terça-feira, 30 de agosto de 2011

Zero Hora

A distância que nos separa
Por José J. Camargo


Existem várias escalas para medir a distância que nos separa dos países desenvolvidos, mas certamente a maneira com que encaramos a doação de órgãos é uma das mais reveladoras.
Se um terço dos casos de morte cerebral, e são milhares por ano, resultassem em doação de órgãos, não teríamos mais lista de espera para transplantes, e acabaria a agonia dos que ficam taquicárdicos cada vez que toca o telefone e têm a consciência de que cada dia que passa, sem um doador, encurta o caminho inexorável para a morte.
Desapareceria também a angústia do médico responsável pelos candidatos ao transplante, vendo que o tempo se extingue, e sendo mil vezes implorado para que não lhes permita morrer.
E não sentiríamos mais a dor de um pai ainda jovem, pendurado em um tubo de oxigênio, refugiado numa pensão barata, tentando encontrar na foto dos filhos distantes a força para a espera, que, ele sabe muito bem, pode ser inútil.
E não teríamos que suportar o sofrimento de uma mãe, que tentou de todas as formas sensibilizar a comunidade e um dia recebeu o chamado do colégio avisando que sua filha adolescente, que tentava desesperadamente manter uma vida normal, morrera na sala de aula.
Quando nossos governos são pressionados a tomar alguma medida, tudo se restringe a normas e decretos, como se por lei pudéssemos nos tornar mais cidadãos. Ignora-se que a doação de órgãos é, antes de tudo, uma manifestação de consciência social que nasce com a educação, e esta, infelizmente, não se impõe.
Precisamos ensinar às nossas crianças o significado de morte cerebral, e de como órgãos condenados a apodrecer podem salvar pessoas iguais aos seus pais e irmãos, e elas intuirão, sem conhecer a lei, que preservar a vida é uma imposição, pelo menos para quem está de bem com ela.
Necessitamos, e muito, sensibilizar os médicos que não trabalham com transplantes e nem conhecem ninguém que precise deles, para que todos os casos de morte cerebral sejam imediatamente notificados à coordenadoria, para que se deflagre o processo de doação. Nós médicos, compreensivelmente frustrados porque nosso paciente apresentou morte cerebral, precisamos entender que nossa missão transcende a esta perda lamentável, e se continua no esforço de tentar salvar pessoas que nem conhecemos, e que provavelmente nunca terão a oportunidade de nos agradecer.
Precisamos todos de um choque de generosidade, este que é um sentimento indispensável para que a comunidade, através da doação, cumpra o seu papel, na única forma de tratamento médico que depende da sociedade, para que ela própria seja beneficiada.
E se os nossos legisladores, tão ávidos da proposição de emendas, quiserem ser úteis, que proponham a obrigatoriedade deste tema nas escolas de primeiro e segundo graus. Com isso estaríamos a caminho de produzir cidadãos com a noção da solidariedade, mesmo que isso não esteja escrito em lugar nenhum.
Porque só seremos uma sociedade realmente civilizada quando tivermos a grandeza de oferecer espontaneamente os órgãos dos nossos mortos queridos, simplesmente para poupar famílias desconhecidas da mesma dor que nos mutilou!
 

sábado, 27 de agosto de 2011

Notícias da Bahia

Reggae à beira mar com In Natura e Scambo no Surf Eco Festival
Publicada em 24/08/2011 ás 19:21

Marcelo Santana
O fim de tarde à beira mar na Praia de Jaguaribe vai compor o clima perfeito para os fãs de boa música. No dia 3 de setembro, sábado, depois de um show de surfe nas ondas, o Billabong apresenta Surf Eco Festival oferece aos fãs de reggae um espetáculo no palco. As bandas In Natura, Scambo e Manospreto vão animar a festa na orla de Piatã, em frente ao Posto Plakinha, a partir das 17h. Em 2006, depois de 11 anos no Natiruts, Izabella Rocha e Bruno Dourado resolveram seguir carreiras em separado e se reuniram ao antigo guitarrista que havia deixado a banda em 2002, Kiko Peres, para formar a In Natura.No palco, os fãs soteropolitanos terão, além do reggae, que segue como referência dos músicos, folk, soul, samba-rock e até jazz, em um formato mais acústico. Em Salvador, a banda faz o lançamento de Bossa Ragga, seu mais novo trabalho gravado em 2010. Entre os destaques do grupo, chama atenção a música “Sorriso de Flor”, composição do parceiro baiano Rafael Pondé, que é destaque nas rádios de todo o país.

