade de
Hepatologistas Latino-Americanos para discutir temas específicos que ainda são
controversos.
Durante todo o evento teremos as sessões interativas com a
participação dos senhores e de todos aqueles que estiverem na plateia,
decidindo as condutas que serão adotadas por a os nossos pacientes.
A maior novidade será o encontro monotemático da Sociedade
Brasileira de Hepatologia na forma de diretrizes. O tema não poderia ser outro
que não a Avaliação dos Métodos Não Invasivos para estadiamento de fibrose
hepática em diversas doenças do fígado.
A ALEH, Associação Latino-Americana para o Estudo do Fígado
divulgará as suas recomendações terapêuticas para Hepatite C.
Mais uma vez teremos uma excelente oportunidade de convivência e troca
de experiência entre colegas de todos Estados do Brasil, juntamente com os
colegas que virão também de outros países Latino-Americanos para esses três
dias de intensa imersão multidisciplinar na hepatologia com ênfase nas
Hepatites Virais e doenças relacionadas.
Raymundo Paraná
Fonte: Fonte: http://www.hepatologiadomilenio.com.br/mensagem/
Para:
Ministro da Saúde
Anvisa, Presidência
Ministro da Saúde, Ministro
Por favor, acelerem a aprovação e incorporação no SUS dos novos medicamentos para tratamento e cura da hepatite C. Precisamos muito da ajuda de vocês para que haja uma rápida aprovação, licitação, compra e distribuição dos medicamentos Sofosbuvir e Simeprevir que trarão CURA da Hepatite C para os brasileiros.
Os Estados Unidos, Comunidade Européia, Japão e Canadá já estão utilizando os novos medicamentos de uso oral, livres de interferon. São 10 mil novos casos por ano, de acordo com o Ministério da Saúde. Cerca de três milhões de pessoas, no Brasil, possuem a doença, a maioria delas sem saber que tem. Silenciosa, ela destrói o fígado e pode provocar em longo prazo cirrose e tumores.
Atenciosamente,
ATX-BA
PS: enviem este apelo ao ministro da saúde.
terça-feira, 22 de julho de 2014
ATX-BA: história de pescador
Quem diria que uma Associação de Pacientes Transplantados teria que entender de pesca. Para ajudar aos seus associados pescadores e marisqueiras que necessitavam de barcos e insumos para pesca a ATX-BA solicitou uma ajuda da Vereadora Eron.
A mariscagem feita por estas mulheres é uma prática que consiste no processo de catar pequenas conchas nas areias das praias, das quais são retirados os mariscos, conhecidos no local como chumbinho ou sarnabitinga. Esta atividade envolve relações de trabalho em grupo, que perpetua uma tradição marcada por aspectos próprios, referenciando a luta pela sobrevivência das marisqueiras e suas famílias. É no espaço das areias das praias, embebidas pelas lamas dos manguezais e nos pontos de vendas dos mariscos que elas se lançam vivificando uma tradição que lhes foi passada por gerações de outrora.
A necessidade dos barcos partia de uma realidade: levar as marisqueiras e pescadores para outros locais onde havia melhores condições para pesca e mariscagem.
Este pessoal conseguiu sobreviver graças a intervenção da Vereadora Eron que solicitou a Governador Paulo Souto a doação dos barcos.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
ATX-BA - Homenagem a João Ubaldo Ribeiro.
"NENHUM DE NÓS PODE CONSIDERAR-SE
LIVRE DA POSSIBILIDADE DE PRECISAR DE
UM ÓRGÃO, O DESTINO APONTA PARA
QUALQUER UM".JOÃO UBALDO RIBEIRO.
terça-feira, 15 de julho de 2014
ATX-BA : Transplante de órgãos: aspectos jurídicos e humanitários
Transplante de órgãos: aspectos jurídicos e humanitários
Você já conversou com seus familiares sobre
doação de órgãos? Já
disse a eles, claramente, se você é (ou não) um doador? Sabia que é deles
a escolha sobre doar ou não seus órgãos caso você venha a falecer?
A morte (e, por consequência, a doação de órgãos) é ainda um
assunto tabu na sociedade brasileira. As pessoas não gostam de falar sobre
isso. Mas a vida de milhares de pessoas que aguardam na fila por um transplante
depende desta simples conversa.
O sofrimento…
A lista de espera por transplantes de
órgãos e tecidos no Brasil está atualmente em torno dos 60 mil pacientes, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Recentemente, a equipe do JusBrasil recebeu o comovente
depoimento de um colega jusbrasileiro que passa pelo sofrimento de estar em uma
dessas filas de espera:
“Caros amigos do JusBrasil. Ocupo
este espaço para fazer um desabafo. Assim como uma flor que murcha, minha vida
está encurtando cada dia mais, em virtude de uma grave doença que tenho no
coração, na qual necessito de um transplante de coração, mas que até agora não
encontrei um doador.