No mesmo clima, a velha conhecida dos apaixonados pelo ritmo em Salvador, Scambo volta a se apresentar com o cantor Pedro Pondé. A banda marca pela presença de palco inconfundível do cantor e pelos sucessos que estão na boca do público baiano há mais de dez anos, como Carcará, Mergulhar, Ocê e Eu, Sol de Ninguém.

No mesmo palco, se apresenta ainda a grande atração da noite, a banda Raimundos, que retorna à ativa também com novo trabalho. Completam a programação o rock da Massa Sonora e o reggae pop da Manospreto. O ingresso será solidário e nele já está embutida a doação de uma lata de leite em pó para Nacci (Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil), Cobem (Casa de Oração Bezerra de Menezes) e ATX-BA (Associação de Pacientes Transplantados da Bahia). As vendas acontecem na Ticketmix e Loja Billabong (Salvador Shopping). Há também a opção do Passaporte solidário, em que a pessoa paga R$ 30 (pista) e R$ 70 (camarote) e tem direito ao show do Surf Eco Festival e ao do BodyBoarding Show, que acontece no dia 10 de setembro com as bandas Charlie Brown Jr., Diamba, Baiana System, Yow e Mensageiros do Vento. A classificação dos shows é 16 anos.

Serviço:
Show Billabong Surf Eco Festival
Atrações: Raimundos, In Natura, Scambo, Massa Sonora, Manospreto
Local: Orla de Piatã (em frente ao Posto Plakinha)
Data: 3 de setembro (sexta-feira)
Hora: 17h
Ingresso: Pista Solidária R$ 20/ Camarote Solidário R$ 40 // Passaporte Solidário R$ 30 (pista) e R$ 70 (camarote) [dá direito ao show do Surf Eco Festival e ao do BodyBoarding Show, que acontece no dia 10 de setembro]Vendas: Ticketmix e Loja Billabong (Salvador Shopping)Classificação: 16 anos
Realização: Dendê Produções e Axé Mix
Informações: www.surfecofestival.com.br
Facebook: www.facebook.com/surfecofestival
Twitter: @surfecofestival

terça-feira, 23 de agosto de 2011

SESAB/COSET

Transplantes no Norte e Nordeste é tema de encontro
Com o objetivo de discutir a política de transplantes das regiões Norte e Nordeste, começa amanhã (23), a partir das 9h, no Grande Hotel da Barra, o 1º Encontro dos Coordenadores das Centrais de Transplantes Norte e Nordeste. O encontro, que contará com a presença do coordenador geral do Sistema Nacional de Transplantes, Heder Morari, será aberto pela diretora de Atenção Especializada (DAE) da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), Ledívia Espinheira.
De acordo com o coordenador do Sistema Estadual de Transplantes (Coset), da Sesab, Eraldo Moura, o evento, que prossegue durante o dia 24, vai traçar estratégias para o desenvolvimento dos transplantes, além de promover um intercambio entre os coordenadores dessas regiões. "Faremos uma avaliação do regulamento técnico desenvolvido para os transplantes", explicou o coordenador da Coset.
L.S./M.Tb.909-Ba
/coset/encontro

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

NOTÍCIAS ATX-BA

INCLUSÃO SOCIAL E GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA

A luta em prol da dignidade sobrepuja, muitas vezes, a própria luta pela existência. Sentindo-se úteis, com a auto-estima preservada, a qualidade de vida melhora consideravelmente aumentando a perspectiva de sobrevivência.

A necessidade de participar produtivamente da sociedade é característica inerente à índole humana. Desse modo, ainda que os pacientes sejam possuidores de uma confortável situação econômica, necessitam de atividades que lhes permitam o sentimento de compartilhamento social.

Ainda sabemos que em grande parte os pacientes transplantados não dispõem de uma condição econômica sequer razoável. Desempregada, uma boa parcela desse contingente sofre as agruras dos que precisam da alta soma necessária à manutenção dos custosos tratamentos anteriores e posteriores aos transplantes.

Para minimizar esses problemas, a Associação de Pacientes Transplantados da Bahia (ATX-BA) resolveu buscar alternativas ocupacionais e de geração de renda com um amplo componente social de mobilização e organização dos associados e seus familiares.

A ATX-BA com objetivos específicos de apoio às necessidades básicas do paciente transplantado ou em filas de espera de transplantes, engajada na luta pela melhoria de vida dos associados e seus familiares, ajuda-os na busca de alternativas que contribuam para o seu desenvolvimento sócio-econômico. Sensível a esses fatos, busca implantar através desses projetos a reintegração sócio-econômica, gerando emprego e renda.