É extremamente revoltante que o
governo priorize a copa com gastos exorbitantes, ao invés de priorizar áreas
como educação e saúde, pois enquanto nossos estádios estão lindos maravilhosos,
a nossos hospitais e escolas não passam de sucatas. Infelizmente se não há
investimentos em educação e saúde, a expectativa de vida dos brasileiros tende
a diminuir, pois no meu caso estou morrendo e não ha incentivo algum por parte
do governo em melhorar a estrutura dos hospitais e incentivar a doação de
órgãos para salvar vidas.
Desculpem-me amigos JusBrasileiros, mas eu precisava desabafar, pois eu
estou morrendo, e não ha mais nada a ser feito a essa altura do campeonato, não
ha como eu encontrar um doador compatível na longa fila de transplantes, eu sei
que vou morrer. Gamaliel Gonzaga”
É compreensível a revolta do colega, mas o maior entrave para o
aumento no número de transplante de órgãos no nosso país é, ainda, a
mentalidade das pessoas. É preciso reconhecer que o Brasil é
responsável pelo maior sistema público de transplantes do mundo, sendo que 95%
das cirurgias realizadas no País são feitas pelo SUS (Sistema Único de Saúde – fonte).
Dados da ABTO (Associação
Brasileira de Transplante de Órgãos) mostram que não
é a falta de estrutura, mas a negativa familiar o principal motivo para que um
órgão não seja doado no Brasil.
O número de pessoas na fila de
espera por transplante de órgãos caiu 40% nos últimos cinco anos, de acordo com
dados de 2.013 do Ministério da Saúde (fonte). Ainda de acordo com a mesma matéria, nos
últimos dez anos, o número de transplantes aumentou em quase 50% no Brasil
(7.556 cirurgias em 2003 e 15.541 em 2.013).
Por outro lado, infelizmente,
de todas as mortes encefálicas que ocorrem no Brasil, pouco mais da metade se
transforma em doação. O número de rejeição familiar cresceu de 41%, em 2012,
para 47% em 2013, ou seja, houve um retrocesso (fonte).
Pesquisas mostram que a
principal justificativa para decisão de não doar órgãos é o medo (fonte). Ainda, de
acordo com o nefrologista José Medina Pestana, a principal justificativa das
famílias para não doar órgãos é o fato de nunca terem conversado sobre o desejo
de doar (fonte). Por isso
campanhas de conscientização e desmistificação são muito importantes.
O que é transplante de órgãos?
De acordo com o portal do Hospital Albert
Einstein:
“Transplante é um tratamento que consiste na substituição de um
órgão ou de um tecido doente de uma pessoa (chamada de receptor) por outro
sadio, de um doador vivo ou falecido.”
No caso de doador de órgão
falecido, a retirada dos órgãos e tecidos só ocorrerá após o diagnóstico de morte
encefálica do
paciente (veja explicação sobre isso mais abaixo).
É importante destacar que o
diagnóstico de morte encefálica deve ser afirmado por dois médicos NÃO
participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a
utilização de critérios clínicos rigorosos. Só isso já torna muito difícil a existência
de fraudes (imagine que, para alguém “comprar” um órgão, seria
necessário corromper não apenas a equipe de transplantes inteira, como
também esses dois médicos que não estão relacionados com a equipe).
Além disso, é legalmente
admitida a presença de um médico de confiança da família do falecido no ato de
declaração da morte encefálica. Veja o que diz a Lei 9.434/97 (lei
que rege os transplantes de órgãos e tecidos no Brasil, com exceção do sangue,
óvulo e esperma):
“Lei 9.434/97. art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos
ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser
precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois
médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a
utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do
Conselho Federal de Medicina.
(…)
§ 3º Será admitida a presença de médico de confiança da família do
falecido no ato da comprovação e atestação da morte encefálica.”
O portal de transplantes do Ministério da Saúde define
morte encefálica da seguinte forma:
“É a morte do cérebro,
incluindo tronco cerebral que desempenha funções vitais como o controle da
respiração. Quando
isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável.
Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode
respirar sem os aparelhos e o coração não bater, por mais de algumas poucas
horas. Por isso, a
morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. Todo
o processo pode ser acompanhado por um médico de confiança da família do
doador. É fundamental que os órgãos sejam aproveitados para a doação enquanto
ainda há circulação sanguínea irrigando-os, ou seja, antes que o
coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do
paciente. Mas se o coração parar, só poderão ser doadas as córneas.”