Na maioria das vezes as pessoas mais carentes são excluídas do acesso ao crédito por não poderem apresentar as garantias que lhe são exigidas ou por não possuírem a documentação necessária (CPF, Identidade, comprovante de endereço e renda, dentre outros). A ATX-BA pode suprir essa necessidade dos associados representando-os junto aos órgãos e empresas competentes.

É preciso colocar mercadorias em circulação, satisfazendo necessidades e gerando ocupação e renda.

Melhorar as condições de atendimento aos pacientes transplantados e seus familiares, oferecendo cursos profissionalizantes.

Sensibilizar para a necessidade de políticas públicas voltados para as comunidades mais pobres.

Potencializar o cooperativismo, o associativismo e a economia solidária das comunidades como instrumento de superação da pobreza.

Conscientizar a comunidade sobre a importância do respeito e o devido apoio aos portadores de necessidades especiais para preservar sua dignidade e a sobrevida.

A ATX-BA participou do edital da 4ª Chamada Pública de Empreendimentos Econômicos Solidários (SETRE/BA) sendo selecionada juntamente com mais 13 entidades.

CONVITE:

A ATX-BA convida toda sociedade a comparecer e apoiar este empreendimento no qual estamos comercializando as bijuterias confeccionadas com pedras semipreciosas pelos associados e familiares da entidade que participaram do Projeto de Artesanato Mineral em convênio com a Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração (SICM) / Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
    

LOCAL: Cesol Comércio
Rua Álvares Cabral, n°16, Ed. Oscar Cordeiro - Bairro Comércio - CEP: 40015-330 - Salvador (BA)
Tel.: (71) 3117-1577/ 3117-1589



                                                        
   
    


                      
                                                   
O QUE É O CESOL?  
                                                                                 
O Centro Publico Estadual de Economia Solidária está funcionado no bairro do Comercio na Rua Álvares Cabral, nº 16 prédio Oscar Cordeiro, (antiga Junta Comercial da Bahia). A inauguração deste espaço aconteceu em dezembro de 2008, com a presença do Governador do Estado, a Ministra do Trabalho de Moçambique, autoridades do Estado e representantes do movimento de Economia Solidária da Bahia e do Brasil. Este Centro-piloto além de ser a principal vitrine da economia solidária do Estado, fará a coordenação da implementação e funcionamento dos demais Centros (territoriais). Juntamente com os oitos Centros Territoriais. Este Centro Estadual comporá uma rede de estruturas de desenvolvimento da economia solidária e atendimento aos seus trabalhadores e trabalhadoras.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

INSTITUTO RESSOAR - RECORD

Organizações auxiliam pessoas no processo de transplante de fígado










Por Diogo Silva


Ajudar as pessoas que recebem a notícia da necessidade de um transplante de fígado e aquelas que já receberam um novo órgão. Este é o trabalho de algumas organizações, que dedicam esforços para a superação de doenças e a promoção de uma melhor qualidade de vida para transplantados e para quem ainda aguarda pela operação.

De acordo com o doutor Carlos Baia, médico hepatologista e coordenador de transplante de fígado do Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini, no estado de São Paulo, o transplante hepático é indicado quando o fígado encontra-se acometido por doença aguda ou crônica que cause sua insuficiência de forma irreversível, em alguns casos de câncer e quando ocorrem doenças “metabólicas”, nas quais a pessoa acometida tem uma alteração que impede o metabolismo de algumas substâncias, o que causa alterações no próprio fígado e em outros órgãos.
“Metade dos transplantes de fígado são realizados em pessoas com hepatites, principalmente a hepatite C, na fase de cirrose. A cirrose por álcool corresponde a cerca de 10% a 15% dos transplantes”, diz Baia.
 
O doutor aponta o tempo de espera e a falta de equipes especializadas fora dos grandes centros urbanos como as principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas que precisam de um transplante. “Para quem já foi avaliado por uma dessas equipes e teve seu nome colocado numa lista de espera, soma-se a dificuldade de lidar com esse tempo, que é imprevisível”, comenta Baia.

Após analisar o caso de muitos pacientes que vinham de outras regiões do país para São Paulo a procura de tratamento e depois o abandonava pela falta de condições para se manter na cidade, aliado ao caso de uma garota que, após receber um transplante, foi para um albergue da prefeitura, onde contraiu uma tuberculose que quase custou a perda do enxerto, os médicos da equipe HEPATO, especializada no estudo e tratamento clínico e cirúrgico de doenças do fígado, pâncreas e demais afecções do aparelho digestivo, criou, no ano de 2003, a APAT (Associação para a Pesquisa e Assistência em Transplante).