Repare bem que nesses casos em
que é declarada a morte do cérebro, a pessoa só respira com a ajuda de
aparelhos e o coração só continuará batendo por pouco tempo. É a respiração
artificial o batimento do coração que mantém outros órgãos oxigenados,
permitindo que eles sejam utilizados para transplante.
Ou seja, morte encefálica, quando adequadamente diagnosticada, é morte.
Não é uma espécie de coma ou estado vegetativo. Não existe chance da pessoa com
morte encefálica recuperar-se (fonte). Além disso, é a hora de declaração da morte
encefálica que deve constar no atestado de óbito, e não a hora da retirada do
ventilador (fonte).
Mitos a respeito da doação e transplante de
órgãos
Existem muitos mitos e
desinformação a respeito da doação e transplante de órgãos que, infelizmente,
ainda influenciam negativamente as pessoas.
O portal da ABTO traz alguns desses mitos e procura
desmenti-los:
1) Se os médicos do setor de emergência
souberem que você é um doador, não vão se esforçar para salvá-lo.
Se você está doente ou ferido e foi admitido no hospital, a
prioridade número um é salvar a sua vida. A doação de órgãos somente será
considerada após sua morte e após o consentimento de sua família.
2) Quando você está esperando um transplante,
sua condição financeira ou seu status é tão importante quanto sua condição
médica.
Quando você está na lista de espera por uma doação de órgão, o
que realmente conta é a gravidade de sua doença, tempo de espera, tipo de
sangue e outras informações médicas importantes.
3) Necessidade de qualquer documento ou
registro expressando minha vontade de ser doador.
Não há necessidade de qualquer documento ou registro, apenas
informe sua família sobre sua vontade de ser doador.
4) Somente corações, fígados e rins podem ser
transplantados.
Órgãos necessários incluem coração, rins, pâncreas, pulmões,
fígado e intestinos. Tecidos que podem ser doados incluem: córneas, pele,
ossos, valvas cardíacas e tendões.
5) Seu histórico médico acusa que seus órgãos
ou tecidos estão impossibilitados para a doação.
Na ocasião da morte, os profissionais médicos especializados
farão uma revisão de seu histórico médico para determinar se você pode ou não
ser um doador. Com os recentes avanços na área de transplantes, muito mais
pessoas podem ser doadoras.
6) Você está muito velho para ser um doador.
Pessoas de todas as idades e históricos médicos podem ser
consideradas potenciais doadoras. Sua condição médica no momento da morte
determinará quais órgãos e tecidos poderão ser doados.
7) A doação dos órgãos desfigura o corpo e
altera sua aparência na urna funerária.
Os órgãos doados são removidos cirurgicamente, numa operação de
rotina, similar a uma cirurgia de vesícula biliar ou remoção de apêndice. Você
poderá até ter sua urna funeral aberta.
8) Sua religião proíbe a doação de órgãos.
Todas as organizações religiosas aprovam a doação de órgãos e
tecidos e a consideram um ato de caridade.
9) Há um verdadeiro perigo de alguém poder ser
drogado e quando acordar, encontrar-se sem um ou ambos os rins, removidos para
ser utilizado no mercado negro dos transplantes?
Essa história tem sido largamente veiculada pela Internet. Não
há absolutamente qualquer evidência de tal atividade ter ocorrido. Mesmo soando
como verdadeira, essa história não se baseia na realidade dos transplantes de
órgãos.
Gostaria de destacar o item nº
8 (religião). Eu não sei se a reposta dada pela ABTO a este item é correta,
pois não conheço todas as religiões e já ouvi muitas pessoas que se dizem
contrárias à doação de órgãos por motivos religiosos.
Entretanto, fundamentada na
doutrina cristã, posso afirmar que se você se recusa a ser doador de órgãos por
motivos pretensamente religiosos, repense seu posicionamento e lembre-se da
parábola do bom samaritano e das palavras de Jesus Cristo: “Fora da caridade
não há salvação”. Ser doador é um ato de caridade e solidariedade.
Ainda tem medo?
Como já mencionado, a lei torna
muito difícil a existência de fraudes. Além de ser necessário que dois médicos
não participantes da equipe de transplantem atestem a morte cerebral, a lei
prevê ainda diversas sanções penais (crimes) e administrativas, caso os
procedimentos sejam feitos em desacordo com a lei ou de forma fraudulenta.
Podem ser punidos tanto os participantes da equipe (médicos, enfermeiros, etc.)
quanto o estabelecimento de saúde (hospitais). As sanções incluem prisão (penas
que variam desde detenção de seis meses a dois anos nos crimes mais leves até
reclusão de 8 a 20 anos, no crime mais grave), multa e desautorização
temporária ou permanente de funcionamento.