“A equipe constatou que o problema social era um fator impeditivo para o tratamento destes pacientes. Assim sendo, resolveram reunir as famílias, que já ajudavam a outras entidades assistenciais, e propuseram alugar um imóvel que pudesse abrigar estes pacientes e seus acompanhantes durante o período pré e pós-transplante. Assim nascia a APAT”, diz Andrea Soares, gerente administrativa da APAT. Na casa de apoio mantida pela associação, no bairro do Cambuci, os pacientes, junto com seus acompanhantes, recebem acolhimento, alimentação, acompanhamento médico e psicológico no período pré e pós-transplante de fígado.

Além da atuação na APAT, Andrea Soares é presidente da Transpática - Associação Brasileira de Transplantados de Fígado e Portadores de Doenças Hepáticas. Além de palestras de orientação e campanhas públicas de prevenção às doenças hepáticas e pró-doação de órgãos, a instituição atua representando os transplantados de fígado perante autoridades na articulação das demandas dessas pessoas na área de saúde. “A Transpática foi uma das responsáveis pela mudança de critério da alocação de fígado para transplantes de “cronológico” (ordem de chegada do pedido) para “gravidade”, possibilitando, assim, uma chance para aqueles pacientes que descobriam sua doença tardiamente e que não tinham a menor chance de realizar a cirurgia”, diz Soares.

Outros bons exemplos de organizações que atuam prestando auxílio a quem precisa de um transplante e promovendo ações de conscientização para a doação de órgãos se encontram espalhados pelo país. É o caso da ViaVida. A organização localizada na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foi fundada no ano 2000 por Lúcia Elbern, após o seu filho precisar de um transplante de rins sem que houvesse um doador familiar. “Ao começar a luta pela causa da doação de órgãos e tecidos, com a proposta de mudança cultural no Estado, a entidade sempre teve como foco a diminuição da lista de espera”, diz Elbern. O trabalho realizado por familiares de outras pessoas que aguardavam por um transplante e voluntários logo surtiu efeito, com o aumento de 30% no número de doadores no mesmo ano, o que elevou para 664 o número de transplantes no Rio Grande do Sul.

 Entre as ações desenvolvidas pela ViaVida estão cursos para capacitar professores a trabalharem questões que envolvem as patologias que levam a diversos tipos de transplantes e a distribuição de material informativo em pedágios e estádios de futebol. Além disso, a organização mantém a Pousada ViaVida, um espaço onde pacientes de baixa renda, em lista de espera ou já transplantados tem acesso a alimentação, apoio psicológico e atividades de recreação.

 Na Bahia, A ATX-BA, Associação de Pacientes Transplantados da Bahia, atua desde 1999 prestando assistência aos transplantados em situação de risco social. Também mantém um grupo de apoio ao pré-transplante para quem necessita de uma operação. A entidade foi criada por Márcia Chaves, após a receber um rim doado pelo seu pai. “Desenvolvemos programas de geração de emprego e renda para os transplantados por meio do artesanato mineral, apoio psicológico, orientação dos direitos junto à Previdência Social e campanhas educativas sobre doação de órgãos e prevenção das hepatites”, diz Márcia Chaves, presidente da ATX-BA. 

Organizações auxiliam pessoas no processo de transplante de fígado

O que fazer para aumentar as doações de órgãos?




 





Por Diogo Silva

O Instituto Ressoar questionou profissionais da área da saúde e representantes de organizações que apoiam pessoas que precisam ou já receberam um transplante sobre o que é necessário fazer para aumentar as doações de órgãos no país. Confira abaixo a resposta de cada entrevistado.

Dr. Carlos Baia, médico hepatologista e coordenador do transplante de fígado do Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini. “Ao longo dos últimos anos, várias ações foram tomadas em todo o Brasil para aumentar o número de doadores. Dentre as principais, devem ser citadas a formação/capacitação de equipes que detectam potenciais doadores e conversam com as famílias a respeito da doação. Um doador pode gerar uma nova vida para várias pessoas (dois rins, fígado, pâncreas, pulmões, coração, córneas, pele, ossos, vasos, e intestino). Uma das atitudes mais importantes é a conversa, entre as pessoas das famílias, a respeito da permissão da doação. Atualmente, cartas de motorista ou documentos de identidade com o carimbo "doador de órgãos" não tem valor legal. Pessoas que tenham sofrido acidentes com traumas graves na cabeça, ou outras situações nas quais a circulação de sangue para o cérebro foi comprometida, como derrames cerebrais extensos, podem se tornar doadores de órgãos, desde que seus familiares concordem com a doação. É uma decisão difícil, mas pode ser menos dolorosa se o assunto tiver sido conversado num outro momento”.

Andrea Soares, gerente administrativa da APAT - Associação para Pesquisa e Assistência em Transplante e presidente da Transpática - Associação Brasileira de Transplantados de Fígado e Portadores de Doenças Hepáticas. “Pela realização de campanhas permanentes e não somente pontuais, como as realizadas durante a semana da doação de órgãos. Educar e informar a população de como se dá o processo da doação de órgãos. Muitas pessoas não consentem na doação por não saberem como funciona este processo. A maioria das pessoas não sabe a diferença entre o coma (que pode ser reversível) e a morte encefálica (que é irreversível). A maioria associa a morte à parada cardíaca e acreditam que enquanto o coração estiver batendo a pessoa ainda está viva. Desconhecem que uma pessoa em morte encefálica pode ser mantida "viva, com o coração batendo", durante algum tempo com o auxílio de máquinas e drogas.

Este assunto deveria fazer parte da grade escolar. Não só a doação de órgãos como também a prevenção de algumas doenças que podem levar ao transplante como as hepatites virais, no caso do transplante de fígado, a hipertensão, que pode levar ao transplante renal e o diabetes, que podem ser evitados com a prevenção.

Outra questão de suma importância para o aumento dos transplantes de uma maneira geral é o investimento na melhoria da captação de órgãos, capacitando profissionais, fiscalizando e cobrando resultados das comissões intra-hospitalares de captação de órgãos, como também equipando e melhorando as condições dos hospitais da rede pública”.

Márcia Chaves, presidente da ATX-BA - Associação de Pacientes Transplantados da Bahia. “Para aumentar o número de doações tanto do fígado como demais órgãos e tecidos é preciso:

- criar uma cultura sobre a doação de órgãos, abordando a temática nas escolas de ensino fundamental (como o Projeto Educar para Doar, da ATX-BA), onde o estudante levará o tema para dentro de casa, envolvendo toda a família.

- as comissões intra-hospitalares de captação e doação de órgãos (de acordo com a legislação do SNT (Sistema Nacional de Transplantes), todo hospital com 80 leitos deve ter esta comissão atuante) devem abordar a família não só no momento da ME (morte encefálica), e sim, acompanhar aquela pessoa que deu entrada no hospital por causa de um trauma ou outro motivo qualquer durante seu atendimento e possível recuperação, interagindo com o médico e familiares, se interessando pelo paciente e, se for o caso dele entrar em ME, os familiares já teriam sido acompanhados e teriam tempo de entender o processo da doação de órgãos e tecidos;

- os médicos intensivistas devem notificar compulsoriamente a ME de acordo com a lei vigente. No entanto, menos de 50% o fazem, devido à falta de informação sobre a doação de órgãos;

- são necessárias campanhas institucionais falando do tema, com freqüência semanal ou mensal, seja através da mídia falada ou escrita. Não adianta falar da doação de órgãos só no dia 27 de Setembro, que é o Dia Nacional do Doador de Órgãos. O transplante é uma evolução da medicina que dá vida e qualidade de vida, mas só acontece com a participação de toda sociedade.

- no caso específico da Bahia os pacientes que necessitam de transplantes de rim e fígado devem ser informados do transplante inter-vivos. Aqui na Bahia só é realizado o transplante inter-vivos de rim, mesmo assim, com muita restrição por parte das equipes médicas. O transplante de fígado só é realizado com doador falecido, porém, em outros estados, é possível doar uma parte do fígado em vida para um familiar ou não. Temos na associação diversas crianças que já receberam uma parte do fígado das mães ou pais, assim como adultos.

- o número reduzido de equipes médicas também acarreta um pequeno número de transplantes, assim como o déficit de leitos hospitalares”.

 Lúcia Elbern, presidente e fundadora da ViaVida. “O cerne do problema continua nos Hospitais e nas Comissões Intra-hospitalares para Captação, onde causas variadas impedem que aconteça a elevação no número de notificações e de efetivação de doador, além da falta de neurologista ou de equipamento para o diagnóstico complementar, a manutenção inadequada do doador, entrevistas inadequadas com a família e a falta de equipes para remoção.