Inclusive, é obrigatório que o
hospital mantenha em arquivo relatórios dos transplantes realizados, caso seja
necessária averiguação posterior do procedimento.
Lei 9.434/97, art. 3º, § 1º Os prontuários médicos, contendo os
resultados ou os laudos dos exames referentes aos diagnósticos de morte
encefálica e cópias dos documentos de que tratam os arts. 2º, parágrafo único;
4º e seus parágrafos; 5º; 7º; 9º, §§ 2º, 4º, 6º e 8º, e 10, quando couber, e
detalhando os atos cirúrgicos relativos aos transplantes e enxertos, serão
mantidos nos arquivos das instituições referidas no art. 2º por um período
mínimo de cinco anos.
Como faço para ser um doador de
órgãos? Devo fazer constar isto em meu RG?
Converse com a sua família
sobre o desejo de ser doador de órgãos, pois é a família que assina o termo
de consentimento autorizando o procedimento de remoção, nos
termos da Lei 9.434/97.
Lei 9.434/97, art. 4o.
A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para
transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do
cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou
colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por
duas testemunhas presentes à verificação da morte.
No caso de menores de idade e
outras pessoas civilmente incapazes, retirada de órgãos e tecidos só será
realizada mediante autorização expressa de ambos os pais ou responsáveis
legais.
Lei 9.434/97, art. 5º.A remoção post mortem de
tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa juridicamente incapaz poderá ser
feita desde que permitida expressamente por ambos os pais, ou por seus
responsáveis legais
Originalmente, esta lei previa
que a expressão “não-doador de órgãos e tecidos” deveria ser gravada na
Carteira de Identidade Civil (RG) e na CNH de forma que todos que não se
manifestassem neste sentido seriam doadores automaticamente (parágrafos do art.
4º). Era a chamada a lei de doação presumida. Esta previsão não existe mais,
pois os parágrafos do art. 4º foram revogados pela lei 10.211/2001.
Lei 10.211/2001, art. 2º As
manifestações de vontade relativas à retirada “post mortem” de tecidos, órgãos
e partes, constantes da Carteira de Identidade Civil e da Carteira Nacional de
Habilitação, perdem sua validade a partir de 22 de dezembro de 2000.
Por isso é tão importante
conversar sobre o assunto! Ainda que você seja, em seu íntimo, um doador de
órgãos, se sua família não souber disso, nada adiantará! É da família a decisão
final. Por isso, é muito importante que os parentes respeitem a vontade do
falecido.
Conclusão
Ainda que o Brasil
seja responsável pelo maior sistema público de transplantes do mundo e tenha
havido significativo progresso nesta área, notamos que ainda há muito a se
fazer, principalmente no que diz respeito à conscientização das pessoas na
forma de campanhas.
Encontrei diversas
campanhas de órgãos públicos a respeito da doação de órgãos (inclusive uma
ótima campanha do CNJ chamada “Doar é Legal”).
Entretanto, tudo muito tímido em comparação com a importância do assunto.
Não podemos
simplesmente aguardar, inertes, a ação do governo. Precisamos agir. Manifeste a
sua vontade de ser doador, converse com a sua família. Se você é parente de um
doador, respeite a vontade dele(a)!
Uma maneira
bastante eficiente de manifestar sua vontade de ser doador de órgãos é através
do Facebook, a rede social mais popular do Brasil. O Ministério da Saúde e o Facebook fizeram uma
parceria para incentivar a doação de órgãos. Para manifestar
sua vontade de ser doador de órgãos, siga estes passos:
1. Faça login em sua
conta no Facebook;
2. Clique em Evento cotidiano no topo da sua Linha do Tempo;
3. Selecione Saúde e bem-estar;
4. Selecione Doador de órgãos;
5.
Selecione o seu público e clique em Salvar.
E você, o que pensa sobre isso? Vamos
destruir este tabu conversando sobre o assunto? Convido você a expor sua
opinião nos comentários aqui no meu blog ou então no JusBrasil, onde também
postei este artigo. Comente, compartilhe, concorde ou discorde! Vamos
transformar os 47% de rejeição familiar que mencionei no princípio deste artigo
em 1%!
Aviso importante
Decidi incluir este aviso
porque alguns sites têm republicado meus artigos sem citar o endereço da
publicação original.
Este artigo foi postado originalmente no meu
blog e, posteriormente, no meu perfil do site JusBrasil e pode ser acessado a
partir dos seguintes links:
FONTE:http://alessandrastrazzi.adv.br/direito-civil/transplante-de-orgaos-aspectos-juridicos-e-humanitarios/
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