Há muito trabalho a fazer. Temos, no Rio Grande do Sul, um índice de recusa familiar em torno de 30%, o que não muda faz tempo, apesar de todas as campanhas e esclarecimentos feitos por esta e outras OSCs. Porém, há os fatores que trabalham contra, como a péssima assistência à saúde que a população recebe nos Postos e nas emergências dos Hospitais.

Quanto às notificações de morte encefálica (ME), elas acontecem em torno de 50%, embora dessas, apenas uma média de 21% no Rio Grande do Sul tornam-se efetivos doadores.

Isso tudo assusta se pensarmos que cada um de nós tem mais de 40% de possibilidade de vir a precisar de um transplante, que é o índice de elevação anual da lista de espera por esse tipo de operação.

Acreditamos que é preciso utilizar o que outros estados tem feito, como, por exemplo, Santa Catarina, que fez um planejamento estratégico para aumentar o número de doadores, remunerar melhor os profissionais dos hospitais e promover cursos de motivação, ou como São Paulo, que treinou 500 médicos em diagnóstico de ME – morte encefálica - e enfermeiras para realizarem as entrevistas familiares, também colocando equipes itinerantes para diagnóstico de ME e remoção de órgãos”.

http://www.ressoar.org.br/dicas_saude_organizacoes_auxiliam_transplante_figado_
aumentar_doacoes.asp

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O ESTADO DE SÃO PAULO

Metade das famílias abordadas ainda se recusa a doar órgãos no Brasil

Fonte: O Estado de S. Paulo
Notícia publicada em: 04/08/2011
Autor: Fernanda Bassette


Apesar das inúmeras campanhas de incentivo à doação de órgãos no Brasil, metade das 1.736 famílias abordadas no primeiro semestre deste ano se recusou a efetivar a doação, segundo dados mais recentes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Segundo a ABTO, o número reforça a importância de programas educacionais para a população e de treinamento para os entrevistadores. Essa é a primeira vez que a associação analisa os casos de negativa familiar levando em consideração o número exato de entrevistas feitas e não o número de potenciais doadores - já que nem todas as famílias chegam a ser consultadas.

Por exemplo: no ano passado, a Bahia registrou 346 potenciais doadores e 107 famílias negaram a doação: 30,9%. Se for considerado o número de entrevistas feitas, o porcentual aumenta. No primeiro semestre de 2011, foram registrados 174 potenciais doadores, mas apenas 102 entrevistas foram feitas. Houve 66 recusas familiares - 64,7%.

O Maranhão é outro exemplo. Em 2010, eram 111 potenciais doadores e 37 negaram a doação, o que gerou 33,3% de recusa. Nos primeiros seis meses de 2011, foram identificados 40 potenciais doadores, mas apenas 14 famílias foram entrevistadas. Dessas, 11 negaram a doação - o que elevou a negativa para 78,6%.

Segundo Ben-Hur Ferraz Neto, a ABTO mudou a forma de avaliar as negativas familiares para não gerar porcentuais falsos. "Às vezes não há tempo hábil para a equipe abordar a família porque o paciente tem uma parada cardíaca antes, o órgão piora ou o paciente tem outra contraindicação. Essa família não pode entrar na estatística", diz.

Ainda segundo Ferraz Neto, esse número de negativas é "aceitável" para o Brasil. Segundo ele, a falta de informação dos familiares sobre o que realmente é a morte cerebral, o despreparo da equipe no momento de abordar a família e até a cultura brasileira são fatores que interferem.



Heder Murari Borba, coordenador nacional da Central de Transplantes do Ministério da Saúde, diz que o número de entrevistas familiares têm aumentado e as negativas oscilam de acordo com o atendimento que a família recebeu enquanto o paciente estava vivo.

"Se a família foi mal atendida durante a internação daquele paciente, isso reflete diretamente na recusa em doar. É um dado subjetivo, que varia muito."

Doador efetivo. Apesar de as negativas familiares ainda serem altas, o número de doadores efetivos atingiu o recorde dos últimos oito anos. Pela primeira vez o Brasil superou a marca de 10 doadores por milhão.

No primeiro semestre deste ano, 983 doadores tiveram seus órgãos transplantados (o que representa 10,3 doadores por milhão de pessoas). No mesmo período de 2010, foram 936 doadores efetivos com órgãos transplantados (9,9 por milhão).

Segundo Borba, a meta é chegar a 15 doadores efetivos com órgãos transplantados por milhão de pessoas. A Espanha, referência no assunto, registra 35 doadores por milhão.

"Com capacitação e treinamento, a meta do ministério é dobrar o número absoluto de transplantes até o fim de 2015", afirmou.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

VEJA

VEJA
Saúde
04 de Agosto de 2011
Congresso

Projeto quer reimplantar doação presumida de órgãos

Atualmente a doação é feita de maneira consentida e após decisão da família.

Um projeto de lei em trâmite na Câmara dos Deputados quer restituir a doação presumida de órgãos no Brasil. Se aprovada, a lei tornará todos os brasileiros potenciais doadores de todos os seus órgãos em caso de morte. Hoje no país a doação é feita de maneira consentida e a decisão de doar ou não os órgãos cabe apenas aos familiares. Assim, as pessoas que pretendem ser doadoras devem informar em vida sua vontade para a família.

Em 1997, o governo federal instituiu a doação presumida de órgãos no país. A legislação não vingou e o então presidente Fernando Henrique Cardoso pôs fim à doação presumida - voltou então a valer a doação consentida. Segundo Ben-Hur Ferraz Neto, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), como o governo não fez uma campanha intensa de conscientização sobre a doação presumida à época, as pessoas interpretaram a lei como sendo compulsória - o que gerou reações contrárias. “"A população não foi preparada para isso. Mas, para a nossa cultura, é indiscutivelmente melhor a família autorizar"”, avalia Ferraz.

Heder Murari Borba, do Ministério da Saúde, diz ser pessoalmente favorável à doação presumida, mas acha difícil que ela volte a existir no Brasil por questões culturais e religiosas. "O padrão cultural brasileiro é o núcleo familiar. E questões religiosas não se resolvem com decretos ou lei. Acho que a tendência é mantermos o consentimento familiar"”, diz Borba.
(Com Agência Estado)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Notícias ATX-BA

Audiência Pública no Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador 

A presidente da Associação de Pacientes Transplantados da Bahia, ATX-BA), Márcia Chaves, a convite da Ouvidoria da Câmara Municipal de Salvador, compôs a mesa da Audiência Pública promovida pela presidente da ouvidoria da Câmara, Vereadora Olívia Santana,  cujo tema abordado foi "A População Negra e a Política de Transplantes de Órgãos e Doação de Medula Óssea", no dia 28.07.2011, no Centro de Cultura da Câmara.

O objetivo era esclarecer sobre a doação de medula óssea e os resultados da pesquisa do IPEA sobre transplantes de órgãos, sensibilizando a comunidade negra de Salvador para a importância do tema, com base nos dados oficiais que apontam as dificuldades enfrentadas pelas instituições que atuam na área.

A ATX-BA foi convidada para falar sobre as demandas e os problemas enfrentados pelos pacientes transplantados. 

Em um levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica (IPEA) foi demons-trado que: "Não é apenas como receptor de órgãos que a população negra é minoritária. Ao que tudo indica como doador também. Na Bahia, o estado com maior população negra e mestiça do país, por exemplo, as pessoas que se declaram negras, no momento de doar um órgão, representam apenas 1,48% para 98,52% que se dizem de outras raças".
Fonte: Eliezer Cesar_247 - www.bahia247.com.br

Em entrevista dada no dia 30.07.2011 ao Jornal A Tarde o Diretor do HEMOBA, Roberto Schlindwein, fala que mais que se preocupar com a questão racial - que, para ele, não tem nenhuma relação com a problemática dos transplantes - é preciso de mais equipes especializadas para fazer o procedimento no Estado.  "Órgãos captados na Bahia estão sendo levados para outros estados, como aconteceu recentemente com rins doados a um transplantado do Rio Grande do Sul", sinaliza Schlindwein.

Na mesma entrevista ao Jornal A Tarde a presidente da ATX-BA, Márcia Chaves, comenta "Sem recorte dos estados, a pesquisa não tem utilidade prática". Falando ainda do tema a presidente diz " Não tem como burlar a fila porque a ordem é cronológica e controlada por computador. A questão do transplante não tem nenhuma relação com cor, raça ou gênero, É avaliada a genética do paciente".

Dê sua opinião a respeito do tema. Mande um e-mail para a ATX-BA através do seu site www.atxbahia.com.br.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

BAHIA 247

Bahia é o 13º estado do país em doação de medula
Bahia é o 13º estado do país em doação de medulaFoto: DIVULGAÇÃO

Banco de dados do Inca aponta que apenas 36.416 dos potenciais doadores são baianos, menos de 2% de pessoas cadastradas

28 do 07 de 2011 às 18:49
Elieser Cesar_247 - Não é apenas como receptor de órgãos que a população negra é minoritária como demonstrou um levantamento divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Econômica (Ipea), segundo o qual os homens brancos representam a esmagadora maioria nas cirurgias de transplante de rins, coração, fígado, pâncreas e pulmões. Ao que tudo indica, como doador também. Na Bahia, o estado com maior população negra e mestiça do país, por exemplo, as pessoas que se declaram negras, no momento de doar um órgão, representam apenas 1,48% para 98,52% que se dizem de outras raças.
O dado foi apresentado pelo presidente do Grupo de Apoio à Criança com Câncer (Gacc), Roberto Sá Menezes, ao participar na manhã da quinta-feira (28), no Centro Cultural da Câmara de Vereadores de Salvador, da audiência pública "A população negra e a política de transplante de órgãos e doação de medula óssea", promovida pela vereadora Olívia Santana (PCdoB). No caso específico da Bahia, majoritariamente negra, segundo Sá Menezes, é muita pequena a possibilidade de se encontrar um doador compatível.
Ele se reportou ao Registro Nacional de Doares de Medula Óssea (Redome), do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para afirmar que a Bahia ocupa o 13º lugar no ranking de potenciais doadores cadastrados, com apenas 36.416 inscrições, menos de 2% do total. O Redome é um banco que contém os dados e o HLA (exame de laboratório para identificar sua característica genética). No Brasil, o número de cadastrados no Redome passou de apenas 10 mil, em 2001, para 2,1 milhões em 2010.
"Isso representa um doador voluntário para cada grupo de 90 brasileiros", comemorou o diretor da Fundação Hemoba, Roberto Soares Schlindwein. Para ele, ainda falta acesso à população à lista de espera para transplante de órgãos. Soares observou que somente no caso do transplante de medula óssea há incidência da questão raça. Nos demais transplantes, como os de coração onde entram os fatores grupo sanguíneo e peso, o branco pode doar para o negro e o negro para o branco. Já o transplante de córnea não depende de nenhuma dessas compatibilidades. O diretor da Fundação Hemoba informou que, por falta de disponibilidade de equipes especializadas para fazer o transplante, órgãos captados na Bahia estão sendo levados para outros estados, como aconteceu recentemente com rins que foram doados a um transplantado do Rio Grande do Sul.
Transplantes são mais para homens brancos e menos para mulheres
Na audiência pública, o economista Alexandre Marinho, da diretoria de Planejamento e Pesquisa do Ipea, apresentou o estudo Desigualdade de Transplantes de Órgãos no Brasil: Perfil dos receptores por sexo, raça ou cor. O levantamento demonstra que, no país, os homens brancos são beneficiados por 77% dos transplantes de pulmão, 69% de rins, 93% de pâncreas e 80% de fígado. No recorte por gênero, a pesquisa mostra que, independentemente de cor, as mulheres são as mais prejudicadas no quesito recepção de órgãos, pois 75% dos corações doados vão para os homens, 63% dos fígados e 61% dos rins. Cauteloso, Alexandre Marinho, que também é negro, prefere atribuir as disparidades às desigualdades sociais. Ainda mais cauteloso, evita falar em cotas para transplantes. Marinho defende o aumento da atenção básica à saúde para que não se precisem de tantos transplantes (a fila, no Brasil, em busca de órgãos é, atualmente, de 2,2 milhões de pessoas), a fim de evitar males como a hipertensão arterial, a cirrose hepática e o diabetes. Entretanto, reconhece que a disparidade não deveria existir, já que o acesso à saúde é um direito universal.

Na Bahia, quatro mil transplantados
Quem acompanhou a audiência pública com atenção especial foi Márcia Fraga Maia Chaves que, há 12 anos, recebeu o rim do pai. Dois meses depois do transplante, Márcia fundou a Associação de Pacientes Transplantados da Bahia (ATX-BA), da qual é presidente e representante maior de 4 mil transplantados no Estado. Ela informou que na lista de espera há, hoje na Bahia, 3.900 pessoas aguardando rins, fígado e córneas, principalmente. Márcia se queixou da falta de medicamentos para os transplantados, sobretudo dos imunossupressores (remédios que evitam a rejeição) como a ciclosporina e azatioprina. Conforme ela, a sobrevida média de um transplantado de rins na Bahia é de seis anos.
Atualmente, o SUS gasta mais de R$ 400 milhões, por ano, com transplante, medicamentos e assistência aos transplantados. No Brasil, devido à grande demanda por órgãos, metade dos pacientes morre na lista de espera.